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BANCÁRIO ANGOLANO1
Resumo
1
Nilton Praia, Advogado.
1
ÍNDICE
Resumo .............................................................................................................................1
Abreviações .....................................................................................................................3
Introdução ........................................................................................................................4
Capítulo I – Modos de Constituição da Relações Jurídicos-Laborais ......................6
1.1 Conteúdo da relação jurídico-laboral ........................................................... 12
1.1.1 O poder disciplinar .................................................................................. 13
1.1.1.1 Fundamento do Poder Disciplinar ..................................................... 15
1.1.2 Procedimento Disciplinar ....................................................................... 22
Capítulo II - A justa causa para despedimento disciplinar....................................... 25
2.1 Conceito ........................................................................................................... 25
2.2 Critério para aferição da justa causa para despedimento disciplinar –
particularidade das instituições financeiras bancárias. ....................................... 26
2.3 Consequências do despedimento desprovido de justa causa ................. 29
Conclusão ...................................................................................................................... 30
Referências Bibliográficas ........................................................................................... 32
Legislação Consultada ................................................................................................. 33
2
Abreviações
CRA – Constituição da República de Angola;
LGT – Lei Geral do Trabalho;
CC – Código Civil;
3
Introdução
Na maior parte dos casos, está na base destes conflitos laborais o recurso ao
despedimento em circunstâncias diversas daquelas que a LGT estabelece, o
2
Publicada no Diário da República n.º 23, I Série, de 5 de Fevereiro de 2010, pp. 141-187.
3
Lei n.º 7/15, de 15 de Junho, publicada no Diário da República n.º 87, I Série, de 15 de
Fevereiro de 2015, pp. 2446-2497.
4
que implica saber em que circunstâncias estaríamos em condições de lançar
mão ao despedimento, como sanção e meio de pôr termo à relação jurídico-
laboral, o que inequivocamente leva-nos à figura da justa causa.
Boa parte dos conflitos laborais no ordenamento jurídico angolano têm como
objecto a impugnação da medida disciplinar de despedimento, aplicada fora
dos parâmetros legalmente estabelecidos.
5
Capítulo I – Modos de Constituição da Relações Jurídicos-Laborais
O contrato de trabalho é definido pelo n.º 3 do artigo 3.º da LGT como sendo
«aquele pelo qual um trabalhador se obriga a colocar a sua actividade
profissional à disposição dum empregador, dentro do âmbito da organização e
sob a direcção e autoridade deste, tendo como contrapartida uma
remuneração».
4
A. MENEZES CORDEIRO, Tratado de Direito Civil Português, I (Parte Geral), Tomo I, 3.ª ed.,
Coimbra, 2005, p. 486 apud MARIA DO ROSÁRIO PALMA RAMALHO, Tratado de Direito do
Trabalho, Parte II – Situações Laborais Individuais, 6.ª ed., Almedina, 2016, p. 111.
6
A capacidade de exercício de direitos, em termos gerais, corresponde a
idoneidade para actuar juridicamente, exercendo direitos ou cumprindo
deveres, adquirindo direitos ou assumindo obrigações, por acto próprio e
exclusivo ou mediante um representante voluntário ou procurador5.
O artigo 67.º do Código Civil6 (adiante CC) estabelece que «As pessoas podem
ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas, salvo disposição legal em
contrário…»,sendo que no âmbito das disposições legais em sentido contrário
devemos realçar o artigo 123.º do CC, em que o legislador angolano
estabelece que salvo disposição em sentido contrário, os menores carecerão
de capacidade para exercício de direitos.
5
CARLOS ALBERTO DA MOTA PINTO, Teoria Geral do Direito Civil, 4.ª ed., 2005, p. 221.
No mesmo sentido caminha CARLOS ALBERTO B. BURITY DA SILVA, Teoria Geral do Direito
Civil, Colecção da Faculdade de Direito da UAN, 2004, p. 231
6
Aprovado pelo Decreto-Lei 47344, de 18 de Novembro de 1967, publicado no Boletim Oficial
de Angola, n.º 137, I Série, de 18 de Novembro de 1967, pp. 2088-2151, derrogado pela Lei
10/77, de 05 de Maio de 1997, publicada no Diário da República n.º 205, I Série, de 5 de Maio
de 1997, pp. 246-247; Lei 9/78, de 26 de Maio, publicada no Diário da República n.º 138, I
Série, de 13 de Junho de 1978, pp. 744-745; Lei 7/80, de 27 de Agosto de 1980, publicada no
Diário da República n.º 203, pp. 780-782; Lei 11/85, de 28 de Outubro de 1985, publicada no
Diário da República n.º 87, de 28 de Outubro de 1985, p. 632; Lei 1/88, de 20 de Fevereiro de
1988, publicada no Diário da República n.º 8, de 29 de Fevereiro de 1988, pp. 30-56; Lei 14/91,
de 11 de Maio, publicada do Diário da República n.º 20, de 11 de Maio de 1991, pp. 261-264;
Lei 6/02, de 21 de Junho, publicada no Diário da República n.º 49, de 21 de Junho de 2002, pp.
566-579; alterado pela Lei 3/03, de 14 de Fevereiro, publicada no Diário da República n.º 12,
de 14 de Fevereiro de 2003, pp. 245-246; Lei 9/11, de 16 de Fevereiro, publicada no Diário da
República n.º 31, de 16 de Fevereiro de 2011, pp. 570-571; Lei 6/12, de 18 de Janeiro, publica
no Diário da República n.º 12, de 18 de Janeiro de 2012, pp. 593- 599; Derrogado pela Lei
26/15, de 23 de Outubro, publicada no Diário da República n.º 145, de 23 de Outubro, pp.
3745-3764.
7
RAMALHO, “Tratado cit.”, p. 131.
7
A legitimidade para a celebração de um contrato de trabalho está relacionada
com a qualidade de trabalhador, tem a ver com a possibilidade de
disponibilização da força de trabalho e apenas poderá suscitar problemas se o
trabalhador for ainda parte noutro contrato de trabalho.8
8
RAMALHO, “Tratado cit.”, p. 131
9
LUÍS MENEZES LEITÃO, Direito do Trabalho, Almedina, 2016 (5.ª Edição), p. 231
10
Vide o art. 230.º da LGT.
8
direcção, lugares ou cargos cujas funções reclamam uma especial relação de
confiança11.
Para Jorge Leite12, a comissão de serviço pode ser vista em sentido estrito e
em sentido amplo.
11
JORGE LEITE, “Comissão de Serviço”, in Questões Laborais, Ano VII, 2000, 16, Coimbra
Editora, p. 153.
12
LEITE, “Comissão cit.”, p. 153-154.
13
ALEXANDRA MARIA PARDAL GÓIS, “Contrato de Trabalho em Regime de Comissão de
Serviço – Análise legal, doutrinal e jurisprudencial”, disponível em
https://www.academia.edu/5479541/Comissa_o_Servic_o (Consultado em 14/04/2020), p. 13.
LEITE, “Comissão cit.”, p. 155.
14
GÓIS, “Contrato cit.”, p. 18.
9
a) Identificação das partes;
b) Cargo ou função a desempenhar pelo nomeado em comissão de
serviço;
c) Classificação profissional e posto de trabalho que o nomeado ocupa ao
quadro da empresa, à data da nomeação, se for caso;
d) Funções e classificação profissional que passa a deter, finda a comissão
de serviço, tratando-se de trabalhador estranho e acordo a envolver a
sua integração no quadro;
e) Duração da comissão de serviço.
15
Conferir art. 231.º da LGT.
16
NORBERTO MOISÉS MOMA CAPEÇA, Da ilicitude do Despedimento Disciplinar e Suas
Consequências, Casa das Ideias, 2012, p. 59.
17
GÓIS, “Contrato cit.” p. 18.
18
GÓIS, “Contrato cit.” p. 18.
10
Esta modalidade pode ser subdivida em: i) comissão externa com garantia de
emprego e a ii) comissão externa sem garantia de emprego19.
19
GÓIS, “Contrato cit.” p. 18.
Caminhando no mesmo sentido LEITE, “Comissão cit.” p. 156 – 157.
20
Vide art. 233.º da LGT.
11
e o trabalhador exonerado entender não existirem condições para a
manutenção do vínculo laboral.
12
Passivo Deveres Deveres
21
MARIA HELENA SALAZAR DA COSTA LIMA, O poder disciplinar do empregador – Em
especial o seu exercício com vista ao despedimento do trabalhador, 2014, disponível em
https://recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/6041/1/PTE_LimaHelena_2014.pdf, (consultado em
13/04/2020) p. 15.
13
O poder disciplinar corresponde à faculdade de o empregador aplicar sanções
ao trabalhador que se encontre ao seu serviço, enquanto vigorar o contrato de
trabalho.22
Maria do Rosário Palma Ramalho23 refere que o poder disciplinar pode ser
abordado em sentido amplo e em sentido restrito, tendo cada um destes
sentidos um conteúdo diferente, resultando da combinação ou ausência de um
dos seguintes conteúdo: i) conteúdo prescritivo ou ordenador e ii) conteúdo
sancionatório ou punitivo.
22
MENEZES CORDEIRO, Manual, pp. 745 e ss., PEDRO ROMANO MARTINEZ, Direito do
Trabalho, pp. 638 e ss, MARIA DO ROSÁRIO PALMA RAMALHO, Do fundamento do poder
disciplinar laboral, Coimbra, Almedina, 1993, “Os limites do poder disciplinar laboral” em
ANTÓNIO MOREIRA (org.), I Congresso Nacional de Direito do Trabalho, Memórias, Coimbra,
Almedina, 1998, pp. 181-198 e em ID, Estudos de Direito do Trabalho, I, Coimbra, Almedina,
2003, pp. 179-193, e Tratado, I pp. 452 e ss. e II, pp. 735 e ss., ANTÓNIO GARCIA PEREIRA,
O poder disciplinar da entidade patronal, Lisboa, Danúbio, 1983, MONTEIRO FERNANDES,
Direito do Trabalho, pp. 273 e ss., MÁRIO PINTO/FURTADO MARTINS/NUNES DE
CARVALHO, op. Cit, pp. 127 e ss., PEDRO MACEDO, Poder disciplinar laboral, Coimbra,
Almedina, 1990 e AMARO JORGE, Poder e procedimento disciplinar no Código do Trabalho,
em CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS/INSPECÇÃO-GERAL DO TRABALHO (org.), A
reforma do Código do Trabalho, Coimbra Editora, 2004, pp. 495-501 apud LEITÃO, Direito cit.,
p. 366.
23
RAMALHO, Tratado cit., pp.583-584
14
Assim, se estivéssemos a falar do poder disciplinar em sentido amplo nos
estaríamos a referir aos conteúdos prescritivo ou ordenador, bem como ao
conteúdo sancionatório ou punitivo.
24
LIMA, O poder op. cit. p. 20
15
Num primeiro momento, a fundamentação do poder disciplinar era vista pela
via obrigacional, mormente como materialização da cláusula penal. Esta
variante via a aplicação da medida disciplinar como sendo uma pena
convencional, ou seja, que a medida disciplinar foi objecto de acordo prévio do
trabalhador, por altura da celebração do contrato de trabalho, não exprimindo
qualquer supremacia contratual do empregador, mas apenas a tutela das suas
fundadas expectativas ao cumprimento da prestação por parte do devedor,
através do estabelecimento prévio das consequências do incumprimento do
contrato pelo trabalhador25.
25
MARIA DO ROSÁRIO PALMA RAMALHO, Do Fundamento do Poder Disciplinar Laboral,
Livraria Almedina, Coimbra, 1993, p. 310.
26
RAMALHO, Do Fundamento cit., p. 312.
27
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 314.
16
Para a fundamentação do poder disciplinar pelo contrato de trabalho, o poder
disciplinar é uma faculdade atribuída ao empregador directamente pelo
contrato de trabalho e, nessa medida, objecto de aceitação do trabalhador
destinatário. Reconhece-se ao empregador uma posição de supremacia, sendo
que a desconformidade com o princípio da igualdade das partes no domínio
privado ultrapassa-se com a exigência do acordo do trabalhador manifestado
no contrato28.
28
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 317.
29
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 319.
30
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 322.
17
o legislador é a única entidade que pode instituir a desigualdade na posição
contratual das partes31.
31
RAMALHO, Do Fundamento cit. pp. 327 – 328.
32
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 353.
33
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 329.
34
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 330.
35
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 331
18
Por último, cabe referir que para a fundamentação convencional do poder
disciplinar, para a qual a sustentabilidade do poder disciplinar é encontrada nos
instrumentos de regulamentação colectiva de origem convencional,
concretamente as convenções colectivas de trabalho36.
36
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 344.
37
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 354.
38
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 359.
39
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 362.
40
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 365.
41
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 366
19
O elemento comunitário existirá a dois níveis, num primeiro nível, a relação
entre as partes é uma relação de comunidade, uma vez que o trabalhador
partilha dos interesses do empregador, a quem deve lealdade; e, ao mesmo
tempo, pelo facto de a prestação do trabalhador se desenvolver no seio da
organização empresarial predisposta pelo empregador, o facto de todos os
participantes dessa organização partilharem dos interesses do organizador
transforma a própria organização numa comunidade.
20
inerente ao processo produtivo empresarial determina a necessidade de uma
organização vertical com estratificações de competências e, nessa medida,
criadora de relações desiguais entre os diversos estratos, que incluem a
atribuição de poderes a um ou mais sujeitos sobre os outros, o que origina a
existência de uma organização hierárquica ou de autoridade.42
42
RAMALHO, Do Fundamento cit. p. 379.
43
RAMALHO, Do Fundamento cit. p.391.
21
1.1.2 Procedimento Disciplinar
Assim, nos debruçaremos à análise das etapas que deverão ser seguidas até a
aplicação da sanção disciplinar.
a) Admoestação verbal;
b) Admoestação registada;
c) Redução temporário do salário;
d) Despedimento disciplinar.
Tal situação não significa que aplicação daquelas duas medidas disciplinares
não obedeça a nenhum procedimento.
22
Importa aqui realçar que esta sanção é insusceptível de qualquer registo, pelo
que o comportamento do trabalhador, bem como a respectiva sanção não
deverão constar de registo algum, quer seja físico, quer electrónico, de tal
modo que não poderá contribuir para a formação dos antecedentes
disciplinares.
O n.º 2 do artigo 48.º da LTG, impõe que sempre que o empregador pretenda
aplicar uma medida disciplinar, convoque o trabalhador para uma entrevista,
devendo incluir na convocatória os elementos aí prescritos.
Registo e
Convocação Elaboração do Comunicação
Conhecimento publicação da
do Entrevista relatório do da medida
da infracção medida
trabalhador processo disciplinar
disciplinar
23
Apenas admite-se que o conhecimento de uma infracção dê lugar a
instauração de um processo disciplinar, quando, e se, entre a data do
cometimento da infracção e aquela em que o empregador dela se apercebe,
não tiver decorrido mais de um ano. De contrário, estaremos em presença de
uma infracção disciplinar prescrita, nos termos da al. b) do n.º 1 do artigo 61.º
da LGT.
45
Importa aqui referir que se o trabalhador não se poder fazer presente à data indicada na
convocatória, deverá dar nota deste facto ao empregador, directamente ou por interposta
pessoa, sendo que a entrevista apenas poderá ser adiada para dentro dos cinco (5) dias úteis
seguintes àquele em que a entrevista deveria ter lugar. Caso o trabalhador não dê
conhecimento do facto ao empregador, dentro dos 3 (três) dias úteis seguintes ao dia em que a
entrevista devia ter lugar, o empregador poderá aplicar imediatamente a sanção que tinha em
s
vista. Vide para o efeito o disposto nos nº 4 e 5 do artigo 49.º da LGT.
46
Vide o n.º 1 do artigo 50.º da LGT.
24
da decisão, por meio de carta, contra recibo na cópia, na presença de duas
testemunhas, ou por meio de correio registado47.
Para que o empregador possa exercer o seu poder tendo em vista a extinção
do vínculo laboral, é necessário que a infracção cometida pelo trabalhador
justifique a aplicação de uma sanção com aquele impacto. Tal situação,
reconduz-nos directamente à justa causa.
2.1 Conceito
47
Vide o n.º 2 do artigo 50.º da LGT.
25
O legislador angolano não apresenta o conceito de justa causa para
despedimento disciplinar, referindo apenas no n.º 1 do artigo 205.º da LGT que
o despedimento apenas pode ser fundado em justa causa se tiver por
referência a i) a prática de infracção disciplinar grave pelo trabalhador, sendo
que tal prática deverá ii) tornar impossível a manutenção da relação jurídico-
laboral.
48
ISABEL RIBEIRO PARREIRA, Concretização do conceito de justa causa de despedimento
no Sector Bancário: análise da jurisprudência publicada, in Revista de Direito e de Estudos
ºs
Sociais, Editora Verbo, Ano XLVII (XX da 2ª Série), n. 1 e 2, Janeiro – Junho de 2006, p. 89.
49
PARREIRA, “Concretização, cit.”, p. 106.
50
PARREIRA, “Concretização, cit.”, p. 106.
26
Isabel Ribeiro Parreira51 refere que a ilicitude pode ser especificamente laboral,
por violação directa de deveres do contrato de trabalho, de deveres
secundários, ou de deveres acessórios de conduta nascidos do princípio da
boa-fé no contrato de trabalho, sendo que excepcionalmente poderá assentar
em actos inicialmente apenas ofensivos de outros deveres não laborais, como
certas condutas da vida privada do trabalhador quando constituem justa causa,
nomeadamente através do vector da quebra da confiança.
Caso assim seja, a nenhum empregador colocado na posição daquele que tem
o trabalhador ao seu cargo poderia ser exigida a manutenção da relação
jurídico-laboral.
51
PARREIRA, “Concretização cit.”, p. 102.
52
PEDRO ROMANO MARTINEZ, Justa Causa Para Despedimento, in Questões Laborais, Ano
XVII – Nº 37, Janeiro – Junho de 2011, Coimbra Editora, p. 112.
53
MARTINEZ, “Justa Causa cit.”, p. 113.
27
subjectiva, no sentido de se aferir se a prática culposa não terá afectado a
confiança que o empregador depositava sobre o trabalhador.
Isabel Ribeiro Parreira54 refere que são muito frequentes as decisões dos
tribunais que de forma expressa sublinham, a particular natureza fiduciária da
actividade bancária como exigindo e pressupondo uma base de recíproca
confiança, sem a qual a justa causa pode ocorrer independentemente dos
prejuízos efectivamente causados pela violação de deveres laborais.
Sob este prisma, a relação laboral deverá ser vista necessariamente como
fiduciária, infungível e intuito personae, quanto à posição jurídica do
trabalhador. O investimento de confiança feito pelo empregador no trabalhador
que contrata, recorre à ideia da boa-fé e resulta da legítima expectativa que
assiste ao empregador de acreditar que o trabalhador tem idoneidade
necessária ao cumprimento dos compromissos contratuais que assumiu. O
empregador confia no trabalhador porque acredita legitimamente que ele vai
cumprir bem55.
54
PARREIRA, “Concretização cit.”, p. 67-68.
55
PARREIRA, “Concretização cit.”, p. 131.
28
perspectiva objectiva, poder-se-ia dizer que o comportamento em si não
inviabilizava no todo a possibilidade de manutenção da relação jurídico-laboral.
56
PARREIRA, “Concretização cit.”, p. 115.
57
CAPEÇA, Da Ilicitude cit., p. 89.
29
data que tiver obtido novo emprego ou até a data do trânsito em julgado da
sentença, caso seja anterior ao novo emprego.
Porém, o montante dos salários intercalares não poderá ser superior a seis (06)
meses, se se tratar de uma grande empresa, quatro (04) meses para as
médias empresas e dois (02) meses para as pequenas e micro empresas.
Conclusão
31
Referências Bibliográficas
LEITÃO, Luís Menezes Leitão, Direito do Trabalho, Almedina, 2016 (5ª Edição)
LEITE, Jorge, “Comissão de Serviço”, in Questões Laborais, Ano VII, 2000, 16,
Coimbra Editora.
PINTO, Carlos Alberto da Mota, Teoria Geral do Direito Civil, 4.ª ed., 2005.
SILVA, Carlos Alberto B. Burity da, Teoria Geral do Direito Civil, Colecção da
Faculdade de Direito da UAN, 2004.
32
Legislação Consultada
Código Civil
33