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TRIBUTÁRIA
Eduardo Zaffari
Obrigação tributária (fato
gerador): sujeito passivo,
ativo e solidariedade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A relação jurídico-tributária é diferenciada de outras áreas do direito,
pois seus caracteres estão revestidos da estrita legalidade típica do ramo
específico do direito tributário. A obrigação tributária, como principal ou
acessória, embora busque elementos em outras áreas de direito, pode ser
definida a partir do direito tributário com seus elementos característicos.
Os sujeitos passivo e ativo da relação jurídico-tributária têm deveres
e direitos, os quais se contrapõem, em sua grande maioria. As garantias
que o sujeito passivo tem, constitucionalmente prescritas, são formas de
frear a voracidade fiscal que muitas vezes se apresenta. A solidariedade,
no direito privado, tem características próprias, pouco exploradas pela
maioria dos doutrinadores. Você aprenderá, neste capítulo, sobre as
características da solidariedade e as suas consequências.
2 Obrigação tributária (fato gerador): sujeito passivo, ativo e solidariedade
O CTN, no art. 114, prescreve que o “fato gerador da obrigação principal é a situação
definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência” (BRASIL, 1966, documento
on-line), demonstrando que apenas haverá a obrigação de pagar quando o fato em
que incide o tributo esteja previsto em lei.
(BRASIL, 1988). Esses direitos são garantias dos contribuintes que repre-
sentam a defesa de direitos individuais elencados na Carta Magna, como,
por exemplo, a impossibilidade de tributar livros e templos, o que preserva
o direito fundamental à educação e à liberdade religiosa. Igualmente servem
como preservação da forma federativa de Estado, posto que não se permite a
distinção entre entes federativos (PAULSEN, 2017). Por essa razão, consideram-
-se cláusulas pétreas as garantias do sujeito passivo constantes nas limitações
ao poder de tributar.
As cláusulas pétreas vêm prescritas no art. 60, § 4º, da Constituição Federal de 1988
(BRASIL, 1988), e representam cláusulas de dureza, em que algumas matérias sequer
podem ser objeto de iniciativa de discussão legislativa para a alteração da Constituição.
São matérias que jamais se poderão alterar nesta Constituição: “I — a forma federativa
de Estado; II — o voto direto, secreto, universal e periódico; III — a separação dos
Poderes; IV — os direitos e garantias individuais” (BRASIL, 1988, documento on-line).
Misabel Abreu Machado Derzi é considerada uma das maiores juristas do país na
área tributária. Sua extensa obra e histórico, como Procuradora-Geral aposentada
do Estado de Minas Gerais e professora da Universidade Federal de Minas Gerais, e
participação nas mais importantes associações nacionais e internacionais de direito
fiscal e tributário lhe habilitaram a ser escolhida como comentadora da obra de Aliomar
Baleeiro, intitulada Direito tributário brasileiro.