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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR-100390-24.2017.5.01.0003

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A C Ó R D Ã O
(2ª Turma)
GMDMA/BDS/
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
REVISTA DO RECLAMANTE REGIDO PELA LEI
13.467/2017. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL DO ACÓRDÃO REGIONAL
(VIOLAÇÕES LEGAIS E CONSTITUCIONAIS NÃO
CONFIGURADAS). CONTRATO DE TRABALHO
EXTINTO. PRESCRIÇÃO TOTAL DA PRETENSÃO
AUTORAL RECONHECIDA PELO TRIBUNAL
REGIONAL. NULIDADE DA TRANSFERÊNCIA DA
CBTU PARA A FLUMITRENS (VIOLAÇÕES
LEGAIS E CONSTITUCIONAIS NÃO
CONFIGURADAS E SÚMULA 126 DO TST). Não
merece ser provido agravo de
instrumento que visa a liberar recurso
de revista que não preenche os
pressupostos contidos no art. 896 da
CLT. Agravo de instrumento não provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n°
TST-AIRR-100390-24.2017.5.01.0003, em que é Agravante MARCOS BAZILIO
RIBEIRO DE SOUZA e é Agravada COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS -
CBTU.

O Tribunal Regional do Trabalho da 1.ª Região denegou


seguimento ao recurso de revista interposto pelo reclamante.
Inconformado, o reclamante interpõe agravo de
instrumento, sustentando que seu recurso de revista tinha condições de
prosperar.
Foram apresentadas contrarrazões e contraminuta.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério
Público do Trabalho, consoante o art. 95, § 2.º, II, do RITST.
É o relatório.

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V O T O

1 – TRANSCENDÊNCIA

Admite-se a transcendência social da causa, nos termos


do art. 896-A, § 1º, III, da CLT.

2 – CONHECIMENTO

Preenchidos os requisitos legais de admissibilidade,


CONHEÇO do agravo de instrumento.

3 – MÉRITO

O recurso de revista do reclamante teve seu seguimento


denegado pelo juízo primeiro de admissibilidade, aos seguintes
fundamentos:

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tempestivo o recurso (decisão publicada em 10/06/2019 - Id. 4a93e39;
recurso interposto em 19/06/2019 - Id. f4e34d1 ).
Regular a representação processual (Id. 9db9521).
Desnecessário o preparo.

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / ATOS
PROCESSUAIS / NULIDADE / NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL.
Alegação(ões):
- violação do(s) artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal.
- divergência jurisprudencial.
A análise da fundamentação contida no v. acórdão recorrido revela que
a prestação jurisdicional ocorreu de modo completo e satisfatório,
inexistindo qualquer afronta aos dispositivos que disciplinam a matéria. Não
há falar na ocorrência de conflito jurisprudencial, uma vez que a existência
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do dissenso pretoriano exige a possibilidade de confronto de teses. No caso
específico da alegação de negativa de prestação jurisdicional, tal conflito é
inexistente, até porque a própria parte recorrente afirma que a questão
jurídica não foi, no seu entendimento, enfrentada no v. acórdão regional.
Desse modo, arestos porventura colacionados para tal finalidade revelam-se
plenamente inúteis e, portanto, não devem sequer ser analisados. Nesse
aspecto, sob a ótica da restrição imposta pela Súmula 459 do TST, o recurso
não merece processamento.

DIREITO CIVIL / FATOS JURÍDICOS / PRESCRIÇÃO E


DECADÊNCIA.
Alegação(ões):
- violação do(s) artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal.
- divergência jurisprudencial.
O v. acórdão revela que, em relação ao tema recorrido, o entendimento
adotado pela Turma, de acordo com a prova produzida (Súmula 126 do
TST), encontra-se em consonância com a notória jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho e consubstanciada na Súmula 294. Não seria razoável
supor que o Regional, ao entender dessa forma, estaria violando o
dispositivo apontado. Em razão dessa adequação (acórdão-jurisprudência
iterativa do TST), o recurso não merece processamento, sequer no tocante ao
dissenso jurisprudencial, a teor do artigo 896, alínea "c" e § 7º, da CLT c/c a
Súmula 333 do TST.

CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO / ALTERAÇÃO


CONTRATUAL OU DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO /
TRANSFERÊNCIA.
Verifica-se a ausência de prequestionamento em relação ao tema, o que
atrai a aplicação da Súmula 297 do TST. Nesse aspecto, portanto, inviável o
pretendido processamento.

CONCLUSÃO
NEGO seguimento ao recurso de revista.

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Nas razões do agravo de instrumento, o reclamante
suscita a preliminar de nulidade, por negativa de prestação
jurisdicional. Sustenta que o ato de transferência não foi analisado pela
Corte de origem e que a prescrição é inexistente. Postula a declaração
da nulidade da sua transferência da CBTU para a FLUMITRENS e argumenta
que a ação tem cunho declaratório.
Invoca os arts. 5.º, XXXV, LXXIV, 7º, XXIX, 37, II,
93, IX, 97, da CF, 832 da CLT, 6º, §5º, da Lei 8.693/93 e 54 da Lei 9784/99.
Analiso.
Consta do acórdão:

Encontra-se irremediavelmente prescrita a pretensão, estando


fulminado o direito de ação, o que precede a análise acerca da nulidade
ou não do ato administrativo.
A matéria não é nova, tendo sido reiteradamente tratada em diversas
ações com o mesmo teor, tanto assim que gerou a edição de súmula por este
Regional, confirmando a prescrição total (súmula nº 65 do C. TST).
Pelo relato da exordial (Id 174660e2) e documentação anexada (CTPS
de Id a0705fe - pp. 02/04), extrai-se que o autor foi empregado público da
CBTU - Companhia Brasileira de Trens Urbanos, onde ingressou como
"Digitador de Dados” em 06/07/1989, posteriormente transferido para a
FLUMITRENS em 1994, esta que passou a gerir o sistema ferroviário
neste Estado do Rio de Janeiro, tendo o referido pacto se extinguido em
14/02/1996. Alega, portanto, a sua transferência, do âmbito federal para o
estadual, e é isso que está sendo questionado, haja vista invocar a ilegalidade
do ato administrativo que assim decidiu.
Alegando inconstitucionalidade de sua transferência do âmbito federal
para o estadual, utiliza como paradigma decisão proferida em Ação Civil
Pública promovida pelo MPT [processo nº
TST-AIRR-145200-53.2009.5.01.0007], com o objetivo de declarar nula a
transferência de agentes ferroviários e reintegrá-los aos quadros da CBTU, o
que obteve decisão favorável, confirmada pelo C. TST e já transitada em
julgado.

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Argumenta o recorrente possuir direito à encampação dos efeitos
daquela decisão, já que se encontraria na mesma situação dos representados
na ação coletiva.
Sugere que, por haver ocorrido julgamento favorável na referida ação
coletiva, teria surgido o direito de ação de também obter um retorno ao status
quo ante de empregado público federal, visando a uma reintegração e todas
as verbas decorrentes, e ainda que, sendo o ato nulo inexistente porque
inconstitucional, ante o veto da Presidência à época, e, portanto,
inconvalidável, daí resultaria não ter havido a ruptura do contrato de
trabalho, não havendo interregno temporal para a contagem de prazo
prescricional, nem mesmo quinquenal.
Não se comunga do mesmo entendimento, encontrando-se mesmo
prescrita a pretensão.
O autor não integrava a categoria abrangida na decisão proferida
nos autos da referida Ação Coletiva, cujos efeitos atingem tão somente
aqueles agentes constantes do rol taxativo daquela ação, como
expressamente constou do dispositivo do acórdão, não se estendendo ao
autor, independentemente do trânsito em julgado, de modo que descabe
a argumentação. Assim fosse, deveria ter ingressado com ação executiva
daquele julgado, pleiteando para si os direitos ali já conferidos, e não
ingressar com nova ação de conhecimento, a fim de obter o mesmo
direito.
A tese utilizada para tentar caracterizar ação de natureza
meramente declaratória apenas se destina a contornar a prescrição, que
surge concreta, por passados 23 anos de sua saída da CBTU (1994) até o
ajuizamento da presente (2017).
Embora se considere não haver nulidade nem
inconstitucionalidade na absorção do finado esposo da autora, eis que o
que ocorreu foi sucessão trabalhista da CBTU pela FLUMITRENS
(protocolo de cisão da CBTU de Id 27a522e, pág. 5, passando a
FLUMITRENS a operar os serviços de trens no Rio de Janeiro,
absorvendo o quadro de pessoal da sucedida), tem-se que não há como
superar, como antecedente lógico, a prescrição, que soterra
irremediavelmente o direito de ação.

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Não há que se falar em nulidade perpétua, inconvalescível pela
prescrição, se no bojo da pretensão de declaração de nulidade do ato, agrega
o autor pretensão condenatória. Ainda que se considerasse nulo o ato, jamais
convalidado, o mesmo não ocorreria com o proveito pecuniário que disso
pretende extrair a demandante, sendo pertinente a invocação de defesa da
segurança jurídica das relações.
Tampouco há que se falar em coerção do ato administrativo, tendo o
autor com ele aquiescido por todos esses anos, jamais tendo se insurgido com
relação a sua transferência. Assim, ainda que ilegalidade houvesse, o direito
de discuti-la já se encontra precluso, pelo decurso do tempo.
Irremediavelmente prescrito o direito de ação, não há como contemplar
a tese do recurso, devendo ser pronunciada a prescrição total da pretensão, o
que desagua na improcedência do pleito.

Não há negativa de prestação jurisdicional. A Corte


de origem manifestou-se sobre a prescrição, expondo de modo claro as
razões de seu convencimento, inclusive indicando as normas legais e
jurisprudência do Tribunal Regional que serviram de base para o seu
convencimento.
Desse modo, ilesos os artigos tidos por violados.
No que se refere ao mérito, tem-se que a presente ação
foi ajuizada em 2017 e que o Tribunal Regional consignou que a
transferência do autor dos quadros da CBTU para a Flumitrens, cuja
declaração de nulidade o autor requereu, operou-se em 1994, ao passo que
o contrato de trabalho do autor findou-se em 1996.
Diante desse cenário, forçosa a manutenção da
prescrição.
Cumpre ressaltar, que a pretensão declaratória seria
pressuposto lógico para a análise do pedido de diferenças salariais e
demais pretensões condenatórias, as quais, considerando o término do
contrato de trabalho em 1996 e o ajuizamento da ação em 2017,
encontravam-se alcançadas pela prescrição bienal.
Convém destacar ainda que a Corte a quo consignou que
o reclamante não se enquadra no rol dos empregados a que se refere o
acórdão prolatado nos autos da aludida ação civil pública, de forma que
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resta rechaçada a pretensão autoral de declaração de nulidade do ato
administrativo que o transferiu da CBTU para a FLUMITRENS e,
consequentemente, de diferenças salariais, devendo ser mantida a decisão
guerreada.
Para divergir da conclusão, far-se-ia necessário
revolver o conjunto fático-probatório dos autos, o que se veda nesta
esfera recursal extraordinária, nos termos da Súmula 126 do TST.
Verifica-se, portanto, que o recurso de revista não
merece processamento, pois a parte não demonstra a ocorrência dos
pressupostos do art. 896 da CLT.
Incólumes os dispositivos (legais e constitucionais)
apontados como violados.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de
instrumento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de
instrumento.
Brasília, 16 de dezembro de 2020.

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DELAÍDE MIRANDA ARANTES
Ministra Relatora

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