EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO
TRABALHO DE SANTIAGO/RS
Processo nºXX
Fulano de Tal, por intermédio de seu procurador
firmatário, vem, respeitosamente, nos autos da reclamatória trabalhista que move em face de Cicrano, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu procurador firmatário, oferecer a presente
CONTESTAÇÃO À RECONVENÇÃO
pelos seguintes fatos e fundamentos a seguir:
O pleito da reconvenção movida pelo Reclamado é uma “firula” processual, mera artimanha para distrair a atenção do magistrado ao teor da autorizada doutrina e precedentes jurisprudenciais juntados na exordial, que deixam claro o agir enganoso fomentado pelos empregadores que exploram a mão-de-obra, seja em nosso Estado, seja no País.
Verdadeira mazela, chaga social objeto de ferrenha fiscalização por parte do Ministério do Trabalho e Emprego.
O Reconvinte alega que pagou à título de adiantamento salarial ao Reconvindo a quantia de R$ 1.000,00 (mil reais) referente ao mês de agosto, pago em setembro de 2013, para ser descontado no mês seguinte e que, no mês de outubro o Reconvindo, chorosamente, com a justificativa de que estava enfrentando problemas pessoais, pediu que tais valores não fossem descontados naquele mês, mas sim no seguinte e ainda, que o Reconvindo teria feito a mesma coisa no mês seguinte. Ainda, que em dezembro, o Reclamante novamente solicitou o adiantamento de R$ 200,00 (duzentos reais) da rescisão.
Ocorre que os fatos narrados não são verdadeiros,
ocorreu realmente o adiantamento ao Reclamante, mas a título de pagamento de parte dos 150 sacos de soja devidos pelo Reconvinte, referentes aos 5.600 hectares de soja que o Reconvindo dissecou. Logo, o Reconvinte não deveria ajuizar Reconvenção, mas ter pedido a compensação do valor adiantado e devido (item XI, fl. 10 da inicial) na contestação à reclamatória trabalhista.
Ademais, não faria sentido o Reconvinte pagar
dobrado o salário do Reconvindo, pagar verbas rescisórias e não ter descontado nada, ou mesmo mencionado tais dívidas. Quanto aos recibos anexados pelo Reconvinte, estes eram assinados pelo Reconvindo sempre que apresentados, sem quaisquer indagações, pois confiava na honestidade do empregador.
Situações análogas a esta, quando batidas às
portas do Judiciário - que bem sabe distinguir a autêntica condição de cada parte – aniquila com o status de empregador justo tal qual um “castelo de cartas”.
Como senão bastasse, o Reconvinte altera a verdade dos autos a seu bel prazer, distorcendo as afirmações da inicial como lhe convém, querendo dar um ar de legitimidade aos atos praticados pelo empregador, o que é impensável no atual estágio do Direito do Trabalho.
Com relação ao intento do Reconvinte de cobrar
suposto crédito de terceiros em seu próprio nome (letras “a”, “b” e “c” – fl. 115 da Contestação – R$ 500,00 (quinhentos reais)), reza o art. 6º do CPC: “Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei”. Improcedente o pedido.
Não merece prosperar, portanto, tamanha
especulação, que serve apenas para banalizar o nobre instituto da, na seara trabalhista.
DOS PEDIDOS:
Respeitosamente, requer a Vossa Excelência, a improcedência da reconvenção, visto não ser essa a via adequada para compensar o aludido crédito;
Subsidiariamente, em caso de procedência, a compensação dos valores dentro do montante devido ao Reconvindo referente ao item XI, fl. 10, da peça exordial (percentagem devida no valor de R$ 10., eis que a compensação trabalhista pode atingir apenas verbas da mesma natureza.