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ISSN: 1981-8963 https://doi.org/10.

5205/1981-8963-v12i5a231304p1409-1422-2018

Souza TCF, Correa Júnior AJS, Santana ME et al. Cuidados paliativos pediátricos: análise de estudos...

ARTIGO REVISÃO INTEGRATIVA


CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: ANÁLISE DE ESTUDOS DE ENFERMAGEM
PEDIATRIC PALLIATIVE CARE: ANALYSIS OF NURSING STUDIES
CUIDADOS PALIATIVOS PEDIÁTRICOS: ANÁLISIS DE ESTUDIOS DE ENFERMERÍA
Thaís Cristina Flexa Souza1, Antonio Jorge Silva Correa Júnior2, Mary Elizabeth de Santana3, Jacira Nunes
Carvalho4
RESUMO
Objetivo: analisar as evidências científicas acerca dos cuidados paliativos pediátricos. Método: estudo
bibliométrico de publicações brasileiras realizado com 23 artigos disponíveis on-line, no período de 2012 a
2016 nas bases de dados LILACS, MEDLINE e BDENF, analisados pela estatística descritiva simples em figuras e
posteriormente segundo a análise de conteúdo. Resultados: os artigos encontrados estão em revistas B1 e B2
majoritariamente, com publicações no ano de 2014. Os sujeitos mais estudados foram enfermeiros e equipe
de enfermagem e os descritores mais indexados: cuidados paliativos, criança, enfermagem oncológica,
enfermagem, saúde da criança e neoplasias. A totalidade referiu-se a oncologia e as evidências para o suporte
humanístico: assistência ao cuidador, controle da dor oncológica, engendrar cuidados com vista em atividades
lúdicas e manter comunicação eficaz com a equipe, criança e família. Conclusão: a análise mostrou uma
literatura focada na oncologia e assistência ao cuidador, revelando ainda baixa publicação de outras
condições crônicas na pediatria. Os temas que podem contribuir para o avanço da enfermagem em estudos
posteriores são: ampliações de planos de cuidados para sintomas específicos; pesquisas sobre a administração
e gestão; tipificações e o conteúdo da comunicação na internação; e complexidade da rede de atendimento
hospitalar e domiciliar. Descritores: Bibliometria; Cuidados Paliativos; Pediatria; Enfermagem Pediátrica;
Criança; Doença Crônica.
ABSTRACT
Objective: to analyze the scientific evidence about pediatric palliative care. Method: this is a bibliometric
study of Brazilian publications with 23 articles available online, between 2012 and 2016 in the LILACS,
MEDLINE and BDENF databases analyzed by simple descriptive statistics in figures and later according to
content analysis. Results: the articles found are in journals B1 and B2, with publications in 2014. The most
studied subjects were nurses and nursing staff and the most indexed descriptors were palliative care, child,
oncological nursing, nursing, child health, and neoplasms. All of them referred to the oncology and evidence
for humanistic support: caregiver care, oncological pain control, engendering care for recreational activities
and maintaining effective communication with staff, children, and family. Conclusion: the analysis showed a
literature focused on oncology and caregiver care, revealing still low publication of other chronic conditions
in pediatrics. The themes that may contribute to the advancement of nursing in later studies are an expansion
of care plans for specific symptoms; research on administration and management; typification and content of
the communication during hospitalization; and complexity of the hospital and home care network.
Descriptors: Bibliometrics; Palliative Care; Pediatrics; Pediatric Nursing; Child; Chronic Disease.
RESUMEN
Objetivo: analizar las evidencias científicas acerca de los cuidados paliativos pediátricos. Método: estudio
bibliométrico de publicaciones brasileras realizado con 23 artículos disponibles online, en el período de 2012 a
2016 en las bases de datos LILACS, MEDLINE y BDENF analizados por la estadística descriptiva simple en figuras
y posteriormente según análisis de contenido. Resultados: los artículos encontrados están en revistas B1 y B2
mayoritariamente, con publicaciones en 2014. Los sujetos más estudiados fueron enfermeros y equipo de
enfermería y los descriptores más indexados fueron cuidados paliativos, niño, enfermería oncológica,
enfermería, salud del niño y neoplasias. La totalidad apuntó la oncología y las evidencias para el soporte
humanístico: asistencia al cuidador, control del dolor oncológica, engendrar cuidados para actividades lúdicas
y mantener comunicación eficaz con el equipo, niño y familia. Conclusión: el análisis mostró una literatura
enfocada en la oncología y asistencia al cuidador, revelando aún baja publicación de otras condiciones
crónicas en la pediatría. Los temas que pueden contribuir para el avance de la enfermería en estudios
posteriores son: ampliaciones de planos de cuidados para síntomas específicos; investigaciones sobre la
administración y gestión; tipificaciones y el contenido de la comunicación en la internación; y complejidad de
la red de atendimiento hospitalario y domiciliario. Descriptores: Bibliometría; Cuidados Paliativos; Pediatría;
Enfermería Pediátrica; Niño; Enfermedad Crónica.
1,2
Mestrandos, Programa da Pós Graduação em Enfermagem/PPGENF. Universidade Federal do Pará/UFPA. Belém (PA), Brasil. E-mail:
thaisflexxa@gmail.com ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-7296-0380; E-mail: juniorjorge_94@hotmail.com ORCID iD:
https://orcid.org/0000-0003-1665-1521; 3,4Doutoras, Universidade Federal do Pará/UFPA. Belém (PA), Brasil. E-mail:
betemary@terra.com.br ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-3629-8932; E-mail: jacirancarvalho@gmail.com ORCID iD:
https://orcid.org/0000-0002-5464-2434

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alguns fatores como a liderança, a fim de


INTRODUÇÃO
nortear o trabalho da equipe durante o
São componentes básicos dos cuidados período de internação, profundidade de
paliativos a proximidade e o calor humano, conhecimento clínico, autorreflexão e
dignidade e alívio da dor, na pediatria, as consciência sobre o trabalho.1 “Fazer a
enfermeiras neonatais precisam estar na diferença” durante sua prestação de
vanguarda destas contingências para o cuidados abarca aspectos relacionais com a
cuidado.1 Considera-se que, na realidade família, apoiando-os e gerenciando sintomas
brasileira, entre as causas de óbito infantil de seus filhos individualmente.5
estão os fatores perinatais e maternos Neste estudo, usa-se o termo pediatria
(prematuridade, asfixia/hipóxia, infecções para designar a faixa de idade que abrange
perinatais, afecções respiratórias, de 0 a 19 anos, englobando o conceito de
transtornos cardiovasculares perinatais e adolescência segundo a OMS, respeitando os
doenças maternas), malformações seguintes respectivos períodos etários:
congênitas, infecções da criança, doenças neonatal ou recém-nascido- 0 a 28 dias;
imunopreveníveis, causas externas e causas lactente-29 dias a 12 dias; infante - 1 a 3
maldefinidas.2 anos; pré-escolar - 3 a 6 anos; escolar - 6 a
Considera-se uma criança acometida por 11 ou 12 anos; adolescente - 11 a 19 anos.6
doença crônica quando esta é diagnosticada
OBJETIVO
e tratada nos primeiros anos de vida,
compreendendo tempo durável e ● Analisar as evidências científicas acerca
inespecífico, havendo impedimentos na dos cuidados paliativos pediátricos.
rotina familiar e, ainda, sua transição da
MÉTODO
infância para adolescência frequentando
serviços de saúde. O sistema de saúde e seus Estudo bibliométrico utilizando-se da
profissionais precisam visualizar análise quantitativa das publicações para
adequadamente as possibilidades dar subsídio à formulação de novas pesquisas
terapêuticas, incluindo a pré-disposição científicas. Segmenta-se em três etapas, a
genética e os fatores influenciadores pré e iniciar-se por duas quantitativas: 1) sinopse
pós-neonatais.3 de títulos e outras informações; 2) exibição
Hierarquiza-se a assistência paliativa de figuras para discussão percentual e uma
pediátrica profissional em três níveis descritiva; e 3) discussão embasada pelos
articulados: básico, cujos profissionais temas recorrentes sobre cuidados paliativos
dispõem de pós-graduação em pediatria, pediátricos.7
identificando crianças com necessidades Realizou-se o levantamento dos artigos
paliativas e referenciando-as rapidamente a por dois revisores independentes nos meses
níveis superiores de atenção; Generalista, de junho e julho de 2017. No
cujos profissionais ostentam interesse e desenvolvimento do estudo, empregou-se
cursos em cuidados paliativos infantis e um protocolo de busca e revisão de artigos:8
possam estruturar planos de capacitação de identificação do tema e a seleção da
recursos humanos e/ou planos individuais de questão de pesquisa: qual o estado da arte
intervenções em crianças adoecidas; referente à produção de artigos entre os
Especializado, cujos profissionais possuem anos de 2012 a 2016 sobre cuidados
formação especializada, transitando pelos paliativos em enfermagem pediátrica no
demais níveis, desempenhando pesquisas na Brasil?; estabelecimento de critérios de
área e prestando cuidados em casos inclusão e exclusão de estudos; seleção de
complexos.4 informações a serem extraídas conforme
Sobrelevam-se no trabalho de ficha modelo validada;9 avaliação dos
enfermagem, em clínicas especializadas, estudos inclusos segundo os sete níveis de
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evidência;10 interpretação dos resultados; e Com a composição final do banco de


a apresentação da síntese de conhecimento. dados, a primeira análise guiou-se pela
A busca ocorreu por meio de pesquisa em estatística descritiva simples conforme
sistemas de bases de dados importantes no referencial que prevê Tabulação,
contexto da saúde brasileira: Literatura Refinamento, Construção de gráficos;
Latino Americana e do Caribe em Ciências Apresentação e interpretação dos dados; e
da Saúde (LILACS), Medical Literature Discussão.11 A segunda análise guiou-se pela
Analysis and Retrieval Sistem on-line técnica de Análise de Conteúdo para
(MEDLINE via EBSCO), Base de Dados em discussão do teor dos artigos.
Enfermagem (BDENF). Como critérios de Para contemplar os aspectos éticos,
inclusão: artigos apenas no idioma português assegurou-se a autoria dos artigos
entre o período de janeiro de 2012 a pesquisados utilizando-se somente
dezembro de 2016 e disponíveis na íntegra. sobrenomes dos autores. Por se tratar de um
Excluíram-se: pesquisas sem subsídio para a tipo de estudo documental cujos dados são
enfermagem e que não abordassem de caráter público, respeitaram-se todos os
explicitamente cuidados paliativos preceitos éticos envolvidos em relação à
pediátricos. análise e divulgação dos dados da pesquisa.
Combinaram-se os Descritores em
RESULTADOS
Ciências da Saúde (DECs) e as combinações
em uma estratégia (“nuvem de combinações Encontraram-se 177 artigos, destes, 154
de DECs”): “Cuidados Paliativos”, “Cuidados artigos encontravam-se os que tangenciavam
de enfermagem”, “Criança”, “Enfermagem o tema cuidados paliativos e/ou não
Pediátrica” e “Doença Crônica” ligados pelo contribuíam para a enfermagem, no caso de
operador booleano and, e empregados com a repetições de publicações entre as bases de
devida seleção em “TÍTULO, RESUMO E dados escolheu-se a base LILACS.
ASSUNTO”. Selecionou-se para análise 23 artigos
Os sete níveis de evidência para prática pertinentes aos objetivos.
clínica foram explorados e tipificados neste A distribuição por base de dados: LILACS
estudo: nível 1 para revisão sistemática ou (n=18), BDENF (n=3), MEDLINE (n=2) (Figura
meta-análise, nível 2 para ensaio 1). Para a interpretação dos dados e síntese,
randomizado controlado, nível 3 para ensaio utilizou-se a figura 2.
controlado sem randomização, nível 4 para
estudos de caso controle ou estudos de
coorte, nível 5 para metassíntese
qualitativa, nível 6 para estudos qualitativos
e nível 7 para opiniões de especialistas.10

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Cuidados paliativos AND Cuidados de enfermagem AND


Criança | Enfermagem pediátrica AND Cuidados paliativos |
Enfermagem pediátrica AND Doença crônica | Cuidados de
enfermagem AND Doença crônica AND Criança | Cuidados
paliativos AND Criança | Cuidados de enfermagem AND
Doença Crônica AND Enfermagem pediátrica

Critérios de Inclusão:
Português; janeiro de
2012 a dezembro de Nuvem de
2016; artigos combinações de
disponíveis. DECs

Encontrados: 95 Encontrados: 70 Encontrados: 12


Excluídos: 67 Excluídos: 10
Excluídos: 77
Amostra final: 3 Amostra final: 2
Amostra final: 18

LILACS BDENF MEDLINE

Figura 1. Fluxograma com detalhamento da busca. Belém (PA), Brasil, 2017.

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Títulos e Código de Autorias/Fonte/Ano/Nível de Objetivo Recomendações/Conclusões


Identificação evidência
A atuação do enfermeiro junto à Monteiro; Rodrigues; Pacheco; Conhecer a ação de cuidar Os enfermeiros cuidam das crianças em cuidados paliativos
criança com câncer: cuidados Pimenta/ LILACS/ 2014/VI do enfermeiro à criança com de forma única, baseado na compreensão, no carinho e no
paliativos/ A1 câncer em cuidados respeito às suas necessidades e de sua família.
paliativos.
A experiência da família da Misko; Santos; Ichikawa; Lima; Compreender a experiência A permanência dos pais com a criança em casa manteve a
criança e / ou adolescente em Bousso/ LILACS/ 2015/VI da família da criança e/ou esperança da recuperação e manutenção da vida e afastou
cuidados paliativos: flutuando adolescente em cuidados o sentimento de possibilidade da morte do filho.
entre um objetivo e uma paliativos e construir um
desesperança em um mundo modelo teórico
transformado pelas perdas representativo do processo
vivenciado pela família.
A importância do brincar para Soares; Silva; Santos; Depianti/ Identificar a importância do É importante a inclusão do brincar durante a assistência de
criança com câncer hospitalizada BDENF/ 2016/VI brincar no cuidado paliativo enfermagem à criança com câncer em cuidados paliativos,
em cuidado paliativo/ A3 de crianças com câncer visto que auxilia a criança a ficar mais feliz e promove o
hospitalizadas na percepção bem-estar, além de tornar o cuidado mais humanizado.
da equipe de enfermagem.
A importância dos cuidados Bernardo; Bernardo; Costa; Refletir sobre a importância Ratificam-se os resultados deste estudo pela importância
paliativos prestados pelo Silva; Araújo; Spezani / LILACS/ dos cuidados paliativos da atuação do enfermeiro, pois a proximidade de vínculos
enfermeiro à criança com câncer 2014/ prestados pelo enfermeiro à permite uma prática de enfermagem mais efetiva e
em estágio terminal/ A4 criança com câncer em consciente entre todos os envolvidos.
estágio terminal.
Assistência à criança em Garcia-Schinzari; Santos/ Descrever publicações na Existe dificuldade na abordagem em cuidados paliativos
cuidados paliativos na produção LILACS/ 2014/ produção científica brasileira pediátricos. Desta maneira, é necessário valorizar esse tipo
científica brasileira/ A5 quanto à assistência à de cuidado, deixando de enfatizar somente os aspectos
criança em cuidados físicos mas também os aspectos psicológicos, sociais e
paliativos. espirituais. Observa-se, ainda, dificuldade dos profissionais
de saúde em lidar com questões relacionadas ao cuidado
com a família, com a criança com bastante desgaste físico
e psicológico.
Criança com Câncer em Processo Carmo; Oliveira/ LILACS/ Descrever as especificidades A equipe de enfermagem tem dificuldades em lidar com a
de Morrer e sua Família: 2015/VI do cuidado de enfermagem à morte da criança com câncer em processo de morrer e
Enfrentamento da Equipe de criança com câncer em apoiar sua família. Estas dificuldades relacionam-se à falta
Enfermagem/ A6 processo de morrer e sua de conhecimento sobre os cuidados paliativos.
família e analisar a atuação
da equipe de enfermagem
frente à criança com câncer
em processo de morrer e sua
família.
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Crianças e adolescentes com Sanches; Nascimento; Lima/ Investigar a experiência dos O estudo mostrou-se importante para a assistência à
câncer em cuidados paliativos: LILACS/ familiares no cuidar de criança e ao adolescente com câncer no fim da vida, pois
experiência de familiares/ A7 2014/VI crianças e adolescentes com as vivências complexas, dinâmicas e abrangentes das
câncer, em cuidados famílias no cuidado da criança e do adolescente
paliativos, particularmente contribuem para a compreensão do processo de cuidar à luz
nos cuidados ao final da dos fundamentos dos cuidados paliativos.
vida.
Cuidado de enfermagem à Mutti; Padoin; Paula; Souza; Compreender o significado, O cuidado em oncologia pediátrica transcende questões
criança que tem doença Terra; Quintana/ LILACS/ para equipe de enfermagem, técnicas e rotinas, demanda e competências para atender
oncológica avançada: ser-com no 2012/VI de cuidar de crianças que às peculiaridades e necessidades da criança e da família.
cotidiano assistencial/ A8 têm doença oncológica que
não respondem mais aos
tratamentos curativos.
Cuidados paliativos à criança França; Costa; Nóbrega; Lopes/ Compreender a experiência Os cuidados paliativos são um instrumento eficaz no
com câncer/ A9 LILACS/2013/VI existencial de enfermeiros, cuidado com a criança com câncer para promover uma
no cuidar de crianças com comunicação autêntica e um vínculo entre ela e o
câncer sem possibilidades enfermeiro, que desenvolve um processo terapêutico
terapêuticas. baseado em valores humanísticos universais, com
benefícios para ambos.
Cuidados paliativos em oncologia Guimarães; Silva; Espírito Conhecer a percepção dos A complexidade e os múltiplos aspectos envolvidos no
pediátrica na percepção dos Santo; Moraes/ LILACS/ 2016/VI acadêmicos de enfermagem cuidado paliativo exige que o mesmo seja abordado
acadêmicos de enfermagem/ sobre cuidados paliativos em durante a graduação dos enfermeiros.
A10 oncologia pediátrica.
Cuidados paliativos em oncologia Silva; Issi; Motta; Botene/ Conhecer as percepções, Os temas revelaram que a equipe sofre, igualmente, com a
pediátrica: percepções, saberes MEDLINE/ saberes e práticas da equipe morte da criança e, de forma semelhante à família, move-
e práticas na perspectiva da 2015/VI multiprofissional na atenção se em direção à construção de mecanismos de
equipe multiprofissional/ A11 às crianças em cuidados enfrentamento para a elaboração do luto. Paradoxalmente,
paliativos em unidade de a equipe compartilha saberes para delinear as bases do
oncologia pediátrica. projeto terapêutico singular a ser implementado e insere a
família nesse processo para que possa assumir o
protagonismo do cuidado à criança.
Desvelando a experiência de Costa; Agra; Souza Neto; Silva; Compreender o cotidiano de Os achados da pesquisa possibilitaram desvelar as diversas
mães de crianças com câncer/ Braz; Mendonça / BDENF / mães cuidadoras de crianças mudanças na vida profissional, familiar e pessoal das mães
A12 2016/VI com câncer provocadas pelo adoecimento e hospitalização da criança,
tais como o abandono do emprego, o afastamento do lar e
de suas funções domésticas, deixando cônjuge e outros
filhos à própria sorte, o desprendimento de seus desejos e
necessidades pessoais. Essas mudanças contribuíram para
intensificar o desgaste físico e emocional dessas mulheres.
Propõem-se estratégias de acolhimento, através de escuta

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qualificada.
Espacialidade do ser- Mutti; Padoin; Paula/ LILACS/ Compreender o significado Aponta-se a necessidade do desenvolvimento de estratégias
profissional-de-enfermagem no 2012/VI para equipe de enfermagem de ação multiprofissional entre a equipe, considerando que
mundo do cuidado à criança que de cuidar de crianças que esta também precisa ser cuidada.
tem câncer/ A13 têm doença oncológica
avançada, cuja enfermidade
não responde mais aos
tratamentos curativos.
Experiência em cuidados Nascimento; Rodrigues; Soares; Compreender a visão da Verificou-se que os profissionais possuem pouca
paliativos à criança portadora de Rosa; Viegas; Salgado/ LILACS/ equipe multidisciplinar experiência nessa área e têm dificuldade em lidar com os
leucemia: a visão dos 2013/VI perante a criança portadora sentimentos, sentindo-se, às vezes, impossibilitados de agir
profissionais/ A14 de leucemia em cuidado mediante as angústias dos envolvidos e com a morte.
paliativo. Contudo, apesar da área de atuação gerar sofrimento e
angústia ao profissional, percebe-se que a equipe
multiprofissional identifica-se com a área o que é
importante para a criança e sua família sentirem-se
seguros, respeitados e acolhidos pelos profissionais.
Importância da comunicação nos França; Costa; Lopes; Nóbrega; Investigar e analisar a A comunicação configura-se como um elemento eficaz no
cuidados paliativos em oncologia França/ LILACS/ comunicação nos cuidados cuidado com a criança com câncer e é de suma importância
pediátrica: enfoque na Teoria 2013/VI paliativos em oncologia para a promoção dos cuidados paliativos quando alicerçada
Humanística de Enfermagem/ pediátrica, sob o ponto de na Teoria Humanística de Enfermagem.
A15 vista de enfermeiros, com
base na Teoria Humanística
de Enfermagem.
Morte digna da criança: Souza; Misko; Silva; Poles; Identificar o significado e as Este estudo contribui para ampliar a compreensão do
percepção de enfermeiros de Santos; Bousso/ intervenções de enfermeiros processo de cuidar e permite avançar na postulação de um
uma unidade de oncologia/ A16 LILACS/ 2013/VI que atuam em oncologia quadro teórico que contemple a integração de saberes e
pediátrica na promoção de ações que constituem uma assistência integral,
morte digna da criança. transcendendo o atendimento de necessidades apenas
clínicas e biológicas.
O enfermeiro e o cuidar da Monteiro; Rodrigues; Pacheco/ Analisar compreensivamente Na análise compreensiva existem duas categorias: conforto
criança com câncer sem LILACS/ 2012/VI o cuidado do enfermeiro à e minimização da dor. A partir dessas ações direciona-se o
possibilidade de cura atual/ A17 criança hospitalizada cuidar para o familiar ali presente, com o intuito de apoiá-
portadora de doença lo, proporcionando atitudes de carinho, afeto e respeito.
oncológica fora de
possibilidade de cura atual.
O uso do brincar pela equipe de Soares; Silva; Cursino; Goes/ Descrever as formas de Conclui-se que o brincar proporciona à criança com câncer
enfermagem no cuidado MEDLINE/ utilização do brincar pela em cuidados paliativos um atendimento humanizado, sendo
paliativo de crianças com 2014/VI equipe de enfermagem no fundamental integrá-lo aos cuidados a essas crianças.
câncer/ A18 cuidado paliativo de crianças

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com câncer e analisar as


facilidades e dificuldades do
uso do brincar neste
cuidado.
Percepção de familiares sobre Guerini; Cordeiro; Osta; Identificar as percepções de Conclui-se que para garantir as conquistas possibilitadas
estressores decorrentes das Ribeiro/ LILACS / 2012/VI familiares acerca dos pelo avanço tecnológico é necessário apoiar a família,
demandas de cuidado de criança estressores decorrentes das especialmente a mulher, com políticas que permitam a ela
e adolescente dependentes de demandas de cuidado de cuidar da criança/adolescente e realizar-se em outras
tecnologias/ A19 crianças/adolescentes dimensões.
dependentes de tecnologia.
Relações estabelecidas pelos Reis; Cardoso; Potrich; Padoin; Compreender as relações Refletiram-se nestas relações as dificuldades do cuidar
profissionais de enfermagem no Bin; Mutti, et al./ LILACS/ estabelecidas pelos diante do câncer, intensificadas por se tratar de crianças,
cuidado às crianças com doença 2014/VI profissionais da equipe de uma vez que sua concepção dessa doença associa-se ao
oncológica avançada/ A20 enfermagem no cuidado às sofrimento e à morte.
crianças com doença
oncológica avançada, sem
possibilidades terapêuticas.
Resiliência e morte: o Santos; Moreira/ LILACS/ Analisar a resiliência da Constata-se que os profissionais de saúde utilizam as
profissional de enfermagem 2014/VI equipe de enfermagem pelo seguintes estratégias de resiliência: no contato com o
frente ao cuidado de crianças e recorte do processo de processo de viver e de morrer com o quadro crônico de
adolescentes no processo de cuidar de crianças e
saúde apostam nas suas formulações enquanto pessoas,
finitude da vida/ A21 adolescentes com doença associando técnica e afeto; assentam-se na busca de razões
crônica, o que inclui lidarde ordem religiosa; evitam que haja sofrimento para os
com sua finitude. pacientes no processo de morrer; fazem trocas em equipe.
Sentimentos, acolhimento e Soares; Rodrigues; Nascimento; Compreender a visão da Observou-se que o profissional acolhe e presta assistência
humanização em cuidados Rosa; Viegas; Salgado/ BDENF/ equipe multidisciplinar
humanizada à criança portadora de leucemia em cuidado
paliativos às crianças portadoras 2013/VI perante a criança portadorapaliativo, proporcionando-lhe o máximo de conforto e
de leucemia/ A22 de leucemia em cuidado diminuição da dor. Verificou-se que o cuidado paliativo
paliativo. realizado engloba não somente o paciente, mas também
alcança a sua família. O profissional apoia, acolhe e
conforta toda a família do cliente durante o processo de
cuidados paliativos.
Vivenciando a dor: a experiência Borghi; Rossato; Damião; Conhecer como as crianças e Apesar da dor ser um agente limitante na vida de crianças
de crianças e adolescentes em Guedes; Silva; Barbosa et al./ adolescentes em cuidados e adolescentes, constata-se que enfrentavam a dor
cuidados paliativos/ A23 LILACS/ 2014/VI paliativos manejam a dor em diariamente e, mesmo assim, tinham vida além da dor e da
seu cotidiano e como a doença. Acrescenta-se, ainda, a importância dos
descrevem em intensidade e enfermeiros compreenderem que o manejo eficaz da dor é
qualidade. essencial para uma vida mais próxima da normalidade,
reduzindo seu sofrimento.
Figura 2. Distribuição dos artigos relacionados a cuidados paliativos de enfermagem na pediatria. Belém (PA), Brasil, 2017.
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Código de identificação Sujeitos estudados


A1, A9, A15, A16, A17 e A20 Enfermeiros
A2, A7 e A19 Família
A3, A6, A8, A13, A18 e A21 Equipe de enfermagem (técnicos e enfermeiros)
A10 Acadêmicos de enfermagem
A11, A14 e A22 Equipe multidisciplinar
A12 Mães cuidadoras
A23 Crianças e adolescentes
Figura 3. Sujeitos das pesquisas acerca de cuidados paliativos de enfermagem na pediatria. Belém (PA), Brasil,
2017.
Dentre os 23 estudos, dois são de revisão (n=3/13,04%), o restante compreendeu os
de literatura em bases de dados (A4 e A5). periódicos: Revista Enfermagem UERJ, Revista
Portanto, restando 21 artigos originais de Latino-Americana de Enfermagem, Revista de
pesquisa como universo amostral/100%. Enfermagem UFPE On Line; Revista de
Observa-se, segundo a figura 2, uma Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online;
predileção pela escolha de enfermeiros Revista Paulista de Pediatria; Revista
(n=6/28,57%) e os componentes da equipe de Brasileira de Cancerologia; Revista Brasileira
enfermagem (n=6/28,57%) como sujeitos de Enfermagem; Ciência, Cuidado e Saúde;
estudados. Acerca do núcleo familiar e a Revista Gaúcha de Enfermagem; Revista de
equipe multiprofissional, obteve-se três Enfermagem do Centro Oeste Mineiro; Revista
artigos cada (14,28%); as mães, acadêmicos de Ciência & Saúde Coletiva; Revista da Escola de
enfermagem e as crianças acometidas por Enfermagem da USP; Texto & Contexto
doença crônica que requerem cuidados Enfermagem e Aquichán.
paliativos, por fim, com apenas um estudo Direcionaram-se majoritariamente as
cada (n=1/4,76%). Deste universo publicações para periódicos B1 (n=10/43,47%)
amostral/100% (n=21/100%) possuem nível de e B2 (n=6/26,08%), e o quantitativo em
evidência VI, ou seja, todos os estudos foram periódicos A1 (n=2/8,69%), A2 (n=4/17,39%) e
qualitativos e/ou descritivos. B3 (n=1/4,34%) (Figura 4). Sobreleva-se a
Para os demais cálculos abaixo, o universo relevância da publicação do tema em
amostral/100% permanece 23 artigos. No ano periódicos cujo QUALIS possua algum valor
de 2014 obteve-se maior percentual de atribuído, atestando a qualidade das pesquisas
publicações, 30,43% (n=7), seguido de 2013 científicas. Tal sistema valorizado na
com 28,08% (n=6) e 2012 com 17,39% (n=4). realidade brasileira oferece uma visão
Neste bojo, a Escola Anna Nery Revista de fidedigna da qualidade da produção dos
Enfermagem possui a maioria das publicações programas de pós-graduação brasileiros.

A1 A2 B1 B2 B3

Figura 4. Qualis CAPES (Quadriênio 2013/2016) das publicações. Belém (PA), Brasil, 2017.

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Souza TCF, Correa Júnior AJS, Santana ME et al. Cuidados paliativos pediátricos: análise de estudos...

Equipe de assistência ao…

Acontecimentos que…
Criança

Câncer

Leucemia

Mães
Luto
Adolescente

Enfermagem
Família

Câncer na criança

Emoções
Estresse psicológico

Relações familiares

Neoplasias
Cuidado da criança

Pessoal de saúde
Oncologia pediátrica
Cuidados paliativos

Morte

Saúde da criança
Autoimagem

Pediatria
Enfermagem oncológica

Comunicação
Manejo da dor

Jogos e brinquedos

Assistência de enfermagem

Equipe de enfermagem
Atitude frente à morte
Enfermagem pediátrica
Criança hospitalizada

Oncologia
Figura 5. Descritores empregados na indexação das publicações. Belém (PA), Brasil, 2017.
Os artigos encontrados estão Identificou-se também que as produções
majoritariamente bem indexados, a julgar científicas relacionadas aos cuidados
pelos descritores mais empregados segundo o paliativos na infância estão centradas no
DECS nos mesmos: cuidados paliativos (n=21), hospital. Historicamente, quando se aborda
criança (n=10) e enfermagem oncológica cuidado de saúde na etapa terminal de
(n=6), enfermagem (n=6), saúde da criança qualquer enfermidade, a cultura ocidental
(n=6) e neoplasias (n=6) (Figura 5). imediatamente remete-se ao cuidado
A região Sudeste é a que apresenta maior hospitalar. Contemporaneamente isto vem se
quantitativo de estudos. Os estados do Rio de desmistificando devido à concepção
Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Rio Grande do recentemente construída de que o domicílio é
Sul (RS), na região Sul do país, apresentaram o ambiente confortável, protetor, e com
maior quantitativo de publicações sobre o maior aproximação dos familiares e amigos,
tema em questão entre 2012 e 2016, facilitando no tratamento. Deste modo, a
respectivamente: 8/34,78%; 5/21,73%; transferência desta clientela, quando possível,
4/17,39%. do cuidado hospitalar para o cuidado
ambulatorial ou domiciliar precisa ser
DISCUSSÃO
efetivada.17
Observou-se que a totalidade dos estudos A literatura científica portuguesa brasileira
tratam sobre cuidados paliativos da criança na aponta que o cuidado paliativo voltado à
perspectiva oncológica. No que se refere ao criança é realizado com vistas a oferecer
câncer pediátrico, relata-se ser esta a conforto, bem-estar, segurança e melhora da
segunda causa de óbito entre 0 e 14 anos de qualidade para uma “boa morte” com medidas
idade, atrás apenas de acidentes e, embora a que aliviam a dor e o sofrimento.12,14-8,19-29
perspectiva de cura seja alta, o índice de A falta de conforto advém dos sintomas
mortalidade por câncer infantil ainda é muito angustiantes e/ou da ansiedade e do medo, as
elevado e decorre de causas desconhecidas. ações de enfermagem incluem definir um
Trata-se, portanto, de um importante lócus de controle, implementando medidas de
problema de saúde pública na atualidade.12 repouso como cabeceira do leito elevada ou
Verificou-se que é importante, além de baixada, música, presença de determinada
voltar-se para a criança, direcionar um olhar pessoa ou objeto, dentre outros, planejando
acurado sobre cuidador, pois nos cuidados ações a longo prazo.30
paliativos o alvo de atenção é o binômio É de suma importância abordar o papel da
paciente-família, uma vez que se constitui enfermagem junto à criança em cuidados
como prestadora e receptora de cuidado. paliativos que requerem manejo da dor e
Neste âmbito, insere-se o cuidador principal controle de outros sintomas, uma vez que a
que na maioria das vezes são os pais, dor é um dos sinais/sintomas que o paciente
responsabilizados pela criança em situação de oncológico mais apresenta e relata. O apoio à
dependência, frequentemente, abdicando da família, uma vez que o diagnóstico do câncer
própria vida.13-6 causa um choque percebido pelo desespero
dos pais que acreditam ser uma doença

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incurável relacionando-a com a morte. O dificuldades em estabelecer um processo


tratamento atualmente baseia-se na escala comunicativo eficaz, destaca-se os
analgésica da Organização Mundial da Saúde, enfermeiros que atuam com pacientes sem
promovendo adaptação das intervenções de prognóstico de cura, considera-se a
analgesia e níveis da dor. Cabe ao enfermeiro comunicação um recurso terapêutico
avaliar e dimensionar a complexidade da dor importante e efetivo, sendo um elo
oncológica, implementando a terapêutica humanizador e facilitador do equilíbrio
considerando a família neste contexto, pois a emocional entre a criança e sua família diante
criança encontra-se com fadiga, náuseas, deste momento intrincado.12,15,19, 20-1,25-6,32,34-8
vômitos, dispneia, constipação, anorexia, Este estudo encontra-se limitado por
convulsões, ansiedade, depressão, agitação e utilizar-se somente da produção da literatura
confusão.12,14-5,19-28,31-2 brasileira na língua portuguesa.
No caso de dor crônica, as prioridades de
CONCLUSÃO
enfermagem traduzem-se na avaliação da
etiologia e fatores desencadeantes, Sinalizou-se uma literatura focada na
determinando a resposta à dor por meio de oncologia e assistência ao cuidador, revelando
comportamentos ou desajustes, ajudando o ainda baixa publicação de outras condições
paciente a lidar com a dor através de crônicas na pediatria. Os temas que podem
dinâmicas, terapia farmacológica ou contribuir para o avanço da enfermagem em
complementar e promovendo o bem-estar por estudos posteriores são: ampliações de planos
intermédio do sentimento de controle de cuidados para sintomas específicos;
interior.30 Maiores pesquisas brasileiras que pesquisas sobre a administração e gestão de
detectem ajustes das intervenções de enfermagem; tipificações e o conteúdo da
enfermagem para o controle da dor e seus comunicação na internação tanto entre a
sintomas angustiantes, na clientela pediátrica equipe quanto com a família; e a exploração
paliativa, são desejáveis a fim de identificar da complexidade da rede de atenção
fatores de alívio e piora do quadro clínico. hospitalar e domiciliar.
Igualmente, trata-se a gama de sintomas
FINANCIAMENTO
com terapias complementares, medicamentos
ou intervenções do tipo posicionamento, CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento
relaxamento, massagem e outras medidas de Pessoal de Nível Superior).
para manter a qualidade de vida, visto que
REFERÊNCIAS
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recreativas, além do acolhimento e escuta por 2. Ministério da Saúde (BR), Secretaria de
parte do profissional.33 Vigilância em Saúde, Departamento de
Ademais, oportunizam-se atividades Vigilância de Doenças e Agravos não
próprias do universo infantil como a Transmissíveis e Promoção da Saúde. Saúde
brincadeira caracterizada como uma atividade Brasil 2014: uma análise da situação de saúde
imprescindível para seu desenvolvimento e das causas externas [Internet]. Brasília:
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que ratifica que a comunicação é um 81232014197.20122013
instrumento facilitador do trabalho em saúde 4. Associação Portuguesa de Cuidados
entre a equipe, e entre a criança e a família, Paliativos. Relatório do Grupo de Trabalho
competindo ao enfermeiro realizar a interação para os Cuidados Paliativos Pediátricos
dando aos envolvidos, informações sobre o (despachos de 8286-A/2014 e 8956/2014)
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