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DRUM:
O Tambor Xamânico
TAMBOR
Os xamãs sempre se
utilizaram de objetos mágico-religiosos que lhes conferiam poder às cerimônias
e rituais, assim como os talismãs que os protegiamO tambor é considerado
universalmente como um instrumento indispensável do xamanismo. É o veiculo
pelo qual os xamãs fazem suas viagens a outros mundos. O tambor também é
usado para invocar espíritos, para curas, para afastar espíritos malignos.
O tambor deverá adquirir uma alma antes de ser utilizado, alguns o preparam
com banhos de ervas, evocações, defumações, canções, preces, etc. Deve ser
honrado o sacrifício do animal e da árvore, pois estes espíritos também falarão
através do toque do xamã.
Os nativos norte-americanos associam o toque do tambor as batidas do coração
da Mãe-Terra e também ao som do útero. O tambor dá acesso a força vital
através de seu ritmo.
A velocidade de toque para uma jornada xamânica varia de 150 a 200 batidas
por minuto.Os sons repetitivos e monótonos, permitem ao xamã alterar sua
consciência. O antropólogo M. Harner, relata uma pesquisa feita em
laboratório, que o tambor produz modificações no sistema nervoso, pois as
batidas são de baixa frequência, predominando o nível de frequência do
eletroencéfalograma, por esse motivo, para conservação do transe, geralmente
um assistente assume o tambor. O tambor associado a cânticos, sinos , e outros
intrumentos cria um ambiente muito propício para o transe.
Alguns xamãs chegam a afirmar que o trabalho xamânico não acontece sem um
tambor. O chefe do tambor, ogã, tamborileiro, é o maestro da viagem, do transe.
Os toques podem aumentar o campo de força. Existem toques para cura, para
guerra, para as jornadas.
O tambor nos leva a examinar o espírito, dá-nos uma voz do espírito e as orelhas
do espírito. Alce Negro – Wallace Black Elk , xamã lakota disse : “quando você
reza com o tambor , quando os espíritos ouvem esse tambor que ecoa, nossa
voz superior é desobstruída.”
Um Xamã Siberiano Toca o Seu Tambor – Piers Vitebsky
Baixando a cabeça para o tambor, o xamã começa a cantar baixo, lenta e
melancólicamente. Bate o tambor em vários locais com batidas calmas
espaçadas. Fica-se com a impressão de que está a chamar alguém, a reunir os
seus auxiliares e a invocá-los de uma longa distância. Por vezes, bate o tambor
com força e profere algumas palavras – o que significa que um dos seus
auxiliares acaba de chegar. Pouco a pouco, a canção torna-se mais alta e a
baqueta do tambor bate com maior frequência. Isso significa que todos os
espíritos ouviram o chamamento do seu senhor e aproximaram-se dele. Por fim,
as batidas no tambor tornam-se muito fortes, a tal ponto que parece que vai
arrebentar. O xamã já não contempla o tambor, mas canta em plenos pulmões.
Agora, todos os espíritos se reunem.
O ritmo dos tambores e outros ruídos altos podem agir ainda como fatores de
desestabilização que interrompem o processo psicológico vigente por meio do
qual mantemos continuamente nosso estado usual de consciência. Charles Tart
diz que, em sua experiência, uma batida de tambor bastante forte dá a sensação
de dominar depressa as forças de estabilização, introduzindo uma mudança
abrupta e radical nesse estado. É muito interessante que os mestres zen pareçam
fazer uso do mesmo princípios. Numerosos relatos mostram como acompanham
de perto os aprendizes que estão perto do ponto de mutação. Então, quando a
pessoa está menos esp-erando, o mestre aproxima-se, sem fazer barulho, por
trás e berra com toda a força de seus pulmões bem no ouvido do novato. O
resultado ideal é que se produza um satori instantâneo, um vislumbre da
iluminação.
Há muito tempo, o ser humano se utiliza da medicina dos sons, sejam eles os
sons da natureza ou melodias ritmadas por instrumentos, de acordo com cada
cultura e região para os mais diversos fins, desde celebrações, a jornadas e
rituais de cura.
O tambor sagrado para fins de cura existe há, pelo menos, 40 mil anos em
diversas culturas. O tambor é associado à Direção Sul, ao arquétipo do Curador,
ao elemento Terra e aos animais de quatro patas. O som do tambor conduz à
celebração, à dança e também ao êxtase, resgatando o equilíbrio e permitindo à
expansão de consciência. Ele representa o coração da Mãe Terra, é o cavalo que
nos leva em jornadas interiores ou para mundos distantes, a fim de entrarmos
em contato com outras dimensões.
“Todo mundo está falando, todo mundo é ouvido, e o som de cada pessoa é uma
parte essencial do todo.” 10 Cada pessoa pode angariar os seus sentimentos sem
dizer uma palavra, sem ter que revelar seus problemas. Grupo de percussão
complementa os métodos tradicionais da terapia da conversa. Ele fornece um
meio de explorar e desenvolver o interior. Ele serve como um veículo para a
transformação pessoal, a expansão da consciência e construção da comunidade.