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ÌLU - TAMBORES

Os ritmos dos Ìlu, tambores, percutidos nas cerimônias dos


Òríÿà, acompanhados por Orin, Cânticos Antigos, Adúrà, Orações,
Oríkì, Saudações às Origens da divindade específica, e Ibà,
Saudações referências às qualidades ou poder de realização social
dos personagens envolvidos na história do desenvolvimento
Humano, seguidos de expressões corporais que definem a razão das
danças e dos cânticos que honram os Òríÿà.

Os Òríÿà estão acoplados as forças a Natureza com


“características” dos Elementos: Terra, Fogo, Água e Ar, sendo
Aquelas Divindades relacionadas com Água e o Ar, as mais
“perigosas”, sendo que as do “Ar” são mais “sensíveis” que as da
Água, mas todas apóiam a Criação e o desenvolvimento humano. E,
através dos “Cânticos Poéticos” citados, são despertadas devido ao
“meio tom” da música, as Partículas Divinas Ancestrais que estão
armazenadas em forma de “Cristais no Cérebro do Homem”.

Cada Òríÿà entende e atende o chamado de um ritmo


específico dedicado a cada um Deles, respondendo com o que se
chama de manifestação ou incorporação ou através de ações menos
expressivas. Existem tambores “falantes” cujas mensagens são claras
e sua linguagem é tão antiga que pode ser entendida pelos yorùbá e
outros precisam ser decifrados pelo povo. Exemplo, Ìlu Agidigbo,
que decorre, muitas vezes, não do Culto dos Òríÿà, mas do Palácio
de Reis.

Dependendo da comunicação que estejam fazendo, esses


tambores são capazes de auxiliar o entendimento da ação esperada.
Também quando se tratam de ações religiosas, como de alguns
Egúngun (Ancestrais) que não devem ser vistos por mulheres,
apenas por amor nada mais é que sinônimo de proteção, esses
instrumentos conseguem avisá-las para que se recolham em casa.
Pode parecer um aviso de “exclusão social”, porém o aviso propõe
que se recolham em silêncio a fim de alcançar uma graça ou
Luminosidade Espiritual.
O som e os ritmos desses tambores, mais voz e respiração
humana, atingem níveis de brilho na Alma Humana, inimagináveis.
Pois, tanto pelo o frenesi do som em si, quanto pelas as narrativas
das canções, decodifica-se a linguagem espiritual da própria
Natureza como um chamado cognitivo à interpretação da
mensagem conduzida aos Céus. O nome dado a esses tambores pelo
Povo Yorùbá é Gángan.

Há vários tipos de tambores e cada qual é usado em rituais


específicos, pois cada ritmo produz um som de acordo com a música
e a dança de cada Òríÿà e determina o comprimento da “onda de
alcance” desse mesmo som produzido.

Embora digam que não, as performances têm padrões, as


músicas são específicas, as danças acompanham os ritmos com
manifestações de expressões orgânicas, com muito sincronismo,
liberdade e espontaneidade e complementaridade, que são estes os
aspectos da manifestação cultural, ímpar. No Brasil temos as
coreografias da dança dos Òríÿà que é original Yorùbá, do povo
Isèyin, e que cumpre perfeitamente a função religiosa quando o
adepto honra esse sentimento Ancestral.

Através dos Tambores, a manifestação neste País também é


bonita e do igual teor, mas deixa a desejar quanto ao espírito de
consideração aos outros incomodados, quando por meio do Som a
vizinhança é perturbada, justamente por extrapolar o horário
22:00hr estabelecido por lei. As Celebrações Religiosas não
dependem exclusivamente dos toques dos tambores salvo também a
nossa necessidade maior de adotar o dia como sendo em a maioria
dos casos o momento original do Povo Africano.

Nos tempos antigos, os Yorùbá evitam à noite, pois se baseiam


num conceito simples: “A noite é hora de repouso tanto dos
humanos quanto dos espíritos, exceto se a manifestação for
Ritualística”. Fora os casos extremos, o repouso de todos é levado
em consideração baseado no princípio antigo: “A noite solicita
repouso do corpo para que se tenha uma vida longa”. Vale ressaltar
o processo Ritualístico do nosso povo não se da no silencio ainda
pela sua evolução em processo de fixação de Cânticos, Toadas,
Invocações, Orìkís e etc., que fazem o arabesco tão necessário para o
sucesso.
O tambor “Bàtá” é o conjunto mais importante, geralmente
composto por cinco músicos e amplamente utilizado no Culto de
Ògún, Ìjálá Ôdç, ßàngó e Egúngun e etc., cujo som produzido lembra o
Trovão ou ruídos da Terra e tem uma linguagem entendida pelo
ritmo, enquanto que os percussionistas anunciam elogios, recitam
orações, saudações e até fazem brincadeiras, mas sendo utilizados
principalmente nos eventos de cunho religioso.

Foto retirada do disco The World’s Musical Traditions Yorùbá Drums from Benin, West África.
Mostra cinco músicos, entre os quais quatro tocam Gángan e um no extremo direito tocando Omòle.

Orlando J. Santos d’Ògún Dímõlõkõ.

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