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Adm.

Fernando Viana
Cadeira 18 AMLERS
admfernandoviana@gmail.com

CRISE VENEZUELANA EXPÕE VULNERABILIDADES DO SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA


Relatório Reservado
2019 03

A grave situação da Venezuela e a ameaça latente de um confronto com o país vizinho deverão precipitar
decisões de investimento na área de Defesa. O governo Bolsonaro estuda acelerar a liberação de recursos com o
objetivo de antecipar a execução de projetos estratégicos para o reaparelhamento das Forças Armadas. A crise
venezuelana serviu para expor, de forma mais aguda, fragilidades do Brasil na área militar, resultado de um
acúmulo de decisões estratégicas equivocadas e dos seguidos cortes do orçamento para o setor feitos desde a
gestão de Fernando Henrique Cardoso.

Um dos investimentos que se mostram prioritários é a aquisição de um novo sistema de defesa antiaérea. As
Forças Armadas dispõem basicamente do equipamento portátil RBS-70, da Saab, comprado por ocasião da Copa
do Mundo e da Olimpíada. Seu alcance é de, no máximo, cinco mil metros de altura. Seria, portanto, insuficiente
para abater o Sukhoi-30, que pode ultrapassar os 12 mil metros de altitude. Ainda que não se saiba muito bem o
seu atual estado de conservação, os caças de fabricação russa usados pela Força Aérea da Venezuela foram
projetados para ter autonomia de mais de três mil km. Ou seja: apenas a título de exemplo, no caso de um
hipotético combate, essas aeronaves poderiam sair de Caracas, proceder um ataque a Manaus e retornar à
capital venezuelana.

Nos últimos anos, o Brasil chegou a negociar a aquisição do sistema russo Pantsir S1, capaz de atingir até 15 mil
metros de altitude. No entanto, as tratativas para a compra do equipamento ou eventualmente de outro sistema
similar foram congeladas no governo Temer. Devido à delicadeza do tema, o RR entrou em contato com o
Ministério da Defesa no dia 25 de fevereiro, encaminhando uma série de perguntas. A Pasta não se pronunciou.

Diante de novas informações apuradas junto à mesma fonte nesse intervalo, a newsletter teve o cuidado de voltar
ao órgão ontem, por intermédio de e-mails e telefonemas à assessoria de comunicação. Mais uma vez, o
Ministério não se manifestou.

Outra vulnerabilidade que ficou um pouco mais evidente no meio da crise venezuelana diz respeito ao
monitoramento aeroespacial do território brasileiro e da zona de fronteira. O Brasil tem uma carência de satélites
de vigilância mais eficientes. Neste momento, por exemplo, as Forças Armadas brasileiras estariam encontrando
dificuldades para monitorar com precisão a posição dos Sukhoi venezuelanos e suas manobras de voo. Da
mesma forma, o Exército estaria trabalhando com informações desencontradas sobre o real poderio dos dois
sistemas antiaéreos S-300 que os venezuelanos chegaram a posicionar recentemente a 11 km da divisa com
Roraima. No total, o equipamento pode carregar até quatro lançadores de mísseis, mas não se sabe ao certo se
ele vem sendo usado a plena carga pelo exército venezuelano. Estes pontos cegos na vigilância da fronteira
poderiam ser temporariamente eliminados com a compra de conjuntos de foguete e satélite de menor porte —
alguns não custam mais de US$ 2 milhões.

A escassez orçamentária, somada a um escamoteado receio dos governos civis em empoderar em demasia as
Forças Armadas após a redemocratização do país, foi criando algumas lacunas na área de Defesa. A última
grande manobra operacional do Comando Militar da Amazônia, vital para simular estratégias de combate e testar
equipamentos em ampla escala, teria se dado em 1993.

É necessário ressaltar ainda que investimentos militares, por maiores que sejam, não têm efeito imediato sobre o
poderio bélico de uma nação. Há um tempo razoável até que novos equipamentos estejam plenamente integrados
às Forças Armadas. Um exemplo: em média, reza o protocolo que um piloto de caça só consegue dominar
plenamente a aeronave após três anos de treinamento.

Antes de imprimir, pense em tua responsabilidade e compromisso com o meio ambiente. Pense nisso! Sucesso! 1/1
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