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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-12072-25.2016.5.15.0128

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F6217A71591823.
A C Ó R D Ã O
(4ª Turma)
GMCB/cml

RECURSO DE REVISTA.
INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA.
Considerando a possibilidade de a
decisão recorrida contrariar
entendimento consubstanciado na Súmula
nº 364, I, verifica-se a transcendência
política, nos termos do artigo 896-A, §
1º, II, da CLT.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
INFLAMÁVEIS. TROCA DE CILINDROS DE GÁS
LIQUEFEITO DE PETRÓLEO - GLP.
EMPILHADEIRA. TEMPO DE EXPOSIÇÃO. A
CADA DOIS DIAS. ADICIONAL DEVIDO.
PRECEDENTES. PROVIMENTO.
Este Tribunal Superior tem entendido
que o conceito jurídico de tempo
extremamente reduzido, a que se refere
a Súmula nº 364, I, envolve não apenas
a quantidade de minutos considerada em
si mesma, mas também o tipo de perigo ao
qual o empregado é exposto, sendo que a
exposição a produtos inflamáveis,
independe de qualquer gradação
temporal, pois passível de explosão a
qualquer momento.
Dessa forma, o empregado que entra em
contato com produtos inflamáveis (ainda
que a cada dois dias, conforme
registrado pelo Tribunal Regional), faz
jus ao adicional de periculosidade.
Com efeito, a jurisprudência desta
Corte Superior tem reconhecido o
direito ao pagamento de adicional de
periculosidade ao empregado que se
expõe ao contato com gás inflamável, em
decorrência da troca do cilindro de GLP
para abastecimento da empilhadeira, bem
como do ingresso em área de risco, mesmo
que em tempo reduzido. Precedentes.
Recurso de revista de que se conhece e
a que se dá provimento.

Firmado por assinatura digital em 16/12/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso
de Revista n° TST-RR-12072-25.2016.5.15.0128, em que é Recorrente
CRISTIANO MENDONCA DE OLIVEIRA e é Recorrida CITRICOLA LUCATO COMERCIAL
IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA.

O egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região


decidiu dar parcial provimento ao recuso ordinário da reclamada, para
excluir da condenação o pagamento de diferenças de horas extraordinárias
e adicional de periculosidade.
Opostos embargos de declaração pelo reclamante, a
Corte Regional decidiu negar-lhes provimento.
O reclamante interpõe recurso de revista, buscando a
reforma da decisão regional.
Decisão de admissibilidade às fls. 337/338 – numeração
eletrônica.
Foram apresentadas contrarrazões.
O d. Ministério Público do Trabalho não oficiou nos
autos.
É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO

1.1. PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

Presentes os pressupostos extrínsecos de


admissibilidade recursal, passo ao exame dos pressupostos intrínsecos.

1.2. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

1.2.1. TRANSCENDÊNCIA

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À luz do artigo 246 do Regimento Interno desta colenda
Corte Superior, as normas relativas ao exame da transcendência, previstas
no artigo 896-A da CLT, com as inovações trazidas pela Lei nº 13.467/2017,
serão aplicáveis aos recursos de revista interpostos contra acórdãos
publicados a partir de 11.11.2017.
Assim, uma vez que se trata de exame de recurso de
revista interposto contra acórdão regional publicado em 10.08.2020,
após, portanto, a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, deve ser feita
a análise da transcendência.
De acordo com o artigo 896-A da CLT, a esta colenda
Corte Superior, em sede de recurso de revista, compete examinar "se a causa
oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou
jurídica". Nessa perspectiva, apenas serão objeto de exame as matérias
controvertidas que ultrapassem a esfera dos interesses subjetivos das
partes litigantes, alcançando o interesse público.
Calmon de Passos, ao tratar da antiga arguição de
relevância no recurso extraordinário, já sinalizava a dificuldade em
definir o que seria relevante ou transcendente para os fins da norma,
tendo em vista que a afronta à legislação, ainda que assecuratória de
direito individual, já evidencia o interesse público. Vejamos:

[...]. Se toda má aplicação do direito representa gravame ao interesse


público na justiça do caso concreto (único modo de se assegurar a efetividade
do ordenamento jurídico), não há como se dizer irrelevante a decisão em que
isso ocorre.
A questão federal só é irrelevante quando não resulta violência à
inteireza e à efetividade da lei federal. Fora isso, será navegar no mar incerto
do "mais ou menos", ao sabor dos ventos e segundo a vontade dos deuses que
geram os ventos nos céus dos homens.
Logo, volta-se ao ponto inicial. Quando se nega vigência à lei federal
ou quando se lhe dá interpretação incompatível, atinge-se a lei federal de
modo relevante e é do interesse público afastar essa ofensa ao Direito
individual, por constituir também uma ofensa ao Direito objetivo, donde ser
relevante a questão que configura. (PASSOS, José Joaquim Calmon
de. Da arguição de relevância no recurso
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extraordinário. In Revista forense: comemorativa -
100 anos. Rio de Janeiro: Forense, 2007, v. 1, p.
581-607)

Cumpre destacar que, no caso da transcendência em


recurso de revista, o § 1º do artigo 896-A da CLT estabelece os parâmetros
em que é possível reconhecer o interesse público no julgamento da causa
e, por conseguinte, a sua transcendência, ao prever os indicadores de
ordem econômica, política, jurídica e social.
Na hipótese, considerando a possibilidade de a decisão
recorrida contrariar entendimento consubstanciado na Súmula nº 364, I,
verifica-se a transcendência política, nos termos do artigo 896-A, § 1º,
II, da CLT.

1.2.2. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

A propósito do tema, assim decidiu o egrégio Tribunal


Regional:

“Pugna a reclamada pela exclusão da condenação ao pagamento de


adicional de periculosidade sustentando que o laudo pericial concluiu que o
reclamante não estava exposto a ambiente perigoso.
Na inicial o reclamante postulou a condenação da reclamada ao
pagamento de adicional de periculosidade pois a empilhadeira com a qual o
reclamante trabalhava continha 6 botijões de gás que eram trocados pelo
próprio reclamante.
O perito descaracterizou a periculosidade por inflamáveis,
consignando que:

‘Embora o Reclamante fizesse a troca do cilindro de


gás GLP P-20 da empilhadeira que dirigia a cada 2 dias, no
depósito de inflamáveis existiam 5 cilindros de 20 kg cada
perfazendo o total de 100 kg, considerando o cilindro de sua
empilhadeira passaríamos a ter 120 kg, ou seja, abaixo dos 135
kg determinados por este Anexo 2 no Quadro Nº 3 em sua letra
‘l’ no transporte de vasilhames (em carreta ou caminhão de
carga), contendo inflamável gasoso e liquido, em quantidade
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total igual ou superior a 135 quilos. Visto que, o volume de gás
estava abaixo do Limite de Tolerância, portanto FICA
DESCARACTERIZADA A PERICULOSIDADE POR
INFLAMÁVEIS’ (fls. 198).

O MM. Juízo de Origem, contrariando o laudo pericial, deu


provimento ao pedido sob o seguinte fundamento:

‘Por outro lado, verifico que o perito expôs que o


reclamante efetuava a troca, a cada dois dias, dos cilindros de gás
GLP P-20 da empilhadeira que dirigia, informando, ainda, que
no depósito de inflamáveis havia 5 cilindros de 20Kg cada um,
sendo que, contando o cilindro de sua empilhadeira, havia um
volume total de 120Kg. Não obstante o perito tenha afirmando
que tal quantia é inferior ao previsto no Anexo 2 no Quadro Nº 3
em sua letra ‘l’ no transporte de vasilhames, considero que este
fato, por si só, não afasta a periculosidade, uma vez que
eventual explosão dos cilindros que o reclamante tinha
contato, colocaria em risco sua vida do autor’ (fls. 229).

Conforme consta do laudo pericial, a quantidade de transporte de


inflamáveis na empilhadeira estava abaixo do limite da NR, sendo que o
abastecimento da empilhadeira, que se dava no depósito no qual haveria
armazenamento de quantidade superior, ocorria a cada dois dias, o que,
no entendimento desta E. Câmara, representa tempo reduzido,
considerado até 30 minutos por dia, razão pela qual fica provido o recurso,
para excluir o adicional de periculosidade.
Honorários periciais, em reversão, a cargo do reclamante, dos quais
está isento.”

Opostos embargos de declaração pelo reclamante, a


Corte Regional decidiu negar-lhes provimento.
Nas razões de recurso de revista, busca o reclamante
a reforma da d. decisão regional, ao argumento de que faria jus ao
pagamento de adicional de periculosidade, em face da atividade de
abastecimento de empilhadeira movida a gás GLP, ainda que realizada a
cada dois dias, diante do risco de explosão. Afirma que a análise do agente
periculoso, na hipótese, deveria ser qualitativa e não quantitativa.

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Indica divergência jurisprudencial, contrariedade à
Súmula nº 364, I, e violação dos artigos 193 da CLT e 5º, II, e 7º, XXIII,
da Constituição Federal.
O recurso alcança conhecimento.
Inicialmente, cumpre salientar que o recorrente
atendeu a exigência do artigo 896, § 1º-A, I, da CLT, conforme se observa
às fls. 318/319 – numeração eletrônica.
Conforme o entendimento pacífico deste Tribunal
Superior, em interpretação às disposições do artigo 193 da CLT, faz jus
ao adicional de periculosidade não só o empregado exposto
permanentemente, mas também aquele que, de forma intermitente,
sujeita-se a condições de risco em contato com inflamáveis e/ou
explosivos, sendo indevido apenas quando o contato se dá de forma
eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, ocorre
em tempo extremamente reduzido.
Não há, por conseguinte, falar em exposição eventual
ou fortuita, tendo em vista que, consoante jurisprudência desta Corte
Superior, a exposição a inflamáveis, ainda que por pequeno período, não
configura tempo extremamente reduzido, a atrair a exceção prevista na
Súmula nº 364, I, in verbis:

"ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL,


PERMANENTE E INTERMITENTE (inserido o item II) - Res. 209/2016,
DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016

I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto


permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de
risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim
considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo
extremamente reduzido. (ex-Ojs da SBDI-1 nºs 05 - inserida em 14.03.1994 -
e 280 - DJ 11.08.2003)"

Nesse contexto, vale citar os seguintes precedentes


da egrégia SBDI-1:
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"ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. CONTATO
INTERMITENTE. SÚMULA N.º 364, I, DO TST. O Regional firmou a
premissa fática de que o Reclamante permanecia exposto na área de risco por
volta de 10 minutos diários durante o abastecimento do caminhão e o
desempenho das suas demais atividades. Destarte, correta a decisão
embargada que aplicou a diretriz inserta na parte inicial do item I da Súmula
n.º 364 desta Corte, visto que o tempo de exposição diário não poderia ser
considerado meramente eventual ou extremamente reduzido, de forma a se
afastar o direito ao adicional de periculosidade. (...). Recurso de Embargos
não conhecido." (E-ED-RR-194900-74.2004.5.15.0074,
Relatora Ministra Maria de Assis Calsing, DEJT
12.3.2010)

"ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ABASTECIMENTO DE


TRATOR. ÓLEO DIESEL. EXPOSIÇÃO INTERMITENTE. Nos termos
da Súmula 264/TST, -faz jus ao adicional de periculosidade não só o
empregado exposto permanentemente, mas também aquele que, de forma
intermitente, sujeita-se a condições de risco em contato com inflamáveis e/ou
explosivos, sendo indevido apenas quando o contato se dá de forma eventual,
assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo
extremamente reduzido-. A permanência do empregado na área de risco,
qual seja, a área de abastecimento, e o manuseio efetivo de líquido
inflamável para reabastecimento do trator, diariamente, não consubstancia
contato acidental, casual ou fortuito com o agente periculoso. Trata-se, sim,
de contato intermitente, com potencial risco de dano efetivo ao trabalhador,
hábil a ensejar o pagamento ao salário adicional. Precedentes da SDI-I/TST.
Incidência do art. 896, § 4º, da CLT e aplicação da Súmula 333/TST.
Recurso de revista integralmente não conhecido."
(RR-109900-09.2004.5.15.0074, Relatora Ministra:
Rosa Maria Weber, Data de Julgamento: 26/05/2010, 3ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 11/06/2010)

Ademais, a jurisprudência deste Tribunal Superior tem


reconhecido o direito ao pagamento de adicional de periculosidade ao
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empregado que se expõe ao contato com gás inflamável, em decorrência da
troca do cilindro de GLP para abastecimento da empilhadeira, bem como
do ingresso em área de risco, mesmo que em tempo reduzido.
Acrescente-se, que à luz da alínea "r" do item 3 do
Anexo 2 da NR 16 da Portaria 3.214/78, são consideradas de risco as
atividades de "Armazenamento de vasilhames que contenham inflamáveis líquidos ou vazios não
desgaseificados ou decantados, em locais abertos" a "faixa de 3 metros de largura em torno dos seus
pontos externos.", não havendo, assim, razão para refutar o labor em condição
de periculosidade.
Ratificando tal entendimento, ainda, os seguintes
precedentes de Turmas desta Corte Superior:

"RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.


INFLAMÁVEIS. TROCA DE CILINDROS DE GÁS LIQUEFEITO DE
PETRÓLEO - GLP. EMPILHADEIRA. TEMPO DE EXPOSIÇÃO. DEZ
MINUTOS, TRÊS VEZES NA SEMANA. ADICIONAL DEVIDO.
PRECEDENTES. PROVIMENTO. Este Tribunal Superior tem entendido
que o conceito jurídico de tempo extremamente reduzido, a que se refere a
Súmula nº 364, I, envolve não apenas a quantidade de minutos considerada
em si mesma, mas também o tipo de perigo ao qual o empregado é exposto,
sendo que a exposição a produtos inflamáveis, independe de qualquer
gradação temporal, pois passível de explosão a qualquer momento. Dessa
forma, empregado que entra em contato com produtos inflamáveis, por cerca
de dez minutos, três vezes por semana, faz jus ao adicional de periculosidade,
visto não se tratar de contato eventual ou casual, tampouco tempo
extremamente reduzido. Ademais, a jurisprudência desta Corte Superior tem
reconhecido o direito ao pagamento de adicional de periculosidade ao
empregado que se expõe ao contato com gás inflamável, em decorrência da
troca do cilindro de GLP para abastecimento da empilhadeira, bem como do
ingresso em área de risco, mesmo que em tempo reduzido. Precedentes.
Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento." (RR -
24412-13.2015.5.24.0022 Data de Julgamento:
24/10/2018, Relator Ministro: Guilherme Augusto
Caputo Bastos, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
26/10/2018)
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"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nºs 13.015/2014 E 13.105/2015 -
DESCABIMENTO. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
ABASTECIMENTO DE EMPILHADEIRA. TEMPO DE EXPOSIÇÃO. O
trabalho em condições intermitentes não afasta o convívio com as condições
perigosas, ainda que tanto possa ocorrer em alguns minutos da jornada ou da
semana. O risco é de consequências graves, podendo alcançar resultado letal
em uma fração de segundo. Incidência da Súmula 364, I, do TST. Óbice do
art. 896, § 7°, da CLT e da Súmula 333 do TST. Agravo de instrumento
conhecido e desprovido." (AIRR - 11735-31.2015.5.18.0017 ,
Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, Data de Julgamento: 08/03/2017, 3ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 17/03/2017)

"(...) II - RECURSO DE REVISTA. SUMARÍSSIMO.


RECLAMANTE. LEI Nº 13.015/2014. VIGÊNCIA DA INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 40 DO TST. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
OPERADOR DE EMPILHADEIRA. TROCA DE CILINDRO GLP PARA
MOVIMENTAR A EMPILHADEIRA. 1 - Recurso de revista sob a vigência
da Lei nº 13.015/2014. 2 - Foram preenchidas as exigências do art. 896, §
1°-A, da CLT. 3 - Trata-se de processo regularmente submetido ao rito
sumaríssimo, pelo que somente se admite recurso de revista quando
contrariada súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do
Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação
direta da Constituição Federal, nos termos do artigo 896, § 9º, da CLT. 4 -
Conforme consignado no acórdão recorrido, o reclamante mantinha contato
todos os dias com gás GLP para abastecimento da empilhadeira, porque era
sua responsabilidade fazer a troca do cilindro de gás GLP, que movimentava
o equipamento uma vez por dia. 5 - A exposição diária do reclamante a
agente perigoso, quando da troca dos cilindros que abastecem a empilhadeira
que operava, não configura tempo extremamente reduzido, em face do risco
a que se submete o trabalhador, além de evidenciar habitualidade, nos termos
da Súmula nº 364, I, do TST. 6 - A jurisprudência da Corte tem reconhecido
o direito ao adicional de periculosidade ao empregado que tem contato
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permanente com gás inflamável, em face da troca do cilindro de gás GLP
para abastecimento da empilhadeira, bem como do ingresso em área de risco,
mesmo que em tempo reduzido. 7 - Recurso de revista a que se dá
provimento. (ARR - 11840-14.2014.5.03.0032 , Relatora
Ministra: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento:
08/03/2017, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
10/03/2017)

"AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADICIONAL DE


PERICULOSIDADE. OPERADOR DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS.
EXPOSIÇÃO A PRODUTOS INFLAMÁVEIS. CONTATO HABITUAL
POR 6 MINUTOS. PROVIMENTO. Agravo de instrumento provido para
melhor exame de divergência jurisprudencial. Agravo de instrumento
provido. RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. (...) ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. OPERADOR DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS.
EXPOSIÇÃO A PRODUTOS INFLAMÁVEIS. CONTATO HABITUAL
POR 6 MINUTOS. Caracterizada a habitualidade da exposição ao agente
inflamável, por meio de laudo pericial, o trabalho realizado dentro da área de
risco, com exposição a líquidos inflamáveis, durante 6 minutos não
configura hipótese de permanência por tempo extremamente reduzido, razão
por que devido o adicional pretendido. Súmula nº 364 esta Corte. Recurso de
revista conhecido e provido. (...)" (RR-1235-87.2011.5.15.0029 ,
Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de
Julgamento: 19/10/2016, 6ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 21/10/2016)

"AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INFLAMÁVEIS.
CONTATO INTERMITENTE. CILINDRO DE GÁS GLP. SÚMULA Nº
364 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 1. A Súmula nº 364 do
Tribunal Superior do Trabalho consagrou o entendimento de que o
empregado exposto de forma intermitente a condições de risco tem direito ao
adicional de periculosidade. 2. A permanência de empregado em área de
risco por aproximadamente 5 (cinco) diários não consubstancia a exposição
eventual ou por tempo extremamente reduzido à periculosidade. Em
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circunstâncias em que tais frações de tempo podem significar a diferença
entre a vida e a eternidade, cuida-se de contato intermitente, com risco
potencial de dano efetivo ao empregado. Precedentes da SbDI-1 do Tribunal
Superior do Trabalho. 3. Agravo da Reclamada de que se conhece e a que se
nega provimento." (Ag-AIRR - 202-35.2014.5.12.0031 ,
Relator Ministro: João Oreste Dalazen, Data de
Julgamento: 30/03/2016, 4ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 08/04/2016)

"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI


13.015/2014. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TROCA DE
CILINDROS DE GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO - GLP.
EXPOSIÇÃO PELO TEMPO APROXIMADO DE 5 A 10 MINUTOS POR
DIA. HABITUALIDADE. Incontroverso nos autos que o Reclamante
promovia a troca de cilindros de gás liquefeito de petróleo - GLP, duas a três
vezes por semana, tarefa que durava cerca de 5 a 10 minutos. Dispõe a
Súmula 364 do TST que "Tem direito ao adicional de periculosidade o
empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente,
sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de
forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se
por tempo extremamente reduzido". Esta Corte firmou entendimento no
sentido de que a expressão "tempo extremamente reduzido" refere-se não só
ao tempo de exposição do trabalhador ao agente periculoso, mas também ao
tipo de agente. Pacificou, ainda, que a exposição ao gás GLP pelo período
aproximado de 5 minutos não configura contato eventual ou por tempo
extremamente reduzido, em razão da possibilidade de explosões a qualquer
instante, mostrando-se devido o adicional de periculosidade. Logo, a
exposição por curtos períodos descontínuos, porém habituais, periódicos e
inerentes à atividade laboral, configura o contato intermitente com o agente
periculoso, ensejando o direito do empregado ao adicional respectivo, nos
termos da Súmula 364 do TST. Precedentes desta Corte. Recurso de revista
conhecido e provido." (Processo: RR -
1084-76.2014.5.15.0010 Data de Julgamento:
17/02/2016, Relator Ministro: Douglas Alencar

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.12

PROCESSO Nº TST-RR-12072-25.2016.5.15.0128

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Rodrigues, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
26/02/2016 )

"RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI


13.015/2014. ART. 896, § 1º-A, I, DA CLT. EXIGÊNCIA DE
TRANSCRIÇÃO DOS FUNDAMENTOS EM QUE SE IDENTIFICA O
PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO DE RECURSO DE
REVISTA. (...) 2. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. CONTATO
COM GÁS GLP. PERÍODO REDUZIDO. VERBA DEVIDA. A
jurisprudência desta Corte Superior tem reconhecido o cabimento do
adicional de periculosidade a empregado que, exercendo a função de
operador de empilhadeira, adentra área de risco em que há o armazenamento
de gás GLP, ainda que o respectivo contato se verifique por tempo reduzido,
ante o risco iminente e potencial de ocorrência de sinistro. No caso concreto,
o Tribunal Regional registrou que, segundo o laudo pericial, o Reclamante
realizava a troca do cilindro de GLP, a qual era efetuada por duas a três vezes
por mês, despendendo por volta de 5 minutos em cada uma das trocas.
Agrega ainda o TRT a informação de que a sentença atestou que o obreiro
adentrava área de armazenamento de inflamáveis em duas vezes por semana,
no máximo, por tempo de cinco minutos a cada vez. Diante desse contexto,
constata-se que não se há falar em exposição eventual ao produto inflamável,
mas, ao menos, em exposição intermitente. Assim, considerando o contexto
fático-probatório dos autos, a jurisprudência desta Corte Superior e o fato de
ser incontroverso que o Autor atuava em contato com gás GLP, mesmo que
por tempo reduzido, conclui-se ser devido o adicional de periculosidade.
Incidência da diretriz que se extrai da Súmula 364 do TST. Recurso de
revista conhecido e provido no aspecto."
(RR-395-30.2013.5.15.0022, Relator Ministro:
Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento:
21/09/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT
23/09/2016)

Na hipótese, o egrégio Tribunal Regional consignou que


o reclamante, no desempenho de suas funções, também realizava o
abastecimento da empilhadeira, entrando em contato com inflamáveis a cada
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Tribunal Superior do Trabalho fls.13

PROCESSO Nº TST-RR-12072-25.2016.5.15.0128

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dois dias. Nesse contexto, por entender que a exposição à área de risco
se deu por tempo extremamente reduzido, reformou a sentença, para excluir
da condenação o pagamento de adicional de periculosidade.
Ante o exposto, conheço do recurso de revista por
contrariedade à Súmula nº 364, I.

2. MÉRITO

2.1. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

Como consequência do conhecimento do recurso de


revista, por contrariedade à Súmula nº 364, I, dou-lhe provimento para
restabelecer a sentença quanto à condenação da reclamada ao pagamento
do adicional de periculosidade, no percentual de 30% e seus reflexos,
durante o período não prescrito. Invertem-se os ônus da sucumbência
referentes aos honorários periciais.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade: I) reconhecer a transcendência
política da causa e; II) conhecer do recurso de revista, por contrariedade
à Súmula nº 364, I, e, no mérito, dar-lhe provimento para restabelecer
a sentença quanto à condenação da reclamada ao pagamento do adicional
de periculosidade, no percentual de 30% e seus reflexos, durante o período
não prescrito. Invertem-se os ônus da sucumbência referentes aos
honorários periciais.
Brasília, 16 de dezembro de 2020.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


CAPUTO BASTOS
Ministro Relator

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