A psicomotricidade surgiu como um meio de combater a inadaptação psicomotora, e
também como um alicerce sensório-perceptivo-motor indispensável na contribuição do processo de educação e reeducação psicomotoras. Chaves, (2005) ressalta a importância do caráter preventivo, quanto às atividades psicomotoras desenvolvidas na pré-escola, para diminuir o fracasso escolar. A Primeira Infância, fase do desenvolvimento que compreende entre 0 e 6 anos de idade, tem sido cada vez mais discutida e abordada por especialistas de diferentes áreas como psicólogos, sociólogos, e entre outros que entraram num amplo consenso quanto ao desenvolvimento da primeira infância.
DESENVOLVIMENTO
É muito importante que a educação psicomotora se inicie na educação primaria, pois
ela condiciona as crianças a tomar consciência do seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, dominar o tempo e adquirir habilidades de coordenação de seus gestos e movimentos e desenvolve a inteligência. A autonomia, a socialização, a capacidade de construir o mundo, explorando-o, são ao mesmo tempo aspectos de uma nova imagem da primeiríssima infância e objetivos educativos, necessidades a serem respeitadas e satisfeitas, e competências a serem favorecidas e incentivadas (BONDIOLI e MANTOVANI, 1998, p. 29). O desenvolvimento neste período depende das oportunidades que lhes forem oferecidas, aonde o indivíduo vai se constituindo como ser humano, portanto, é imprescindível valorizar todos os estímulos possíveis, inclusive o motor para que as crianças construam tais habilidades desde os primeiros meses de vida e que serão fundamentais para um crescimento saudável. Essa visão é percebida quando Gallahue (2003) afirma que o “desenvolvimento motor é a contínua alteração no comportamento ao longo do ciclo da vida, realizado pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente”. O ato motor já se faz presente na criança desde o instante em que ela nasce e à medida que ela vai crescendo, vai desenvolvendo cada vez mais tais movimentos. Assim, devem-se oferecer atividades de estimulação para os bebês o mais cedo possível, preferencialmente desde o nascimento para que os mesmos cresçam conhecendo e explorando seu corpo, adquirindo controle sobre ele e interagindo com o mundo a sua volta. “As experiências de crianças em seus primeiros anos de vida lançam as fundações para a aprendizagem subsequente” (UNESCO, 2007, p. 12). Para que a criança desenvolva adequadamente todas as tarefas escolares, primeiramente ela deve estar com todos os requisitos para a alfabetização amadurecidos, que segundo Bueno (1998), são os seguintes: Coordenação dinâmica global: é o controle dos movimentos amplos do próprio corpo; Coordenação motora fina: é o controle dos pequenos músculos para exercícios refinados; Tonicidade e postura: possibilidade de canalizar a energia tonica necessária para realizar os gestos, prolongar uma ação ou levar o corpo a uma posição determinada; Equilíbrio: é a noção de distribuição do peso em relação ao eixo da gravidade; Esquema corporal: é a consciência e a representação que se tem do próprio corpo; Lateralidade: é a capacidade motora de percepção dos dois lados do corpo; Relaxamento: é uma forma de atividade psicomotora na qual se objetiva a redução de tensões; Percepção: é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos; Organização espacial: é a tomada de consciência da posição das coisas entre si; Organização temporal: é o tempo ligado ao espaço; Ritmo: sucessão de movimentos diferentes, dentro do tempo; Estruturação espaço-temporal: é a capacidade de avaliar tempo e espaço, interagindo a real e convencionalmente numa sucessão e em grandeza espacial. Segundo Negrine (1995, p. 20) um dos argumentos que justificam a educação psicomotora na educação básica durante a fase pré-escolar é a evidência sobre seu papel na prevenção das dificuldades de aprendizagem. Pois, é durante esse período que a personalidade de cada indivíduo vai sendo moldada. É o momento em que a criança constrói os principais instrumentos internos de que servirá primeiramente de maneira inconsciente e depois conscientemente para interagir-se com a sua realidade externa. A primeira infância dentro do contexto escolar está implicada no olhar diferenciado e único que lhe é conferido e este tem sido um grande instrumento no sentido de atender as particularidades do aluno que tão logo surgem nos primeiros anos da infância. O professor e outros adultos que convivem com a criança certamente serão os mediadores de suas relações que beneficiarão ou não o seu crescimento sadio. O adulto tem um papel comprometedor e precisa ter clareza sobre como intervir no seu processo de desenvolvimento de modo a contribuir com o mesmo. De nada adianta aplicar programas e tarefas se estas não tiverem em sintonia com a criança. A motivação, as fases do desenvolvimento e o engajamento do adulto precisam estar integrados, tornando o programa eficaz, privilegiando a criança como um ser ativo em nosso mundo. Um agente transformador da nossa sociedade. No contexto infantil a atuação do professor num primeiro momento está vinculada no envolvimento afetivo com a criança pequena, onde esta precisa se sentir confiante e acolhida. Partindo deste vínculo é que posteriormente as propostas pedagógicas transcorrerão normalmente sem imposições. A criança sem se dar conta participa de todos os momentos da rotina e logo percebe estar inserida no grupo. O olhar diferenciado e a confiança transmitida pelo educador são essenciais para o desenvolvimento e segurança da criança. Outro fator que não pode ser desconsiderado diz respeito aos demais indivíduos que se relacionam com a criança, tanto adultos quanto os próprios colegas, pois é através do outro que ela aprenderá a interpretar o mundo em que vive tanto a parte física, como social e cultural na qual está inserida. Legando as instituições de ensino que lidam com crianças de 0 a 6 anos e, especialmente de 0 a 3 anos uma enorme responsabilidade. Os encaminhamentos propostos devem levar em conta as necessidades específicas deste sujeito, “percebendo que seu acolhimento constitui parte substantiva das ações a serem encaminhadas e que nelas se inclui o desenvolvimento das práticas pedagógicas” (CAMARGO, 2005, p. 12). O desenvolvimento da criança está inter-relacionado ao movimento corporal, sendo este um elemento fundamental para o desenvolvimento infantil pleno. O movimento não pode reduzir-se a uma única disciplina, fragmentando as atividades escolares, pois é preciso considerar a criança como sujeito constituído por múltiplas dimensões: cognitivo, social e afetivo. Conforme Negrine (2002, p. 23): na Educação Infantil, os professores que são preparados para atuar neste âmbito precisam realizar tarefas e funções múltiplas. Em outras palavras, cabe a eles proporcionar experiências variadas às crianças: informativas, recreativas, motoras, musicais, plásticas, etc. A lógica é formar um professor unidocente que dê conta de tudo e de todos. Desta forma, o pedagogo pode sim desenvolver nas crianças as habilidades motoras, além das demais práticas que costumam ser desenvolvidas. Elas precisam correr, pular, saltar, rolar, subir, descer, engatinhar, tocar e ser tocada. E acima de tudo, conhecer o próprio corpo e as possibilidades de vivências que ele oferece. “Ao movimentarem-se as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significado de gestos e posturas corporais” (BRASIL, 1998, p. 15).
CONCLUSÃO
Assim, através da interação com o meio, a criança descobre, inventa, resiste,
pergunta, argumenta e socializa-se. O que exige um bom acompanhamento daqueles que estão presentes nessa construção simbólica (pais, professores, etc.) e no seu desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo. Portanto, quanto mais o professor incentivar o movimento, maior será o aprendizado de cada um sobre si mesmo e o desenvolvimento da capacidade de expressão. Além disso, os espaços devem ser desafiadores, contendo diversos obstáculos e materiais e ao mesmo tempo, devem oferecer segurança à criança, para que se sinta encorajada a explorá-los. E isto deve ser feito desde a mais tenra idade. Ao mencionarmos o termo comprometimento, logo vem em mente outro significado que é compromisso. Estas duas palavras certamente estão incluídas no vocabulário dos profissionais da educação preocupados que lidam diariamente com crianças pequenas, ou mais especificamente, na Educação Infantil. Assim, a atuação do professor está no comprometimento com a criança em todos os seus aspectos para que ela cresça feliz consigo e os demais indivíduos. Para isto o relacionamento entre ambos deve se estabelecer de forma positiva onde um depende do outro e um aprende com o outro, pois a aprendizagem é uma troca que transforma e acrescenta suas vidas. Através das experiências, as crianças se desenvolvem, e quando o ambiente não favorece a estimulação adequada, o desenvolvimento torna-se limitado.
REFERÊNCIA
NEIS, Gabriela; BOCCARDI GOERL, Daniela. Percepção do pedagogo sobre a importância
do desenvolvimento psicomotor na primeira infância. 2010. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd140/desenvolvimento-psicomotor-na-primeira-infancia.htm>. Acesso em: 26 jul. 2018.
ROSSI, Franciele Santos. Considerações sobre a Psicomotricidade na Educação Infantil.
2012. 18 f. texto acadêmico (Especialização em Psicopedagogia Institucional)- Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, Minas Gerais, 2012. Disponível em: <http://site.ufvjm.edu.br/revistamultidisciplinar/files/2011/09/Considera %C3%A7%C3%B5es-sobre-a-Psicomotricidade-na-Educa%C3%A7%C3%A3o- Infantil.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2018. FACULDADE DE CASA BRANCA - FACAB
KELLY CRISTINA DA CUNHA VIANA
NEUROPSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLÍNICA
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JAQUELINE SOUZA EDUCAÇÃO PSICOMOTORA E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM