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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-ED-Ag-AIRR-21022-64.2017.5.04.0008

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F6467F46E8632E.
A C Ó R D Ã O
(2ª Turma)
GMDMA/JT/

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA RECLAMANTE.


LEI 13.467/2017. INCOMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA DO TRABALHO. COMPLEMENTAÇÃO DE
APOSENTADORIA. ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA
PRIVADA. MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA
DECISÃO DO STF EM MATÉRIA DE REPERCUSSÃO
GERAL. SENTENÇA PROFERIDA APÓS
20/2/2013. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS.
Hipótese em que a decisão embargada
registrou a conclusão do Regional,
asseverando que a complementação de
pensão não é paga diretamente pela
ex-empregadora e sim por entidade de
previdência privada, situação
abrangida pelas decisões do Supremo
Tribunal Federal nos Res 583.050/RS e
586.453/RS, concluindo ser a
competência da Justiça Comum. Embargos
de declaração não providos.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos


de Declaração em Agravo em Agravo de Instrumento em Recurso de Revista
n° TST-ED-Ag-AIRR-21022-64.2017.5.04.0008, em que é Embargante SUELI
CHAVES EIFLER e são Embargados COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E
TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA - CEEE - GT E OUTRAS.

A Reclamante opõe embargos de declaração contra o


acórdão desta 2.ª Turma que negou provimento ao seu agravo diante da
incompetência da Justiça do Trabalho para julgar ações de complementação
de aposentadoria. Alega a existência de omissão do julgado. Pretende
aplicação de efeito modificativo.
É o relatório.

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V O T O

1 - CONHECIMENTO

Presentes os pressupostos processuais, CONHEÇO dos


embargos de declaração.

2 - MÉRITO

Esta 2.ª Turma negou provimento ao agravo em agravo


de instrumento da reclamante. Na oportunidade, assentou os seguintes
fundamentos:

“[...] Nas razões do agravo, a Reclamante insiste na competência


da Justiça do Trabalho. Sustenta que a ação foi ajuizada em face da antiga
empregadora e não da entidade privada. Aduz que a complementação de
pensão é decorrente do contrato de trabalho havido entre o de cujus e a
CEEE, por força do qual a complementação de aposentadoria era paga
diretamente pela CEEE, e não por entidade de previdência privada. Requer o
afastamento da aplicabilidade da tese constitucional firmada pelo STF no
julgamento do RE 586.453.
À análise.
Contrário ao afirmado pela Reclamante, o acórdão Regional consignou
que as diferença de complementação de aposentadoria não eram pagas
diretamente pelo empregador e sim pela entidade de previdência privada. Eis
os fundamentos: “COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Peço
vênia ao nobre Relator para divergir do voto condutor.
A reclamante, viúva de servidor ex-autárquico da CEEE, vem
recebendo complementação de pensão paga pela ELETROCEEE.
Nesta ação, ajuizada contra Companhia Estadual de Geração e
Transmissão de Energia Elétrica - CEEE-GT, Companhia Estadual de
Distribuição de Energia Elétrica - CEEE-D e Companhia Estadual de
Energia Elétrica Participações - CEEE- PAR, a autora postula o pagamento
de diferenças de complementação de pensão, pela consideração, para
determinação de seu valor, do montante integral pago ao de cujus na data do
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óbito a título de complementação de aposentadoria, incluindo as
gratificações de férias, de farmácia e de natal, com todos os reajustes
posteriormente assegurados aos aposentados que recebem a
complementação de aposentadoria pelos cofres das reclamadas.
A matéria é conhecida desta Turma Julgadora, consoante
posicionamento adotado por este Colegiado em julgamento de ação similar,
do qual participei e cujos fundamentos adoto como razões de decidir: "Deste
modo, em sendo a entidade de previdência privada a responsável pelos
pagamentos, não há falar em aplicação da Súmula n º 84 deste Regional, in
verbis: Súmula nº 84 - COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA.
BENEFÍCIO PAGO DIRETAMENTE PELO EMPREGADOR.
COMPETÊNCIA. É competente a Justiça do Trabalho para julgar pretensão
relativa a diferenças de complementação de aposentadoria paga
diretamente pelo empregador, e não por entidade de previdência privada.
A situação fática dos autos, assim, é exatamente aquela abrangida
pelas decisões do Supremo Tribunal Federal nos REs 583.050/RS e
586.453/SE, que concluíram ser da Justiça Comum a competência material
para julgamento das demandas decorrentes de previdência complementar
privada.
No julgamento do RE 586453/SE, o Supremo Tribunal Federal
"modulou os efeitos da decisão para reconhecer a competência da justiça
trabalhista para processar e julgar, até o trânsito em julgado e
correspondente execução, todas as causas da espécie que hajam sido
sentenciadas, até a data de hoje (20/2/2013)", com os seguintes
fundamentos, in verbis: EMENTA: Recurso extraordinário - Direito
Previdenciário e Processual Civil - Repercussão geral reconhecida –
Competência para o processamento de ação ajuizada contra entidade de
previdência privada e com o fito de obter complementação de aposentadoria
- Afirmação da autonomia do Direito Previdenciário em relação ao Direito
do Trabalho - Litígio de natureza eminentemente constitucional, cuja
solução deve buscar trazer maior efetividade e racionalidade ao sistema -
Recurso provido para afirmar a competência da Justiça comum para o
processamento da demanda - Modulação dos efeitos do julgamento, para
manter, na Justiça Federal do Trabalho, até final execução, todos os

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processos dessa espécie em que já tenha sido proferida sentença de mérito,
até o dia da conclusão do julgamento do recurso (20/2/13).
1. A competência para o processamento de ações ajuizadas contra
entidades privadas de previdência complementar é da Justiça comum, dada
a autonomia do Direito Previdenciário em relação ao Direito do Trabalho.
Inteligência do art. 202, § 2º, da Constituição Federal a excepcionar,
na análise desse tipo de matéria, a norma do art. 114, inciso IX, da Magna
Carta.
2. Quando, como ocorre no presente caso, o intérprete está diante de
controvérsia em que há fundamentos constitucionais para se adotar mais de
uma solução possível, deve ele optar por aquela que efetivamente trará
maior efetividade e racionalidade ao sistema.
3. Recurso extraordinário de que se conhece e ao qual se dá
provimento para firmar a competência da Justiça comum para o
processamento de demandas ajuizadas contra entidades privadas de
previdência buscando-se o complemento de aposentadoria.
4. Modulação dos efeitos da decisão para reconhecer a competência
da Justiça Federal do Trabalho para processar e julgar, até o trânsito em
julgado e a correspondente execução, todas as causas da espécie em que
houver sido proferida sentença de mérito até a data da conclusão, pelo
Plenário do Supremo Tribunal Federal, do julgamento do presente recurso
(20/2/2013).
5. Reconhecimento, ainda, da inexistência de repercussão geral
quanto ao alcance da prescrição de ação tendente a questionar as parcelas
referentes à aludida complementação, bem como quanto à extensão de
vantagem a aposentados que tenham obtido a complementação de
aposentadoria por entidade de previdência privada sem que tenha havido o
respectivo custeio. (RE 586453, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE,
Relator(a) p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em
20/02/2013, DJe-106 DIVULG 05-06-2013 PUBLIC 06-06-2013 EMENT
VOL-02693-01 PP-00001)
Deste modo, em se tratando de pretensão relativa a complementação
de pensão que não é paga diretamente pela ex-empregadora e sim por
entidade de previdência privada, é incompetente esta Justiça do Trabalho
para apreciação da demanda.
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[....]”
Diante das premissas fáticas delineadas no acórdão recorrido a questão
foi dirimida em conformidade com o decidido pelo Supremo Tribunal
Federal no julgamento dos Recursos Extraordinários 586453 e 583050, em
que prevaleceu a competência da Justiça Comum Estadual para julgar
processos decorrentes de contrato de previdência complementar privada,
ainda que oriunda do contrato de trabalho.
Ante o exposto, à míngua de demonstração pela parte do desacerto da
decisão que negou seguimento ao agravo de instrumento, NEGO
PROVIMENTO ao agravo.”

Alega a embargante que o acórdão foi omisso em relação


ao objeto da demanda, ao argumento de não ter observado que, a rigor,
o Regional registrou que a “complementação de pensão é decorrente do
contrato de trabalho havido entre o de cujus e a CEEE, por força do qual
a complementação de aposentadoria era paga ao de cujus diretamente pela
CEEE, e não por entidade de previdência privada”. Insiste que a
complementação de pensão tem origem imediata no contrato de trabalho
mantido entre seu ex-marido (falecido) e a antiga empregadora.
Assim, aduz que o caso dos autos se distingue da
hipótese decidida pelo STF, no RE 586.453, a qual trata da complementação
de aposentadoria fundamentada em contrato autônomo de previdência
complementar.
Ao exame.
Da análise do acórdão embargado, verifica-se que o
regional concluiu pela incompetência desta Justiça do Trabalho para
apreciação da demanda, asseverando que a complementação de pensão não
é paga diretamente pela ex-empregadora e sim por entidade de previdência
privada.
Assim, diante das premissas fáticas delineadas pelo
Regional, esta Turma constatou que a questão foi dirimida em conformidade
com o decidido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento dos Recursos
Extraordinários 586453 e 583050, em que prevaleceu a competência da
Justiça Comum Estadual para julgar processos decorrentes de contrato de

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previdência complementar privada, ainda que oriunda do contrato de
trabalho.
Verifica-se que a pretensão recursal ostenta nítido
caráter infringente, revelando o mero inconformismo da parte.
Com efeito, a irresignação da embargante não encontra
respaldo nas hipóteses dos arts. 1.022 do CPC/15 e 897-A da CLT, na medida
em que não ficou configurada a existência de nenhum vício, mas, apenas,
o inconformismo da parte com a conclusão do julgado, contrária a seu
interesse.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO aos embargos de
declaração.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento aos embargos de
declaração.
Brasília, 16 de dezembro de 2020.

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DELAÍDE MIRANDA ARANTES
Ministra Relatora

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