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Liderança Missional para a Igreja Missional

Article · August 2014

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Arturo Meneses
Atlantic International University
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ERNESTO ARTURO MENESES VILLANUEVA
Consultor e Coach Ontológico Cristão
amenesses.econsult@gruposelah.com
Natal, R.N. Brasil

Núcleo Natal,
R.N.

ENSAIO DE OPINIÃO

LIDERANÇA MISSIONAL
PARA UMA IGREJA MISSIONAL
Paradigmas no contexto global da Missão de Deus
Setembro 30 2014, MEPB Alecrim

1
ÍNDICE DE CONTEÚDO

Introdução 3

Um pouco de História da Eclesiologia Missional 4-8

Características genéricas do Movimento Missional. O manifesto missional 9-12

Liderança Missional. Um manifesto contextualizado de Liderança Missional 13-15

Conclusão e ideias para seguimento 15

Bibliografia 16

2
INTRODUÇÃO

Este documento é um “ensaio de opinião”; não é um inventário de respostas absolutas, nem uma fórmula para responder qualquer dúvida
sobre o tema da Missão de Deus (Missio Dei), liderança, eclesiologia missional e as diferentes tendências através da história no mundo. A
verdade, é mais uma provocação para encorajarmos e aprendermos juntos sobre temas que são relevantes para nosso papel como líderes
da igreja no ministério da Causa do Reino de Deus, particularmente em nossa querida cidade de Natal, o Estado de Rio Grande do Norte e
globalmente no Brasil todo.
Agradeço o espaço dado pelo Núcleo Natal da Fraternidade Teológica Latino-americana, para publicar e compartilhar este ensaio e ouvir
feedback dos prezados e comprometidos irmãos e irmãs que representam o Corpo de Cristo nesta cidade e Estado do Brasil. É a minha
esperança que as pessoas que leiam o ensaio, pela graça de Deus sejam animadas a continuar aprendendo, sendo parte de um movimento
renovador e de um processo não focado em eventos isolados. Gerando novos compromissos, para contribuir e construir juntos paradigmas
coerentes que ajudem a que a credibilidade da igreja tenha “prosperidade”. Eu concordo com John Ortberg, autor do livro “Ser o que quero
Ser” que disse que “A verdadeira prosperidade consiste em avançar até a melhor versão de nós mesmos, que foi concebida no coração da
sabedoria de Deus”.
Como vocês vão perceber, este ensaio não vem de uma mente experta ou académica. A verdade, é inspirado pela minha própria missão
de vida de aprender continuamente para a transcendência (encontro com Deus); a Comunidade (encontro com o próximo) e a Identidade
e Propósito (encontro com nós mesmos). Isso é baseado no texto de Marcos 12: 30-31 que descreve os “3 amores” e diz que não há outro
mandamento maior do que esses.
Ofereço estes pensamentos como parte de uma pesquisa do movimento da igreja missional e liderança missional que, embora não chegou
com força ao contexto brasileiro, acho que está chegando aos poucos e precisamos ser proativos para nos manter atualizados para servir
melhor. Também compartilho estes desafios, com a convicção baseada na minha experiência como coach acadêmico e ontológico de mais
de duzentas pessoas que foram formadas no Mestrado em Liderança Organizacional da Eastern University, representando quinze países do
mundo. Até o presente momento tenho o privilégio de liderar esse programa já por treze anos. Embora esteja morando em Natal somente
há dois anos, estou envolvido em projetos de formação de liderança no contexto cristão que tenho a esperança, vão ajudar a consolidar
estas ideias no cenário local. Por favor irmão e irmã, leia o conteúdo, pensando ousadamente, como pioneiro de paradigmas:

“Nós, os cristãos nunca mudaremos as coisas só criticando as ideias dos outros. Quebrar paradigmas, demanda ser esperançoso e criativo;
construindo, com sabedoria, propostas inovadoras e impactantes, que confrontam os modelos tradicionais, tornando-os obsoletos”
Irmão e irmã, querido leitor, seu feedback e participação no debate criativo e fraternal deste humilde ensaio, será muito bem-vindo.
Obrigado pela sua atenção e participação. Somente a Deus a glória!
Seu amigo, servidor e parceiro na Causa do Reino de Deus: Arturo Meneses Villanueva

3
Um pouco de História da Eclesiologia Missional
Acredito que o tema da Teologia da Missão Integral na América Latina, começou na década dos 70s - 80s. Como testemunho pessoal,
compartilho que eu participei de um encontro sobre “Teologia e Desenvolvimento Integral” com René Padilla em 1984 em Costa Rica,
quando fui Diretor da Visão Mundial em El Salvador. Para mim, o conteúdo foi muito desafiante e até “ameaçador” pois eu vim de um
contexto muito tradicional e conservador. Porém, preciso reconhecer depois de trinta anos, que a proposta encorajou meu processo de
estudo e aprendizado. Como parte dessa história, embora pensando no contexto Brasileiro, possivelmente reconhecemos que ainda existe
algum trabalho a fazer para que a proposta da Missão Integral, seja encarnada com suficiente credibilidade na vida cotidiana da igreja
local. As publicações críticas, as vezes ideológicas, extremistas ou não tão bem informadas na internet, confundem um enfoque mais
abrangente da missão de Deus com “Socialismo” ou “Comunismo”. Isso indica, desde a minha respeitosa opinião, uma posição epistemológica
reducionista ou pelo menos defensiva, sem estudar as tendências históricas deste processo.
Na minha limitada experiência de dois anos no Rio Grande do Norte, também percebi pelo menos em dois fóruns de Missão Integral que
participei como facilitador, que várias pessoas, tem suspeita de se envolver com a Missão Integral porque não tem clara a relação da missão
com essas ideologias antes mencionadas e outras. Minha sugestão para conhecer a gênesis deste tipo de movimento, é analisar com sentido
crítico a história; examinando tudo e ficando com o que é bom, como exorta 1 Tessalonicenses 5:21. Começar por conhecer alguns Manifestos
que tem navegado pela História ideológica e religiosa do mundo. A conclusão, não tenho dúvida, é que a verdade, sempre estará alicerçada
na Palavra de Deus e não na ideologia. Porém, reconhecemos que as ideologias e filosofias, desde o dualismo grego, tem afetado muito a
cosmovisão dos cristãos. Só como referência histórica, todos estes manifestos, podem ser pesquisados com muito conteúdo na internet:
Manifesto Comunista (Karl Marx e Friedrich Engels 1848)
Manifesto Humanista (Raymond Bragg 1933 e atualizado por Paul Kurtz e Edwin Wilson, 1973)
Manifesto Cristão (Francis Schaeffer, publicado como livro em 1981)
Manifesto de Manila (Congresso Lausanne II, 1989 Manila, Filipinas, liderados por John Stott)
Manifesto Missional (Onze teólogos internacionais em 2011, liderados por Ed Stetzer e Alan Hirsch em Estados Unidos )

No meio dessas referências mais globais no mundo, penso ser importante considerar alguns dos momentos bem marcantes na história que,
particularmente, tem a ver com a compreensão atual do Movimento da Igreja Missional focado na Missão de Deus que está cobrando muita
força hoje.
o As gênesis do movimento missionário moderno são geralmente conectadas a William Carey (Inglês conhecido como o pai das missões
modernas), quem publicou em 1792 o famoso livro em Inglês, que traduzido ao Português poderia ser “Um inquérito na obrigação
dos cristãos de usar meios para a conversão dos pagãos”.
o Subsequentemente, foi estabelecida a Sociedade Missionária Batista de Londres e pelos próximos 125 anos, a explosão da atividade
missionária em todo o mundo foi surpreendente.

4
o Na inauguração da Conferencia Missionária Mundial em 1910, Edimburgo, a fé cristã tinha deixado de ser um fenômeno em sua
maioria europeia, se convertendo numa fé global.
o Foi assumido que o estilo de cristandade do mundo Ocidental, iria continuar a florescer em terras estrangeiras inabalável para os
próximos anos, ao mesmo tempo, avançar na terra dos missionários. (Porém, esta última expectativa, não foi necessariamente
realizada quando dois séculos depois a literatura e as estatísticas demostram que a igreja nos Estados Unidos, por exemplo, enfrenta
uma grave crise de subsistência. Segundo Philip Wagner no artigo: “A dor secreta dos pastores”, 7000 igrejas fecham cada ano; 1700
pastores deixam o ministério cada mês e 3.500 pessoas por dia, abandonaram a igreja no ano anterior).
o Não obstante, o longo século XIX de “avanço missionário” precisa ser entendido dentro da cosmovisão prevalente na época.
Lembrando que já no final do século XVIII, a Europa estava na era do iluminismo. (poder da razão para mudar a sociedade).
o No contexto europeu, o iluminismo prevaleceu por 150 anos (1650-1799) e culminou nas atrocidades da Revolução Francesa. Depois
de 1799 a Europa, cansada de racionalismo, ainda que caminhando nele fez uma mudança histórica de paradigma para o
romanticismo artístico e literário. Foi assim que começou o ceticismo religioso que logo virou em ateísmo.
o Contudo, na Inglaterra e as colônias inglesas nos Estados Unidos, o clima espiritual era diferente. O primeiro grande despertamento
(1730-1740), acrescentou o fervor evangélico em ambos lados do Atlântico. O Metodismo e Pietismo trouxeram renovado interesse
num relacionamento pessoal com Deus e uma reforma da moral. Mais em frente nas décadas por vir, os evangélicos especialmente
na Inglaterra Vitoriana, desenvolveram um compromisso zeloso para a Ação Social.
o Em conclusão, o movimento missionário moderno, começou neste clima de renovação evangélica. Também é verdade, que foi
estabelecido dentro do contexto mais amplo do romanticismo posterior ao iluminismo.

ILUMINISMO E A MISSION DEI

No século XIX, alguns remanentes da cosmovisão do iluminismo, deixaram uma marca indelével nas atitudes relacionadas a missão. Michael
Pocock, falando amplamente sobre este período sugeriu: “Cristianismo e os princípios do iluminismo tenderam a se aglutinar nas iniciativas
missionárias originadas na Europa e Norte América”. Isso foi um erro possivelmente inconsciente. Para entender este novo desenvolvimento
“Missio Dei” é necessário voltar para a era do Iluminismo onde, pela primeira vez na história, não era reconhecida a missão como o trabalho
de Deus, mas como um esforço puramente humano. Nesse sentido, incentivou uma teologia muito antropocêntrica.
Ao examinar o avanço missionário do século XIX, Stan Nussbaum, autor do livro “Guia do leitor para a Missão Transformadora”, sugeriu que
“As pessoas ficaram tão convencidas da importância da iniciativa humana, que dificilmente pensaram que Deus estava ativo em missão”.
É por essa razão, que, às vezes, as missões ficaram totalmente divorciadas de seus princípios bíblicos e teológicos, chegando a ser até
identificadas com o Imperialismo e Colonialismo Ocidental.
Na época posterior a Segunda Guerra Mundial, os paradigmas antropocêntricos da missão, começaram a mudar por causa do trabalho do
teólogo suíço Karl Barth. Ele teve um importante papel para construir uma ponte entre os fundamentalistas que evitavam envolvimento
com a cultura e o liberalismo humanístico que, às vezes, equiparava a cultura com Deus. A proposta teológica de Barth teve três fortalezas
que foram particularmente uteis para a revitalização de uma missiologia que era uma afirmação de Cristo e também afirmação da cultura:

5
a) Teologia enraizada em exegese bíblica; b) Teologia Cristocêntrica; c) Teologia altamente trinitária.
Na “Conferencia Missionária Brandenburgo” em 1932, Karl Barth articulou missão como uma atividade de “Deus mesmo”, usando o termo
“Actio Dei” (ação de Deus). Isso reafirmou que a relação trinitária dentro da Divindade é a fonte de toda missão. Como também foi
afirmado por David Bosch (Autor do livro: Missão Transformadora), Barth rompeu radicalmente com o enfoque iluminista, enraizando a
missão primeiro em Deus e não no esforço humano da igreja.
O ano seguinte 1933, o teólogo Karl Hartesntein expressou ideias similares a Barth. Porém, introduziu o termo “Missio Dei”: A missão de
Deus. Este conceito sugere que, desde sempre, o trino Deus tem estado numa missão. Para cumprir essa missão se envolve em uma serie de
“atos de envio”: O Pai envia ao Filho ao mundo na encarnação (João 1:14); O pai guia ao Filho durante seu ministério (João 5:31); O Filho
envia a igreja ao mundo depois de sua ressurreição (João 20:21). O Filho envia o Espírito ao mundo em Pentecoste (Atos 2: 1-4). Não
obstante, a real reafirmação da “Missio Dei”, veio em 1952 no encontro do Concilio Missionário Internacional em Willingen, Alemanha, pelo
trabalho de Georg Vicedom. Segundo Vicedom, “Missão flui do movimento interno de Deus no relacionamento pessoal”.
Na sequência desta reunião uma mudança no pensamento ocorreu: Da igreja como possuindo uma missão, para Deus ser um Deus
missionário e a igreja participando de Sua missão. Como sugere Lalsangkima Pachuau: "Desde a metade do século XX, essa compreensão
da missão cristã como Missio Dei tem desfrutado de uma popularidade que tem vindo a ser reconhecida quase como um consenso teológico".
Nessa perspectiva, missão não é primariamente a atividade da igreja, mas de Deus. A ênfase não é que Jesus deu à Igreja uma missão. Em
vez disso, a ênfase é que Jesus convidou a Igreja a participar na missão preexistente de Deus.

A REAVALIAÇÃO EVANGÉLICA

John R. W. Stott e Christopher J. H. Wright. Contribuição importante em suas obras: “Missão Cristã no Mundo Moderno” (1975) e “As novas
questões que os cristãos enfrentam Hoje” (1984) Stott, foi um participante ativo na emergente conversa “Missio Dei” e um líder fundador do
Movimento Lausanne. Ele afirma a centralidade em Deus da missão. "A missão primordial é a de Deus, pois é Ele quem enviou seus profetas,
seu filho, seu Espírito. Destas missões a missão do Filho é central, pois era o ponto culminante do ministério dos profetas, e abraçou dentro
de si, como seu clímax o envio do Espírito. E agora o Filho envia [crentes] como Ele mesmo foi enviado"
Enquanto Stott corretamente enraizou a missão no lugar apropriado (Deus, não o homem), seu trabalho às vezes parecia sugerir, segundo
W. Rodman, que a evangelização e ação social, são os dois únicos fundamentos da missão. Evangelismo tem sido tradicionalmente
considerado a pedra angular da missão, e a inclusão da ação social parecia uma ênfase valiosa, sendo que Stott proporcionou a liderança
na Conferência inicial Lausanne em 1974. Mas, a verdade, nos anos seguintes, a teologia missional evangélica evoluiu com uma concepção
mais completa da missão. Por exemplo, no documento do Movimento Lausanne 3 “Compromisso da Cidade do Cabo” em 2010, a expressão
“ação social” não é mencionada nem uma só vez no documento todo de mais de 30 páginas. O coração deste compromisso, foi que definiu
uma compreensão missional do papel do Espírito Santo. Ele é descrito como o Espírito missionário enviado pelo Pai missionário e o Filho
missionário, delegando vida e poder para a igreja missionária de Deus. Sem o Espírito Santo, a missão não é possível.

6
Mais em frente, o discípulo de Stott, Christopher JH Wright, atualizou o pensamento de seu mentor em seu inovador trabalho teológico “A
“Missão de Deus: Desbloqueio da grande narrativa Bíblica”. Assim como outros autores missionários prévios, Wright enraíza a missão no Deus
trino. Mas, em vez de limitar missão ao evangelismo e ação social, ele olha para os atos salvadores de Deus na Bíblia como exemplo de
missão. "A hermenêutica missional da Bíblia não se limita às passagens da Grande Comissão, nos Evangelhos e Atos. Ao contrário, aqueles
grandes imperativos são definidos dentro das verdades que a Bíblia afirma sobre Deus, a criação e a vida humana, considerando seu
paradoxo de dignidade e depravação. A redenção em toda a sua glória completa e a nova criação em que Deus habitará com o Seu povo”
Para complementar estes esforços históricos, o homem que é visto como o pai da eclesiologia missional foi o Inglês Lesslie Newbigin (1909-
1998). Newbigin foi missionário por muitos anos na Índia. Porém, quando retornou a Inglaterra na metade da década dos 50s, percebeu
que a Inglaterra tinha mudado dramaticamente, se convertendo em um campo missionário ainda mais difícil que a Índia. Como é registrado
na história, Inglaterra e a cultura Ocidental, tinham se tornado “pós-modernos” e também “pós-cristãos”. Nesse sentido, os princípios que ele
tinha usado por décadas na Índia, necessitavam ser aplicados na Inglaterra.
Michael Green, discípulo de Newbigin, sugere que Newbigin começou a rejeitar o racionalismo iluminista que tentava provar o cristianismo
através só da razão. A sua Apologética emergente estava enraizada na experiência da pessoa de Jesus no meio de um contexto “Contra
cultural”. Ele afirmou que um evangelho de reconciliação pode ser comunicado apenas por uma comunidade reconciliada. A extensa
bibliografia de Newbigin de artigos e livros, começando em 1933 e continuando até sua morte em 1999, mostra o vigor intelectual em muitas
frentes. Ele foi especialmente forte conforme propôs em sua filosofia de cruzar culturas com a mensagem do evangelho. Na eclesiologia
missional, ele propõe ser sensível as culturas e ainda radicalmente contra cultural ao mesmo tempo. A apresentação de Newbigin dessa
tensão bíblica apresentou um emocionante campo de exploração de uma nova geração de missiólogos, cada vez mais comprometidos com
o fato que a América do Norte tinha se tornado um campo de missão.
Enquanto as obras frescas sobre temas missionais começaram a aparecer na década de 1980 e 1990, a obra de Darrell Guder em 1998 “A
igreja Missional, uma visão para o envio da Igreja na América do Norte”, preparou o palco para o extenso interesse na eclesiologia missional
hoje. Guder, então professor de evangelismo e crescimento da igreja no Seminário Teológico de Columbia, estava convencido de que era
necessária uma revolução teológica na área da eclesiologia que respondesse a pergunta: Como seria a igreja se verdadeiramente encarnara
um projeto missional em definição e em prática?

EXPLOSÃO BIBLIOGRÁFICA NOS ANOS MAIS RECENTES.

Desde 1998 até hoje, parece ter acontecido uma explosão de literatura nos Estados Unidos sobre a igreja missional, a eclesiologia missional e
também a liderança missional. Na minha opinião, as categorias de pensamento, tem aberto um espaço importante para aprender e refletir
seriamente sobre esta escola missiológica. Interessantemente, já existe nos Estados Unidos, Universidades oferecendo Mestrados em Liderança
Missional, como também existem disponíveis teses de doutorado em Ministério abordando o tema da Igreja Missional.
No contexto do Brasil, na minha modesta opinião, a obra articulada por Jorge Henrique Barro: Guia Prático Missão Integral, Descoberta
Editora, 2013, é um esforço sério e uma ótima contribuição para a reflexão sistemática sobre esse tema.

7
A diferença de outros autores mais preocupados com o marco conceitual e teológico, Barro se aproxima intencionalmente ao movimento
da igreja missional. Possivelmente a nível pioneiro no Brasil e na América Latina, o autor tenta dar guias práticas para operacionalizar ou
viabilizar o tema com capítulos como: Que é a Missão Integral; Quem faz Missão Integral, Como se faz Missão Integral e Por Que e Para
Que se faz Missão Integral. Possivelmente, um dos maiores méritos do livro, é que integra o pensamento de teólogos Latino Americanos e
Brasileiros reconhecidos como: Harold Segura, René Padilla, Antonio Carlos Barro, Edward M. Luz, Marcus Borg, Cácio Silva, Gedeon J. Lidório
Junior, Ronaldo Lidório e Marcia Suzuki.
Na seção II do livro, Barro, introduz conceitos como: O Povo Missional, A Igreja Missional, a Liderança Missional. Confesso que
pessoalmente, não conhecia outra obra tão integrada no contexto brasileiro e Latino Americano que tenha essa abordagem abrangente no
tema da Missão Integral.
Contudo, em nível mais internacional, aqueles interessados em literatura recente do Movimento Missional, descobrirão que ela está
basicamente agrupada em uns 40-60 livros, artigos e recursos publicados principalmente nos Estados Unidos. Por enquanto, infelizmente,
só estão disponíveis em Inglês e os títulos principais, são citados na Bibliografia, ao final deste ensaio. As categorias principais, resumidas são:
o Fundamentos Bíblicos e Teológicos da Igreja Missional (Desde Guder 1998)
o Como este marco conceitual se aplica a ONGs e denominações
o O desafio das igrejas para se envolver no movimento Missional
o Formar líderes para um contexto Missional (Coaching Transformissional)
o Livros e matérias que discutem Metodologia Missional
o Artigos e outros recursos sobre o movimento missional (websites: friendsofmissional.com e também
missionalchurchnetwork.com)

Nesta primeira parte, podemos concluir, sem dúvida, que a graça de Deus tem permitido um movimento missionário que impactou o
mundo com força; principalmente, desde o século XIX. Não obstante, como cristãos maduros, também reconhecemos a importância de
refletir nos “sinais dos tempos” e ser desafiados a assumir novos paradigmas mais desenvolvidos recentemente, que poderiam nos ajudar a
ser líderes mais eficazes na nossa missão como Cooperadores da Obra de Deus. No livro “Coaching Transformissional”, os autores Ogner e
Stetzer, apresentam a história das mudanças de paradigma da igreja na tabela seguinte:

Igreja Missão Liderança Equipamento Símbolo

Tradicional Missionária Pregador-capelão Aulas e seminários Billy Graham


Serviço para buscadores
Contemporânea Diretor Executivo – Visionário Seminários Bill Hybels, Rick Warren
(Dentro da igreja)
Missional Engajamento na cultura Líder Missional Coaching e mentoria Tim Keller, Alan Hirsch, Ed Stetzer e
(Fora da igreja) outros Autores do Manifesto Missional?

8
CARATERISTICAS GENÉRICAS DO MOVIMENTO MISSIONAL. O MANIFESTO MISSIONAL
Pessoalmente, penso que a essência do pensamento missional e as suas principais características, estão resumidas no Manifesto Missional,
publicado em 2011 e incluído no conteúdo deste documento. Adicionalmente, ofereço algumas definições dos autores que aparecem na
bibliografia e que, na minha opinião, podem ser uteis para nosso estudo deste novo paradigma missional.
 Um bom ponto de partida são as definições de Alan Hirsch, sobre “o que não é” igreja missional:
 Não é sinónimo de igreja “emergente” que é um movimento de renovação, tentando contextualizar a fé Cristã para uma geração
pós-moderna.
 Também não é igual ao modelo de igreja “atraente” que procura uma evangelização sensível aos “buscadores”, que há dominado o
nosso entendimento por muitos anos.
 Não é uma nova forma de falar sobre crescimento da igreja. Embora Deus claramente deseja que sua igreja cresça numericamente,
isso é só uma parte da agenda missional mais abrangente que é focada para “fora”.
 Finalmente, missional é mais que “justiça social”. Trabalhar com os pobres e influenciar uma mudança na desigualdade social é parte
de sermos agente de Deus. Porém, não devemos confundir envolvimento social com o papel mais integral da Missão de Deus.

 Uma compreensão apropriada da igreja missional, começa com redescobrir nosso entendimento da Missão de Deus. Deus pela sua
natureza é “o enviado” quem toma a iniciativa para redimir a sua criação.
 Inspirados por Stott e Newbigin, outros teólogos citados na bibliografia, afirmam que a doutrina da “Missio Dei”, a missão
preexistente e eterna de Deus, é o princípio organizador da Bíblia. Isso, está causando que muitas igrejas possam definir sua
compreensão delas mesmas. Porque nós somos o povo de Deus enviado, a igreja é o instrumento da Missão de Deus no mundo.
 Nesse sentido, embora que normalmente dizemos “A igreja tem uma missão”, a teologia missional define que seria uma forma
mais correta dizer “A missão de Deus tem uma igreja”
 O movimento missional, de muitas maneiras, é uma força contrária à maneira tradicional das igrejas. Em vez de estar focalizada
nos programas, a igreja missional se orgulha de estar focada nas pessoas.
 “Missional é um estilo de vida, não uma afiliação ou atividade", explica o especialista Reggie McNeal em seu novo livro Missional
Renaissance: Changing the Scorecard for the Church. "Pensar e viver missionalmente significa ver a vida como uma maneira de
estar envolvido com a missão de Deus ao mundo. A compreensão missional do Cristianismo desfaz o Cristianismo como religião",
escreve McNeal.
 As três principais mudanças no pensamento e comportamento são: de foco ministerial interno, para externo; de desenvolvimento
de programas, para desenvolvimento de pessoas como atividade principal; e, de liderança baseada na igreja para liderança
baseada no reino.
 Para esses líderes missionais, a igreja deixou de ser internamente ocupada para ser focalizada externamente; de concentração
primária na sua manutenção institucional para desenvolvimento de uma influência encarnacional", segundo McNeal. "Esses líderes
pensam mais em impacto no reino do que crescimento da igreja."

9
 "A igreja missional, quebra o paradigma de uma iniciativa baseada no 'venha e receba' (paradigma de “posto de gasolina”), que
não está encontrando o seu espaço na cultura. Temos que descobrir como ser igreja onde as pessoas já estão em vez de estabelecer
uma igreja separada em nossa cultura e esperar que as pessoas se identifiquem com ela."
 A igreja missional, se preocupa pela integralidade. Ela procura não só “informar” e procurar seguidores, senão “formar” líderes
missionais, comunidades missionais e discípulos missionais. É esse processo integrado e não os eventos isolados, que conduzem a
verdadeira transformação.
 Jorge Henrique Barro no Brasil, define uma igreja missional como: “Uma igreja que é moldada para participar na Missão de Deus;
que se organiza para restaurar o mundo quebrado e pecaminoso, para resgatá-lo e redimi-lo para Deus. Igrejas missionais percebem
a si mesmas, não tanto como “enviadora” como sendo ela mesma enviada. Uma congregação missional, permite que a missão de
Deus, permeie tudo o que ela faz – da adoração ao testemunho, formando membros para o discipulado. Ela preenche a lacuna
entre o alcance (para fora) e a vida congregacional (para dentro) já que em a sua vida comunitária, a igreja encarna a missão de
Deus.
 É importante identificar as tendências principais da eclesiologia missional, que, segundo a pesquisa realizada por J.P. Niemandt da
Universidade de Pretoria, na Africa do Sul, tem influenciado uma nova eclesiologia missional. Exemplos: a) A conferência do
Centenário Missionario em Edinburgo, 2010, b) O Conselho geral das Igrejas Reformadas (WCRC) Grand Rapids, Michigan, 2010 e
c) O Congresso Lausanne III na Cidade do Cabo, Africa do Sul, 2010. É claramente reconhecido pela eclesiologia missional, que o
“Compromisso de Cidade do Cabo”, atualizou a perspectiva reduzida, segundo antes mencionado, de “evangelização e ação social”
do Pacto de Lausanne em 1974.
 Niemandt identifica alguns componentes principais dessa nova eclesiologia missional, como as seguintes:
 Missão começa no coração do Deus trino e o amor que é expressado na Santa Trindade.
 A vida no Espírito Santo é a essência da missão. Como disse David Bosch, a era do Espírito é a era da igreja.
 Missio Dei (Missão de Deus), substitui o foco anterior de “missio ecclesiae” (Missão da igreja). A missão não pertence a igreja. Não é algo
que a igreja “faz”. É uma caraterística do Deus trino, que é assumida pela igreja como uma marca da sua identidade. Missão então
não é o que a igreja faz, mas o que a igreja “é”, como criada a imagem e semelhança da Trindade. A igreja é missão.
 Uma eclesiologia missional, é também encarnacional. A igreja é constituída pela sua participação na vida de Deus e na vida do
mundo. A igreja missional, é um movimento encarnacional, já que é enviada para se envolver no seu contexto, como cooperadora da
Missão de Deus.
 Eclesiologia missional é também relacional. Conversão (metanoia) é mais que uma mudança de direção; também é uma mudança de
“conexão”. Missão é expressada em relacionamentos. A expressão de relacionamentos (koinonia) e amor, são transmitidas ao mundo,
não como dogmas ou mandamentos éticos, mas como a comunhão do amor.
 Foco no Reino de Deus. Como disse Moltman: “O futuro do Cristianismo é a igreja, é o futuro da igreja, é o Reino de Deus” . Embora,
se refere a uma igreja renascida como uma comunidade com uma missão universal focada no Reino de Deus como o futuro do
mundo.
 Discernimento, é o primeiro ato da missão. É o coração da prática de uma igreja missional, que procura discernir como manter Deus na
conversa sobre a missão. Isso é normalmente desenvolvido a través da eclesiologia, integrada com a espiritualidade integral.

10
MANIFESTO MISSIONAL. Para encerrar este capítulo, transcrevo a continuação, uma versão em Português do Manifesto Missional,
publicado nos Estados Unidos em 2011. Se incluem algumas perguntas, para refletir na compreensão e integração do seu conteúdo.

Manifesto Missional” (Fonte original em Inglês, 2011: http://mission-net.org/sites/default/files/missional_manifesto_engl._1106.pdf. Os autores deste documento incluem: Ed
Stetzer; Alan Hirsch; Tim Keller; Dan Kimball; Eric Mason;J.D. Greear; Craig Ott; Linda Bergquist; Philip Nation; Brad Andrews.)

Introdução a versão em Português: O documento foi inicialmente publicado nos Estados Unidos em 2011. Reggie Mc Neal, autor do livro: “Missional Renaissance”
(Renascimento Missional), publicado em 2009, comento o seguinte: “O surgimento da igreja missional, é o maior desenvolvimento do Cristianismo, desde a
Reforma Protestante
Deus é um Deus de envio, um Deus missionário, que chamou o Seu povo, a igreja, para ser agentes missionários de Seu amor e glória. O conceito missional sintetiza esta idéia. Este
manifesto visa servir a igreja, clarificando a sua vocação e ajudá-la a compreender teologicamente e viver de forma prática a missão de Deus no mundo de hoje. Embora seja dito
com frequência que "a igreja de Deus tem uma missão", segundo a teologia missionária, uma expressão mais precisa é "a missão de Deus tem uma igreja" (Efésios 3:7-13). Um dos
objetivos da teologia é salvaguardar o significado das palavras, a fim de manter a verdade e articular uma visão bíblica do mundo dentro da comunidade de fé. Resgatar a
integridade da palavra missional é especialmente crítico. Não é nossa intenção (ou dentro de nossas habilidades) definir palavras para os outros, mas nós entendemos que é útil
descrever e definir a forma como estamos usando o termo e convidar outras pessoas a fazerem o mesmo. A compreensão biblicamente fiel e missional de Deus e da igreja é essencial
para o avanço do nosso papel na sua missão e, assim, para o dinamismo do cristianismo no mundo. É preciso primeiro ter claro o que não significa missional. Missional não é sinônimo
de movimentos tentando contextualizar culturalmente o cristianismo, implementar o crescimento da igreja, ou se engajar em ações sociais. A palavra "missional" pode abranger todos
os itens acima, mas não está limitada a qualquer um destes. Compreender adequadamente o significado de missional começa com o reconhecimento da natureza missionária de
Deus. O Pai é a fonte da missão, o Filho é a personificação dessa missão, e a missão é feita no poder do Espírito. Por natureza, Deus é o "aquele que envia", que inicia o resgate de sua
criação. Jesus sempre falou de si mesmo como sendo "enviado" no evangelho de João e, posteriormente, comissionou seus discípulos para este mesmo fim (João 17:3, 8, 18, 21, 23, 25).
Como o povo "enviado" de Deus, a igreja é o instrumento da Sua missão (João 20:21). Uma sólida base no Evangelho, obediência a Cristo e postura para o mundo são componentes
críticos para os indivíduos e as igrejas viverem de forma missional. Uma comunidade missional é aquela que considera a missão simultaneamente como seu impulso originário e
princípio organizador (Atos 1:8). Ela toma decisões nesse sentido, acreditando que Cristo envia os Seus seguidores ao mundo, assim como o Pai O enviou ao mundo. A Igreja, portanto,
devidamente encoraja todos os crentes a viverem a sua vocação principal como embaixadores de Cristo (2 Coríntios 5:20) para aqueles que não conhecem Jesus. O ministério da
reconciliação é aplicável tanto a sua cultura nativa como ao ministério transcultural para o mundo todo. Nesse sentido, todo crente é um missionário enviado pelo Espírito para uma
cultura não-cristã ativando toda a sua vida na busca de participar mais plenamente na missão de Deus. Missional representa uma mudança significativa na forma como
entendemos a igreja. Como o povo de um Deus missionário, a nós é confiado participar do mundo da mesma forma que Ele faz, comprometendo-se a ser Seus embaixadores.
Missional é a perspectiva de ver as pessoas como Deus vê e engajar-se na atividade de alcançá-los. A Igreja em missão é a Igreja como Deus planejou.

Com isso em mente, afirmamos o seguinte:


1. Autoridade: Como uma revelação sobre a natureza de Deus, só podemos compreender verdadeiramente a missão de Deus por aquilo que é revelado através das Escrituras.
Portanto, nossa compreensão da missio Dei e da Igreja missional deve sempre ser dirigida e moldada pela Palavra de Deus revelada nas Escrituras, e não pode ser contrária a ela.
2. Evangelho: Afirmamos que Deus, que é mais santo do que podemos imaginar, olhou com compaixão para uma humanidade composta de pessoas que são mais pecadores que
nós iremos admitir e enviou Jesus para a história para estabelecer o Seu reino e reconciliar as pessoas e o mundo consigo. Jesus, cujo amor é mais extravagante do que podemos medir,
deu a Sua vida como uma morte substitutiva na cruz e foi ressuscitado fisicamente, para assim propiciar a ira de Deus. Através da graça de Deus, quando uma pessoa se arrepende
de seus pecados, confessa o Messias, o Senhor, e crê na Sua ressurreição, ela ganha o que a Bíblia define como vida eterna e nova. Todos os que creem são assim reunidos na igreja,
uma comunidade de aliança que trabalha como "agente de reconciliação" para proclamar e viver o evangelho.
3. Reino de Deus:
4. Missão: NósAfirmamos
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Deus. O ReinoaéSiamesmo.
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futuro, restaurando a criação corrompida. O Pai enviou seu Filho para realizar este resgate e envia o Espírito para que aplique esta redenção aos corações dos homens mas
(relacionamento correto com Deus, com os outros e com a criação), restaura a justiça, e traz a cura para um mundo quebrado. O Reino de Deus foi inaugurado, e
ainda "ainda não"Incluída
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proclamar e difundir o Evangelho e viver as suas implicações.

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4. Missão: Nós afirmamos que a missio Dei é a missão do Deus trino para glorificar a Si mesmo. Deus então age neste mundo, redimindo o homem pecador e, no
futuro, restaurando a criação corrompida. O Pai enviou seu Filho para realizar este resgate e envia o Espírito para que aplique esta redenção aos corações dos homens e
mulheres. Incluída na missão de Deus está a ecclesiae missio pela qual Ele capacita a igreja para um testemunho e um serviço que conduz à testemunha. Os crentes
são chamados a compartilhar o evangelho com as pessoas para que elas possam vir a conhecer Cristo. Movendo-se de Deus, através da igreja, para o mundo, o trabalho
redentor de Deus resulta em pessoas de toda tribo, língua e nação respondendo, ao longo da vida, na adoração de Deus. Em última análise, a missio Dei vai abranger
toda a criação, quando Deus cria um novo céu e nova terra.
5. Igreja: A Igreja é sinal e instrumento do Reino de Deus, nascido do Evangelho do Reino e incumbida da missão do Reino. A igreja é uma comunidade de aliança, de
crentes imperfeitos mas redimidos vivendo em nosso mundo. Os seguidores de Cristo não vivem a sua missão de forma isolada, mas, pelo contrário, o Espírito de Deus
envolve os crentes em comunidades cristãs locais, ou seja, igrejas. É na e pela comunidade como a sua missão no mundo é reforçada.
6. Cristocêntrica: Cremos que Jesus é o centro do plano de Deus. Por extensão, a igreja como o corpo de Cristo é o meio principal da missão de Deus para o Seu
mundo. Afirmamos que enquanto a obra e a presença de Deus não se limitam à igreja, não obstante a proclamação do evangelho de Cristo vem através da igreja e dos
crentes em todos os lugares. Os membros da igreja, vivendo pelo poder do Espírito Santo, estão sendo conformados à semelhança de Cristo em suas atitudes e ações.
7. Fazendo Discípulos: Acreditamos que discipular as nações é o aspecto essencial da missão de Deus (Mateus 28:18-20). O evangelho conclama as pessoas a
responder com fé e arrependimento à boa notícia do Reino em e pelo poder do evangelho. O amadurecimento dos crentes é inerente ao trabalho da igreja de conduzir
aqueles que colocam a fé em Jesus desde a infância espiritual para a maturidade espiritual (Colossenses 1:28). Isto significa que a igreja treina seus membros para serem
líderes em ações de justiça e no ministério para os pobres, assim como viver as implicações de sua fé nos negócios, nas artes, na política, na academia, na casa, e em toda
a vida. Como a igreja faz discípulos, ela os equipa a levar sua fé para cada área de sua vida, privada e pública.
8. Proclamação e Demonstração: A acreditamos que a missão e a responsabilidade da igreja incluem tanto a proclamação do Evangelho quanto sua
demonstração. De Jesus, aprendemos que a verdade deve ser proclamada com autoridade e vivida com graça. A igreja deve constantemente evangelizar, responder
com amor às necessidades humanas e "procurar o bem da cidade" (Jeremias 29:7). Ao viver as implicações do evangelho, a igreja missional oferece uma defesa verbal e
um exemplo vivo de seu poder.
9. Inclusividade: Nós acreditamos que a missão de Deus e, portanto, a missão de seu povo, se estende a todo povo, nação, tribo, e língua, com pessoas de todo
gênero, idade, escolaridade, posição social e crença religiosa (ou falta dela). Assim, uma igreja missional intencionalmente abraçará a diversidade local e irá atravessar
barreiras sociais, culturais e geográficas como agentes da missio Dei. A missão de Deus, ainda, universalmente engloba todos os aspectos da vida: pessoal, familiar, social,
cultural e econômico. Esta é fundamentada na autoridade universal e senhorio de Jesus Cristo.
10. Aplicação: Acreditamos que a missão da Igreja continua na multiplicação e maturação dos seguidores de Cristo (discipulado), aumentando o número de
congregações (plantação de igrejas) dedicadas a do reino de Deus (que vivem sob o seu senhorio), estendendo a fama de Deus por toda a terra (adoração), e fazendo o
bem em nome de Cristo (as obras de misericórdia).

***

“Porque cremos nessas coisas, somos compelidos à ação. Conclamamos o povo de Deus para alinhar-se em torno do senhorio
de Jesus, da natureza missional da sua igreja, e a realidade de seu reino. Nós convidamos o corpo de Cristo em todos os
lugares para ver as pessoas e o mundo através das lentes do reino de Deus, para viver uma vida santa como discípulos de
Jesus, e para representá-lo intencionalmente juntos como a igreja. Afirmamos que Jesus foi enviado para cumprir os
propósitos de Deus no mundo através de Sua vida perfeita, a morte vicária e ressurreição física de modo que o resgate
pudesse ser disponibilizado para nós. Com Cristo como nosso ponto focal, o Seu reino como o nosso destino, e de Seu
Espírito como o nosso fortalecimento, aceitamos o privilégio e a alegria de sua missão”.

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QUADRO COMPARATIVO DE IGREJA MISSIONAL E IGREJA TRADICIONAL:

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PERGUNTAS SOBRE O MANIFESTO MISSIONAL:
 Qual é a sua opinião sobre os 10 pontos do Manifesto Missional, tomando em conta a sua experiência e o seu contexto eclesial?

 Em que forma o Manifesto Missional, é diferente ou complementa os conceitos teológicos da Missão Integral na América Latina?

LIDERANÇA MISSIONAL. UM MANIFESTO CONTEXTUALIZADO DE LIDERANÇA MISSIONAL

Jorge Henrique Barro, citando aos autores do livro “Missional Leadership” (Liderança Missional), define Liderança Missional
como: “Liderança missional, cultiva um ambiente em que o povo de Deus, imagina juntos um novo futuro, em vez de um já
determinado pelo líder” (Alan Roxburgh e Fred Romanuk)

Adicionalmente, Barro inclui outras caraterísticas importantes deste tipo


de liderança, como:
 Liderar para formar uma comunidade da Aliança
 Colaboram com a sociedade e seu contexto local
 Concentram o seu tempo, energia e pensamento, na formação desta
comunidade.
 Desenvolvem as disciplinas de: vida comum, aprendizagem e missão.

Em resumo, aporta uma tabela comparativa das características dos líderes com
cultura de igreja local e os líderes missionais. Esto confirma claramente, que não
pode existir um perfil de igreja missional, sem que possamos construir também
um perfil de liderança missional.

No contexto local em Natal, R.N. Brasil, tenho adotado o conceito de “Liderança Transformissional” que integra, com
entusiasmo, o conceito de igreja missional, com um perfil de liderança, que precisa ser transformada, de dentro para fora, para
se envolver como cooperadora da Missão de Deus. O termo, foi usado inicialmente, no livro: Coaching Transformissional, citado
na Bibliografia. Baseado na minha pesquisa bibliográfica, a experiência com o programa de Mestrado em Liderança da Eastern
University da Pensilvania, USA, e as lições de um projeto piloto que começou recentemente envolvendo 30 líderes cristãos da
cidade, estou propondo a consideração de um Manifesto de Liderança Missional, com os seguintes componentes:

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Esta proposta, é um marco de referência oferecido para debate e definição de um Marco Conceitual de Liderança Transformissional. O
Conteúdo pode ser estudado sistematicamente, como um processo grupal, para estudo em módulos do tema da liderança, integrado com a
missão e a espiritualidade, desde a perspectiva da eclesiologia missional. A proposta de grade curricular, já em processo piloto, conta com
20 módulos divididos em cinco categorias e é a seguinte:

Marco Conceitual e Teológico Liderança e Espiritualidade Liderança e missão Operacionalização

1. História e Marco Conceitual Liderança 1. Espiritualidade integral para os líderes 1. Liderança e desafios da 1. Sinergia e trabalho em equipe
humanidade 2. Estilos de comunicação
2. Paradigma bíblico da liderança 2. Chamado, cultura, caráter e comunidade 2. Desenvolvimento humano e 3. Liderança e inteligências múltiplas
comunitário.
3. Liderança e autenticidade 3. Liderança e Mordomia da Vida 3. Liderança e empoderamento 4. Liderança e aprendizagem integral
(Conscientização, Conceitualização e
4. Liderança e autoconhecimento 4. Perigos e riscos da liderança 4. Liderança transformissional contextualização)

5. Liderança e pensamento estratégico 5. Liderança e família 5. Coaching transformissional. 5. Práticas Exemplares de Liderança

CONCLUSÕES PRELIMINARES E IDEIAS PARA SEGUIMENTO


1. A igreja pode ser revitalizada e aumentar a credibilidade e influencia na
sociedade, criando projetos pilotos para implementar o modelo missional.
2. É importante a integração entre liderança missional, igreja missional e
espiritualidade integral. Um não funciona sem ou outro.
3. Os novos paradigmas só poderão ser instalados, a partir de processos
intencionais e concretos e não somente eventos isolados.
4. É recomendável para uma nova dinâmica, a construção de três tipos de
comunidades: De aprendizagem, de fé e missional. Ver gráfico de exemplo
5. Encorajar os seminários bíblicos a criar uma grade curricular que incorpora o
estudo profundo da eclesiologia missional e liderança missional.
6. Desenhar projetos pilotos para a transição de modelos tradicionais até novos
modelos de igreja e de liderança missional.
7. Começar por criar uma biblioteca de recursos digitais e esforços de pesquisa
para contextualizar um marco conceitual e a sua operacionalização.

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BIBLIOGRAFIA (Títulos traduzidos, embora a maioria não estão disponíveis em Português)
 Barro, Jorge H. GUIA PRÁTICO MISSÃO INTEGRAL. Descoberta Editora, 1 edição Outubro 2013.

 Rodman, W. O QUE É O MOVIMENTO DA IGREJA MISSIONAL. Biblioteca Igreja Comunitária da Graça, Oklahoma

 McNeal, Reggie. RENASCIMENTO MISSIONAL. Jossey Bass Publishers. San Francisco, California

 Woodward, J.R. CRIANDO UMA CULTURA MISSIONAL. Inter Varsity Press, Illinois

 Ogne, Steve e Stetzer, Ed. COACHING TRANSFORMISSIONAL. EMPODERANDO LÍDERES NUM MINISTÉRIO CAMBIANTE. B
& H Publishing Group. Nashville, Tennessee.

 Boehme, Ron. A QUARTA ONDA. Tomando o teu lugar na nova era da missão. YWAM Publishing, Seattle Wa.

 Sudderman, Robert. ECLESIOLOGIA MISSIONAL E LIDERANÇA. Igreja Menonita de Canadá.

 Roxburgh, Alan e Romanuk, Fred. O LIDER MISSIONAL. Equipando a igreja para alcançar um mundo cambiante.

 Page, Frank. O FATOR NEEMIAS. CHAVES VITAIS PARA VIVER COMO LÍDER MISSIONAL. New Hope Publishers,
Birmingham, Alabama.

 Niemandt, Cornelius TENDÊNCIAS DA ECLESIOLOGIA MISSIONAL. Universidade de Pretoria, África do Sul.

 Nussbaum, Stan. UMA GUIA PARA O LEITOR DA MISSÃO TRANSFORMADORA. Sociedade Americana de Missiologia. Orbis
Books. Guia de estudo para os conceitos do livro clássico de David Bosch “Transforming Mission”.

COPY RIGHT. DERECHOS RESERVADOS: ARTURO MENESES VILLANUEVA arturom.brasil@gruposelah.com


Encoraja-se o estudo, feedback e a distribuição livre, somente para propósitos educativos e não comerciais; sem
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