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Violência e ciência, duas palavras que rimam, mas pode a violência ser estudada
cientificamente? Esta é a premissa fundante do 3
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criado em 1995 na UFC e coordenado pelo pesquisador César Barreira. Apesar do nome, os
pesquisadores do LEV sempre tiveram claro que os temas de violência e segurança pública não
podem ser isolados em laboratórios fechados à maneira das ciências físicas e biológicas. A
violência não é um fenômeno dado e naturalizado, pelo contrário, a violência é constituída
social e culturalmente.
É fundamental que uma temática de tanto apelo social ʊ e que tende facilmente a explicações
fáceis, modismos e estereótipos ʊ seja calcada em sólida teoria sociológica que permita
ultrapassar o senso comum em direção ao conhecimento científico. Grandes sociólogos se
detiveram sobre a problemática da violência como Marx Weber, Georg Simmel, Norbert Elias,
Michel Foucault e Pierre Bourdieu, bem como alguns brasileiros como Alba Zaluar, Sérgio
Adorno, José Vicente Tavares dos Santos, Michel Misse entre outros.
Não há como entender a violência senão como uma questão social, os conflitos e contradições
sociais constituem o pano de fundo aonde emergem as violências individuais. E não há como
não atentar para a permanente relação que a violência estabelece com o poder. Os conflitos
agrários tão comuns no Nordeste ilustram bem esta situação. A violência no campo eclode em
uma realidade na qual não há separação nítida entre o público e o privado. Estudos mostram que
há um entre as práticas delituosas do meio rural e urbano, e com o adensamento
populacional nas cidades, um consequente aumento da violência e criminalidade urbanas.
Isto tudo contribui para uma percepção mais ampla da violência na sociedade contemporânea,
configurando um quadro de aumento da criminalidade e de práticas violentas, e originando um
fosso social, uma social reforçado por uma ³cultura do medo´.
Também não se pode desprezar o papel da imprensa, principalmente a televisa, que em busca de
audiência, enfatiza o sensacionalismo em seus programas policiais. Modismos e estereótipos são
despejados cotidianamente e reverberam nos medos interiores de passivos espectadores,
contribuindo para a formação da ³cultura do medo´.
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http://www.lev.ufc.br/