Você está na página 1de 9

Lição 8: O Exílio de Davi

TEXTO ÁUREO
“Então, Davi se retirou dali e se escapou para a caverna de Adulão; e ouviram-
no seus irmãos e toda a casa de seu pai e desceram ali para ele. E ajuntou-se
a ele todo homem que se achava em aperto, e todo homem endividado, e todo
homem de espírito desgostoso, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns
quatrocentos homens.” (1 Sm 22.1,2)

VERDADE PRÁTICA
Dos muitos conflitos que vivenciamos aprendemos lições preciosas para a
nossa vida espiritual e formação de nosso caráter, segundo o modelo Cristo.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE


1 Samuel 22.1-5

OBJETIVO GERAL

Mostrar que dos muitos conflitos que vivenciamos podemos tirar lições
preciosas para a nossa vida espiritual.

INTRODUÇÃO

“Nem sempre as vivências marcadas por situações traumáticas podem


ser vistas como negativas. Por vezes, elas servem para tirar as cascas das
aparências, a infantilidade, o esquecimento de nós mesmos, a fim de levar-nos
à essência real da vida” – COMENTÁRIO DA REVISTA

Antes de começarmos a aula quero fazer uma correção na expressão usada


equivocadamente pelo comentarista da lição nas duas primeiras linhas do
tópico “Introdução”: MATAR ou MORRER era o dia a dia de Davi, ele estava
inserido num contexto de conflitos tribais, guerras, muito sangue e muita morte,

1
era matar e conquistar territórios, não há que se falar de “Situação Traumática”
pra definir o fato de Davi se refugiar na Caverna de Adulão.

A respeito de “Trauma” usarei duas frases:


A primeira: “Viver sem riscos é sorte de poucos: estima-se que 90% da
população mundial passará por, pelo menos, um evento potencialmente traumático
ao longo da vida. Superar a situação adversa ou ficar marcado por ela é o limiar
entre uma situação de estresse e o trauma, que está na raiz de diversos
transtornos psicológicos”.
A segunda: “Traumas não deixam as pessoas mais fortes. Traumas deixam as
pessoas traumatizadas. Faça terapia”.

I - AS CARACTERÍSTICAS DO EXÍLIO DE DAVI

Contexto Histórico

Antes de qualquer coisa precisamos entender que:

1º - Saul foi escolhido por Deus – I Samuel 9:1-2 ,15-16 / 12:3-5 – O ASSUNTO
DEVE CONTINUAR NO 3º TÓPICO: “MORRENDO POR DAVI”

2º - Davi também foi escolhido por Deus – I Samuel 16:1

3º - Numa monarquia há quantos reis? Apenas um trono, uma única coroa e


um único rei.

Mas olha o que acontece:

I. Davi mata Golias – I Samuel 16 e 17

II. Saul enviou Davi para diversas expedições militares e, devido ao êxito
que ele sempre obtinha, nomeou-o chefe dos guerreiros.

“Voltando Davi de uma batalha em que foram destroçados os filisteus, as


mulheres de Israel "saíram ao encontro de Saul, dançando e cantando
alegremente ao som de tamborins e címbalos". E cantavam: "Saul matou aos
milhares, Davi, às dezenas de milhares" (I Sm 18, 6-7).

2
III. Ao invés de ficar alegre com esse reconhecimento do valor de Davi, Saul
deixou se arrastar pela inveja e chegou até mesmo a querer matá-lo.

Quantas vezes Saul tentou matar Davi?

Em apenas dois capítulos (I Samuel 18 e 19), Saul tenta matá-lo, pelo menos,
dez vezes:

1- Capítulo 18:11 - Saul atira sua lança em Davi duas vezes


2- Capítulo 18:15 - Saul constitui Davi como comandante de 1000 homens,
esperando que ele seja morto
3- Capítulo 18:17 -Merabe é oferecida a Davi, se ele “lutar as batalhas do
Senhor como um valente”
4- Capítulo 18:21- Mical é oferecida a Davi por 100 prepúcios de filisteus e
ele traz 200
5- Capítulo 19:1 Saul ordena que Jônatas e seus servos matem Davi
6- Capítulo 19:10 Saul arremessa a lança em Davi novamente
7- Capítulo 19:11 - Saul envia mensageiros à casa de Davi para matá-lo
8- Capítulo 19:18 ao 24 - Saul envia três grupos de homens a Ramá para
pegar Davi, indo, depois, ele mesmo
9- No capítulo 20, Saul não só continua tentando matar Davi,
10- Também arremessa sua lança em Jônatas por defendê-lo (20:33).
11- No capítulo 22:16, Saul mata Aimeleque e toda a casa de seu pai
(exceto um)
12- No capítulo 22:17-21 -Depois aniquila aqueles que vivem em Nobe, a
cidade dos sacerdotes.

Irei ler trechos dos três sub tópicos porque tratam do mesmo assunto e
depois comentaremos:
1. A caverna de Adulão.
“Lugares, pessoas, situações − tudo serve para o nosso crescimento social e
espiritual. Davi deixa o território e vai para uma região que conhecia muito bem:
a caverna de Adulão”- COMENTÁRIO DA LIÇÃO

2. Os exilados da caverna de Adulão.


3
Muitos se dirigiam para ali, a fim de fazer companhia a Davi. Primeiramente,
seus irmãos e toda a casa de seu pai, posto que estavam ameaçados pelo rei
Saul, devido à ligação com Davi. Outros que foram à procura de Davi na
caverna eram os homens que se encontravam em dificuldades. -
COMENTÁRIO DA LIÇÃO

3. O simbolismo da caverna de Adulão.


Foi ali que os dons de Davi como líder foram postos em prática. Ele treinou e
preparou 400 homens para lutar no dia a dia, e não demorou para que esse
número subisse a 600. - COMENTÁRIO DA LIÇÃO

Façamos a leitura do texto: I Samuel 22:1-2

A caverna é uma espécie de gruta na rocha que servia de abrigo e de refúgio


para animais, peregrinos e forasteiros que recorrem para se protegerem de
perigos e descansarem de suas árduas, fatigantes e exaustivas jornadas. E em
tempos de guerra serviam de lugares de refúgio (Juízes 6:2)

Adulão: Significa Justiça do povo, refugio, esconderijo: É um complexo de


cavernas que fica no vale de Elá, segundo os arqueólogos e exploradores,
existem partes desse complexo de cavernas que ainda não foram exploradas,
e certamente caberiam ali todo aquele exército que se ajuntou a Davi. 

A história de Davi na caverna de Adulão frequentemente é usada de forma


forçada em pregações e estudos bíblicos. Muitas pessoas tentam atribuir
significados específicos aos acontecimentos que se deram na caverna de
Adulão e acabam caindo no erro da alegoria.

É preciso lembrar que o texto de Adulão, antes de tudo, é um registro de um


acontecimento histórico. Então seu significado principal é simplesmente aquele
facilmente percebido em sua leitura natural. Isso quer dizer que a caverna de
Adulão não possui um significado profético específico. Se esse fosse o caso,
certamente o Novo Testamento teria feito essa conexão.

Por último, não podemos nos esquecer dos Salmos 57 e 142. Se esses salmos
foram compostos por Davi enquanto ele esteve escondido na caverna de

4
Adulão, então eles dizem muito claramente que o verdadeiro refúgio do
salmista não era aquela mera caverna.

No Salmo 57 ele diz: “Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia, pois


em ti a minha alma se refugia; à sombra das tuas asas me abrigo, até que
passem as calamidades” (Salmo 57:1).
Já no Salmo 142 a mesma devoção é mantida: “Olha à minha direita e vê, pois
não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio, ninguém que por mim
se interesse. A ti clamo, SENHOR, e digo: tu és o meu refúgio, o meu quinhão
na terra dos viventes” (Salmo 142:5).
Embora fosse fugitivo na caverna de Adulão, Davi estava refugiado em Deus.

Por que Davi precisa se refugiar nessa caverna?


Todas as suas tentativas de se esconder acabavam sendo descobertas e Saul
ficava sabendo da sua localização. Um exemplo clássico disso está em 1
Samuel 23.25 “Ouvindo-o Saul, perseguiu a Davi no deserto de Maom”. Outra
razão importante era o risco que uma pessoa corria, caso resolvesse dar abrigo
a Davi. O sacerdote Aimeleque pagou caro por ter feito isso. Saul matou oitenta
e cinco sacerdotes naquela casa, além de mulheres e crianças, porque não
quiseram “cooperar” com a investigação de Saul. “A caverna é um lugar
neutro”, pensou Davi.
Quem são as pessoas que procuraram Davi nessa caverna?
Se Saul mandou matar adultos e crianças da casa de Aimeleque, o que faria
com os pais e irmãos de Davi, caso se atrevessem oferecer-lhe abrigo? Seus
irmãos, na verdade, nem eram tão fãs de Davi assim, mas a mãe e o pai
certamente aguardavam ansiosos o momento seguro para solidarizarem-se
com a aflição do filho.
O segundo grupo de pessoas, que descobriu o esconderijo de Davi e foi se
encontrar com ele, era formado por aqueles que se achavam “em aperto”. O
conceito de “aperto” aqui é o de pessoas oprimidas ou perseguidas.
Hoje, quando dizemos que alguém está “em aperto”, a situação financeira é a
primeira que vem à mente. Não é o caso aqui. Essas pessoas certamente se
identificaram com Davi por causa do “aperto” que ele também sofria.

5
O terceiro grupo de pessoas é chamado de “homens endividados”. Agora, sim,
a ideia é de aperto financeiro. Entretanto, as consequências do endividamento
no mundo daquela época eram bem diferentes daquelas dos nossos dias.
Para que uma pessoa fosse conhecida como “endividada”, ela, possivelmente,
já teria se tornado escrava de alguém, para conseguir quitar seus débitos.
Assim, a expressão “homens endividados” é sinônima de “homens
escravizados”. Por que estavam atrás de Davi é uma boa pergunta. Quem sabe
buscavam um tipo de “anistia” caso Davi se tornasse rei.
O quarto grupo de pessoas é chamado de “amargurados de espírito”, isto é,
deprimidos ou atormentados. A única razão que vejo para o interesse dessas
pessoas por Davi é a esperança de que o “remédio” usado com Saul
funcionasse com outras pessoas.
Quando Davi tocava sua harpa diante do rei, o espírito que o atormentava saia
dele e Saul se sentia melhor.
Ora, havia centenas de pessoas, com dificuldades semelhantes, querendo
ouvir o canto de Davi. Pessoas nessas condições fariam o possível e o
impossível para chegar perto de Davi.
De certa forma, Davi não era responsável pelo interesse que as pessoas
acabavam tendo por ele, mas a sua reação a tudo isso tem implicações
importantes.
O texto diz que Davi se tornou o chefe deles e usou aquele grupo como sua
guarda pessoal. Esses quatrocentos homens se tornaram os “valentes de
Davi”.
II. DAVI E O AMOR COM OS PAIS
1. Protegendo seus pais.
2. A recompensa bíblica para os filhos obedientes.
ESSE TÓPICO NÃO SERÁ COMENTADO, POIS NÃO ESTÁ DENTRO DO
CONTEXTO

III – MORRENDO POR DAVI


1. A inconsistência de Saul
“..Ele suspeitava da lealdade de todos, inclusive a de seu filho”.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
Vamos ler: I Samuel 13:13-14.
6
Relembrando: Saul foi escolhido por Deus – I Samuel 9:1-2 ,15-16 / 12:3-5

A pergunta é: Como um rei escolhido pelo próprio Deus pode ter sido
rejeitado pelo próprio Deus?

.
 Saul desprezou e rejeitou a Palavra de Deus e, em vez de obedecer,
deu um jeito “piedoso” de fazer a sua própria vontade ( 1Sm 15.23, 26). Samuel
deu a essa atitude o nome de rebelião, a falou que era tão grave quanto
idolatria!
 Embora houvesse começado o seu reinado de forma muito humilde,
Saul permitiu pensar grandes coisas a respeito de si mesmo. Ele até mesmo
construiu um monumento em sua própria homenagem (1Sm 15.12). Esse
orgulho fez com que ele desprezasse a Palavra de Deus, já pela segunda vez (
1Sm 13.8-14).
 O próprio Saul admite: “temi o povo e dei ouvidos à sua voz.” (1Sm
15.24-27). Sempre que deixamos de temer a Deus e ouvir a sua voz,
passamos a temer e ouvir alguém no lugar de Deus. Foi o que aconteceu com
Saul. Talvez tentado a manter a sua popularidade, ele passou a temer e ouvir
mais ao povo do que a Deus e por isso mesmo perdeu a comunhão com Deus,
a popularidade e sua posição como rei.

“Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios


quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor
do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros.
Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a
idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do Senhor,
ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei” (1Sm 15.22-23).

2. O preço de proteger Davi.


Saul convocou Aimeleque e seus sacerdotes para que se apresentassem
em Gibeá. Não houve da parte de Aimeleque reação nervosa; ele se
declara limpo, pois tinha consciência de que apenas ajudara Davi por tê-
lo em grande consideração e por saber que era um soldado da confiança
de Saul, aliás, da família real, genro do rei. Apesar dessa declaração
sincera, Saul considerou-a um ato de traição, pois Aimeleque havia
ajudado Davi, não informando ao rei os seus movimentos. Assim, ele e
seus companheiros deveriam morrer.

Houve uma recusa dos soldados em atacar os sacerdotes, os ungidos de


Deus. Foi alguém de fora, um edomita chamado Doegue, que cometeu
esse crime brutal. Observe o disparate de Saul: Deus ordenou que ele
matasse os amalequitas e não o fez; mas agora extermina prontamente a
família de sacerdotes, sem piedade alguma. Apenas um filho de
Aimeleque, Abiatar, sobreviveu, salvou o éfode santo e foi ter com Davi
(1 Sm 23.6). A amizade entre Davi e Abiatar foi duradoura, ao longo de
7
todo o seu reinado (1 Rs 2.26,27), pois a família de Abiatar morreu para
proteger Davi. - COMENTÁRIO DA LIÇÃO

Quando chegamos ao capítulo 22 de I Samuel, vemos um rei que perdeu totalmente


o juízo, mentalmente falando. Seus ataques de depressão e de ciúmes parecem cada
vez mais intensos e mais freqüentes, parece que seu estado de medo é constante.

Saul não acusa somente Jônatas e Davi de conspirarem contra ele, ele também
acusa seus servos - todos eles! Saul está rodeado por seus servos enquanto se senta
debaixo do arvoredo próximo à sua casa em Gibeá (22:6).

Depois de Saul intimidar seus servos, Doegue revela que Davi foi até Aimeleque, o
sumo sacerdote, o qual consultou o Senhor para ele e lhe deu do pão sagrado e a
espada de Golias. Saul ouviu tudo o que achava necessário saber. Em sua cabeça,
não só Aimeleque, mas todos os sacerdotes fazem parte da “conspiração” contra ele.
Aimeleque e os sacerdotes são convocados para comparecer diante dele.

Saul mostra seu desdém por Davi e Aimeleque pela forma como se dirige a eles. Ele
os chama pelo nome de seus pais: “o filho de Jessé” (verso 8) e “o filho de Aitube”
(verso 12). No pecado descrito no capítulo 13, quando Saul oferece o holocausto, ele
se faz igual a Samuel. Aqui, ao tratar com Aimeleque e os outros sacerdotes, Saul se
faz superior a eles. Ele não busca a verdade, mas rapidamente condena os
sacerdotes como traidores do trono. Ele não pergunta se Aimeleque o traiu, mas por
que (verso 13).

Ele ordena aos guardas de prontidão que matem os sacerdotes. Não importa o
quanto estes homens temam o seu rei, eles não estão dispostos a matar os
sacerdotes.

Mas Saul se vira para Doegue, o edomita, e lhe ordena que destrua os sacerdotes, o
que ele faz.

Doegue mata 85 sacerdotes naquele dia, mas isto não é o bastante para Saul, ele vai,
então, a Nobe, a cidade dos sacerdotes, e continua a aniquilar as famílias e até
mesmo o gado dos sacerdotes.

É impressionante! Saul, aquele que não teve zelo para matar os amalequitas,
mesmo tendo sido ordenado por Deus, agora é zeloso para matar os sacerdotes e
seu gado, embora proibido por Deus. Até onde vai a decadência de Saul?

8
CONCLUSÃO:

Embora muitas lições possam ser extraídas de nosso texto, uma delas parece ser
mais importante e estar acima de todas as outras, e pode ser resumida nestas
palavras:

Quando o mundo inteiro parece imprevisível e sem sentido e, quando os loucos têm
poder para realizar seus planos infames, que resultam no sofrimento e na morte de
pessoas inocentes, Deus ainda está no controle. Ainda que não seja aparente em
meio aos caos e à confusão, os planos e intentos de Deus estão sendo realizados,
mesmo através de loucos que procuram destruir os Seus propósitos e Suas
promessas.

Ao longo da história, muitos cristãos têm vivido em épocas que são melhores
descritas pelas palavras “loucura” e “insanidade”. Como podemos explicar por que
um terrorista coloca uma bomba num prédio, matando centenas de pessoas a quem
nunca conheceu?
Que sentido faz um homem que rouba um trabalhador com pouco dinheiro e
depois o mata desnecessariamente?
Por que um adolescente atacaria uma escola, esvaziando uma arma automática
numa porção de estudantes?
Muita coisa que vemos acontecer em nosso mundo não faz sentido - é insano.
Vamos torcer as mãos em desespero, como se, em meio ao caos e violência, Deus
não estivesse no controle?

Você também pode gostar