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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Campus Perdizes
Pós - Graduação em Psicopedagogia

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM II
ESTILOS COGNITIVOS AFETIVOS:
ATENÇÃO, MEMÓRIA E FUNÇÕES EXECUTIVAS

SÃO PAULO
MAIO/2018

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Campus Perdizes
Pós - Graduação em Psicopedagogia

ANA REBECA KEINER

CARLA RENATA S. KEINER

MERILU ZARPELON O. SILVA

VILMA LIRA CIOTTI

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM II
ESTILOS COGNITIVOS AFETIVOS:
ATENÇÃO, MEMÓRIA E FUNÇÕES EXECUTIVAS

Trabalho realizado para a composição de nota


da disciplina “Dificuldades de Aprendizagem II”,
ministrada pela professora Eloisa Fagali.

SÃO PAULO
MAIO/2018
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................4
ATENÇÃO..................................................................................................................................5
MEMÓRIA..................................................................................................................................5
FUNÇÕES EXECUTIVAS......................................................................................................11
DIFICULDADES ATENCIONAIS E DE RECORDAÇÃO..................................................13
CORRELAÇÃO ENTRE : ATENÇÃO, MEMÓRIA, FUNÇÕES EXECUTIVAS E OS
ESTILOS COGNITIVOS AFETIVOS....................................................................................14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................16

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo explorar as funções cognitivas atenção,


memória e as funções executivas bem como essas influenciam na
aprendizagem. As funções cognitivas funcionam de forma integrada, e
proporcionam a aprendizagem (MATHIAS, 2012).

No cotidiano escolar são observadas muitas dificuldades de


aprendizagem e grande parte delas são decorrentes de problemas no âmbito
atencional. Os problemas em sala de aula se tornam complexos devido aos
professores não terem a formação apropriada para distinguir o déficit de
atenção da imaturidade atencional. Segundo a autora cabe ao psicopedagogo
ter informações sobre os processos cognitivos para poder levar isso a
comunidade escolar: pais e professores (MATHIAS, 2012).

Mathias (2012), coloca questionamentos como: “o professor está


preparado para lidar em sala de aula?”; “Será que o professor consegue dar
atenção as colocações e comportamentos de seus alunos?”; “Ele está treinado
para perceber um transtorno do déficit de atenção e hiperatividade?”; “Como
podemos perceber as diferenças e as necessidades dos alunos?”

Outra questão que devemos ter em mente quando falamos da relação


neurociências e aprendizado é até que ponto uma disfunção cognitiva pode
atrapalhar no aprendizado. É de amplo conhecimento que após cada aula o
cérebro fará conexões para captar, reter e processar as informações, mas a
forma que cada um fará isso é única a esse fenômeno damos o nome de
neuroplasticidade (CHAVES, 2017).

Já a memória é fundamental em tarefas cotidianas como compreensão


verbal e escrita, nos cálculos matemáticos, recordar as tarefas que se tem para
fazer no dia, por essa razão é fundamental tanto na vida cotidiana quanto nas
atividades acadêmicas e profissionais (FAGALI, s/d).

As funções executivas determinam a forma como vamos planejar e


executar as nossas tarefas por essa razão o estudo das funções executivas é

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de interesse de diversas áreas de estudo como por exemplo psicologia do
desenvolvimento, educação, esporte e marketing (UHEMARA; MATA;
FICHMAN & MALLOY-DINIZ, 2016).

Os professores precisam ser estimulados a ter esse conhecimento uma


vez que não se sentiriam desmotivados quando o aluno não consegue
aprender mesmo com todo seu esforço, nesse sentido é necessária uma
avaliação do perfil cognitivo do estudante.

ATENÇÃO

MEMÓRIA

A memória está associada ao fato de recordar e esquecer e pode ser


observada amplamente tanto na literatura cientifica quanto nas artes. O mais
comum quando se pensa no processo de memorização são as recordações e
rememorações passadas, mas o processo de memorização também inclui as
adaptações presentes bem como as perspectivas futuras (FAGALI, s/d).

A aquisição, conservação e recordação da informação fazem parte dos


processos da memória. O aprendizado está intimamente ligado ao processo de
aquisição da memória enquanto o ato de recordar e lembrar está relacionado a
capacidade de evocação (IZQUERIDO, 2017).

Biologicamente a memória é considerada um mecanismo e


procedimentos complexos neurobiológico e ambiental, associado a
conservação das espécies. A memória para a espécie humana é um processo

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cognitivo que tem a função de decodificação, armazenamento e recuperação
das informações (FAGALI, s/d).

Atualmente a memória é estudada de forma molecular, para explicar os


processos de aquisição, recordação e evocação, por outro lado não devemos
esquecer os conhecimentos que já tínhamos sobre a memória. A modulação da
memória depende de sistemas hormonais que irão atuar sobre o sistema
nervoso central. As modulações vão interferir na forma de aquisição e
evocação da memória que vão corresponder aos estados emocionais,
sentimentais e atencionais dos indivíduos (IZQUERIDO, 2017).

Izquerido (2017), complementa que não existe nenhuma relação entre o


armazenamento de memórias de computadores e a memória humana, uma vez
que está recupera dados das experiências vividas. Ressalta que não tem
evidências de recordações de fatos das vidas passadas e este fato também
não é comprovado.

Segundo Lent (2011 apud FAGALI, s/d), os processos de memorização


envolvem a seguinte sequência: aquisição da informação, armazenamento e
recuperação da informação. A memória é fundamental para a captação e
retenção da informação bem como, reconstrução das informações adquiridas,
ou seja, acontecimentos e aprendizagens passados (FAGALI, s/d).

Em relação a subjetividade a memória é importante porque irá definir


quem somos, ou em outras palavras, a nossa identidade enquanto sujeitos, por
tanto é essencial para possibilitar nossas trajetórias e ressignificações da
experiência vivida (FAGALI, s/d).

A memória influência na capacidade de aprender, recriar, tomar


decisões e a adaptação a realidade atual. Por essa razão a intensão é analisar
a influência da memória no processo de aprendizagem bem como a
dependência que existe entre aprendizagem e memória. Uma vez que esses
processos estão intimamente ligados, já que a aprendizagem depende dos
conteúdos pré-armazenados na memória bem como a forma que esses
conteúdos foram armazenados e que estratégias o sujeito utiliza para recuperar
esses conteúdos (FAGALI, s/d).

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A memória e os processos de aprendizagem

Uma das funções cognitivas mais fundamentais para a aprendizagem


talvez seja a memória, já que ela é indispensável na compreensão verbal e
escrita como também para a execução de cálculos matemáticos. No entanto,
devemos lembrar que essa função é limitada, ou seja, o indivíduo é capaz de
memorizar um número limitado de informações (FAGALI, s/d).

A memória está como já mencionada anteriormente, relacionada aos


processos atencionais bem como as elaborações do pensamento. Do ponto de
vista estrutural a memória é formada por sistemas que armazenam e retém a
informação tanto de curto prazo, quanto de longo prazo. Já do ponto
processual a memória irá captar as informações trazidas pelo sistema
atencional. e então, acontecerá a codificação, armazenamento e
reconhecimento (FAGALI, s/d).

Já se sabe através da neurociência que os circuitos cerebrais do


hipocampo estão conectados a diferentes áreas do cérebro. A memória pode
ser divida em três grandes grupos: autobiográfica, recordação e sensorial.
(FAGALI, s/d).

A memória autobiográfica está relacionada a história do indivíduo, uma


vez que o referencial é os fatos que este presenciou ao longo da vida, como a
data de seu casamento, onde estava quando aconteceu o atentado de onze de
setembro. Já a memória de recordação está relacionada por exemplo, aos
conteúdos acadêmicos que o individuo precisa codificar, reter e recuperar a
informação. Outro tipo de memória é a sensorial, ou seja, a memória que temos
dos órgãos sensoriais, como por exemplo: o cheiro das rosas, a cor da
cenoura, o barulho de um avião, o sabor do chocolate. (FAGALI, s/d).

Os circuitos neuronais da memória estão localizados nos lobos


temporais e no sistema límbico. Em geral as pesquisas de memória são
voltadas a temáticas como disfunções, quadros amnésicos ou lesões. As
amnesias podem ser perdas parciais ou totais de memória (FAGALI, s/d).

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Subdivisões da memória

Izquerido (2017), pontua que existe diferentes tipos de memória. A


primeira seria em relação a duração da memória, sendo assim temos: a
memória de curta duração que têm a duração entre uma e seis horas e a
memória de longa duração que dura um dia, uma semana ou anos.

A memória de trabalho também é conhecida como memória operacional,


é a capacidade de armazenar um determinado número de informações, a
utilização dela pode ser amplamente observada na vida cotidiana, como
realizar uma conta, guardar um número de telefone. Ela se utiliza de uma rede
neural que não armazena a informação, apenas guarda por poucos segundos
(IZQUERIDO, 2017).

Tanto a memória de longo prazo, quanto a memória de curto prazo,


começam a se formar ao mesmo tempo, sempre a partir de insights ou
experiências. Porém, a memória de longa duração, envolve um complexo
mecanismo bioquímico e demora cerca de duas horas para que seja formada,
por isso, não pode ser evocada nesse período (IZQUERIDO, 2017).

A formação da memória de longa duração pode ser dividida em dois


momentos, o primeiro quando acontece a aquisição e o segundo quando
retomamos, depois de três a seis horas, quando ocorre a consolidação. A
memória de longa duração fica sucessível ao esquecimento com o decorrer do
tempo, isso explicaria os esquecimentos com o passar do tempo (IZQUERIDO,
2017).

Outra divisão da memória é em relação ao conteúdo, como pontuado por


Izquerido (2017), podendo ser dividida em declarativas e procedurais, também
conhecida como não-declarativa. Fagali complementa, temos dois níveis de
consciência da memória, a memória implícita, também conhecida como
procedural, que se refere a memória que são adquiridas com a repetição. De
forma geral está associada a hábitos cotidianos como: escovar os dentes,
alimentação e sono. E a memória explicita que se refere as informações que
gravamos em nível consciente (FAGALI, s/d).

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Outro tipo de memória é a permanente, também conhecida como de
longo prazo, que é a memória que irá durar um longo período ou a vida toda.
Essa memória é dividida nas seguintes categorias: motoras e verbais. As
motoras, ou seja, as memórias de movimento podem ser observadas em
tarefas como: tocar um instrumento, andar de bicicleta, jogar um jogo esportivo
(FAGALI, s/d).

A memória implícita é formada através de experiências motoras e


sensoriais é difícil explica-las de forma oral, uma vez que o aprendizado delas
requer ações motoras e sensoriais. Cabe ressaltar, no entanto que executar
uma ação em geral envolve os dois tipos de memória, a implícita e a explicita,
porque para tocar um instrumento é necessário saber a música, para digitar no
computador é necessário saber o alfabeto, as funções do teclado, os números.
Quando o conteúdo foi sedimentado, como um piloto de Formula 1 ao dirigir, o
caminho realizado é diferente das primeiras vezes e a pessoa usa atalhos para
executar as ações com destreza e precisão (IZQUERIDO, 2017).

A memória explicita pode ser dividida nas seguintes categorias:


transitória e permanente. A memória explicita transitória também conhecida
como memória de curto prazo, é a que utilizamos para solucionar uma tarefa,
como por exemplo: gravar um número de telefone que iremos ligar depois e, se
mantém na memória por tempo suficiente para executarmos a tarefa e depois é
esquecida. É decorar informações que sabemos que não devemos recordar
para sempre (FAGALI, s/d). XXXXXXXXXXXXXXXXXX

As memórias verbais permanentes, são aquelas relacionadas aos


significados verbais das informações, ela acessa os significados retidos e se
adaptam as novas informações, se utilizando da atenção seletiva para filtrar as
informações que serão retidas (FAGALI, s/d). Anatomicamente, elas são
processadas pelo hipocampo, córtex parietal, córtex cingulado e posterior
(IZQUERIDO, 2017).

Outra estrutura anatomicamente é a amigdala que irá determinar como a


memória é armazenada de forma emocional, ela modula tanto as memórias
declarativas quanto as procedurais (IZQUERIDO, 2017).

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É necessário tomar cuidado com o número de estímulos recebidos pelas
crianças nos primeiros anos de vida, já que o excesso de informações pode no
futuro prejudicar o armazenamento e retenção das informações (FAGALI, s/d).

As memórias explicitas que são recuperadas a partir de um estimulo


podem ser divididas em duas categorias: semântica e declarativas. A memória
semântica são as rememorações que se associam a função de atenção
seletiva, em outras palavras são a ressignificação dos conteúdos
armazenados. Já os conteúdos retidos na memória de forma não verbal são
conhecidos como memória procedural ou não declarativa (FAGALI, s/d). A
memória procedural é processada pelo hipocampo, mas rapidamente passa
para o núcleo caudado, putâmen e corpo estriado (IZQUERIDO, 2017).

A memória declarativa é dividida em três categorias de acordo com seu


tempo de duração. A memória imediata que guardamos a informação para
realizar uma tarefa, memória de curto prazo são aquelas que permanecem na
memória por algumas horas. E a terceira categoria é conhecida como memória
de longo prazo, pode durar meses ou anos, e está relacionada as nossas
emoções, sensações e costumes. (FAGALI, s/d).

No âmbito pedagógico e clínico podemos observar a evocação da


memória declarativa em rodas de conversa quando perguntamos como foi o
final de semana das crianças (FAGALI, s/d).

Outra categoria é conhecida como memória proativa, que se caracteriza


pela rememoração e flexibilização da informação ativando o pensamento e a
imaginação, utilizamos essa memória para solucionar problemas,
probabilidades de ações frente a uma situação. Na esfera educacional esse
tipo de memória é observado quando o aluno tem que mudar o percurso de
uma história que escutou, planejar como realizar as tarefas escolares, planejar
um percurso de um local a outro, pensando as possíveis rotas (FAGALI, s/d).

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FUNÇÕES EXECUTIVAS

O conjunto de habilidades e capacidades para atingir a um objetivo é


conhecido como funções executivas. Essa também controla o funcionamento
cognitivo permitindo mudanças adaptativas e flexíveis frente a exigências
ambientais. É possível observar impactos no âmbito afetivo-emocional,
motivacional, comportamental e social (UHEMARA; MATA; FICHMAN &
MALLOY-DINIZ, 2016).

A função executiva é em geral recrutada pela memória semântica e


proativa e é a capacidade de planejar e executar ações, mantendo a amplitude
atencional para executar a tarefa em questão (FAGALI, s/d).

As funções executivas em geral têm um impacto sobre todas as funções


cognitivas (atenção, memória, linguagem, percepção) entre outras, uma vez
que ela irá influenciar no controle atencional e inibitório, a memória operacional,
a flexibilidade cognitiva, identificação de metas, a iniciação de tarefas, o
planejamento e execução de tarefas, o planejamento e execução de
comportamento e o monitoramento do próprio desempenho (UHEMARA;
MATA; FICHMAN & MALLOY-DINIZ, 2016).

Pelo desempenho de todas essas tarefas é possível compreender por


que as Funções Executivas são fundamentais para um bom desempenho na
escola, no trabalho bem como nas tarefas cotidianas. Por essa extensão de
diferentes aspectos ainda não se têm um consenso sobre o que são e quais
são as modalidades das funções executivas. (UHEMARA; MATA; FICHMAN &
MALLOY-DINIZ, 2016).

As funções executivas vão auxiliar na compreensão de diversos


fenômenos e podem auxiliar tanto do ponto de vista diagnóstico quanto no
planejamento das intervenções (UHEMARA; MATA; FICHMAN & MALLOY-
DINIZ, 2016).

Pode-se utilizar o modelo de unidades funcionais de Luria para ter uma


melhor compreensão. A primeira unidade composta anatomicamente por tronco
encefálico e diencéfalo, que é responsável por regulação das funções
psicológicas básicas como por exemplo: a manutenção do tônus cortical, da

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vigília (ou seja, se manter alerta e acordado) e batimentos do sistema cardio
vascular (UHEMARA; MATA; FICHMAN & MALLOY-DINIZ, 2016).

A segunda unidade está relacionada as áreas posteriores,


anatomicamente corresponderia as regiões parietal, temporal e occipital. Essa
unidade é responsável por obter, analisar e armazenar informações externas e
internas. Por fim temos a terceira unidade, que é a responsável por programar,
regular e monitorar as atividades que serão realizadas é composta no modelo
de Luria pelos lobos frontais (UHEMARA; MATA; FICHMAN & MALLOY-DINIZ,
2016).

Atualmente, no entanto se tem conhecimento que as funções executivas


não estão apenas conectadas aos lobos pré-frontais, mas também aos núcleos
da base, tálamo e até mesmo o cerebelo (UHEMARA; MATA; FICHMAN &
MALLOY-DINIZ, 2016).

O modelo atencional supervisor (SAS), desenvolvido por Norman e


Shallice, propõe a existência de dois modelos atencionais sendo os
automáticos (que usamos nas tarefas diárias) e as controladas (aquelas que
não utilizamos com tanta frequência. O SAS é responsável dessa forma por
coordenar e regular tarefas mais complexas e está relacionado
anatomicamente aos lobos frontais (UHEMARA; MATA; FICHMAN & MALLOY-
DINIZ, 2016).

É importante ressaltar que a associação entre as Funções Executivas e


o córtex pré-frontal está relacionado a associação realizada no famoso e
amplamente estudado pela neuropsicologia do Phineas Gage (UHEMARA;
MATA; FICHMAN & MALLOY-DINIZ, 2016).

As funções executivas começam na infância, têm seu pico de


desenvolvimento na adolescência e continuam se desenvolvendo até a vida
adulta esse lento desenvolvimento pode ser atribuído a maturação do córtex
pré-frontal, essa é uma das últimas áreas a concluir o seu desenvolvimento.
Pode-se considerar dois momentos em que o desenvolvimento é mais rápido,
sendo o primeiro na infância dos 7 aos 9 anos e o segundo na adolescência
dos 16 e 19 (UHEMARA; MATA; FICHMAN & MALLOY-DINIZ, 2016).

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O interesse pelo estudo das funções executivas pode ser explicado pela
correlação entre um mau funcionamento de componentes das funções
executivas e os transtornos da infância como o TDAH, transtorno de oposição,
entre outros (UHEMARA; MATA; FICHMAN & MALLOY-DINIZ, 2016).

O desenvolvimento saudável das funções executivas é fundamental para


a construção de competências sociais, desempenho escolar (medidas
matemáticas e prontidão para alfabetização). Além desses dados pesquisas de
Moffit e colaboradores (2011, apud UHEMARA; MATA; FICHMAN & MALLOY-
DINIZ, 2016) é possível estabelecer a relação entre o bom desempenho das
funções executivas dos 3 aos 11 anos como responsáveis pela boa saúde
física, dependência de substancia, status socioeconômico e probabilidade de
condenação penal em adultos de 32 anos. Por isso se reitera a importância do
bom funcionamento dessas funções para que assim possa fazer um
planejamento e intervenção (UHEMARA; MATA; FICHMAN & MALLOY-DINIZ,
2016).

As funções executivas estão presentes desde os primeiros anos de vida,


quando o bebê consegue modular o seu comportamento em relação ao
ambiente, o estabelecimento de metas e executar tarefas com um objetivo.
(UHEMARA; MATA; FICHMAN & MALLOY-DINIZ, 2016).

DIFICULDADES ATENCIONAIS E DE RECORDAÇÃO

Um dos transtornos atencionais mais comuns na infância é o Transtorno


do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). As crianças com esse
transtorno tendem a apresentar uma disfunção executiva, apresentando
dificuldades em se planejar, sequenciar ações, sustentar a atenção durante
uma tarefa (FAGALI, s/d).

Os sintomas apresentados pelas crianças podem ser diferentes e


comumente podem aparecer na escrita e na forma de planejar as tarefas.
Existem jogos de neurofeedback que ajudam a monitorar o funcionamento
cerebral e manter a atenção por mais tempo com a utilização de jogos. Em

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alguns casos os treinos atencionais não são suficientes sendo necessário
entrar com a medicação (FAGALI, s/d).

Existem atividades pedagógicas e lúdicas que favorecem o


funcionamento das funções executivas e que ajudam a diminuir os sintomas
apresentados pela criança com TDAH. Um exemplo de atividades que
favorecem a criança a manter a atenção é o uso de argila. (FAGALI, s/d).

Além de dificuldades no âmbito atencional as crianças com TDAH


também podem apresentar dificuldades de memória tanto para ressignificar
quanto para recordar (FAGALI, s/d).

CORRELAÇÃO ENTRE : ATENÇÃO, MEMÓRIA, FUNÇÕES


EXECUTIVAS E OS ESTILOS COGNITIVOS AFETIVOS

Os estilos cognitivos afetivos vão influenciar na forma que as pessoas


utilizam as funções cognitivas como: Atenção, memória e funções executivas
tema principal desse trabalho. Podemos citar os quatro estilos: intuitivo
imaginário, sensorial perceptivo, sentimento-subjetivo e pensamento lógico
(FAGALI, s/d).

Do ponto de vista atencional é possível afirmar que a pessoa será


influenciada no que irá chamar mais a sua atenção, será a forma, o conteúdo
ou os sentimentos que isso provocam (FAGALI, s/d).

É possível realizar a avaliação do estilo cognitivo a partir da forma que a


criança interage com as atividades. Por exemplo uma criança com o estilo
cognitivo afetivo da modalidade intuitiva imaginaria têm a tendência em gravar
apenas as palavras chaves durante a leitura de um texto. Ao longo da mesma
atividade, no entanto uma pessoa mais descritiva irá captar os detalhes.

Enquanto outra pessoa com o estilo sensorial-perceptivo, vai ficar atento


aos detalhes sensoriais, como a entonação, são conectados ao aqui-agora, a
forma dos conteúdos. Ainda durante a leitura de um texto, uma pessoa do
estilo pensamento-lógico, irá focar a atenção nas análises e sínteses (FAGALI,
s/d)

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Quando se observa uma imagem a pessoa pode captar o todo ou
ampliar. As que ampliam são do estilo imaginário quando focam nos detalhes
são descritivas (FAGALI, s/d).

Podemos inferir que a forma que a pessoa guarda a memória pode estar
ligada ao seu estilo cognitivo-afetivo, uma vez que o estilo vai determinar os
elementos que são importantes para aquela pessoa memorizar (FAGALI, s/d).

Por exemplo uma pessoa com o estilo cognitivo afetivo sentimento


durante uma experiência de vida têm tendência a guardar a forma com que se
sentiu ao aprender um conteúdo, o que as pessoas sentiram, elas tendem a
captar essas informações (FAGALI, s/d).

Já uma pessoa com um estilo perceptivo terá a tendência em ter uma


memória mais sensorial, em como realizar, o foco dessas pessoas será no
como fazer, um passo a passo, de como chegar no resultado (FAGALI, s/d).

Uma pessoa com um estilo cognitivo intuitivo imaginário tende a ter


facilidade na memória associativa e dificuldade na memória mecânica
perceptiva (FAGALI, s/d).

A pessoa com o estilo pensamento lógico tem tendência em fazer


associações lógicas, seu pensamento é mais organizado, faz mais definições,
classificações e seriações (FAGALI, s/d).

Como já dito anteriormente as funções executivas irão se utilizar de


diversas funções cognitivas para desempenhar as suas tarefas entre elas irá
recrutar a atenção e a memória e por tanto será muito influenciada pelos estilos
cognitivos afetivos. Podemos inferir que uma pessoa sentimento tenderá a
tomar decisões mais influenciada pelo emocional, enquanto a pessoa com o
pensamento concreto irá ter a tendência em explicar tudo de forma lógica
(FAGALI, s/d).

A pessoa perceptiva, em seu funcionamento executivo, poderá tomar


decisões com base na percepção que têm da situação enquanto o imaginário-
intuitivo diante de um problema pode ter a tendência a improvisar e não
conseguir organizar e sistematizar as ideias para coloca-las em ação (FAGALI,
s/d).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAVES, Ana Paula Rabello A neurobiologia da aprendizagem: na


prática Brasilia: Alumnus, 2017.

FAGALI, Eloisa Quadros Reflexões Psicopedagógicas sobre a


memória s/d.

_________________ Múltiplas faces do aprender: novos paradigmas


da pós modernidade São Paulo: Editora Unidas, 2001.

IZQUERIDO, Iván Questões sobre a memória São Leopoldo, RS: ED.


UNISOMOS, 2017.

MATHIAS, Elayne Guarido Guimarães Atenção: Distúrbio ou


Dificuldade? A Intervenção Psicopedagógica São Paulo: Universidade
Pontifícia Católica (PUC-SP), 2012.

UHEMARA; MATA; FICHMAN & MALLOY-DINIZ Funções executivas


na infância IN: SALLES, Jerusa Fumagalli; HAASE; Vitor Geraldi; MALLOY-
DINIZ, Leandro F. et. al, Neuropsicologia do desenvolvimento: infância e
adolescência Porto Alegre: Artmed, 2016.

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