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Nome: Romario Allef Ribeiro Silva

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O ENSINO DE FLAUTA TRANSVERSAL NOS


CONSERVATÓRIOS ESTADUAIS DE MÚSICA DE
MINAS GERAIS A PARTIR DO OLHAR DOS SEUS
PROFESSORES

Linha de pesquisa: Educação musical

RESUMO

Os conservatórios estaduais de Minas Gerais, desde que surgiram na década de 50,


desempenham um importante papel na formação, produção e na difusão das artes, sobre tudo
da música. Essas instituições, que estão localizadas em quase todas as regiões do estado,
oferecem cursos técnicos voltadas para o ensino de diversos instrumentos, entre ele, a flauta
transversal. Esta pesquisa pretende identificar quais são as estratégias pedagógicas adotadas
pelos professores dos conservatórios mineiros para o ensino da flauta transversal, com esse
objetivo o trabalho contará com duas abordagens metodológicas. A primeira de cunho
quantitativo, tendo como instrumento de coleta de dados a aplicação de questionários para os
professores de flauta e para os seus alunos. E a segunda, será uma abordagem qualitativa onde
serão aplicadas entrevistas semi-estruturadas com professores e entrevistas estruturadas com
alunos, também será realizada a análise dos textos pedagógicos elaboradas e utilizadas pelos
professores. A partir dos dados que serão coletados nesse trabalho espera-se que surjam novos
trabalhos dedicados ao tema e que as práticas pedagógicas adotadas pelos professores de flauta
que serão identificados e descritos nessa pesquisa também possa servir como referência para
outros professores.

Belo Horizonte- MG
2020
INTRODUÇÃO

O estado de Minas Gerais possui doze conservatórios em sua rede de


ensino e se destaca no cenário nacional por ser o único estado que integra o
ensino de música na rede pública de ensino atendendo aproximadamente 30 mil
alunos, desses aproximadamente 11 mil atendidos diretamente pelos
Conservatórios e os outros 19 mil através de convênios e projetos realizados em
escolas regulares (SEE/MG, 2015).

De acordo com Pimentel (2015) mesmo com uma grande defasagem de


tempo a criação e implantação dos Conservatórios Estaduais de Música (CEM)
foram inspirados na didática e nos valores estéticos dos conservatórios
franceses do século XIX e começaram a ser instalados a partir da década de
1950 em Minas Gerais através da Lei nº 811, de 13 de dezembro de 1951
promulgada pelo então governador Juscelino de Oliveira Kubitschek.

Nesse primeiro momento foram criados dezesseis conservatórios, porém


por questões burocráticas somente cinco deles iniciaram efetivamente as suas
atividades nesse período. Ao todo o estado de Minas Gerais chegou a criar em
lei, vinte e dois conservatórios, mas apenas doze deles entraram em atividade e
esses continuam em pleno funcionamento como órgãos estaduais
(GONÇALVES, 1993). No quadro abaixo apresentamos esses conservatórios
organizados a partir do ano de suas respectivas criações ou de sua integração
à rede de ensino estadual, como o caso do CEM de Uberaba:

Quadro 1: Conservatórios Estaduais de Música de Minas Gerais


CEM Cidade Região Ano de
fundação
CEM Pe. José Maria Xavier São João Del-Rei Sudeste 1953
CEM Prof. Theodolindo José Visconde do Rio Zona da Mata 1953
Soares Branco
CEM JK de Oliveira Pouso Alegre Sul 1954
CEM Haidée França Americano Juiz de Fora Zona da Mata 1955
CEM Lia Salgado Leopoldina Zona da Mata 1956
CEM Renato Frateschi Uberlândia Triângulo Mineiro 1957
CEM Lorenzo Fernandes Montes Claros Norte 1961
CEM Renato Frateschi Uberaba Triângulo Mineiro 1967 (1949)
CEM Dr. José Zóccoli de Andrade Ituiutaba Triângulo Mineiro 1967
CEM Lobo de Mesquita Diamantina Central 1971
CEM Maestro Marciliano Braga Varginha Sul 1984
CEM Raul Belém Araguari Triângulo Mineiro 1985
Essas escolas especializadas já apresentavam no ato de criação o
propósito de servir como polos regionais de difusão de cultura, manifestações
artísticas e música, e por essa razão, tais instituições foram instaladas em
cidades consideradas pelo Estado como detentoras de fortes tradições culturais
(Gonçalves, 1993). Gonçalves (1993) também apresenta como objetivo da
criação dos CEM a necessidades de atender o mercado que buscava por
professores de música, instrumentistas e cantores, assim desde o início essas
instituições já ofereciam cursos técnicos profissionalizantes.

De acordo com Neves (2019), todos os CEM possuíam autonomia na


gestão administrativa e na definição dos programas de ensino que eram regidos
e administrados por legislações próprias, mas na maioria deles tais documentos
foram diretamente influenciados pelos conteúdos programáticos ministrados no
Conservatório Mineiro de Música, no Conservatório Brasileiro de Música do Rio
de Janeiro e no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.

Essa forma de gestão foi alterada em 2015 com a Resolução número 718
que unificou os programas de ensino, definindo quais as matérias que deveriam
ser ofertadas. Essa resolução também criou uma legislação geral para todos os
conservatórios integrando-os à rede de escolas públicas estaduais e
centralizado as decisões administrativas e burocráticas na Secretária Estadual
de Educação (PIMENTEL, 2015).

A nova regulamentação não definiu estritamente uma metodologia


padrão para o ensino e nem quais as disciplinas devem ser ofertadas em todos
os conservatórios, procurou manter a autônima da direção de cada CEM na
gestão desse aspecto, contando que atendessem os mesmos objetivos de
quando foram fundados e, portanto, continuam funcionando como instituições
voltadas para a difusão cultural, para educação musical e para formação
profissional de músicos em nível técnico, mas agora respondendo às diretrizes
gerais definidas na nova legislação (PIMENTEL, 2015).

Todos os conservatórios ofertam, nos cursos técnicos (ensino médio) e


básicos (ensino fundamental) vagas para flauta transversal (PIMENTEL, 2015).
No curso básico as aulas são realizadas uma vez por semana em turmas de até
quatro alunos já no curso técnico as aulas são obrigatoriamente individuais e a
carga horaria é de duas aulas por semana.

Considerando a autonomia dos professores na condução metodológica e


também as possíveis variáveis decorrente da localização de cada um dos
conservatórios, surge a questão: Como os professores dos Conservatórios
estaduais de Minas Gerais ensinam flauta transversal para os seus alunos?

Para responder essa questão pretende-se realizar uma análise dos


processos de ensino e aprendizagem entre os professores e os alunos dos
conservatórios através de um estudo comparativo e inclusivo em relação às
referências pedagógicas e científicas recentes na área, tendo como referência
metodológica o modelo processo-produto com o foco na perspectiva dos
professores, isso é, incorporando à pesquisa os seus saberes específicos,
dificuldades e as preocupações desses agentes, como é defendido por Del Ben
(2001). Tal modelo tem como objetivo definir as relações existentes entre as
ações dos professores em sala de aula e a maneira como os alunos respondem
à essas ações, isto é, entre os processos de ensino e os produtos da
aprendizagem.

Com esse fim, será realizado analises dos planos políticos pedagógicos
(PPP) e dos planos de ensino de cada conservatório, também serão aplicados
questionários e entrevistas semi-estruturadas com um professor de flauta e ao
menos três alunos de todas essas instituições. Assim, buscaremos captar os
dados que possam ser observáveis e quantificáveis dentro da relação entre os
professores e o processo de aprendizagem dos seus alunos, esses dados serão
tabulados em forma de tabelas que poderão ser analisadas e comparadas.

É importante destacar que a comparação que será realizada nesse


trabalho não é uma finalidade, mas um meio. Não é o nosso objetivo estabelecer
uma classificação, ou uma hierarquização, mas sim identificar e buscar sentido
para as diferenças e similaridades das práticas pedagógicas adotas pelos
professores de flauta.

A partir desse trabalho espera-se ressaltar e compartilhar as práticas


relevantes adotadas pelos professores ao ensinar a performance da flauta bem
como descrever o perfil dos alunos de flauta transversal dos conservatórios de
Minas Gerais. Conhecer a avaliação dos alunos do CEM sobre os cursos básico
e técnico de flauta.

JUSTIFICATIVA

Os conservatórios mineiros, além de absorver um considerável número


de profissionais da música para que atuem com educação musical, funcionam
com verdadeiros polos de difusão cultural regional e desempenham um
importante papel na formação musical do estado (PIMENTEL, 2015), portanto,
ao considerar a vasta importância dessas escolas especializadas entendemos
que existe uma grande demanda para a produção de trabalhos acadêmicos que
abordem estes ambientes em todos os seus aspectos, o que até então é algo
muito escasso.

Entre a bibliografia produzida a respeito dos conservatórios percebemos


uma tendência na elaboração de trabalhos dedicados a aspectos ou atividades
específicas dessas instituições de forma individual, são poucas as pesquisas
onde os conservatórios são estudados como uma unidade ou em comparação
com os outros conservatórios estaduais.

E é isso que se almeja com esta pesquisa, uma análise dos processos
pedagógicos de professores de flauta em todos os conservatórios do estado,
para assim, identificar, comparar e divulgar as estratégias pedagógicas adotadas
por esses professores além de apresentar as especificidades de cada um dos
CEM, tendo como base a identificação do perfil dos alunos de flauta que são
atendidos.

Como ex-aluno do CEM Lorenzo Fernandez em Montes Claros, e atual


professor de flauta no CEM Lobo de Mesquita em Diamantina experimentei
diferentes abordagens no ensino dos mesmos aspectos técnicos desse
instrumento. Essa experiencia empírica é motivação para acreditar que também
existirá diferenças entre os outros conservatórios e através dessa pesquisa
poderemos identificar quais são essas diferenças.

A partir dos dados que serão coletados nesse trabalho espera-se que
surjam novos trabalhos dedicados ao tema e que as práticas pedagógicas
adotadas pelos professores de flauta que serão identificados e descritos nessa
pesquisa também possa servir como referência para outros professores.

OBJETIVO GERAL

• Identificar quais são as estratégias pedagógicas adotadas pelos


professores dos conservatórios mineiros para o ensino da flauta
transversal.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Descrever as práticas adotadas pelos professores ao ensinarem a


performance da flauta;
• Conhecer o perfil socio demográfico dos professores de flauta transversal
dos conservatórios de Minas Gerais;
• Identificar como os alunos respondem às estratégias pedagógicas
atotadas pelos professores de flauta dos conservatórios mineiros.

METODOLOGIA

O presente trabalho consistirá em uma pesquisa descritiva que contará


com pesquisas bibliográfica e documental e uma abordagem metodológicas
quanti-qualitativa. No âmbito da pesquisa quantitativo, é apresentado como
instrumento de coleta de dados a aplicação de questionários socio demográficos
para todos os professores de flauta dos conservatórios mineiros. Todos os dados
coletados serão tabulados em forma de tabelas o que permitirá a análise e
comparação destes.
Enquanto abordagem qualitativa serão realizadas entrevistas semi-
estruturadas com ao menos um professor de cada instituição e com três dos
seus alunos, também será realizada a apreciados os Plano Político Pedagógico
(PPP) e dos textos pedagógicos (Planos de ensino) elaboradas e utilizadas pelos
professores.

Na pesquisa bibliográfica destacamos algumas obras que influenciam a


elaboração desse trabalho. O primeiro é a tese do professor Sartor (2016) na
qual é realizada uma análise da pedagogia da performance ou performance da
pedagogia (termo preterido pelo autor) adotada pelos professores de flauta dos
quatro programas de mestrados no Brasil, cuja a linha de pesquisa em
Performance contempla esse instrumento. Em sua pesquisa, a partir de estudos
de caso múltiplos, o autor descreve e compara as estratégias didáticas utilizadas
por esses professores para tratar sobre aspectos técnicos específicos, entre
eles: postura, respiração, vibrato, sonoridade, técnica digital e a performance em
si.

Outras referências são a pesquisa de Pimentel (2015) que identificou a


inserção profissional dos egressos dos conservatórios, e a dissertação de Neves
(2019) que investigou a relação existente entre a formação e a atuação dos
professores de piano dos conservatórios mineiros. Na metodologia utilizada
pelos trabalhos, temos em comum a utilização da tecnologia para a coleta dos
dados, considerando a distância existente entre os doze conservatórios que
estão distribuídos por quase todas as regiões do estado, a coleta dos dados in
loco seria impraticável dentro do período determinado para a realização da
dissertação.

No que tange a história da implantação e a concepção pedagógica


musical dos conservatórios, a principal referência é o trabalho da Lilia Neves
Gonçalves publicado em 1993. Porém, a resolução 718 de agosto de 2005
redefiniu as diretrizes para os currículos dessas instituições e diante disso, a
analise dessa resolução e de trabalhos posteriores a ela que analisaram a
implantação e os impactos dessa mudança também serão consideradas para a
análise do cenário atual.
Por último, utilizaremos a pesquisa da professora Luciana Del Ben (2001)
cujo a maior contribuição a este trabalho está na sistematização do método de
analise dos processos de ensino e de aprendizagem focando a investigação na
perspectiva dos professores a partir de um aprimoramento do modelo processo-
produto, método amplamente utilizado em pesquisas da área da educação
(RAINBOW e FROELICH, 1987; TAEBEL, 1992; YARBROUGH, 1995 apud DEL
BEN, 2001) e que com a adaptação apresentada por Brsesler apud Del Ben
(2001) possibilita a sua aplicação em pesquisas como a nosso onde o objetivo é
identificar quais são e os efeitos das estratégias pedagógicas adotadas pelos
professores.

CRONOGRAMA

ATIVIDADE 2020 2021 2022


N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J
Pesquisa bibliográfica e X X X X X
documental

Aplicação de questionário X X
Realização de entrevistas X X

Analise e tabulação dos dados X X X

Preparo do primeiro capitulo X X X X

Qualificação X

Preparo da dissertação X X X X X X
Defesa da dissertação X

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEL BEN, Luciana Marta. Concepções e ações de educação musical escolar: três estudos
de caso. Tese (Doutorado em Música) Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2001.

GONÇALVES, Lilia Neves. Educar pela Música: um estudo sobre a criação e as concepções
pedagógicas musicais dos Conservatórios Estaduais Mineiros na década de 50. Porto Alegre:
UFRGS, 1993. 187f. Dissertação (Mestrado em Música) - Programa de pós-Graduação em
Música, Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1993.
MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. Resolução
nº718, de 18 de novembro de 2005b. Dispõe sobre a organização e funcionamento do ensino
de música nos Conservatórios Estaduais de Música e das outras providências, Belo Horizonte,
2005.

NEVES, Maria Teresa de Souza. O ensino de piano nos Conservatórios Estaduais de Música de Minas
Gerais a partir do olhar de seus professores. Belo Horizonte. UFMG. 2019. Dissertação (Mestrado em
Música) - Programa de Pós-Graduação em Música, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2019

PIMENTEL, Maria Odília de Quadros. Traços de Percursos de Inserção Profissional: Um


Estudo sobre Egressos dos Conservatórios Estaduais de Música de Minas Gerais. Porto Alegre:
UFRGS, 2015. 185f. Dissertação (Mestrado em Música) - Programa de Pós-Graduação em
Música, Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015.

SARTOR, João Batista. Performance da pedagogia da flauta pelos professores dos PPGs
em música do Brasil. Tese (Doutorado em Música) - Programa de pós-Graduação em Música,
Centro de Letras e Artes da UNIRIO, Rio de Janeiro, 2016.

SEE/MG - Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Minas Gerais é pioneira na


formação em música pela rede pública de ensino básico. 2015. Disponível em:
<http://www2.educacao.mg.gov.br/2016-08-09-14-43-45/2018-07-10-17-35-
54/story/6864-minas-gerais-e-pioneira-na-formacao-em-musica-pela-rede-publica-de-
ensino-basico> Acesso em 10 de mar. 2020.

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