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Archives of Veterinary Science v. 8, n. 1, p.

1-12, 2003
Printed in Brazil ISSN: 1517-784X

ENDOCRINOLOGIA REPRODUTIVA E CONTROLE DA


FERTILIDADE DA CADELA - REVISÃO
(Reproductive endocrinology and fertility control in bitches – a review)

OLIVEIRA, E.C.S.1; MARQUES JÚNIOR, A.P.2; NEVES, M.M.3

MV, Mestranda. Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária – UFMG. ecso21@uol.com.br.;


1

2
MV, Prof. Dr. Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária – UFMG. ampinho@vet.ufmg.br;
3
MV, Mestranda. Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária – UFMG. carpedie@net.em.com.br.

RESUMO – O aparelho reprodutor da cadela está sujeito a alterações periódicas que estão
diretamente relacionadas ao ciclo estral. Estabelecer critérios para a identificação desses estádios,
e do período de maior fertilidade da fêmea, é essencial para se determinar o momento ideal para
cobertura natural ou inseminação artificial. Nos últimos anos métodos de prevenção ou interrupção
da gestação têm sido descritos visando o controle populacional de cães e gatos. As medidas de
controle incluem cirurgia, terapia hormonal e, mais recentemente, controle imunológico. A
ovariohisterectomia é provavelmente o método de contracepção mais adequado para animais não
destinados à reprodução. Nos casos que envolvem a terapia hormonal como método contraceptivo,
a precaução na utilização do medicamento no período mais adequado do ciclo é importante para a
diminuição do surgimento de afecções uterinas e da glândula mamária. Diante destas observações
essa revisão tem como objetivo abordar aspectos relacionados à fisiologia e endocrinologia
reprodutiva na cadela, enfatizando o controle reprodutivo e seus efeitos colaterais.

Palavras chave: cadela, ciclo estral, endocrinologia, contracepção.

ABSTRACT – Bitch reproductive organs of undergo periodical changes during the stages of the
estrous cycle. The establishment of features of each stage of the estrous cycle, and the period of
female higher fertility, is important for the determination of the optimal days for mating or artificial
insemination. In the last decade methods of prevention or termination of pregnancy have been
proposed for population growth control of dogs and cats This includes surgery, hormonal therapy
and, more recently, immunological control. Ovaryhysterectomy is probably the best method of
contraception for bitches not intended for breeding. In cases where hormones are used as a method
for contraception, it is important to know the precise stages of the cycle to avoid possible side effects,
like uterine or mammary gland diseases. The main concerns of the present review are the reproductive
physiology and endocrinology of the bitch and the methods for contraception and possible side
effects induced by such procedure.

Key words: bitch, estrous cycle, endocrinology, contraception.

Introdução corresponde à fase folicular, estro e diestro que


representam a fase luteínica e o anestro que é
O ciclo estral do cão doméstico (Canis descrito como uma fase de quiescência
familiaris) possui características distintas das de (ETTINGER, 1992). A ocorrência de estro
outras espécies. A cadela é monocíclica com (receptividade sexual) na fase luteínica é
sua fase luteínica considerada semelhante em característico da cadela, pois este inicia-se com
indivíduos gestantes e não gestantes, o declínio do estrógeno e aumento da
apresentando além disso, período de vários progesterona associado a uma onda pré-
meses de quiescência (anestro) até o ovulatória do hormônio luteinizante (LH), não
surgimento de novo ciclo (CONCANNON et al., observado em outras espécies (CONCANNON
1989). et al., 1989).
Os estádios e suas fases funcionais Nas espécies poliéstricas, uma nova fase
correspondentes são o proestro que folicular inicia-se após o declínio de
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progesterona causado pela luteólise em Estádios do ciclo estral


associação ao aumento da liberação do
hormônio folículo estimulante (FSH) e do LH, Proestro - Clinicamente o proestro (3-21dias;
fenômeno não observado na cadela, porquanto média de 9 dias) pode ou não estar associado
a queda na concentração de progesterona não a uma descarga vaginal hemorrágica, causada
indica o início de um novo ciclo. O que se sem pela diapedese eritrocitária através do
a presença de sinais externos de atividade endométrio e ruptura capilar subepitelial.
estrogênica, embora atualmente sabe-se que Durante este período, a fêmea apresenta a
há atividade do eixo hipotalâmico-hipofisário- vulva edemaciada e hipertrofiada, a cervice
ovariano também durante esta fase dilatada, o endométrio espessado e há aumento
(CONCANNON, 1993). na atividade glandular e no crescimento dos
Nos últimos anos métodos de prevenção ductos e túbulos da glândula mamária. Estas
ou interrupção da gestação têm sido alterações são causadas pelo aumento da
descritos, visando o controle populacional de concentração de estrógeno nesta fase. A
cães e gatos. As medidas de controle incluem manifestação comportamental da fêmea
cirurgia, terapia hormonal e, mais caracteriza-se pela atração do macho, sem
recentemente, controle imunológico. A permitir a cópula (FELDMAN e NELSON, 1996).
ovariohisterectomia é provavelmente o Ainda, as fêmeas podem mostrar-se irrequietas
método de contracepção mais adequado para e desobedientes, com polidpsia e poliúria
animais que não são destinados à compensatórias (CHRISTIANSEN, 1988).
reprodução (CONCANNON, 1995), porém O principal evento hormonal durante o
trata-se de método definitivo e que pode proestro é o aumento contínuo da concentração
apresentar alguns efeitos colaterais. A de estradiol sérico, o qual é sintetizado pelas
terapêutica hormonal tem sido incorporada à células da granulosa dos folículos ovarianos em
prática veterinária; contudo há risco de efeitos desenvolvimento. O início do proestro está
colaterais, especialmente afecções uterinas. associado a concentrações de estrógeno acima
A imunização tem-se apresentado como de 25 pg/ml, atingindo o pico máximo com
método promissor de contracepção concentrações em torno de 60 a 70 pg/ml, 24 a
(FAYRER-HOSKEN et al., 2000), apesar de 48 horas antes do término do mesmo
sua eficácia ainda ser considerada limitada (FELDMAN e NELSON, 1996). Esta onda de
(CONCANNON, 1995). estrógeno dura de um a dois dias e precede o

FIGURA 1 – OVÁRIO DE CADELA COM PRESENÇA DE CORPOS LÚTEOS.

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pico pré-ovulatório do LH (VALTONEN e Estro - O início do estro (3-21 dias; média de


JALKANEN, 1993), retornando 9 dias) é identificado pela receptividade da
progressivamente às concentrações basais (15 fêmea ao macho, permitindo o coito. Autores
pg/ml) durante os próximos 5 a 20 dias têm observado que a cadela começa a exibir
(ETTINGER, 1992) (FIGURA 2). os sinais do estro, quando a concentração de
O LH é gonadotrofina liberada pela hipófise estrógeno circulante começa a declinar e a
anterior de forma pulsante, o qual estimula a progesterona sérica aumenta (OLSON e NETT,
maturação, luteinização e ovulação dos 1986; CONCANNON et al., 1989; FELDMAN e
folículos ovarianos (ALLEN, 1995). No início do NELSON, 1996). Este fato deve-se à
proestro observa-se uma série de pequenas, luteinização das células da granulosa dos
porém potentes, ondas de LH (FELDMAN e folículos maduros, que passam a produzir
NELSON, 1996), retornando à concentração progesterona levando ao aumento de sua
basal em seguida, e elevando-se em amplitude concentração no sangue. Outro evento
e frequência ao final do período, até alcançar estimulado pela queda de estrógeno e elevação
um pico em aproximadamente 48 horas antes da progesterona é o feedback positivo sobre o
da maioria das ovulações (ETTINGER, 1992). hipotálamo e hipófise, resultando na secreção
Esta onda pré-ovulatória de LH tem uma do FSH e também na onda pré-ovulatória de
duração de 24 a 72 horas (CONCANNON et LH (FELDMAN e NELSON, 1996). Na maioria
al., 1989) e é mais longa que a observada na dos ciclos esta onda pré-ovulatória de LH ocorre
maioria das outras espécies (STABENFELDT um dia antes da transição do proestro para o
e SHILLE, 1977). estro (CONCANNON et al., 1989).

FIGURA 2 – PERÍODO FÉRTIL CORRESPONDENTE AS CONCENTRAÇÕES HORMONAIS DE LH,


PROGESTERONA E ESTRÓGENO EM CADELAS.

11 75
70
10
65
9 60
8 55
50
7
45
6 40
ng /m l

pg /m l

5 P ro ge stero na (ng /m l) 35
LH (n g/m l) 30
4 E stró ge no s (p g/m l)
25
3 20

2 15

Períod o Fértil 10
1
5
0 0
-6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D ia s do c ic lo e s tra l (0 = P ic o do LH )

A progesterona é produzida pelas células da ng/ml. No momento da onda pré-ovulatória de


granulosa nos folículos maduros que sofrem LH a concentração de progesterona encontra-
luteinização sob influência do LH antes do estro se em torno de 2 a 4 ng/ml (FIGURA 2). Esta
(ALLEN, 1995). Em um trabalho envolvendo o elevação na concentração da progesterona
estudo das concentrações plasmáticas de (mínimo de 1,0 ng/ml) é considerada
estradiol e progesterona em cadelas durante o responsável pelo comportamento receptivo da
ciclo estral, observou-se que a concentração fêmea ao macho (FELDMAN e NELSON,
de progesterona começa a aumentar um dia 1996).
após o aparecimento do pico de estrógeno na Na presença do macho a cadela dirige a
fase folicular (WEILEMANN et al., 1993). As região posterior em sua direção, abaixa o dorso
concentrações circulantes de progesterona são e eleva a região pélvica, exibe a região perineal
basais (<0,5 ng/ml) até 24 a 72 horas antes do e ondula a cauda para um dos lados. A vulva
final do proestro, quando eleva-se acima de 1,0 ainda encontra-se edemaciada, mas o
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corrimento vaginal muda a coloração passando concentrações basais (ETTINGER, 1992). O


a transparente e incolor, ou amarelo palha útero responde ao aumento da concentração
(CHRISTIANSEN, 1988). O endométrio de progesterona mantendo a estrutura glandular
encontra-se menos edemaciado (ALLEN, e vascularização adequadas para a gestação.
1995). O estro continua até que a fêmea recuse A duração do diestro, baseada na função lútea,
o macho novamente. Porém, autores é similar para cadelas não gestantes e
observaram que a recusa ao macho não serve gestantes (STABENFELDT e SHILLE, 1977;
como um prognóstico porque a fêmea pode OLSON e NETT, 1986).
recusá-lo num dia e aceitar o coito no dia Os corpos lúteos (FIGURA 1) (CL) da cadela
seguinte (JOCHLE e ANDERSEN, 1977). Um gestante e não gestante são sensíveis aos
outro critério que definiria com mais precisão o efeitos luteolíticos da prostaglandina F 2α
final do estro está baseado na citologia vaginal (PGF2α), embora não tanto quanto o observado
(FELDMAN e NELSON, 1996). na maioria das outras espécies (CONCANNON,
A ovulação, que é espontânea na cadela, 1986). Estudos sobre efeitos da histerectomia
ocorre 24 a 72 horas após a onda de LH em cinco cadelas Foxhunter, demonstraram
(OLSON e NETT, 1986; ETTINGER, 1992; que o útero não influenciou na atividade lútea
FELDMAN e NELSON, 1996), entre o 2° ou 3° ovariana de cadelas não-gestantes e que não
dia do estro (TSUTSUI, 1989), 24 a 48 horas havia a presença de luteolisina uterina
após a aceitação do macho pela fêmea (HOLST (HOFFMANN et al., 1992), o que também foi
e PHEMISTER, 1971). A cadela ovula ovócitos relatado em trabalho semelhante com cadelas
primários, e a primeira divisão meiótica se Beagle (OKKENS et al., 1985). Em pesquisa
completa no oviduto dentro de três dias após a realizada com o objetivo de bloquear a
ovulação (ETTINGER, 1992; FELDMAN e produção de PGF2α em cadelas gestantes com
NELSON, 1996; BYSTED, 1999; FARSTAD, a utilização de indometacina, observou-se
2000). Altos índices de fertilidade estão prolongamento no período gestacional em 50%
associados a coberturas ocorridas entre os dias dos animais, havendo a necessidade de
zero a cinco após o pico de LH (FELDMAN e cesariana ao final do experimento. Os autores
NELSON, 1996; HOFFMAN et al., 1996). Não concluíram que a PGF2α induz a luteólise na
há confirmação de gestação proveniente de cadela gestante. Nas fêmeas não-gestantes, no
coberturas ocorridas nove a dez dias após a entanto, especula-se que o funcionamento do
onda de LH (FELDMAN e NELSON, 1996) CL estaria vinculado a um intervalo de tempo
(FIGURA 2). pré-determinado, ou ainda, que a regressão
luteal seria mediada por mecanismos
Diestro - O diestro (2–3 meses; média de 75 reguladores autócrinos e parácrinos
dias) é marcado pelo fim do período de cio, ou desconhecidos (HOFFMANN et al., 1996).
seja, a cadela não é mais receptiva ao macho
(JOCHLE e ANDERSEN, 1977; Anestro - Basicamente não há diferenças
CHRISTIANSEN, 1988; FELDMAN e NELSON, clínicas aparentes entre um animal em diestro
1996; OLSON e NETT, 1986). O edema vulvar não gestante e um em anestro. O anestro (1–6
diminui progressivamente até desaparecer; e meses; média de 125 dias) caracteriza-se, em
apenas uma quantidade limitada de corrimento termos de comportamento, pela inatividade
vaginal poderá estar presente. A cadela torna- sexual. Neste período o útero encontra-se em
se calma e a atração pelos machos logo processo de involução após os efeitos de uma
decresce (CHRISTIANSEN, 1988). O diestro é gestação ou pseudogestação. A completa
dominado pela progesterona, que atinge um involução do útero ocorre aos 120 dias no ciclo
pico máximo de 15 ng a 60 ng/ml duas a três sem gestação e aos 140 dias no ciclo com
semanas após o início deste estádio, o qual gestação, podendo explicar o longo período de
persiste por uma a duas semanas, declinando intervalo interestral em cadelas normais
gradualmente até atingir valores basais no final (FELDMAN e NELSON, 1996).
do período, enquanto os outros hormônios Durante anos o anestro foi considerado uma
encontram-se essencialmente em fase de repouso no ciclo reprodutivo da cadela,
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porém nem a hipófise nem os ovários atua no controle do desenvolvimento da


encontram-se quiescentes neste período glândula mamária (FELDMAN e NELSON,
(OLSON et al., 1982; ETTINGER, 1992). Em 1996), na estimulação da síntese de leite
estudo envolvendo os aspectos (HADLEY, 1996) e no sistema nervoso central
endocrinológicos do anestro em cadelas, foi (SNC) para induzir o comportamento materno
observado que não há liberação ou circulação (HAFEZ, 1995). Algumas cadelas devem ser
insuficiente de gonadotrofinas, e sim que a mais sensíveis a estes eventos endócrinos,
responsividade dos ovários às mesmas está resultando no aparecimento da
baixa neste período. A prolactina é considerada pseudogestação, e aquelas que desenvolvem
responsável pela baixa responsividade ovariana pseudogestação tendem a apresentá-la nos
às gonadotrofinas, bem como pela diminuição ciclos subsequente (JANSSENS, 1986;
na liberação das mesmas em outras espécies, HARVEY, 1998). Para o tratamento desta
sugerindo que este hormônio tem um papel manifestação são utilizados inibidores de
inibidor sobre o eixo hipotalâmico-hipofisário- prolactina, progestágenos e andrógenos
ovariano (JEFFCOATE, 1993). Entretanto, em (FELDMAN e NELSON, 1996).
pesquisa sobre o efeito de um agonista da
dopamina (metergolina) sobre a secreção de Citologia vaginal
prolactina em cadelas, autores observaram que
a indução do estro não foi iniciada pela A citologia vaginal é um exame laboratorial
supressão da secreção de prolactina mas, complementar de grande utilidade no auxílio do
aparentemente, por outro efeito dopaminérgico entendimento do comportamento e manejo
(OKKENS et al., 1997). reprodutivo da cadela (HOLST e PHEMISTER,
No início e meio do anestro as concentrações 1975). O epitélio vaginal é classificado
de estradiol e progesterona encontram-se histologicamente como estratificado pavimentoso,
basais, havendo elevação do estradiol no final sendo particularmente sensível às alterações
do mesmo. A concentração de FSH encontra- hormonais, em especial à ação do estrógeno
se basal no início e meio do anestro, (VANUCCI et al., 1997). O estrógeno promove o
apresentando aumento no final deste período. espessamento do epitélio, tornando as células do
O surgimento episódico de LH pode ser lúmen vaginal cada vez mais distantes do seu
detectado durante o anestro, apresentando suprimento sangüíneo e promovendo assim
maior intensidade no final do mesmo proteção à mucosa no momento da cópula. As
(ETTINGER, 1992; KOOISTRA et al., 1999). diferentes células encontradas na colpocitologia
designam distintos estágios de morte celular. Elas
Pseudogestação podem ser classificadas como: basais e para
basais, células intermediárias pequenas e
Devido a fisiologia do diestro ser semelhante grandes, células superficiais e células anucleadas
em fêmeas gestantes e não gestantes, estas (FELDMAN e NELSON, 1996).
podem apresentar um síndrome chamado de
pseudogestação (FELDMAN e NELSON, Fatores que influenciam o intervalo entre
1996). Os sinais clínicos mais comuns são estros
desenvolvimento da glândula mamária,
secreção uterina, construção de ninho, adoção A periodicidade do ciclo estral é variável e
de objetos inanimados, entre outras alterações não pode ser utilizada na determinação do
comportamentais (JOHNSTON, 1986; próximo estro na cadela. Estudos sobre a
CHRISTIANSEN, 1988). Os sintomas duração do intervalo interestral em cadelas
geralmente começam a manifestar-se seis a sugerem que sua variabilidade pode ser
oito semanas após o estro (ETTINGER, 1992) atribuída à hereditariedade, diferenças entre
sendo considerada como a fase de declínio da raças, gestação e idade (BOUCHARD et al.,
progesterona, que parece estimular a síntese 1991).
e secreção de prolactina, que é um hormônio Autores observaram que animais
luteotrófico liberado pela hipófise anterior e que gestantes apresentam um intervalo

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interestral maior (32 semanas) que os não Fisiologia e endocrinologia da gestação e


gestantes (29 semanas) (CHRISTIE e do parto
BELL, 1971; BOUCHARD et al., 1991) e
cadelas mais velhas apresentam tendência O intervalo entre uma cobertura fértil e o parto
maior em aumentar o intervalo entre estros. é de 57 a 68 dias, com média de 64 dias e o
Contudo, não parece haver diminuição na padrão hormonal neste período é similar a
média de concepção como resultado deste aquele observado durante o ciclo de animais
aumento (STABENFELDT e SHILLE, 1977). não gestantes (FELDMAN e NELSON, 1996).
A maioria das cadelas mostra um leve, Concentrações elevadas de progesterona são
porém progressivo, aumento no intervalo necessárias para a manutenção da gestação,
interestral até quatro anos de idade, pois ela é responsável pelo desenvolvimento das
enquanto cadelas mais velhas apresentam glândulas endometriais, secreção de fluidos
ciclos estrais irregulares e um período de uterinos, crescimento endometrial, manutenção
anestro longo (ANDERSEN e WOOTEN, da placenta, inibição da motilidade uterina e
1959). eliminação da resposta leucocitária no interior do
Não há influência do porte físico do animal útero. A principal fonte deste hormônio na cadela
sobre o ciclo estral (CHRISTIE e BELL, 1971; é o corpo lúteo (CL) (STEINETZ et al., 1989;
BOUCHARD et al., 1991), embora autores citem FELDMAN e NELSON, 1996).
que animais de raças de pequeno porte entram A concentração de estrógeno encontra-se
no cio a cada quatro meses, enquanto os de basal nas cinco ou seis primeiras semanas de
grande porte apresentam cio a cada oito meses gestação, aumentando ao final deste período,
(ANDERSEN E WOOTEN, 1959). Essas mas mantendo-se abaixo da concentração
observações foram confirmadas demonstrando- observada no proestro (FELDMAN e NELSON,
se que cadelas pesadas apresentavam intervalo 1996). A presença de estrógeno durante a
interestral maior que cadelas leves, e que, uma gestação contribui para a síntese de receptores
vez estabelecidos os intervalos do proestro, estro intracelulares para progesterona e promove o
e diestro no ciclo de uma raça, os mesmos desenvolvimento das glândulas mamárias
mostram-se com variações insignificantes, (CONCANNON, 1986). A concentração de FSH
enquanto o período de anestro sofre influência encontra-se elevada no terço final da gestação
do porte físico do animal (ANDERSEN e e contribui para o aumento de estrógeno neste
WOOTEN, 1959). mesmo período (CONCANNON et al., 1989).

FIGURA 3 – ÚTERO DE CADELA COM PIOMETRA.

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A concentração de prolactina começa a placenta, dilatação da cérvice e aumento da


aumentar na segunda metade da gestação e esta contratilidade uterina. Ocorre o aumento da
é considerada um hormônio luteotrófico a partir sensibilidade do miométrio à ocitocina e esta
deste período apenas (JOCHLE, 1997). O pico estimula a produção de PGF2α pelo útero. A
da prolactina ocorre no parto seguido por um ocorrência da luteólise pré-parto pode ser
declínio abrupto por dois dias enovo aumento, acompanhada pelo declínio da temperatura
quando a lactação é estabelecida (ONCLIN e retal paralelo à redução na concentração de
VERSTEGEN, 1997). progesterona. A temperatura retal tem uma
A relaxina é hormônio que induz a alterações redução em 1°C entre 12 a 24 horas antes do
nos tecidos conectivos do trato reprodutivo, parto (CONCANNON et al., 1989).
mudanças estas que são necessárias para a
manutenção da gestação e preparação ao parto. Puerpério
Sua concentração aumenta durante a metade
final da gestação e permanece durante a lactação A involução uterina pós-parto na cadela é um
por quatro a nove semanas em cadelas, o que processo lento que leva até doze semanas para
difere das outras espécies domésticas, onde há se completar As principais mudanças no
um declínio da mesma ainda antes do parto endométrio são observadas durante as primeiras
(STEINETZ et al., 1987). O estímulo para nove semanas pós-parto, onde ocorre intensa
produção de relaxina é controverso, bem como a necrose celular e do tecido conectivo com
sua fonte de liberação durante a gestação, uma expulsão como lóquio e reabsorção (JOCHLE e
vez que a relaxina não é detectada em cadelas ANDERSEN, 1977; AL BASSAM et al., 1981). As
com pseudogestação, as quais apresentam mudanças secundárias que ocorrem após a 9a
padrão hormonal semelhante às cadelas semana são menos intensas, e incluem mudança
gestantes (STEINETZ et al., 1989). A relaxina é na forma e tamanho das células epiteliais que
essencialmente produzida pela placenta na revestem o endométrio (AL BASSAM et al., 1981).
espécie canina, contudo, durante o período de
lactação, a fonte de produção de relaxina ainda é Controle da fertilidade
considerada obscura (STEINETZ et al., 1989).
Assim como há diferenças no padrão A supressão de cio nas cadelas é, muitas
endócrino das espécies, há igual diversidade vezes, um desejo do proprietário, seja pelo
na ação do feto no momento do nascimento. incômodo que suas manifestações causam, ou
Em cães não há evidências concretas em simplesmente porque não há como evitar um
sustentar a hipótese de que o feto seja o maior cruzamento indesejado e os filhotes dele
responsável pelo início do parto (LYE, 1996). advindos (VALLE e MARQUES JR, 1999).
O principal evento endócrino do parto é a Os métodos contraceptivos incluem supressão
alteração da razão estrógeno-progesterona, do proestro ou estro já iniciado, atraso temporário
devido a queda de progesterona. O declínio do estro e permanente manutenção do animal em
deste hormônio reflete no descolamento da anestro (EVANS e SUTTON 1989).

FIGURA 4 – CADELA: TUMOR DA GLÂNDULA MAMÁRIA.

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Método cirúrgico - A ovariohisterectomia é o fraca ação progesterônica e maior


método cirúrgico de escolha para a esterilização especificidade antigonadotrófica, resultando
da cadela (EVANS e SUTTON, 1989; numa menor frequência de afecções uterinas
CONCANNON, 1995;). Há vantagem adicional e da glândula mamária em relação a outras
de redução do risco de neoplasias mamárias drogas (VAN OS et al., 1981; EVANS e
se realizada antes do 1° ou 2° ciclo estral SUTTON, 1989; CONCANNON, 1995).
(CONCANNON e MEYERS-WALLEN, 1991).
A castração elimina ainda o risco de piometra Estrógeno - A ação do estrógeno depende
e pseudogestação. Porém, esta intervenção do estado fisiológico da cadela e da dose
apresenta efeitos colaterais como, incontinência administrada. As respostas fisiológicas incluem
urinária, obesidade, vulva infantil, alopecia, indução do estro, decréscimo no tamanho dos
mudança da cor e da textura dos pêlos e ovários e retardo do crescimento folicular em
abcessos na sutura, além dos riscos da animais pré-púberes (ANDERSEN e WOOTEN,
anestesia (EVANS e SUTTON, 1989). 1959). A administração de estrógeno na fase
Quando ocorrer dúvidas por parte do veterinário lútea causa hemorragia uterina e mudanças
e do proprietário na utilização deste método, deve- degenerativas no endométrio (ANDERSEN e
se considerar a possibilidade do uso do controle WOOTEN, 1959; HADLEY, 1996).
hormonal do cio. As vantagens estão na A administração de elevadas doses de
reversibilidade do processo e no seu uso só estrógeno na forma de cipionato de estradiol
quando necessário (EVANS e SUTTON, 1989). foi comumente utilizada para prevenção da
nidação em cadelas. Entretanto não é mais
Progestágenos e andrógenos - Vários recomendada por causar afecções uterinas
hormônios esteróides têm a capacidade de (CONCANNON e MEYERS-WALLEN, 1991).
suprimir a atividade ovariana cíclica em Sobre a administração de outros estrógenos,
cadelas, entre eles os esteróides naturais entre eles o dietilestilbestrol por via oral, e
progesterona e testosterona, além de uma valerato ou benzoato de estradiol, por via
variedade de esteróides sintéticos, tais como parenteral, ainda não há relatos sobre uma
acetato de medroxiprogesterona, acetato de dose eficaz e segura (CONCANNON, 1995).
megestrol, acetato de melengestrol,
proligestona e miborelone. A redução da Contraceptivos não-esteróides - Os
atividade ovariana envolve a supressão da contraceptivos não-esteróides incluem a
secreção de hormônios gonadotróficos. imunização, administração de gonadotrofinas
Contudo, a administração prolongada destes e GnRH agonistas (CONCANNON, 1995).
progestágenos tende a resultar em
hiperplasia endometrial cística e infecção Prostaglandina - Autores relatam o papel
uterina subsequente (FIGURA 3), além do luteolítico da prostaglandina F2α (PGF2α) em
desenvolvimento de tumores mamários animais gestantes e não gestantes
(CONCANNON e MEYERS-WALLEN, 1991) (CONCANNON et al., 1989) se administrada
(FIGURA 4). Estas alterações ocorrem mais repetidamente, bem como sua ação na
facilmente quando o útero e a glândula contratilidade uterina (CONCANNON, 1995).
mamária são previamente sensibilizados pelo Além de ser dose e frequência dependente, o
estrógeno. Os andrógenos podem induzir a estágio da gestação também irá influenciar na
mudanças no comportamento e a outros sua eficácia. Animais selecionados para
efeitos colaterais como hipertrofia do clítoris, tratamento com a PGF2α devem estar com
descarga vaginal e obesidade (EVANS e vinte a trinta dias de gestação. Os efeitos
SUTTON, 1989). colaterais incluem salivação, êmese, diarréia,
A proligestona, progestágeno de segunda hipotermia e letargia (CONCANNON e
geração, tem como principal característica sua MEYERS-WALLEN, 1991).

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Endocrinologia reprodutiva e controle da fertilidade da cadela - Revisão

QUADRO 1 – MÉTODOS CONTRACEPTIVOS UTILIZADOS NO CONTROLE DA FERTILIDADE NA CADELA.


MÉTODO VANTAGEM EFEITOS EFEITOS
FARMACOLÓGICOS COLATERAIS
Cirúrgico Ovariohisterectomia ✓ Redução do risco de ✓ Incontinência urinária,
(Evans e Sutton, neoplasias mamárias obesidade, vulva
1989; Concannon, (Concannon et al., infantil, alopecia,
1995) 1991); mudança da cor e
✓ Eliminação do risco textura dos pêlos
de piometra e (Evans e Sutton, 1989);
pseudogestação ✓ Referentes a cirurgia:
(Evans e Sutton, abcessos na sutura e
1989). riscos da anestesia
(Evans e Sutton, 1989);
.
Progestágenos ✓ acetato de Método reversível Redução da atividade ✓ Hipeplasia
medroxiprogesterona (Evans e Sutton, ovariana devido a endometrial cística com
; 1989). supressão da secreção conseqüente piometra,
✓ acetato de de hormônios mucometra ou
megestrol; gonadotróficos levando hemometra; tumores
✓ acetato de ao atraso temporário ou mamários (Evans e
melengestrol; permanente do estro Sutton, 1989;
✓ proligestona (Concannon et al., Concannon et al.,
1989). 1991); obesidade e
letargia
Andrógenos ✓ Miborelone Método reversível Inibição do ciclo ✓ Mudanças no
(Evans e Sutton, 1989) ovariano (Feldman & comportamento;
Nelson, 1996). hipertrofia do clitóris;
descarga vaginal;
obesidade (Evans e
Sutton, 1989).
Estrógeno ✓ Cipionato de Utilização só quando *Previne a nidação ✓ Decréscimo no
estradiol; necessário. (Concannon & Meyers- tamanho dos ovários e
✓ Dietilestilbestrol Wallen, 1991). retardo do crescimento
✓ Valerato ou folicular em animais
benzoato de pré-púberes (Andersen
estradiol & Wooten, 1959);
✓ Surgimento de
hemorragias uterinas
(Andersen e Wooten,
1959; Concannon,
1995)
✓ Anemia aplástica
irreversível.
Prostaglandina Utilização só quando ✓ Contração do ✓ Efeitos colaterais:
necessário (Evans e miométrio; salivação, êmese,
Sutton, 1989). ✓ Redução da diarréia, hipotermia e
concentração de letargia (Concannon e
progesterona Meyers-Wallen, 1991).
(Concannon & Meyers-
Wallen., 1991).
Imunológicos ✓ Imunização contra ✓ Neutraliza a Atrofia ovariana
hormônios; estimulação hormonal prematura, síndrome do
✓ Vacinas antizona gonadotrófica; ovário policístico,
pelúcida ✓ Previne a fertilização oophorite autoimune
(Concannon, 1995; (Concannon, 1995; (Fayrer-Hosken et al.,
Fayrer-Hosken et al., Fayrer-Hosken et al., 2000).
2000). 2000).
*
Cipionato de estradiol
As medidas utilizadas para minimizar efeitos efetivas, limitação da administração no período
indesejáveis da hormonioterapia incluem de anestro confirmado pela anamnese,
utilização de uma dose baseada no peso concentração de progesterona e citologia
corporal do animal e o uso de doses mínimas vaginal, preconizando-se aplicação de até dois
Archives of Veterinary Science v.8, n.1, p.1-12, 2003
10
OLIVEIRA, E.C.S. et al.

tratamentos consecutivos (CONCANNON, BYSTED, B.V. Aspects of oocyte maturation,


1995). ovulation, fertilization and early embryonic
No quadro abaixo estão expostos os development in the dog. In: REPRODUCTION hos.
métodos contraceptivos mais utilizados na Dansk Veterinaerforening for Husdyrreproduktion.
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espécie canina.
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Considerações finais São Paulo: Manole, 1988. 362 p.
CHRISTIE, D.W.; BELL, E.T. Some observations on
Durante a última década o objetivo do estudo the seasonal incidence and frequency of oestrus in
da reprodução canina tem sido o de organizar breeding bitches in Britain. Journal of Small Animal
as peças do quebra-cabeça que envolve os Practice, London, v. 12, n. 3, p. 159-167, 1971.
mecanismos reprodutivos na espécie. CONCANNON, P.W. Physiology and endocrinology
O entendimento do padrão endócrino e suas of canine pregnancy. In: MORROW, D. A (Ed.).
inter-relações, e de como a função reprodutiva Currenty theraphy in theriogenology. 2. ed.
é influenciada pelo ambiente hormonal Philadelphia: W.B.Saunders, 1986. p. 491-497.
individual, tem papel crítico no desempenho do CONCANONN, P.W. Biology of gonadotrophin
animal, pois os mesmos apresentam secretion in adult and prepubertal female dogs.
peculiaridades que não são observadas em Journal of Reproduction and Fertility, Cambridge,
outras espécies domésticas. suppl. 47, p. 3-27, 1993.
Apesar de toda pesquisa realizada
CONCANNON, P.W. Contraception in the dog.
envolvendo o controle endócrino da função Veterinary Annual, Bristol, v. 35, p. 177-187, 1995.
gonadal na cadela, a fase lútea ainda não é bem
compreendida, havendo necessidade de mais CONCANNON, P.W.; McCANN, J.P.; TEMPLE, M.
estudos para determinar que mecanismos e Biology and endocrinology of ovulation, pregnacy
and parturiation in the dog. Journal of
eventos controlam a transição do diestro para
Reproduction and Fertility, Cambridge, suppl. 39,
o anestro e deste para o proestro. p. 3-25, 1989.
Muitas dúvidas necessitam ser esclarecidas
no contexto da reprodução canina, CONCANNON, P.W.; MEYERS-WALLEN, V.N.
principalmente aquelas relacionadas à Current and proposed methods for contraception
and termination of pregnancy in dog and cats.
endocrinologia. O conhecimento de aspectos
Journal of American Veterinary Medical
reprodutivos básicos é imprescindível para o Association, Schaumburg, v. 198, n. 7, p. 1214-
suporte à clínica e às biotécnicas reprodutivas, 1225, 1991.
ainda limitadas na cadela.
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Recebido: 20/09/2002
Aprovado: 02/06/2003

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