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Usinas hidrelétricas do
século 21: empreendimentos
com restrições à hidroeletricidade
PEDRO JOSÉ DA SILVA*
e acordo com Müller rios acabaram se transformando numa su- cos (máquinas de lavar roupa, pratos etc.) e,
(1995) uma barragem é cessão de lagos. consequentemente, o aumento do consumo
uma construção desti- O aproveitamento dos cursos d’água deu de energia elétrica.
nada a barrar um curso certo, e atualmente o Brasil conta com um Esse aumento no consumo de água e de
d’água e proporcionar a dos maiores parques hidrelétricos de todo o energia elétrica justifica o crescente aumento
formação de um reservatório, criando com mundo, dispondo de um potencial hidrelé- do número de usinas hidrelétricas no Brasil.
isso um desnível entre montante e jusante, trico de 150 milhões de quilowatts. Segundo No quesito eletricidade, de acordo com
para o acionamento de turbinas hidráulicas. Schreiber (1978) nas regiões Centro-Sul e Hinrichs e Kleinbach (2003), o Brasil possui
Segundo Cruz (1996) as décadas de 1960 Sul, com base em estudos energéticos, ve- um potencial de geração semelhante à po-
e 1970 permitiram registar um aumento rificou-se o potencial de 80 milhões de qui- sição de países como a Arábia Saudita e o
equitativo de barragens/obras hidrelétricas, lowatts e avaliaram-se outros 70 milhões de Iraque, em relação ao petróleo, porém com
permitindo ao Brasil o seu desenvolvimento quilowatts. Segundo Tundisi (2003) o Brasil a vantagem de mais de 90% da capacidade
em diferentes setores. é responsável por 10% da produção hidre- de geração de energia ser baseada em dois
A construção de uma barragem ligada a létrica mundial, utilizando somente 35% de elementos gratuitos, isto é a água e a força
uma usina hidrelétrica nos permite enten- seu potencial hidrelétrico. da gravidade.
der melhor esse desenvolvimento, pois ela De acordo com Miranda (2004) a potência A tabela 1 permite identificar em síntese
poderá assumir três finalidades, a saber: a total instalada no país é da ordem de 65 000 a capacidade brasileira de geração de ener-
concentração do desnível de um rio para MW, o que representa 79% de toda energia gia por tipo de unidade geradora.
produzir uma queda, a criação de um gran- elétrica produzida no Brasil, e ainda existe um O Brasil possui um total de 2 766 em-
de reservatório capaz de regularizar o deflú- grande potencial hidrelétrico não explorado na preendimentos em operação (ver tabela 2)
vio, e simplesmente o levantamento do nível Amazônia, principalmente no Rio Xingu. gerando 122 315 039 kW de potência. Está
d’água para possibilitar a entrada num canal, As usinas hidrelétricas permitem o le- previsto para os próximos anos uma adição
num túnel ou numa tubulação que a aduza vantamento do nível d’água, possibilitando de 42 989 002 kW na capacidade de gera-
para a casa de força. a entrada d’água num canal, num túnel ou ção do país, proveniente dos 164 empreen-
Uma barragem pode ser construída para numa tubulação que a aduza à casa de forças dimentos atualmente em construção e mais
atender a mais de uma finalidade, de for- (Schreiber, 1978), de modo a permitir o uso 543 outorgadas.
ma simultânea –, ou seja, pode apresentar da energia hidrelétrica, indispensável à vida O Brasil, dentro do planeta, segundo
usos múltiplos, isto é, atender diversos fins, social e econômica do Brasil. Os primeiros es- Sperling (1999), teve a sua primeira usina hi-
como, por exemplo, a navegação, o controle tudos apresentados, não permitiram identifi- drelétrica em operação no ano de 1883, cons-
de cheias, a irrigação etc. car, em situações específicas, as necessidades truída no município de Diamantina, Minas
Na construção de uma barragem em ge- de manutenção, conservação e preservação Gerais, e denominada de Ribeirão do Inferno.
ral duas situações se fazem bem distintas, a das bacias hidrográficas na qual se constroí Em 1889, ano da Proclamação da República,
primeira corresponde ao cenário que junto a os barramentos, que deram origem aos reser- entrou em funcionamento a primeira usina
uma barragem construída para criar condi- vatórios e as usinas hidrelétricas. Entendida hidrelétrica brasileira, pertencente ao serviço
ções de calado para a navegação. Muitas ve- atualmente como um empreendimento de público, implantada no Rio Paraibuna, mu-
zes, constrói-se uma usina hidrelétrica para extrema relevância econômica, as usinas hi- nicípio de Juiz de Fora, Minas Gerais, rece-
se aproveitar a queda criada pela barragem, drelétricas têm merecido especial atenção do bendo a denominação de Marmelos. Ainda na
a segunda indica a ocorrência do cenário mundo científico acadêmico, pois a ocorrên- época do Império foi iniciada na região Nor-
contrário, isto é, ao lado de uma barragem cia do assoreamento dos reservatórios além deste a construção de diversas barragens, de-
erguida para um aproveitamento hidrelétrico de dar origem a alguns impactos ambientais, nominadas especificamente de açudes, com
pode ser construída uma eclusa para nave- também compromete significativamente a o objetivo primordial de armazenamento de
gação (Schreiber, 1978). vida útil desse empreendimento. água para combate à seca.
A década de 1980 assistiu a redução dos A ausência dessas necessidades permitiu Segundo Müller (1995), a história das
investimentos em usinas hidrelétricas, e os o assoreamento de muitos reservatórios de grandes barragens brasileiras é relativamen-
reflexos devastadores dessa medida se fa- usinas hidrelétricas, sobretudo nas regiões te recente, podendo ser dividida nos perío-
zem repercutir nos dias atuais sob a forma Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, resultado dos relacionados abaixo.
da crise energética e, consequentemente, no de uma erosão, que segundo Miranda (2004) - Até 1950, só havia no Brasil 67 barragens, das
abalo, pelas raízes, de uma das dez primeiras é filha bastarda do desmatamento e do uso quais 31 atendiam à regularização de vazão e
economias mundiais. irracional das terras, baixando os “tirantes” abastecimento de água do Nordeste, 26 para
dos reservatórios a níveis alarmantes. geração de energia e 10 para outras finalidades.
JUSTIFICATIVA Ao se dar início ao um estudo de viabi- - A década de 1950 registrou um aumento
As barragens durante muito tempo fo- lidade de um empreendimento, tem-se que equitativo do número de empreendimentos
ram utilizadas para irrigação, para controlar levar em conta diversos fatores, dentre eles, entre o setor elétrico e os demais, com 21
o rio, para pescar e para a dessedentação dos os ligados ao meio ambiente. barragens para fins energéticos e de 22 para
humanos e dos animais. Diante da necessi- usos do Departamento Nacional de Obras
dade de energia e progresso, a humanidade HIDROELETRICIDADE: Contra Secas (DNOCS).
descobriu, há quase dois séculos, a possibi- NECESSIDADE SOCIAL E ECONÔMICA - Entre 1960 e 1980, mais 66 barragens hidre-
lidade de gerar energia elétrica através da À medida que melhora a qualidade de létricas foram levantadas, enquanto que para
construção de barramentos que começaram vida das pessoas, aumenta o consumo de outros usos se registravam 101 empreendi-
a surgir em beira de despenhadeiros, ao lado água, pois se tem hábitos de higiene mais mentos. A partir de 1963, com a construção
de cachoeiras, corredeiras e cânions. Muitos intensos, maior número de eletrodomésti- da Usina de Furnas, as barragens brasileiras ul-
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ENGENHARIA I ENERGIA I ENGENHARIA
Central Geradora
84 1.886.382 1,51
Eolielétrica (EOL)
Pequena Central
452 4.301.753 3,52
Hidroelétrica (PCH)
Central Geradora Solar a maior geradora de energia hidrelétrica do país,
11 7.578 0,01
Fotovoltaica (SOL) correspondendo a 59,3% da produção nacional.
São 176 usinas, com destaque para Itaipu.
Usina Hidrelétrica de A década de 1990 é o marco na redu-
205 79.752.660 65,96
Energia (UHE) ção dos investimentos para a construção de
enormes usinas hidrelétricas. Aliados à preo-
Usina Termelétrica de
1.648 32.909.108 27,15 cupação ambiental decorrente do alagamen-
Energia (UTE) to de grandes áreas, existem ainda projetos
Usina Termonuclear de implantação de várias usinas de grande
2 2.007.00 1,66 porte, notadamente nas regiões Norte e Cen-
(UTN)
tro-Oeste, segundo Sperling (1999). Apesar
Total 2.809 121.104.336,00 100,00 disso, não é mais possível construir grandes
hidrelétricas, apenas pequenas centrais hi-
Fonte: Marcato (2008)
drelétricas, incentivadas por linha de crédito
trapassaram a marca dos 100 metros de altura, se à geração hidrelétrica, quatro à navegação, do governo federal. Os agentes financeiros
da fundação à crista. Poucas outras represas 72 ao abastecimento de água, 37 à irrigação, internacionais aumentaram suas exigências
possuem alturas superiores a 100 metros; duas à piscicultura, 76 à regularização, 12 ao antes de financiar a construção de hidrelé-
- Em 1990, do total de 343 aproveitamentos controle de cheias e mais barragens destinadas tricas. Além disso, em todas as bacias, o uso
hidráulicos cadastrados pelo Comitê Brasileiro aos usos diversos como a proteção ambiental. de água para gerar eletricidade compete com
das Grandes Obras (CBGB), 124 destinavam- - Atualmente a região hidrográfica do Paraná é a irrigação da agricultura e o abastecimento
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Usinas Hidrelétricas Estado Área (km2) Tipo Usinas Hidrelétricas Estado Área (km2) Tipo
suspensão nas vazões liberadas para jusante. A. Impacto sobre a sociedade 1. Sismicidade.
15. Redução do oxigênio no fundo e nas va- 1. Desativação da atividade agrícola. 2. Erosão.
zões liberadas (zero em alguns casos); 2. Diminuição de empregos. 3. Deslizamento.
16. Aumento do H2S e do CO2 no fundo e 3. Aumento do valor da terra. 4. Microclima.
nas vazões liberadas. B. Impacto sobre a infraestrutura rural E. Impacto no meio biológico
17. Barreira à migração de peixes. e urbana 1. Perda do ecossistema (inundação, perda
18. Perda de valiosos recursos hídricos e cul- 1. Rodovias. da floresta etc.)
turais. 2. Serviços. 2. Alterações na qualidade d’água.
19. Perda de valores estéticos. 3. Infraestrutura urbana. 3. Plantas aquáticas.
20. Perda da biodiversidade terrestre em re- C. Impacto sociocultural 4. Novos ambientes aquáticos.
presas da Amazônia. 1. Diminuição do número de empregos. 5. Pesca.
21. Aumento da emissão de gases do efeito 2. Aumento de endemias.
estufa, principalmente em represas em que a 3. Inundação de povoados. TURBINAS TIPO BULBO -
floresta nativa não foi desmatada. 4. Inundação de áreas de lazer. TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL
Segundo Silva et al. (2005), os impactos 5. Impactos sobre a paisagem. Basicamente trata-se de uma unidade
ambientais do reservatório, compreendem os 6. Cultural. geradora composta de uma turbina Kaplan
itens abaixo. D. Impacto sobre o meio físico de eixo horizontal acoplada a um gerador,
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Figura 3 - Esquema de uma turbina tipo Bulbo - Usina Hidrelétrica de Figura 4 - Vista das pás de uma turbina tipo bulbo - Usina Hidrelétrica
Santo Antônio de Santo Antônio
também horizontal, envolto por uma cápsula tipo Bulbo a serem instaladas nestas usinas se- - fontes de diversas doenças de veiculação
metálica – ou bulbo (ver figuras 3 e 4 ). A rão as maiores do mundo (Silva, 2011). hidríca.
cápsula por sua vez fica imersa no fluxo d’água O presente estudo apresenta um novo
e isto acarreta um equipamento que exige uma IMPACTOS DE USINAS HIDRELÉTRICAS: cenário, no qual se faz destacar os impactos
vedação mais minuciosa, o que implica num es- PÓS-IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO ambientais da bacia hidrográfica no reserva-
paço menor para o acesso de manutenção. Ope- Os estudos apresentados por Tundisi tório de uma usina hidrelétrica.
ra em quedas abaixo de 20 m. Essas turbinas (2003) e Silva et al (2005) referem-se basi-
possibilitam a exploração do potencial hidríco camente a um cenário que corresponde aos Percepção da Bacia Hidrográfica
da Amazônia, com menores impactos ambien- impactos ambientais oriundos da construção O meio ambiente que constitui a bacia hi-
tais, por permitir o aproveitamento de baixas de reservatórios de usinas hidrelétricas. drográfica de um rio (ver figura 5) é compos-
quedas e altas vazões. Como o fluxo é axial, ou Tem-se creditado às usinas hidrelétricas a to por duas porções, uma biogeofísica e outra
seja, paralelo ao eixo, as passagens hidráulicas produção de alterações desfavoráveis ao meio socioeconômica-cultural. Embora o homem
das unidades bulbo são mais simples. Foram ambiente, em específico as suas porções físi- seja parte destas porções, normalmente, co-
inventadas na década de 1930. As primeiras fo- cas. Como impactos ambientais desfavoráveis loca-se como se não o fosse e continuamente
ram construídas pela empresa Escher Wyss em podem ser citados os relacionados abaixo. tenta mantê-las sobre seu domínio.
1936. A maior unidade tipo Bulbo construída - a transformação dos desapropriados em indi- O uso do solo pelo homem, tem resul-
encontra-se no Japão, na usina de Tadami, que víduos sem terra ou indigentes urbanos, em vir- tado na escassez de terras. Segundo Silva,
possui 65,8 MW de potência, queda de 19,8 m tude da inapropriada compensação, que se con- Schulz e Camargo (2003), essa escassez vem
e rotor com diâmetro de 6,70 m. No Brasil o figura através da transferência de residência; forçando o homem a adotar dois tipos de
planejamento da construção das usinas hidre- - a inundação de hectares de terra, causando atitudes.
létricas de Santo Antônio e Jirau indicam no o afogamento de inúmeras espécies de fauna - A busca de novas terras que naturalmente
projeto de cada usina a instalação de 44 turbi- e flora; são capazes de produzir quantidades sufi-
nas do tipo Bulbo com potência unitária igual a - a transformação dos rios em reservatórios cientes de alimentos de modo a manter o
73 MW e 75 MW, respectivamente. As turbinas de águas estagnadas e poluídas; sustento humano.
Figura 5 - Usina Hidrelétrica de Santo Antônio – Percepção do Figura 6 - Usina Hidrelétrica de Santo Antônio – Percepção da bacia
empreendimento na bacia hidrográfica - Fonte: Google hidrográfica com a identificação de alterações - Fonte: Google
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- Emprego de tecnologias que permitam a dentro do domínio social (estado de educação um fluxo migratório intenso em sua direção
produção de matéria-prima – alimentos e do lavrador, relações entre o homem e a terra, até o início da década de 1980, gerando um
utensílios (fibra, couro, madeira etc.) – para densidade demográfica, uso e posse da terra), acréscimo na população dessas cidades sem
a manutenção da sua vida e, de modo a gerar são parâmetros que nos permitem identificar o a contrapartida de investimentos nos instru-
possibilidades que permitam o atendimento bom ou mau uso dos recursos naturais. mentos urbanos.
das suas atividades, favorecendo, assim, a De acordo com Figueiredo (1994), exis- 3) Planejamento urbano/rural “deturpado”:
sua permanência em um mesmo local. tem outros parâmetros que são apontados a falta de integração entre as várias esfe-
O bom ou mau uso do solo (ver figura 6) como possíveis causas do mau uso e conse- ras governamentais associadas a interesses
está intimamente ligado ao avanço da tec- quente desgaste do recurso solo. casuísticos e a uma visão distorcida de de-
nologia gerada pelo homem (Vink, 1975). Os 1) Má distribuição de rendas: a elevada concen- senvolvimento das cidades colaborou, por
recursos naturais apresentados na bacia hidro- tração de rendas de uma reduzida parcela da po- muitos anos, para a elaboração de inúmeros
gráfica são finitos. E o entendimento das suas pulação é a causa mais perversa que permite a “planos diretores” inexpressivos e desgarra-
limitações dentro do domínio econômico (ju- implantação do ciclo da miséria em uma nação. dos da realidade.
ros altos, prazos curtos, financiamentos vicio- 2) Crescimento (explosão) industrial: o ce- 4) Ocupação desordenada: consequência di-
sos, arrendamentos por períodos breves, maus nário de acelerada industrialização dos cen- reta dos itens anteriores, este tópico traduz a
salários), dentro do domínio físico (solos, to- tros urbanos, no final da década de 1950 omissão histórica do poder público no sentido
pografia, precipitações, estiagens e ventos), e e início da década de 1960, deu origem a de coibir a presença humana, seja aquela refe-
Tabela 4 - Área alagada, potência firme e fator de capacidade das maiores usinas
hidrelétricas conectadas ao Sistema Interligado Nacional Brasileiro (SIN)
Usina Hidrelétrica de
Relação entre Potência Firme
Energia Área Alagada km2 Potência MW f.c.%
km2/MW MW
(UHE)
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rente à habitação ou à indústria, em encostas, CONCLUSÃO repensada, pois a projeção econômica e tec-
baixadas e várzeas, com o intuito de impedir a O plano decenal da Empresa de Pesqui- nológica da nação está diretamente vincula-
formação e proliferação de áreas de risco, bem sa Energética (EPE), órgão do Ministério de da a sua quantidade de energia armazenada.
como evitar a degradação do meio ambiente. Minas e Energia, que planeja a expansão do Não se pode, com olhos do presente,
5) Clandestinidade das favelas: outro erro sistema, indica que do total de 47 novas usi- olhar para o passado e identificar, com crité-
histórico e sem a perspectiva de correção em nas hidrelétricas na Região Norte – onde se rios do presente, erros na construção de hi-
curto prazo é o fato das favelas serem con- encontra o maior potencial inexplorado do drelétricas do século 20, de modo a impedir
sideradas, isto é, não serem enfocadas como Brasil –, 30 obras não terão barragens. Al- no futuro, século 21, a construção de usinas
existentes de fato e de direito pelos órgãos gumas das novas usinas do Norte: Rio Ma- hidrelétricas com reservatórios. A ausên-
públicos e pela sociedade em geral. Assim, deira: Jirau, Santo Antônio; Rio Ji-Paraná: cia de reservatórios em usinas hidrelétricas
todos os cadastros e registros são aproxima- Tabajara; Rio Comemoração: Rondon II; Rio constitui-se numa promissória em branco, a
dos, não havendo uma sistemática adequada Aripuanã: Dardanelos; Rio Jari: Santo Antô- ser paga no futuro.
para tratar a questão. nio do Jari; Rio Araguaia: Cachoeira Caldei- Somente o envolvimento de engenheiros
6) Legislação: pode-se afirmar que a legis- rão, Ferreira Gomes; Rio Xingu: Belo Monte; pesquisadores com a produção de conheci-
lação específica sobre o assunto, tanto do Rio Tapajós: São Luiz do Tapajós, Jatobá, mentos, em obras do tipo usinas hidrelétri-
ponto de vista jurídico como do técnico (di- Chacorão; Rio Jamanxim: Cachoeira do Caí, cas com reservatórios, nos afastará do enor-
retrizes para ocupação, execução de obras Jamanxim, Jarim Ouro; Rio Juruena: São me atraso que se descortina.
de terra, fiscalização, penalidades, multas, Simão Alto, Salto Augusto Baixo, Cachoei-
entre outras), tem se mostrado ineficaz e rão, Juruema; Rio Teles Pires: São Manoel, * Pedro José da Silva é engenheiro, professor da
anacrônica para enfrentar com determina- Teles Pires, Colider, Sinop, Magessi. Rio To- Escola de Engenharia do Instituto Mauá de Tecnologia,
ção e em sua totalidade tão grave problema. cantins: Marabá, Serra Quebrada, Estreito, engenheiro civil pela Universidade Santa Cecília dos
Tupiratins, Tocantins (Ipueiras), Porteiras, Bandeirantes, mestre em Saneamento Ambiental
CONSIDERAÇÕES FINAIS Maranhão Baixo; Rio Tocantinzinho: Mira- pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, doutor
Os prejuízos ambientais e sociais podem dor; Rio Paranã: Paranã, São Domingos; Rio em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da
ser evitados com programas de mitigação, que do Sono: Novo Acordo, Brejão; Rio Perdida: Universidade de São Paulo, pós-doutorado pelo
compreendem: relocação de infraestrutura, re- Perdida; Rio Araguaia: Araguanã, Torixoréu, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
locação de propriedades e povoados, mitigação Diamantino, Couto Magalhães; Rio das Mor- E-mail: p-jose-silva@uol.com.br
da previsão sobre o mercado de trabalho, riscos tes: Toricoejo, Água Limpa.
à saúde, atividade minerária, desmatamento, O resultado disso é a perda /redução na
recuperação do canteiro de obras, recupera- capacidade de armazenar /gerar energia. O REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ção de ecossistemas, manejo da fauna terres- cenário que se descortina para uma nação [1] CRUZ, P.T. - 100 barragens brasileiras: casos his-
tre (mamíferos) e aquática (peixes), manejo que até 2015 será a quinta potência econô- tóricos, materiais de construção, projeto. São Paulo.
Oficina de Textos, 1996. 647p.
das bacias hidrográficas. O uso desordenado mica do planeta não é dos mais promissores, [2] FIGUEIREDO, R.B. - Engenharia Social: soluções
das bacias, assoreamento, atividades agrícolas pois nos anos 1970 a água armazenada nos para áreas de risco. Makron Books, São Paulo, SP,
etc., conservação da energia. E medidas com- reservatórios das usinas hidrelétricas asse- 1994.
[3] HINRICHS, R; KLEINBACH, M. - Energia e meio
pensatórias, que compreendem: implantação gurava mais de 20 meses de energia, mesmo ambiente. São Paulo: Pioneira Thomson Learning,
de áreas de conservação, projetos de desenvol- sem uma gota de chuva. No presente o ar- 2003.
vimento sustentável e programas decentes de mazenamento aguenta cerca de cinco me- [4] HOME PAGE <http://www.google.com.br> Dis-
ponível em 21 jun 2006.
benefícios para a população afetada. ses. E a previsão para o futuro – isto é, 2019 [5] HOME PAGE <http://www.google.com.br> Dis-
O conceito de sustentabilidade se faz – é de apenas 3,5 meses. ponível em 09 set 2009.
[6] MARCATO, M.A. - Itaipu, energia e diplomacia.
verificar principalmente quando se estu- REVISTA ENGENHARIA. Engenho Editora Técnica -
da a relação área alagada e potência ( ver RECOMENDAÇÕES Instituto de Engenharia. São Paulo. Ano 66, Edição
tabela 4 ) considerando-se que a princi- Torna-se relevante destacar no encer- 598, p. 154 – 163.
[7] MIRANDA, E.E. - A água na natureza e na vida
pal matriz de energia elétrica é função ramento desse trabalho que apenas 50% da dos homens. Aparecida/SP. Ideias e Letras. 2004.
da quantidade de água armazenada nos Amazônia foi prospectada geologicamente. [8] MÜLLER, A.C. - Hidrelétricas, meio ambiente e
reservatórios das usinas hidrelétricas e a Até o momento, pelo que se tem conhe- desenvolvimento. São Paulo. Makron Books. 1995.
[9] SCHREIBER, G.P. - Usinas hidrelétricas. São Pau-
utilização da tecnologia de turbinas tipo cimento, somos a sexta maior reserva de lo. Edgard Blücher, Rio de Janeiro, ENGEVIX. 1977.
bulbo, que possibilitam a exploração do urânio do planeta. No caso da energia hi- [10] SPERLING, E.V. - Morfologia de lagos e repre-
sas. Belo Horizonte. DESA/UFMG, 1999.
potencial hídrico, principalmente na Ama- drelétrica estamos aproveitando somente [11] SILVA, A. M.; SCHULZ, H. E.; CAMARGO, P. B.
zônia, com menores impactos ambientais 1/3 dos 260 000 MW estimados no país. A - Erosão e hidrossedimentologia em bacias hidrográ-
– por permitir o aproveitamento de baixas hidroeletricidade é a fonte que apresenta ficas. São Carlos: Ed. Rima, 2003. 138p.
[12] SILVA, P.J. - Grandes Estruturas – Obras Hi-
quedas e altas vazões –, nos faz repensar maior eficiência à conversão da energia (po- dráulicas Fluviais: Barragens e Hidrovias. São Paulo:
a viabilidade de projetos de usinas hidrelé- tencial) d’água em eletricidade, sendo supe- Faculdade de Engenharia da Fundação Armando Al-
tricas sem reservatórios. rior a 90%. Na outras fontes, a que avança vares Penteado – FEFAAP. 2011.
[13] SILVA, Pedro José da et al. - O ecologismo e
O maior impacto de uma usina hidre- mais, chegando a pouco mais de 40%, são o economismo das usinas hidrelétricas. In Anais do
létrica independe do tamanho do reser- as turbinas a gás. As usinas térmicas também VI Seminário Nacional da Gestão da Informação e
do Conhecimento no Setor de Energia Elétrica, 2005.
vatório, ele vem do desmatamento e dos se incluem nesse leque, porém apresentam [14] TUNDISI, J.G. - Água no século XXI – enfren-
conflitos gerados pela chegada de milhares limitações: elas poluem. tando a escassez. São Carlos: Ed. Rima, 2003. 247p.
de pessoas atraídas pelas obras. O polo de A decisão de se construir novas usinas [15] VINK, A.P.A. - Land use in advancing agricul-
ture. Springer-Verlag Berlim Heidelberg, New York,
devastação ilegal é o entorno das obras da hidrelétricas com pequenos reservatórios, ou 1975.
usina hidrelétrica. até mesmo sem reservatório, necessita ser