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Exmo. Sr. Dr.

Juiz de Direito da ____ Vara da Fazenda Pública


Estadual da Comarca de Juiz de Fora - MG

CÉSAR xxxx, brasileiro, casado, agente social, residente


e domiciliado na Rua Paulo Affonso Tristão, nº. xxxx, Apt. xxx, Vivendas
da Serra, Juiz de Fora-MG, CEP 36.047-230, portador da Carteira de
Identidade número MG xxxx SSP/MG, inscrito no CPF-MF sob o número
xxx, por seu advogado, instrumento de mandato anexo, com escritório
profissional na Rua Halfeld, nº. xxx, Centro, Juiz de Fora-MG, vem à
presença de Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO ORDINÁRIA COM PRECEITO DECLARATÓRIO


C/C COBRANÇA

em desfavor do ESTADO DE MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito


público, que poderá ser citado na Advocacia Geral do Estado, com sede na
Rua Espírito Santo, nº 495, Centro, CEP 30160-030, Belo Horizonte-MG,
tel.: (31) 3218-0700 pelos motivos de fato e de direito que passa a expor

DOS FATOS

O autor foi servidor público estadual contratado,


exercendo o cargo de Agente de Segurança Socioeducativo, desde agosto
de 2009 até julho de 2017, lotado no Centro Socioeducativo de Juiz de
Fora, tendo trabalhado em escalas de 12(doze) horas por 36 (trinta e seis),
com 2 (duas) folgas mensais. Ocorre que, desempenhando a referida
função, em cumprimento de ordens de seus superiores, prestou serviços em
período noturno, sem receber, a título de remuneração, adicional noturno,
previsto na Lei Estadual 10.745/92.

Sendo assim, pelos motivos de direito que passará a


expor, entende o autor que faz jus ao referido adicional, com reflexos nos
períodos de férias, no décimo terceiro e nas demais verbas de caráter
salarial, necessitando, para tanto, da prestação jurisdicional a fim de que
lhe seja pago, de forma retroativa, desde o seu ingresso no serviço público
no desempenho da referida função.

DO DIREITO

DA PREVISÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL


DO ADICIONAL NOTURNO

Conforme reza o inciso IX, do art. 7º, da CR/88, é


direito dos trabalhadores a “remuneração do trabalho noturno superior à
do diurno”. Esta norma, por força do disposto no §3º, do art. 39, da CR/88,
se estende também aos servidores públicos a qualquer título (mesmo aos
contratados). Tem-se, ainda, alicerçado no § 1º, do art. 5º, da Lex Mater,
que o adicional noturno por estar previsto em norma definidora de direito
fundamental, tem aplicabilidade imediata, daí tratando-se de direito
irrefutável.
Além da previsão constitucional, o adicional noturno
tem previsão legal no ordenamento infraconstitucional mineiro,
especificamente no art. 12, da Lei Estadual nº. 10.745/92, in litteris:

O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre às 22


(vinte e duas) horas de um dia e às 05 (cinco) horas do dia
seguinte, será remunerado com o valor-hora normal de trabalho
acrescido de 20% (vinte por cento), nos termos de regulamento.

Nessa toada, é patente o direito dos agentes, que


atuem no Estado de Minas Gerais, receberem mencionado adicional, no
importe de 20% sobre o valor-hora normal de trabalho, quando exercerem
atividades no período noturno, como ocorre no presente caso.

POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL
SOBRE A QUESTÃO

Nesse sentido, vem decidindo o Tribunal de Justiça de


Minas Gerais, de cuja jurisprudência se colaciona:
EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO DE COBRANÇA.
ADICIONAL NOTURNO. AGENTE DE SEGURANÇA
PENITENCIÁRIO. LEI 10.745/92. AUTO APLICABILIDADE.
ADICIONAL LOCAL DE TRABALHO. LEI ESTADUAL
11.717/94. DECRETO 45.870/2011. O artigo 7º, IX, da Constituição
Federal, aplicável aos servidores públicos estatutários por força do
artigo 39, § 3º, também da Carta Constitucional, assegura a
remuneração do trabalho noturno superior ao diurno. Comprovado
o exercício da função no horário compreendido entre 22:00 horas e
05:00 horas do dia seguinte, resta devido o adicional noturno à
autora, na condição de servidora contratada ocupante de cargo de
Agente de Segurança Penitenciário. Outrossim, constatado que a
autora labora em estabelecimento penitenciário de grande porte,
possui direito ao adicional de local de trabalho, no percentual de 75%
sobre o vencimento básico, independentemente de seu vínculo não ser
efetivo, conforme Lei Estadual nº 11.717/94 e Decreto nº
45.870/2011.
(TJMG - Ap Cível/Reex Necessário  1.0702.11.042823-3/001,
Relator(a): Des.(a) Armando Freire , 1ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 16/07/2013, publicação da súmula em 24/07/2013)
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EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO - ADICIONAL NOTURNO -


AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO - BENEFÍCIO
PREVISTO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA -
REGULAMENTAÇÃO PELA LEI ESTADUAL Nº 10.745/92 -
AUTO-APLICABILIDADE - COMPENSAÇÃO DE HORAS -
AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL - JUROS DE MORA -
APLICAÇÃO DE LEI Nº. 11.960/09 - HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS - DIMINUIÇÃO - NÃO CABIMENTO -
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA - INOCORRÊNCIA - SENTENÇA
MANTIDA - RECURSO PREJUDICADO. 1 - Os agentes
penitenciários que trabalham sob regime de plantão noturno, devem
receber o respectivo adicional em razão do trabalho prestado após
as 22 horas, conforme previsão constitucional e legal (artigos 7º, IX,
e 39, CR/88; artigo 12 da Lei nº 10.745/92). 2 - Demonstrado que o
servidor labora nas condições especiais previstas na legislação
aplicável, o Estado de Minas Gerais deve pagar o adicional noturno,
enquanto perdurar a prestação do serviço no horário diferenciado. 3-
As folgas entre os turnos de revesamento são concedidas no intuito de
mitigar a extensão da jornada, próprio do sistema de trabalho em
plantões, previsto em lei, mas não impedem o pagamento do adicional
noturno, na medida em que a percepção do aludido adicional tem
outra causa, que é a compensação pelo desgaste inerente ao labor em
horário noturno. (…)
(TJMG - Ap Cível/Reex Necessário  1.0686.11.019628-0/001,
Relator(a): Des.(a) Sandra Fonseca , 6ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 25/06/2013, publicação da súmula em 05/07/2013)
DOS PEDIDOS

Frente a todos esses fundamentos é a presente ação


para requerer:

a) sejam concedidos, ao autor, os benefícios da assistência judiciária,


por não poder arcar com as despesas processuais sem prejuízo do seu
próprio sustento e da sua família, nos termos da Lei nº. 1.060/50,
conforme a anexa declaração;

b) seja citado o requerido para oferecer resposta a presente ação, no


prazo legal, sob as penas da lei e, ainda, a apresentar as folhas de
ponto do autor, nos termos do art. 396 e seguintes do CPC;

c) no mérito, seja a demanda julgada procedente para:

c.1) reconhecer o direito do autor ao recebimento do “adicional


noturno” no percentual previsto em lei (20% - art. 12, Lei
Estadual 10.745/92), valor esse a incidir sobre o valor-hora
normal de seu trabalho, condenando o requerido a pagar ao autor
as diferenças apuradas em decorrência do não pagamento do
referido adicional noturno, por todo o período de seu contrato,
inclusive com reflexos sobre férias, 13º, descanso remunerado
parcelas que deverão ser devidamente corridas pelo índice legal e
se sujeitarem a juros de mora de 1% ao mês, frente ao caráter
alimentar, desde a data em que deveriam ter sido pagas até a data
do efetivo pagamento pelo requerido, conforme restar apurado
em liquidação de sentença;

d) seja o requerido condenada ao pagamento das despesas


processuais e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa
Excelência na forma dos arts. 85 e seguintes do CPC.

Protesta por todos os meios de prova em direito


admitidos.

Dá à causa o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil


reais).

Termos em que, respeitosamente,


pede deferimento.
Juiz de Fora, 16 de outubro de 2015.

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Advogado – OAB/MG XXX

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