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ADVOCACIA

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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA ADJUNTA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA
COMARCA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS - RS

Processo nº: 9000213-11.2017.8.21.0125

Fulano De Tal, já qualificado nos autos em epígrafe, vem


respeitosamente perante Vossa Excelência, por seus
procuradores abaixo assinados, dizer e requerer o que segue.

O Exequente tomou conhecimento da existência de uma Ação


Indenizatória movida pelo Executado contra Generali Brasil Seguros S/A e Reiter Transportes e
Logística LTDA que tramita na 2ª Vara Judicial desta Comarca sob nº 125/1.15.0000960-3, que
encontra-se em fase de apresentação de memoriais, portanto, próximo de ser lançada sentença,
conforme cópia do andamento processual anexo .
Em que pese ainda não ter sido julgada a ação e não poder se
auferir neste momento o valor exato que será recebido pelo Executado em eventual juízo de
procedência, inequívoca é a expectativa de direito do Devedor/Executado na ação indenizatória
supra citada, viabilizando, portanto, a respectiva penhora no rosto dos autos, nos termos do art.
860 do CPC, in verbis:

“Art. 860. Quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, a penhora que
recair sobre ele será averbada, com destaque, nos autos pertinentes ao direito
e na ação correspondente à penhora, a fim de que esta seja efetivada nos
bens que forem adjudicados ou que vierem a caber ao executado .”

Neste sentido, é o entendimento jurisprudencial do Tribunal de


Justiça do Rio Grande do Sul, vejamos:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. PENHORA NO ROSTO


DOS AUTOS. AÇÃO DE CONHECIMENTO/PEDIDO NO ÂMBITO DOS
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. POSSIBILIDADE. ART. 860 DO CPC.
Segundo a exegese do art. 860 do CPC, inexiste óbice que a penhora no rosto

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dos autos recaia sobre direito pleiteado em juízo. Situação dos autos em que o
devedor está movendo ação no âmbito do Juizado Especial Civil, ainda em sua
fase inicial de conhecimento, ou seja, perseguindo  direito eventual e futuro
(mera expectativa do direito) que não impede a realização de  penhora no rosto
dos autos. Lição doutrinária e precedentes jurisprudenciais. AGRAVO
PROVIDO.(Agravo de Instrumento, Nº 70081490872, Nona Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Tasso Caubi Soares Delabary, Julgado em:
17-07-2019). Grifo nosso.

Corroborando ao pleito, o Acórdão de lavra da Ministra Nancy


Andrighi, cuja ementa segue abaixo transcrita:
RECURSO ESPECIAL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚM. 282/STF.
AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PENHORA DE
DIREITO LITIGIOSO NO ROSTO DOS AUTOS. ATO DE AVERBAÇÃO.
PROCEDIMENTO DE ARBITRAGEM. POSSIBILIDADE.
CONFIDENCIALIDADE. PRESERVAÇÃO. ORDEM DE PREFERÊNCIA DA
PENHORA. EXCESSIVA ONEROSIDADE NÃO DEMONSTRADA.
JULGAMENTO: CPC/15.
1. Ação de execução de título extrajudicial, ajuizada em 06/05/2014, da qual foi
extraído o presente recurso especial, interposto em 18/05/2016 e concluso ao
gabinete em 09/01/2017.
2. O propósito recursal é decidir sobre a penhora no rosto dos autos de
procedimento de arbitragem para garantir o pagamento de cédulas de crédito
bancário objeto de execução de título extrajudicial.
3. A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados como
violados impede o conhecimento do recurso especial. Súmula 282/STF.
4. O direito litigioso, sobre o qual incide a regra do art. 674 do CPC/73, trata-se
de direito futuro e eventual, porque subordinado à confirmação por decisão
judicial transitada em julgado, sujeitando-se o terceiro, nele interessado, à sorte
e aos azares do litígio para garantir o seu crédito por meio da penhora no rosto
dos autos.
5. Na prática, a penhora no rosto dos autos consiste apenas numa averbação,
cuja finalidade é atingida no exato momento em que o devedor do executado
toma ciência de que o pagamento - ou parte dele - deverá, quando realizado,
ser dirigido ao credor deste, sob pena de responder pela dívida, nos termos do
art. 312 do CC/02.
6. A prévia formação do título executivo judicial não é requisito para que se
realize a penhora no rosto dos autos, bastando, para tanto, que o devedor,
executado nos autos em que se requer a medida, tenha, ao menos, a
expectativa de receber algum bem economicamente apreciável nos autos em
cujo "rosto" se pretende seja anotada a penhora requerida.
7. A recente alteração trazida pela Lei 13.129/15 à Lei 9.307/96, a despeito de
evidenciar o fortalecimento da arbitragem, não investiu o árbitro do poder
coercitivo direto, de modo que, diferentemente do juiz, não pode impor, contra
a vontade do devedor, restrições ao seu patrimônio.
8. O deferimento da penhora do direito litigioso no rosto dos autos não implica
propriamente a individualização, tampouco a apreensão efetiva e o depósito de
bens à ordem judicial, mas a mera afetação à futura expropriação, além de
criar sobre eles a preferência para o respectivo exequente.
9. Respeitadas as peculiaridades de cada jurisdição, é possível aplicar a regra
do art. 674 do CPC/73 (art. 860 do CPC/15), ao procedimento de arbitragem, a
fim de permitir que o juiz oficie o árbitro para que este faça constar em sua

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decisão final, acaso favorável ao executado, a existência da ordem judicial de
expropriação, ordem essa, por sua vez, que só será efetivada ao tempo e
modo do cumprimento da sentença arbitral, no âmbito do qual deverá ser
também resolvido eventual concurso especial de credores, nos termos do art.
613 do CPC/73 (parágrafo único do art. 797 do CPC/15).
10. Dentre as mencionadas peculiaridades, está a preservação da
confidencialidade estipulada na arbitragem, à que alude a recorrente e da qual
não descurou a Lei 9.307/96, ao prever, no parágrafo único do art. 22-C, que o
juízo estatal observará, nessas circunstâncias, o segredo de justiça.
11. A ordem preferencial da penhora, prevista no art. 655 do CPC/73, somente
poderá ser imposta ao credor em circunstâncias excepcionalíssimas, em que
sua observância acarrete ofensa à dignidade da pessoa humana ou ao
paradigma da boa-fé objetiva.
12. Hipótese em que se verifica que o devedor não demonstrou,
concretamente, que a penhora no rosto dos autos do crédito que
eventualmente venha a lhe caber no procedimento de arbitragem se mostra
excessivamente gravosa, tampouco que a medida se mostra ofensiva à sua
dignidade ou ao paradigma da boa-fé objetiva, de modo a caracterizar ofensa
aos arts. 620 e 655 do CPC/73.
13. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, desprovido.
(REsp 1678224/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 07/05/2019, DJe 09/05/2019).

Desse modo, tendo em vista que até o presente momento as


pesquisas aos bens do Executado restaram infrutíferas, bem como diante da conduta processual
esquiva e temerária do Executado em adimplir o título executivo judicial, inescusável a viabilidade
da penhora no rosto dos autos, do valor que vier a ser recebido pelo Executado após o julgamento
da ação indenizatória sob nº 125/1.15.0000960-3, em caso de eventual juízo de procedência.

Por todo o exposto, o Exequente requer o deferimento dos


seguintes pedidos, para:
a) Determinar a atualização do valor da dívida, no valor de
R$ 20.564,31 (vinte mil e quinhentos e sessenta e quatro reais e
trinta e um centavos) conforme Memória de Cálculo anexo;
b) Determinar a expedição do competente Mandado de
Penhora no Valor de R$ 20.564,31, conforme valor atualizado da
dívida, com a respectiva Averbação no Rosto dos Autos do
Processo nº 125/1.15.0000960-3, bem como a cientificação do
Executado;
c) Determinar o cumprimento integral do despacho de fl.
114, conforme (re)ordenado no despacho de fl. 122, com a
inscrição do Executado em cadastros de inadimplentes, na forma

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do artigo 782,§ 3º, do Novo Código de Processo Civil, a ser
efetivado por servidor devidamente habilitado para tanto, tendo
em vista a certidão de fl. 136.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

São Francisco de Assis, 18 de Maio de 2020.

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MARIA DA SILVA
Advogada
OAB/RS 000.000

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