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ÉTICA NOS BANCOS

INTRODUÇÃO

A imagem de um banco é a de uma instituição que só pensa em ganhar


dinheiro, certo? Não há nada de errado nisso, afinal dinheiro é o que todas as
empresas querem ganhar. Mas, será, que existe um banco que as pessoas vêm
antes dos lucros?
A simples existência de um banco pressupõe que ele tem um serviço a
oferecer e, claro, meios de produzir e transformar sua atividade em lucros e novos
investimentos. Em qualquer instante, são essas as características que definem o
banco: o que ele faz, para quem faz, quanto faz.
Acreditamos que bons resultados profissionais devem resultar de decisões
morais ou éticas e que ter padrões éticos pode significar bons negócios a longo
prazo. Falhas éticas "arranham" a imagem do banco e as levam a perder clientes
importantes, dificultando o estabelecimento de parcerias.
Recuperar a imagem de um banco é tarefa muito difícil. Quando um
estabelecimento age corretamente, o tempo de vida do fato na memória do público é
de cinco minutos, mas a lembrança de uma transgressão à ética pode durar
cinqüenta anos.
Percebe-se assim, claramente, a necessidade em criar relacionamentos mais
éticos no mundo dos negócios para poder sobreviver e, obviamente, obter
vantagens competitivas. A sociedade como um todo também se beneficia deste
movimento. A organização deve então agir de forma honesta com todos aqueles que
têm algum tipo de relacionamento com ela.
Estão envolvidos nesse grupo os clientes, os sócios, os funcionários, o
governo e a sociedade como um todo. Seus valores, rumos e expectativas devem
levar em conta todo esse universo de relacionamento e seu desempenho também
deve ser avaliado quanto ao seu esforço no cumprimento de suas responsabilidades
públicas e em sua atuação como bom cidadão.
Neste trabalho vamos falar sobre os padrões éticos que deveriam existir, e
em algumas existem dentro de um banco, entre funcionários.

ÉTICA

São freqüentes as queixas sobre falta de ética na sociedade, na política, na


indústria e até mesmo nos meios esportivos, culturais e religiosos.
A sociedade contemporânea valoriza comportamentos que praticamente
excluem qualquer possibilidade de cultivo de relações éticas. É fácil verificar que o
desejo obsessivo na obtenção, possessão e consumo da maior quantidade possível
de bens materiais é o valor central na nova ordem estabelecida no mundo e que o
prestígio social é concedido para quem consegue esses bens.
O sucesso material passou a ser sinônimo de sucesso social e o êxito pessoal
deve ser adquirido a qualquer custo. Prevalecem o desprezo ao tradicional, o culto à

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massificação e mediocridade que não ameaçam e que permitem a manipulação fácil
das pessoas.
Um dos campos mais carentes, no que diz respeito à aplicação da ética, é o
do trabalho e exercício profissional. Por esta razão, executivos e teóricos em
administração de empresas voltaram a se debruçar sobre questões éticas. A lógica
alimentadora desse processo não é idealista nem "cor de rosa". É lógica do capital
que, para poder sobreviver, tem que ser mais ético, evitando cair na barbárie e
autodestruição. São os próprios pressupostos da disputa empresarial que forçam a
adoção de um modelo mais ético.
Esse quadro nos remete diretamente à questão da formação de recursos
humanos, pois são as pessoas a base de qualquer tentativa de iniciar o resgate da
ética nas empresas e nas relações de trabalho.
Os programas de treinamento, educação e desenvolvimento de recursos
humanos dão muita ênfase aos assuntos técnicos, que são exaustivamente
abordados, discutidos e considerados, esquecendo por completo os aspectos éticos,
essenciais para a dinâmica de qualquer atividade profissional.
Esta deficiência de formação também ocorre nos meios acadêmicos, onde é
possível verificar o profundo desconhecimento que os estudantes têm sobre o
assunto.
Se você cria um ambiente em que as pessoas participam de verdade, não
precisa de controle. Elas sabem o que em que ser feito e fazem. Como reconhecer o
caráter de um banco?
Num mundo em que o relacionamento faz parte do produto, não há como
deixar a emoção de fora. Num mundo dominado pelo conhecimento, ao contrário do
que diz a tradição cartesiana, não pode haver oposição entre razão e emoção.
De todas as qualidades éticas que um banco deve ter selecionamos

1. Racionalismo
Uma das qualidades que todos os funcionários tem que ter num banco que
lida com clientes é o racionalismo. Deve-se perguntar: Será que em alguma ocasião,
ao longo da vida profissional de quem trabalha em bancos, foi tomada uma decisão
(correta) sem saber muito porque? É bem possível que essa sensação já tenha se
manifestado em um momento crucial de sua carreira, quando era preciso apresentar
uma solução definitiva no último minuto. O fato é que a intuição atua sim na sua vida
profissional, mas a maioria das vezes é a razão. Os métodos racionais permitem
quantificar ou validar teorias.
Decisões que aparentemente são rotineiras tornam-se cruciais pelas
conseqüências que podem trazer ao ambiente do trabalho. A contratação de um
funcionário, caso não faça a escolha mais adequada, ou mesmo um processo de
demissão malfeito podem provocar grandes problemas. Num ambiente de trabalho
lidamos com pessoas e nem sempre dá para ser unicamente racional, mas deve-se
tentar pois, envolve gente.
Um profissional que não possa encontrar o melhor balanço entre os
quocientes da razão poderá estar incorrendo em perdas terríveis de dinheiro ou

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tempo. Grande parte das decisões mais importantes precisará desse atributo. Não
se pode imaginar nenhum funcionário, por exemplo, agindo sem razão.

2. Projeção
Não basta apenas oferecer chances reais ( e para a maioria dos funcionários)
de ascensão dentro da organização para obter a cotação máxima. O banco tem de
dar apoio e suporte para que o pessoal se desenvolva e aumente sua
empregabilidade tanto dentro quanto fora de suas fileiras. E isso só é possível se
houver investimentos consistentes em treinamento, mobilidade interna e
aproveitamento da prata da casa na hora das promoções.
No começo desse ano, o Bradesco foi o primeiro banco a oferecer Internet
grátis a seus clientes. Como é que o velho e conservador Bradesco tenha saído na
frente numa jogada de marketing arrojada como essa? A resposta é que o Bradesco
mudou muito nestes últimos anos. “Superação, coragem, trabalho, pionerismo e
determinação são nossos valores”, diz um gerente.
“Queremos criar um produto novo por dia.” para alcançar tal grau de
motivação, o Bradesco tem aliado investimento em pessoas.
O Bradesco nunca contrata, por exemplo, um gerente de agência. Eles são
sempre formados e preparados na casa. Por causa disso, tem atraído jovens e
talentosos profissionais interessados em fazer carreira.

3. Prudência
Todo trabalho, para ser executado, exige muita segurança.
A prudência, fazendo com que o profissional analise situações complexas e
difíceis com mais facilidade e de forma mais profunda e minuciosa, contribui para a
maior segurança, principalmente das decisões a serem tomadas. a prudência é
indispensável nos casos de decisões sérias e graves, pois evita os julgamentos
apressados e as lutas ou discussões inúteis.
Outro ponto a favor do Bradescão: desde 1986, o banco fechou 100.000
vagas, sem promover demissão coletiva. Agiu devagar, conservadoramente. Mas
ganhou a agilidade de um leão.
Ele teve a prudência de saber esperar o último momento para demitir alguém.
Em vista desse exemplo, selecionamos algumas atitudes que acreditamos
fazerem parte dessa característica, que tanto os chefes como seus subordinados
devem seguir em um banco:
Não ser acusador. Ter amigos. Ser prático. Não ser um registro de faltas
alheias. Nunca se queixar. Pensar duas vezes. Não ser inacessível. Possuir a
arte de conversar. Falar com prudência. É mais importante não errar nenhuma
vez que acertar cem vezes. Ter reservas em todas as circunstâncias. Não
competir com quem não tem o que perder. Sem mentir, não dizer todas as
verdades. Um pouco de audácia com todos é uma importante prudência. Não ser
muito cerimonioso. Elogiar os ausentes. Ter uma idéia exata de si mesmo e suas
possibilidades. Saber estimar. Conhecer sua boa estrela. Ter algo que desejar.
Começar o fácil como se fosse difícil e o difícil como se fosse fácil Saber utilizar o

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desprezo. Ter autocontrole. Não se deixar levar pela primeira impressão. Ser um
pouco negociante. Saber pedir. Não compartilhar segredos com o superior.
Saber criar dívidas de gratidão. Em certas ocasiões, raciocinar de forma não
usual. Não dar nunca satisfação a quem não a peça. Não ser o último que chega.
Saber esquecer. Não ser o único a criticar aquele que a maioria gosta. Não
chamar nunca a atenção. Não responder a quem nos contradiz. Obter aprovação
dos inteligentes. Utilizar a ausência. Ser inventivo, mas controladamente. Não ser
intrometido. As qualidades pessoais devem superar as obrigações do cargo.
Moderação ao julgar.

CONCLUSÃO

Conclui-se que é da maior importância o papel que essas empresas


trabalharem com ética de recursos humanos e de transformação positiva da
sociedade em que estão inseridas.
Já existe uma opinião crescente, na moderna administração contemporânea
quanto a esse novo papel a ser incorporado pelas organizações do futuro.
Para sobreviverem devem estar aptas a se ajustarem às exigências do seu
tempo, às velozes mudanças que estão ocorrendo. É necessária muita acuidade
mental por parte dos gerentes e dirigentes para que os bancos não desapareçam
neste turbilhão de mudanças aceleradas.
Estão caminhando no sentido de devolver ao trabalho humano sua dignidade
e caráter sagrado. Quando isso acontecer, tornar-se-á redundante qualquer
aplicação de programas de ética no trabalho, pois a sua própria essência
engrandecedora e moral terá sido resgatada.
Não é mais possível continuarmos vivendo de forma miserável, enganando os
outros, dizendo meias verdades, manipulando, cedendo a jogos de poder.
Acreditamos existir alguns valores universais que podem ser cultivados
quando se fala em formação de pessoas. Teremos de buscar novos valores e
transcender os valores da empresa. Qualidade, respeito a clientes e colaboradores
são coisas legais, interessantes, mas temos de ir além disso.
O debate quanto às questões éticas está se ampliando muito nesse final de
século e temos de extrapolar os limites de nossas áreas de conhecimento para
poder responder as questões que estão surgindo.
Os bancos funcionam para todos cidadãos que vivem numa comunidade.
Devem investir continuamente em saúde, lazer, aperfeiçoamento profissional
contínuos é uma forma de fortalecer as virtudes profissionais e, conseqüentemente,
a auto-estima dos empregados.

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BIBLIOGRAFIA

AGUILAR, Francis J. A ética nas empresas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1996.
MOTTA, Nair de Souza. Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural.
Edições, 1984.
NASH, Laura L. Ética nas empresas. São Paulo: Makron Books, 1993.
SINGER, Peter. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
TOFFLER, Barbara Ley. Ética no trabalho. São Paulo: Makron Books, 1993.
Guia exame 2000. As melhores empresas para você trabalhar.
Revista exame. Ano 31. Nº 09. 22/abril/98

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