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Dannilo Halabe*
Dannilo Halabe
Abstract: The university discourse appropriates the two fields studied in this work -
the pedagogy and psychoanalysis - failing to situate praxis their inherent.
Emphasizing this aspect and analyze the similarities in political and philosophical
underpinnings that make up the field of education and analysis, this article intends to
preliminarily discuss the importance of constant debate over between these
areas. Do not think of excluding, however, sociology or philosophy, but to present a
third way of analysis of education that should be more present in the curricula of
teacher training.
Dannilo Halabe
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Mestrando em Educação pela UFMA. Graduado em Psicologia com Especialização em Metodologia
do Ensino Superior pela UFMA. Email: halabe@oi.com.br
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1 INTRODUÇÃO
1
Curso de Metodologia do Ensino Superior oferecido pelos Departamentos de Educação I e II da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
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como a própria Escola de Frankfurt buscou fazer com Fromm, conforme nos diz
Freitag (1993).
Como apontado, o outro fundamento deste trabalho é a teoria freudiana
sobre o Inconsciente e toda teoria psicanalítica que decorre de sua análise clínica.
Propõe-se trabalhar apenas com os autores que preservam os fundamentos da
psicanálise, evitando-os que deram origem a psicologia do ego, a psicologia
individual, o protesto masculino e outras linhas de dissidentes que o próprio Freud
(1914) pontua em seu texto sobre o “A História Movimento Psicanalítico”. Na linha
de autores que preservam o fundamento da psicanálise, encontra-se Jacques
Lacan. Segundo Jorge e Ferreira (2005), Lacan ao denunciar o erro teórico que a
IPA2 estava cometendo ao privilegiar uma “Psicologia do Ego”, lançou novas bases
para o movimento, “atualizando” a teoria psicanalítica correlacionando-o à
lingüística. Sobre a Psicanálise Lacan (2008) nos fala:
A psicanálise, devo lembrar a título de preâmbulo, é uma disciplina que no
conjunto das ciências se apresenta a nós com uma posição realmente
particular. Costumam dizer que ela não é uma ciência propriamente dita, o
que parece implicar por contraste que ela é simplesmente uma arte. É um
erro, se por isso entendermos que ela é tão-somente uma técnica, um
método operacional, um conjunto de receitas. [...] Por outro lado, vemos
emanar da psicanálise métodos que, eles sim, tendem a objetivar modos de
agir sobre o homem, o objeto humano. Não passam, contudo, de técnicas
derivadas dessa arte fundamental que é a psicanálise, na medida em que é
constituída por essa relação intersubjetiva que não pode, como lhes disse,
esgotar-se, pois ela é o que nos faz homens (LACAN, 2008, p.11-13).
O que o autor pretende nos dizer e isso se relaciona com Freire, é que na
há possibilidade de ensinar ou governar distante do desejo daquele que (não)
aprende ou (não) se governa. Tentar transmitir um calhamaço de teorias ou imputar
um conjunto de regras de como agir aos sujeitos não fará efeito, a não ser que se
desperte seu desejo. Outro elemento da teoria freudiana que permite um
desvelamento, tal qual realizado pela postura marxista ao enfocar o projeto político
do professor, é a transferência que se estabelece entre professor e aluno, e que nos
permite dizer que, quando é possível educar, o mestre tem mais a contribuir pelo
não-saber do que com os conhecimentos reproduzidos.
embasada. Porém, o professor não pode permitir ser destituído de sua posição na
organização do processo de ensino. É preciso que os alunos tratem o professor
como àquele que possui os conhecimentos que lhes faltam e esteja disposto a
educá-los. Ao professor cabe não se envaidecer com o pouco conhecimento que
possui e permitir o diálogo e o confronto teórico dos alunos sem se sentir afetado
pelas considerações feitas à teoria. Se um aluno questiona o referencial materialista
histórico-dialético do professor, por se afinar com uma postura mais metafísica, em
sala de aula não há a possibilidade de o professor fazer qualquer imposição. A
segurança no referencial marxista permite-nos conjecturar que a sociedade se
encarregará de apresentar as contradições que tornaram insustentáveis uma
posição metafísica de concepção de mundo. Somente neste ponto, quando a
questão aparecer em sua vida, este aluno lembrar-se-á das categorias de análise
marxistas, nas quais seu antigo mestre buscou lhe orientar.
A aproximação realizada neste artigo, entre o campo da psicanálise e da
educação, ainda é muito incipiente. Isto pela impossibilidade de relatar teoricamente
a práxis que compõem as duas áreas. Entretanto, para aqueles que estudam as
duas áreas, é impensável continuar a se manter os debates afastados, ou a serem
realizados de forma escassa. Isto só ocorre pelo fato do analista pressupor a
educação apenas como reprodução e o pedagogo supor a psicanálise somente
como clínica. Este é o perigo que o desconhecimento, o preconceito e muitas vezes
as defesas por áreas de atuação no mercado de trabalho induzem. Não refletimos
que esta é apenas uma estratégia do Sistema Capitalista para manter os intelectuais
afastados, longe de uma análise mais aprofundada da realidade. E como resultado
temos a criação de mais e mais segregações, como as divisões por departamento
nas universidades, as criações de diversos sindicatos, ou seja, mais desunião e
perda de força para a transformação da realidade em que vivemos.
REFERÊNCIAS
FREITAG, Bárbara.A Teoria Crítica Ontem e Hoje. 4 ed. SP: Brasiliense, 1993.
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FREUD, Sigmund. Algumas Reflexões sobre a Psicologia Escolar (1914). In: ___.
Totem e Tabu e Outros trabalhos. vol. XIII. Rio de Janeiro: Imago, 1976.