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Contributos da análise de redes para o estudo de redes políticas em educação

Chapter · October 2020

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Sofia Viseu Luís Miguel Carvalho


University of Lisbon University of Lisbon
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Citar como Viseu, S. & Carvalho, L. M. (2020). Contributos da análise de redes para o estudo de redes políticas em educação. Joaquim
Fialho (org). Redes Sociais. Como compreendê-las? Uma introdução à análise de redes sociais. Lisboa: Edições Sílabo, pp. 257-268
(ISBN: 978-989-561-095-2).

Contributos da análise de redes para o estudo de redes políticas em educação

Sofia Viseu e Luís Miguel Carvalho


UIDEF, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa
sviseu@ie.ulisboa.pt
lmcarvalho@ie.ulisboa.pt

Introdução

O presente capítulo apresenta um estudo que recorreu à análise de redes para melhor compreender
a emergência de novos atores não estatais na fabricação das políticas educativas em Portugal.
Partindo da constatação da crescente importância que think tanks e organizações filantrópicas têm
vindo a desempenhar nas políticas educativas da atualidade na generalidade dos países ocidentais,
mas também na América do Sul e Ásia (Kotthoff & Klerides, 2015), o estudo insere-se num
trabalho mais amplo de mapeamento e cartografia deste tipo atores que, mais recentemente, têm
entrado na cena política portuguesa (Viseu & Carvalho, 2018; Carvalho, Viseu & Gonçalves,
2018; 2019).
Este mapeamento tem sido inspirado por uma literatura recente dedicada às políticas educativas,
interessada nas novas formas do governo da educação, especialmente na crescente visibilidade
dos atores não estatais e nas relações que estes estabelecem com as autoridades públicas,
recorrendo a múltiplas fontes de evidência e metodologias diversificadas, entre as quais, a análise
de redes (ver, por exemplo, Baek et al., 2018; Ball, 2016; Lingard, 2016; Olmedo & Grau, 2013).
Assim, o capítulo apresenta um estudo empírico sobre o EDULOG, um autointitulado think tank
dedicado especificamente à educação que opera em Portugal desde 2015. Este think tank foi
criado no âmbito das atividades filantrópicas de um dos empresários mais importantes de
Portugal, Belmiro de Azevedo (1938-2017). Entre 1974 e 2015, Belmiro de Azevedo liderou a
SONAE, uma holding internacional que opera a partir de Portugal em diversos setores de
atividade, incluindo o retalho, o imobiliário e o turismo, a tecnologia e os media. Em 2015,
Belmiro de Azevedo anunciou o seu afastamento de posições executivas da SONAE para se
dedicar à sua fundação, a Fundação Belmiro de Azevedo, e muito em particular, ao EDULOG,
um legado que queria deixar o país (EDULOG, 2017).
Á data da sua criação, o EDULOG foi apresentado pelo seu coordenador científico, Alberto
Amaral, como tendo o propósito de “influenciar políticas no sentido de resolver os problemas
mais prementes do sistema educativo” (EDULOG, 2017). Visando cumprir esse desígnio, o
EDULOG concretiza um reportório diversificado de atividades, convocando decisores políticos,
académicos e práticos, entre as quais se destacam: a produção ou o apoio a projetos de
investigação; a publicação de relatórios e press releases; a realização de seminários, congressos
e EDUTalks.
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Para tanto, o EDULOG teceu e ativou uma rede de atores, individuais e coletivos, públicos e
privados, nacionais e estrangeiros, que inclui representantes de diferentes mundos sociais: a
política e a administração educativa, as universidades e as empresas. De facto, através do
mapeamento das organizações, dos atores e suas interconexões dentro e em torno do EDULOG,
e com recurso ao UCINET e ao NetDraw (Borgatti, Everett, & Freeman, 2002), foi possível
visualizar e analisar dados relacionais, identificando uma rede de atores e organizações que se
configura como uma rede política. Para além de caracterizar o EDULOG como uma rede, este
estudo teve como propósito compreender o seu papel como um intermediador social, procurando
perceber como é que as suas relações podem contribuir para alterar os modos de produção das
regras que visam orientar o sistema educativo (Carvalho, Viseu & Gonçalves, 2019).
O capítulo está organizado em quatro partes. A primeira parte discute a pertinência de recorrer à
análise de redes para os estudos dos modos de governança da atualidade. A segunda parte
descreve o design da investigação, dando particular destaque aos procedimentos metodológicos
seguidos na mobilização da análise de redes no estudo. A terceira parte apresenta os principais
resultados obtidos, de acordo com duas dimensões de análise: o EDULOG enquanto
intermediador social; as evidências da rede em ação. Por fim, na quarta parte, tecem-se algumas
considerações sobre os contributos da análise de redes para o estudo.

A análise das redes sociais no contexto da investigação sobre as políticas públicas de


educação

A utilização das redes nos estudos de políticas públicas tem vindo a crescer substancialmente nas
últimas décadas, assistindo-se a um aumento de temáticas e setores analisados, bem como uma
considerável evolução na sofisticação teórica (McGee & Jones, 2019) e uma diversificação nas
aproximações metodológicas.
Foi a partir da década de 1960, sobretudo nos Estados Unidos e no Reino Unido, que emergiram
as primeiras incursões dos estudos das políticas públicas sobre a fragmentação dos processos de
tomada de decisão política e o papel desempenhado por determinados grupos de interesse junto
das elites político-administrativas (Thatcher, 2004). Herdeiros destas primeiras investigações, os
estudos sobre políticas públicas começaram a recorrer ao conceito de rede para o estudo das
relações entre o Estado e determinados atores coletivos (associações profissionais, empresas,
sindicatos, etc.).
Numa primeira fase, estes trabalhos incidiram predominantemente sobre o modo como os atores
se organizavam em função de interesses e objetivos comuns na tentativa de influenciar a decisão
política e, simultaneamente, aumentar a sua influência, mobilizando recursos constitucionais e
legais, financeiros, políticos ou informacionais (Rhodes & Marsh, 1992). Esta primeira vaga de
trabalhos permitiu mapear, caracterizar e concetualizar redes políticas com diferentes tipos de
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configurações em função do compromisso de pertença dos seus membros e dos seus objetivos: as
issue networks, descritas como redes alargadas e difusas, com limitados graus de
interdependência; as policy communities, redes tendencialmente mais estruturadas e orientadas,
com um número mais limitado de membros, que procuram interesses económicos ou profissionais
(idem). Esta abordagem conduziu à elaboração de complexas tipologias de redes (ver, por
exemplo, van Waarden, 1992).
Não obstante a sua crescente sofisticação, a abordagem atrás descrita não esteve isenta de crítica,
considerando que a rede funcionava, sobretudo, como uma metáfora e não tanto como um modelo
explicativo das interações sociais (Massardier, 2003). Procurando contrariar esse fenómeno, e
visando uma consolidação teórica das redes políticas, no final da década de 1980 e durante a
década de 1990, emergiram novos empreendimentos teóricos neste domínio.
Num primeiro registo, alguns autores procuraram estabelecer uma ligação estreita com modelos
de análise de processos políticos e de tomada de decisão já consolidados, como por exemplo, as
coligações de causa (Sabatier, 1993; Sabatier & Weible, 2007) ou as comunidades epistémicas
(Haas, 1992). Outros estudos centraram-se na análise interorganizacional, ou de redes de
indivíduos, socorrendo-se da análise de redes sociais para desenvolver quadros de análise que
permitissem acentuar a política enquanto um produto das complexas interações entre atores
(públicos e privados) interdependentes entre si (Thatcher, 1998). Tratava-se, aqui, de proceder a
uma análise estrutural das relações entre indivíduos ou entre organizações, sendo a estrutura da
rede definida pelos padrões das relações que se estabelecem entre os atores, mapeadas
exaustivamente de modo a permitir a descrição de padrões de coordenação e colaboração, arranjos
estruturais e institucionais.
Atendendo ao crescente número de atores que intervêm na decisão política (situados em diferentes
escalas, transnacionais, nacional e locais, públicos ou privados), ao longo das duas últimas
décadas vários autores recorreram ao conceito de policy networks para descrever a emergência de
novos modos de governança nas políticas contemporâneas, baseados na noção de governação em
rede (Dolowitz & Marsh, 2012). Neste âmbito, Rhodes (2006) deu um importante contributo para
a definição das redes políticas, definidas como o conjunto das “ligações institucionais ou
informais, entre as autoridades governamentais e outros atores, estruturadas em torno de torno de
crenças e interesses compartilhados e permanentemente negociados na elaboração e
implementação de políticas públicas” (Rhodes, 2006, p. 426). Nesta perspetiva, as redes políticas
são concetualizadas como um importante recurso para compreender o modo como determinados
atores “são ativamente envolvidos nos processos de decisão e implementação, formando relações
próximas com as elites político-administrativas” (Thatcher, 2004, p. 384).
De acordo com esta concetualização, as redes surgem como uma alternativa para a descrição de
novas formas de coordenação dos processos políticos: por um lado, permitem acentuar a erosão
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de modos de coordenação baseados na hierarquia e uma visão linear dos processos políticos; por
outro lado, as redes permitem captar o envolvimento e participação de novos espaços e atores
(para além das autoridades públicas) em relações menos hierárquicas, mais fragmentadas e
flexíveis (Commaille, 2004). Deste modo, a política é entendida como o resultado emergente
dessas ligações, interações e interdependências. O presente estudo é devedor deste referencial.
A governança da educação é entendida como um processo interativo que ocorre em múltiplas
escalas e no qual participam múltiplos atores que conferem uma crescente complexidade aos
processos políticos (Lawn & Grek, 2012, cf. Barroso, 2005, Carvalho, 2015). Neste quadro, as
redes políticas constituem uma importante ferramenta concetual para observar o conjunto das
interdependências entre diversos atores que vão tecendo no curso da ação pública (Massardier,
2003). Entre estes atores, os think tanks, tal como outros atores emergentes nas políticas
educativas, agem como “importantes nós” dessas redes, “conectados entre si e com os governos
de formas densas e complexas” (Exley, 2014, p. 4).

O design da investigação

Partindo do enquadramento concetual apresentado, a análise de redes sociais foi usada para o
estudo da emergência de novas redes de atores implicados na definição das políticas educativas
em Portugal. A utilização da designação análise de redes sociais foi adotada num sentido amplo,
para se referir ao conjunto de designações que transportam uma conceção relacional da estrutura
social. Antes de mais, a análise de redes foi mobilizada observar as relações dos atores e, desse
modo, interpretar o sentido político das suas interações1.
Numa primeira fase do estudo, mapearam-se os atores, organizações e eventos do EDULOG,
recorrendo fundamentalmente a um trabalho de pesquisa online. Seguiu-se esta opção porque este
tipo de organizações, como refere Howard (2002, p. 550) “se constroem em torno dos novos
media” e devido à considerável presença de conteúdos disponíveis online. Assim, foram
recolhidos dados constantes no portal institucional e redes sociais do EDULOG, recortes de
imprensa, editais de abertura de concursos para financiamento de projetos de investigação,
programas de conferências e seminários, etc.
Este mapeamento foi concretizado em 2017 e foi feito através de análise documental, atendendo
às seguintes fontes: as notas biográficas dos membros do conselho científico disponíveis no
website do EDULOG, (que sinalizam o modo como este think tank quer dar a conhecer os
membros do conselho), identificando as organizações onde trabalham ou trabalharam; os

1
Seguindo o entendimento de Wellman & Berkowitz (1991), a análise social de redes é “uma ferramenta
intelectual fundamental para o estudo das estruturas sociais. As estruturas sociais podem ser representadas
como redes – conjunto de nós (ou membros do sistema social) e um conjunto de laços que descrevem as
suas interconexões” (Wellman & Berkowit, 1991, p. 4).
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currículos dos investigadores envolvidos nos projetos de investigação financiados pelo EDULOG
e que se encontram disponíveis nos websites dos seus respetivos centros de investigação ou
universidades.
Como resultado, obteve-se uma matriz onde se relacionam os atores e as organizações envolvidos
nas atividades do EDULOG (matriz de um modo), a partir da qual se construíram matrizes de
dados relacionais (atores-atores; organizações-organizações). Trata-se de uma opção prática
comum, ainda que não esteja isenta de crítica, que detém um significativo potencial de projeção
das relações existentes numa rede (Everett, & Borgatti, 2013). Em seguida, recorreu-se ao
UCINET e ao NetDraw (Borgatti, Everett & Freeman, 2002) para analisar e visualizar os dados
relacionais, identificando os atores e as organizações que desempenham um papel mais relevante
no EDULOG. O cálculo do grau de centralidade (o número de “laços” de cada “nó”) (Freeman,
1979) mostrou-se suficiente para os nossos propósitos.
Como resultado, identificou-se uma rede de atores (Figura 1) e uma rede de organizações (Figura
2). Obviamente, as suas representações não esgotam todas as relações estabelecidas entre cada
um dos atores e das organizações, mas são suscetíveis de ser consideradas indicadores válidos das
possíveis interdependências, conexões e interações.
Numa segunda fase do estudo, foi realizada uma entrevista à Secretária Geral do EDULOG com
o objetivo de aprofundar a recolha dos dados sobre as preconizações do EDULOG em relação ao
sistema educativo português, bem como esclarecer algumas das ligações identificadas na fase
empírica anterior. A entrevista foi gravada, transcrita e devolvida à entrevistada para validação
do seu conteúdo que foi determinante para melhor compreender o EDULOG enquanto
intermediador social.

Principais resultados

Para dar conta dos principais resultados obtidos, apresenta-se, no primeiro ponto, o produto do
mapeamento das relações de atores e das organizações que participam no EDULOG, mostrando
as redes de atores e de organizações que o compõem e que concorrem para a sua caracterização
enquanto intermediador social. No segundo ponto são apresentadas evidências sobre o modo
como esta rede de relações atua no sistema educativo, procurando participar na produção de
orientações e regras que o regulam.

O EDULOG enquanto intermediador social

O EDULOG tem uma estrutura organizacional simples e as atividades quotidianas são


concretizadas por um staff reduzido. Por isso, ganha particular e acrescida pertinência olhar para
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o EDULOG como uma rede onde se encontram atores provenientes de diversos mundos sociais.
O seu website apresenta duas categorias de atores: o conselho consultivo e os peritos.
O conselho consultivo é apresentado como tendo a missão de orientar o EDULOG para o
cumprimento da sua missão no que toca à “implementação de projetos com resultados profundos
e duradouros” (EDULOG, 2017), sendo “composto por personalidades com elevada experiência
e conhecimento de políticas, sistemas e práticas educacionais” (EDULOG, 2017).
A Figura 1 que representa os 42 atores que mapeámos, sendo membros do conselho: Alberto
Amaral, Belmiro de Azevedo, David Justino, Isabel Alçada, Isabel Leite, João Filipe Queiró, José
Novais Barbosa e Luís Reis. A dimensão com que estão representados assinala o seu maior ou
menor grau de centralidade.
Figura 1 – Atores (potencialmente) ligados através do EDULOG

Fonte: Viseu & Carvalho (2018)

O conselho inclui dois ex-Ministros da Educação e dois ex-Secretários de Estado da Educação;


um ex-presidente do Conselho Nacional de Educação, um órgão de consulta sobre questões
educativas do Ministério da Educação; ex-deputados e ex-consultores do Presidente da República
para questões educativas. O conselho inclui ainda antigos reitores de universidades públicas
portuguesas, professores e investigadores de instituições do ensino superior e a SONAE. Sobre a
composição do conselho é importante assinalar dois aspetos.
O primeiro aspeto diz respeito à importância que dois dos seus membros assumem em particular:
Alberto Amaral, o coordenador do conselho científico e o próprio Belmiro de Azevedo. Alberto
Amaral foi reitor da Universidade do Porto (1985-1998), antigo coordenador do Centro de
Investigação de Políticas do Ensino Superior (1998-2008) e é atualmente presidente da Agência
de Acreditação do Ensino Superior, uma fundação privada criada pelo governo português
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responsável pela avaliação e acreditação das instituições e cursos do ensino superior. Belmiro de
Azevedo, à data da recolha dos dados, não estava envolvido nas atividades diárias do EDULOG
mas tinha um papel decisivo na definição dos orçamentos e atividades do think tank, procurando
imprimir um “espírito” de gestão semelhante àquele que existe na SONAE: “bootstrapping as a
business strategy” (Entrevista à Secretária Geral do EDULOG). Simultaneamente, Belmiro de
Azevedo teve um papel decisivo na composição do conselho consultivo, pensada pelo próprio em
conjunto com dois dos antigos reitores da Universidade do Porto, o que nos leva ao segundo
aspeto importante a registar sobre a composição do conselho.
Para além das relações de confiança pessoal, pesou como critério de inclusão no conselho
consultivo o reconhecimento público dos seus membros. De facto, olhando para os nomes que o
integram, é possível constatar que muitos desempenharam cargos de alta responsabilidade, no
Estado e em instituições do ensino superior. Por isso, são facilmente identificados como
especialistas em educação, o que confere maior credibilidade à ação do EDULOG, estabelecendo
uma certa elite político-administrativa. Simultaneamente, estes atores trazem consigo diversos
mundos sociais, o que permite ao EDULOG estabelecer entre organizações ou posições relevantes
para a sua ação (Entrevista à Secretária Geral do EDULOG).
Para além do conselho consultivo, mapeámos também um outro conjunto de atores designados
como “peritos” e que correspondem, genericamente, aos investigadores envolvidos em projetos
financiados ou contratualizados pelo EDULOG (dispostos na Figura 1 conforme das equipas de
investigação a que pertencem). Estas equipas incluem consórcios entre instituições do ensino
superior (públicas e privadas, nacionais e estrangeiras) e responderam a chamadas para
financiamento de base competitiva em temas considerados prioritários pelo EDULOG como, por
exemplo; a gestão escolar; o insucesso escolar; a criação de um observatório sobre as “tendências
de evolução e principais dinâmicas estruturais do sistema de ensino português” (EDULOG, 2017).
O financiamento máximo pode aproximar-se daqueles que são atribuídos pela Fundação para a
Ciência e a Tecnologia2, o que sinaliza a importância atribuída a estes projetos por parte do
EDULOG.
A variedade de instituições de ensino superior envolvidas no EDULOG é visível na Figura 2, que
representa uma rede de 41 organizações que se movem dentro e em volta do EDULOG. A
dimensão da representação gráfica de cada organização (de cada nó) está relacionada com o seu
maior ou menor grau.

2
A Fundação para a Ciência e a Tecnologia é a principal agência nacional portuguesa responsável pelo
financiamento da atividade científica.
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Figura 2– Organizações (potencialmente) ligadas através do EDULOG

Fonte: Viseu & Carvalho (2018)

É evidente a representação do mundo da academia, com ligações entre algumas das mais
importantes universidades em Portugal3, mas também pelas ligações a prestigiadas universidades
estrangeiras onde alguns dos membros do conselho ou peritos trabalham/ram ou estudaram. A
presença deste mundo que se cruza no EDULOG confere-lhe, naturalmente, estatuto e
reconhecimento público. Neste caso, os peritos são um sinal da construção de um trabalho de
medição sobre o sistema educativo que se concretiza através da expertise externa (Carvalho,
Viseu e Gonçalves, 2019). Estes dados estão em alinhados com a ideia de que, historicamente, os
think tanks têm estado intimamente ligados à produção de conhecimento, o que lhes confere uma
acrescida legitimidade e credibilidade junto dos media, decisores políticos e o público
(McDonald, 2013).
Para além das ligações à academia, estão também presentes relações com importantes agências
governamentais e órgãos de soberania, muitas das quais são asseguradas pelos membros do
conselho científico, bem como ao mundo das empresas, muito em particular à SONAE.
Em síntese, para caracterizar o EDULOG como intermediador social esta configuração parece
agregar três mundos, a política, as empresas e academia. Esta intermediação parece mostrar a
concretização da intenção explícita do EDULOG em atuar como uma “ponte” entre a academia,
os decisores políticos e os práticos, apoiando e fornecendo “informação e investigação objetiva”
sobre o sistema educativo português para que os decisores políticos e outros atores possam tomar
melhores decisões (EDULOG, 2017).

3A Universidade de Lisboa, a Universidade de Coimbra, a Universidade do Porto e a Universidade Nova


de Lisboa são das mais antigas e/ou as que têm mais alunos (DGEEC, 2017).
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A rede em ação

Mapeados os atores e organizações que se cruzam no EDULOG, importava compreender o modo


como esta de rede de relações opera, ligando diferentes mundos sociais para “influenciar as
políticas” para resolver “problemas (…) prementes do sistema educativo” (EDULOG, 2017).
Na introdução foram já evocados alguns exemplos das atividades que o EDULOG concretiza e
que incluem atividades de geração de informação, de publicação e de convocação. Nestas
atividades há a preocupação em envolver “individualidades de referência na área” da educação,
incluindo, designadamente decisores políticos, académicos e práticos (EDULOG, 2017). A
concretização destas atividades responde bem à tipologia da “terceira comunidade” proposta por
Lindquist (1990), no sentido em que mostram como o EDULOG se afirma comprometido com a
geração de informação relevante para apoio à decisão política e como um mediador entre os
produtores e consumidores de conhecimento.
Uma manifestação particularmente interessante sobre o modo como esta rede se coloca em ação,
e como ativa conexões entre atores relevantes, está relacionada com a estratégia STEM (Science,
Technology, Engineering and Mathematics) do EDULOG para as escolas públicas.
Tal como a Nestlé, Solvay, Randstad ou o Titan Group, a SONAE é uma empresa que apoia o
European Pact for Youth, comprometida em construir “parcerias fortes entre as empresas e a
educação (…), focando-se na transição dos jovens para o mercado de trabalho e oferendo estágios
profissionais e curriculares de maior qualidade” (European Pact for Youth, 2019). Como parte
desse compromisso, a SONAE foi convidada pela EU STEM Coalition para “liderar a
implementação de uma estratégia STEM em Portugal” de modo a “sensibilizar governos,
indústria e educação para o papel crucial da educação no STEM” (EDULOG, 2017). Em resposta
a este convite, a SONAE e o EDULOG promoveram a assinatura de um memorando entre si e
com o Ministério da Educação, através da Direção geral de Educação, a Câmara Municipal do
Porto, a Porto Business School, a consultora International PricewaterhouseCoopers, a Cerealis, a
Unicer e três Agrupamentos de Escolas da cidade do Porto (DGE, 2017). O memorando
estabelece o compromisso para contribuir para o aumento do número de estudantes e futuros
profissionais na área das STEM, prevendo um conjunto de ações entre as escolas e as empresas
envolvidas na iniciativa.
Em simultâneo, a Casa das Ciências, uma plataforma digital colaborativa, gratuita e dinamizada
por professores da Universidade do Porto, foi recentemente integrada no website do EDULOG.
De acordo com o website do EDULOG, à data em que este processo de transição se concretizou,
em 2017, a plataforma tinha 16200 utilizadores registados o que representa mais de 60% dos
professores da área das STEM em Portugal. De acordo com o coordenador científico do
EDULOG, este processo permite ao EDULOG tornar-se mais próximo da comunidade educativa,
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designadamente dos professores que têm uma “visão mais pragmática da realidade” (EDULOG,
2017).
Esta estratégia para o STEM mostra como o EDULOG intervém através da promoção de redes de
atores, combinando atores estatais e não estatais em torno problemas percecionados por si como
centrais no sistema educativo. Conforme as palavras do coordenador científico do EDULOG, esta
ação permite reforçar a missão do EDULOG em agir como “uma ponte entre o mundo da
educação, da política e da sociedade, com o objetivo de tornar a educação o motor de
desenvolvimento da excelência e do talento” (EDULOG, 2017).

Para a compreensão da reconfiguração dos contextos, dos atores e das interações nas
políticas públicas de educação

Dos resultados do estudo exploratório aqui descrito é possível retirar três linhas de reflexão final.
A primeira está relacionada com a pertinência do recurso da análise de redes para o estudo das
redes políticas. De facto, atendendo à sua estrutura organizacional relativamente simples, o
alcance da ação do EDULOG só foi possível de descrever e compreender graças ao mapeamento
das ligações que promove. Este dado está alinhado com a ideia de que, mais do que olhar para os
think tanks como organizações, eles devem ser entendidos como promotores e participantes em
redes políticas (Ball & Exley, 2010) e como espaços híbridos de configurações, por vezes, difusas
(Lingard, 2016; Olmedo & Santa Cruz, 2013).
A segunda está relacionada com a observação da variedade de organizações e atores de diferentes
mundos sociais que agem e se intercetam neste think tank: a administração educativa, a academia
e as empresas. Nesse sentido, o EDULOG constitui um bom exemplo de uma rede política, como
um conjunto de espaços políticos conectados formal ou informalmente; real ou virtualmente (Ball,
2017). Mais, a ativação desta rede reforça a ideia que as atividades de grupos mais ou menos
informais são relevantes nos processos de decisão política.
Contudo, é importante sublinhar que esta rede não se tece apenas em função de ligações pré-
existentes entre os atores que se cruzam no EDULOG. De facto - e em terceiro lugar -, importa
recordar que as Figuras 1 e 2 representam apenas um dos lados visíveis da rede. Além de
identificar os nós e os laços da rede, o que parece mais interessante é perceber o que a rede é
capaz de alcançar e como ela parece expandir se através dos mundos que evoca e mobiliza. Para
a compreensão deste fenómeno foi necessário evocar um conjunto mais alargado de dados, para
além dos dados relacionais, que permitissem compreender, para além da intermediação social, a
intermediação cognitiva do EDULOG. A aposta em determinados temas para as suas conferências
e debates, os apoios em certas áreas para apoio à investigação ou divulgação científica ou a
liderança assumida para o estabelecimento de protocolos de colaboração entre empresas e a
administração educativa são evidências do modo como o EDULOG procura agir como um expert-
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Fialho (org). Redes Sociais. Como compreendê-las? Uma introdução à análise de redes sociais. Lisboa: Edições Sílabo, pp. 257-268
(ISBN: 978-989-561-095-2).

based intermediator (Haas, 2007). Esta operação ocorre no trabalho de tradução dos significados
dos diferentes mundos que se cruzam no EDULOG com vista a desenvolver um determinado
conhecimento educacional, orientado para a decisão política e a resolução de problemas por si
identificados, bem como para participar na definição das políticas educativas.
Em síntese, o recurso à análise de redes permitiu sinalizar a emergência de novos espaços intra-
nacionais de política e a sua influência nas políticas educativas (Ball, 2016). Nesse sentido, a
análise de redes oferece um importante contributo para uma melhor compreensão dos novos
modos de governo dos sistemas educativos, onde novos e velhos atores se interconectam, que
merece ser continuado e aprofundado no estudo das políticas públicas de educação em Portugal.

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