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INTRODUÇÃO

À HISTÓRIA DA MÚSICA
CAMPOS DE CONHECIMENTO
HISTÓRIA DA MÚSICA

• Musicologia Histórica

• Musicologia Sistemática

• Etnomusicologia
FONTES
• Instrumentos encontrados em escavações
• Figuras com representação de
instrumentos musicais
• Registros escritos sobre música
• Música escrita (partituras)
• Música sonora (anotações e gravações)
INSTRUMENTOS
Paleolítico: flautas de ossos de animais
(América do Norte)
Neolítico: tambores de argila (Europa)
Idade do Bronze: trompas de metal

(Norte da Europa)
(Norte da África)
IMAGENS
Inscrição rupestre magdaleniana:
tocador de arco musical

(Gruta de Trois Frères, 10.000 a.C.)


Costa do Marfim:
Tocador de arco musical atual
ESCRITOS SOBRE MÚSICA
Prática musical no antigo Egito

(Tumba de Nabamun de Tebas, 1.400 a.C.)


MÚSICA ESCRITA
Canto de Seikilos

(epígrafe em um túmulo na Ásia Menor, 200 a.C.)


Transcrição do Canto de Seikilos
MÚSICA ANOTADA EM VIAGEM
Música dos índios brasileiros

(Jean de Léry, Viagem à terra do Brasil, séc. XVI)


APROXIMAÇÃO ANTROPOLÓGICA
(ETNOMUSICOLOGIA)

FUNÇÕES SOCIAIS DA MÚSICA

• MERRIAM, Allan. The anthropology of


music. Evanston: Northwestern University
Press, 1964.
FUNÇÕES SOCIAIS
Allan Merriam (1964)
1)Expressão Emocional;
2) Prazer Estético;
3) Divertimento;
4) Comunicação;
5) Representação Simbólica;
6) Reação Física;
7) Conformidade às Normas Sociais;
8) Validação das Instituições Sociais e dos Rituais
Religiosos;
9) Contribuição para a Continuidade e Estabilidade
da Cultura;
10) Contribuição para a Integração da Sociedade.
1. EXPRESSÃO EMOCIONAL

Música como veículo para a expressão de ideias e


emoções não reveladas no discurso comum.

- Liberação de ideias e pensamentos não mencionáveis


de outro modo
- Extravasamento de grande variedade de emoções
- Exposição de conflitos sociais e, talvez, sua solução
- Explosão da criatividade em si mesma
- Expressão de hostilidades de grupo, etc.
Huun Huur Tu (Mongólia)

O Lamento do Menino Órfão

Assim como o filhote de pássaro que caiu do ninho,


Nunca mais verei minha mãe... novamente.

Mesmo que ela aparecesse, agora, na minha frente


Todos estes anos de lágrimas e sofrimento sem ela
não poderiam ir embora, assim, de repente.

Nunca mais verei minha mãe... novamente.


2. PRAZER ESTÉTICO
Refere-se à estética, tanto do ponto de vista do
criador quanto do contemplador.

Merriam considera que música e estética estão


associadas nas culturas ocidentais e em diversas
culturas orientais.

Assinala, contudo, que essa associação é discutível nas


sociedades ágrafas, sendo também problemático
definir o que é ‘Estética’.
GAMELÃO BALINÊS
(Indonésia)

O gamelão é uma orquestra formada por vários


instrumentos de percussão, de som
indeterminado (tambores, pratos) e com
afinação precisa (gongos, metalofones e
xilofones); também pode incluir instrumentos de
cordas e de sopro, além de cantores.

Esses grupos podem participar tanto de rituais


religiosos, quanto de concertos públicos .
3. DIVERTIMENTO

Para Merriam, a música exerce a função de diversão


em todas as sociedades.

Ressalta a distinção entre:

Diversão “pura” – característica da música na


sociedade ocidental

Diversão combinada com outras funções –


prevalecente nas sociedades ágrafas
DIVERTIR / DISTRAIR
1. Divertir – significa ‘ir-se embora, separar-se, ser
diferente, divergir’. A função de divertir pode ser
tomada em um sentido crítico com relação ao status
quo dominante.

2. Distrair - significa ‘puxar para diversas partes,


destruir um todo em partes, rasgar, romper, separar,
dividir, vender a retalho’; ‘desviar ardilosamente a
atenção (do adversário), para fazê-lo cometer erro’.
Neste sentido, distrair pode ser considerado como
uma prática que leva à alienação.
DIVERTIMENTO
Jogo de Garganta de mulheres esquimós
Kathy Keknek e Janet Aglukkaq

O jogo se dá quando duas cantoras colocam-se frente


a frente, quase encostando a boca, uma na outra. O
objetivo é desestabilizar a adversária para que ela
perca o ritmo, se canse ou comece a rir. Quando
isso ocorre, termina o jogo e, naturalmente, a
música.

A técnica vocal consiste na alternância de inspiração e


expiração sonoras, acompanhadas de sons guturais
e nasais; também podem ser feitos ruídos, isto é,
som sem altura definida.
4. COMUNICAÇÃO

A música comunica alguma coisa, embora não


estejamos certos quanto ao que, como e para
quem.

“A música não é uma linguagem universal, mas é


formada de acordo com a cultura da qual faz parte”
(MERRIAM, 1964, p. 223).
COMUNICAÇÃO
A música é produzida de pessoas para outras
pessoas, e, embora se possam separar
conceitualmente esses dois aspectos, um não
é realmente completo sem o outro, o que
pressupõe a função de comunicação.

A música comunica em uma dada comunidade, e


essa comunicação é efetuada através da
investidura da música com significados
simbólicos que são tacitamente aceitos pela
comunidade.
Pigmeus Aka (África Central)
Chamada de Caça Mongombi

Cinco homens cantam fórmulas melódicas em


falsete; outros respondem com sons graves.

Com essas chamadas, os caçadores se


comunicam, informando aos seus colegas se
avistaram algum animal ou se já o
emboscaram.

Por não terem ritmo definido, essas chamadas de


caça não são consideradas como “música”
pelo povo aka.
5. REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA

A música funciona em todas as sociedades como


representação simbólica de outras coisas,
ideias e comportamentos .

Níveis da simbologia musical:

- Significação existente nos textos de canções


- Representação de significados afetivos
- Representação de significados culturais
- Representação de comportamentos e valores
- Simbolismo profundo de princípios universais
Liu Fang, China
Pipa solo

Honghe Yejing (Rio Vermelho)


Música composta por Zeng Qingrong, nos anos
1980, a partir de uma canção folclórica do povo Yi,
da província de Yunnan.
6. REAÇÃO FÍSICA
“O fato de que a música provoca reação física é
claramente notado pelo seu uso na sociedade
humana, embora as reações possam ser
motivadas por convenções culturais” .

Tipos de reação física:

- Possessão (em rituais religiosos)


- Canalização de comportamentos da multidão
- Encorajamento do guerreiro e do caçador
- Estímulo à dança
DANÇA

Zimbabue (África)
Dança ao som de canto e batidas dos pés

Grupo de homens canta e dança.


Os gestos da dança produzem sonoridades,
especialmente pela batida dos pés, que são
incorporadas como sons musicais.
7. CONFORMIDADE SOCIAL
Em várias sociedades, a música é utilizada no
sentido de imposição ou crítica às normas sociais.

Exemplos:

- Cantos de iniciação
- Canções de protesto
- Cantos de transmissão de tradições (salmos, hinos)
- Canções que refletem mecanismos psicológicos
- Canções que transmitem atitudes e valores
CANÇÃO POLÍTICA

Mercedes Sosa
Gracias a la Vida

Canção da folclorista e uma das criadoras da


Nueva Canción chilena: Violeta Parra (1917-
1967)

.
8. VALIDAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES
SOCIAIS E RITUAIS RELIGIOSOS
A música é empregada em várias situações com o
sentido de validação de instituições.

Exemplos:

- Preservação da ordem e coordenação de símbolos


cerimoniais através de canções
- Transmissão de potência mágica através de
encantamentos vocalizados
- Solução de conflitos ou frustrações
- Validação de sistemas religiosos
- Música em solenidades de caráter cívico
RITUAL RELIGIOSO

Salmo budista, Tibete


Monges tibetanos em viagem pelo mundo
(apresentação em universidade, na Espanha)

Forma de canto considerada como sendo o “rugido do


deus da Morte”.

Também chamada de “voz de Mdzo”, um animal


híbrido, resultante do acasalamento de um búfalo
com uma vaca.
9. CONTINUIDADE DA CULTURA

Alguns exemplos seriam:

- musica como veículo de história, mito e lenda


- música como meio de transmissão de valores
- uso da música na educação
- participação da música na formação moral dos
indivíduos de determinado grupo
Tradição Sufi

Ostad Mohammad Reza Lotfi


Instrumento: Kamancheh

Na cultura persa, o sufismo é considerado como uma


forma de elevação espiritual alcançada através da
música e da dança.

Lofti é um dos maiores mestres sufis da atualidade.


10. INTEGRAÇÃO DA SOCIEDADE

Ao estabelecer um ponto de união em torno do qual


os membros de uma sociedade se congregam, a
música realmente realiza a função de integrar a
sociedade.

Exemplos:

- Execuções da música de um grupo


- Cantos ritualísticos coletivos
- Cantos coletivos de caráter cívico ou social
- Danças grupais acompanhadas de execução musical
O Povo do Véu
Canto das mulheres tuaregue
Nigéria

O canto e os gritos das mulheres têm forte sentido de


integração social entre os tuaregues, conhecidos
como os “Senhores do Deserto”.
Seus chamados são atendidos desde o nascimento
(quando as mais velhas vêm receber o jovem
recém-nascido) até a morte.
As mulheres cantam e tocam tanto em cerimônias e
festividades, quanto para incentivar seus maridos a
partirem na direção do deserto ou a marcharem
para a guerra.
MÚSICAS DA
ANTIGUIDADE
POVOS DA MESOPOTÂMIA
POVOS DA MESOPOTÂMIA

-Sumérios
-Acádios
-Babilônios
-Império Assírio
-Hititas, Casitas e Elamitas
-Império Persa
Descrição de 23 tipos de instrumentos
(2.500 a.C.)
INSTRUMENTOS

Sopros: Cordas:
-Flautas -Lira
-Oboés -Harpa
-Trompetes -Alaúde
Percussão:
-Chocalhos
-Claves
-Tambores
-Pandeiros
-Sinos
-Pratos
Lira em forma de touro – Suméria
(2.600 a.C.)
Harpista Babilônio
(2.000 a.C.)
Alaudista Babilônio
(2.000 a.C.)
Alaudistas Elamitas
(1.100 a.C.)
PRÁTICA MUSICAL
Para os sumérios, a música representava relações
cosmológicas através de combinações numéricas
existentes nas relações entre os sons.
Pelas figuras tocando harpa com as duas mãos e
pela representação de pequenas orquestras, deduz-
se que praticavam algum tipo de música polifônica.
A orquestra de Nabucodonosor II era formada por
instrumentos de sopro, cordas e percussão que
tocavam conjuntamente.
Havia músicos profissionais que tocavam em cultos,
danças, torneios, em festividades, nos jantares e
nos jardins.
RECONSTRUÇÃO MUSICAL
PROJETO “A LIRA DE UR”

Duo de lira (Bill Taylor) e oboé duplo de prata


(Barnaby Brown), realizado com base no estudo de
textos de época e reconstrução de instrumentos de
época, conforme as reproduções e instrumentos
encontrados em escavações.
A escala foi elaborada a partir dos orifícios de
instrumentos de sopro.

Os instrumentos foram encontrados em escavações


de Leonard Woolley e reconstruídos por Andy
Lowings (lira) e Bo Lawergren (oboé).
Terracota com o
Sexto Hino Hurriano
RECONSTRUÇÃO MUSICAL

Sexto Hino Hurriano (1.400 a.C.)


Recriação de Michael Levy

Esta é a mais antiga melodia conhecida atualmente.


Foi impressa em uma terracota com escrita
ugarítica, tipo de grafia cuneiforme do povo hurriano
(atual Síria).

O resultado da gravação é uma improvisação de


Levy a partir dos fragmentos decifrados da melodia
original.
ANTIGO EGITO
FONTES DE REFERÊNCIA

-Câmaras Funerárias
-Iconografia
-Hieróglifos (comentários musicais)
-Instrumentos conservados
INSTRUMENTOS

Sopros: Cordas:
-Flauta vertical -Lira
-Oboé duplo -Harpa em arco
-Trompetes -Harpa de ombro

Percussão:
-Sistros
-Timbales
-Tambores

Teclado:
-Hidraulis (órgão hidráulico, séc. III a.C.)
MÚSICA E DANÇA

(Tumba de Nabamun de Tebas, 1.400 a.C.)


MULHERES MUSICISTAS
REPRESENTAÇÃO DOS INSTRUMENTOS

1. canto e palmas (percussão); 2. harpa de ombro; 3.


flauta dupla; 4. alaúde; 5. lira; 6. harpa de pé
PRÁTICA MUSICAL
A música egípcia surgiu ligada a rituais religiosos.
Com o tempo, foi praticada em todos os setores da
sociedade: nas cortes, nas ruas e nos templos.
Os egípcios desenvolveram um sistema de
quironomia, em que os sons eram representados
através de gestos e posições específicas das mãos e
dos braços.
Havia regentes que indicavam aos músicos o que e
como tocar, através desse método.
O músico profissional mais antigo que se conhece
era egípcio: Khufu-Anch (cantor e flautista).

A flauta vertical é considerada como sendo o


instrumento nacional do antigo Egito.
RECONSTRUÇÃO MUSICAL

Michael Levy
improvisa a partir de fragmentos de uma antiga
melodia egípcia, em um instrumento construído com
base em uma lira egípcia de cerca de 1.000 a.C.
GRÉCIA ANTIGA
FONTES DE REFERÊNCIA

-Representação de músicos e situações


musicais na estatuária, na cerâmica e na
arquitetura, etc.
-Tratados sobre música
-Instrumentos encontrados em escavações
-Partituras
-Descrições musicais em textos literários,
filosóficos e históricos
FRÍGIA

LESBOS EÓLIA

JÔNIA LÍDIA

DÓRIA
INSTRUMENTOS

Cordas:
Sopros:
-Phorminx
-Syrinx (flauta de Pan)
-Lira
-Aulos (oboé duplo)
-Cítara
-Salpinx (trompete)
-Bárbitos
-Kochlos (trompa)
-Harpa
Percussão:
-Crótalos
-Kymbala (pratos)
-Pandeiros
-Tambores
-Xilofone
???

(??? a.C.)
Cantor acompanhado por liras
Cítara tocada com plectro
Representação de uma escola de música
Tocador de aulos
Apolo tocando lira
Música na Grécia

Duas correntes filosóficas principais

• Fundamento Matemático da Música


(Pitágoras)

• Experiência da audição musical (Dámon)


ORIGEM MITOLÓGICA
Grande parte da música grega deriva dos antigos
cultos aos deuses. Onde destacam-se :

-Apolo: deus da luz, da beleza, interpretação dos


sonhos; rege a música e a poesia; sua arte é clara e
luminosa, racional e bela. Os instrumentos de cordas
são usados para cultuar Apolo.

-Dionísio: deus das forças primitivas da Natureza,


do vinho e da embriaguez; rege a dança e o teatro;
sua arte é sensual, extática e mítica. Os
instrumentos de sopro são usados para cultuar
Dionísio.
ARTE DAS MUSAS
A palavra música provém da expressão “arte das
musas”, ninfas filhas de Zeus e Mnémosine que
representam diferentes aspectos da música, da
língua grega, da dança e do conhecimento:

-Clio (musa da História e da Epopeia)


-Calíope (musa da poesia e da canção narrativa)
-Melpómene (musa da tragédia)
-Talia (musa da comédia)
-Urânia (musa da poesia didática e da astronomia)
-Terpsícore (musa da poesia coral e da dança)
-Euterpe (musa da flautística)
-Polímnia (musa dos cantos e dos hinos)
PRÁTICA MUSICAL

SÉC. XI a VIII a.C.

As descrições mais antigas remontam aos heróis


homéricos, que cantavam e se acompanhavam, e
aos seus súditos, os aedos, que eram cantores
profissionais. Geralmente o canto era precedido por
um proêmio, isto é, um hino de louvor aos deuses
cantado com acompanhamento de aulos – daí surge
a aulódia: a imitação da voz humana, principalmente
o grito de dor, através de instrumentos de sopro.
SÉC. VII a VI a.C.

Os textos homéricos deixam de ser cantados e


passam a ser recitados por poetas-narradores, os
rapsodos.
O proêmio aos deuses torna-se independente da
recitação e passa a ser acompanhado pela cítara,
dando origem à citaródia, canto acompanhado pela
cítara.
Esta prática passou a figurar nos grandes concursos,
como a Maratona e a Olimpíada.
A partir de Lesbos, com Safo e outros poetas-músicos,
surge o gênero lírico, no séc. VII a.C.
RECONSTRUÇÃO MUSICAL
Philippe Brunet
recria algo da prática dos aedos ao recitar e cantar
trechos da Odisséia, em grego antigo, com
acompanhamento de lira.
SISTEMATIZAÇÃO DA RELAÇÃO POESIA-MÚSICA

Com o canto lírico, surge a sistematização de


procedimentos para a composição de canções:

1. tonoi – acentuação adequada da melodia em


relação à poesia;
2. cronoi – duração das sílabas adequadas ao ritmo;
3. padae – articulações das frases musicais em
relação à extensão das palavras;
4. pneumata – modelos elaborados para a utilização
das notas iniciais da melodia.

Daí, surgiu a prosódia poética e a prosódia musical.


GÊNEROS MUSICAIS
A sistematização das fórmulas de composição vocal
levou os instrumentistas a elaborar dois tipos de
música:

1. Citarística – música para cítara ou outros


instrumentos de cordas, normalmente dedicada ao
deus Apolo;

2. Aulética – música para aulos e outros


instrumentos de sopro, dedicada especialmente aos
cultos dionisíacos.
GÊNEROS MUSICAIS
Da aulética e da citarística, surgiram os principais
gêneros da música grega:

Hino – canção solene dedicada aos deuses,


acompanhada por cítara
Pean – canção praticada nos cultos apolíneos, com
acompanhamento de cítara
Ditirambo – canto coral com acompanhamento de
aulos e bárbitos, consagrado a Dionísio
Escólion – canção dionisíaca, entoada nos
bacanais, com acompanhamento de aulos e bárbitos
Treno (elegia) – canto fúnebre, com aulos
Himeneu – canto matrimonial, com aulos
A TRAGÉDIA
SÉC. IV-V a.C.
O gênero dramático-musical mais importante do
período clássico é a tragédia, que se desenvolveu a
partir do ditirambo. Na tragédia, a música participa
de algumas formas específicas, através do Coro:

1. Introdução – o coro apresenta o ambiente da


tragédia através de um canto introdutório;
2. Stásimon – são odes cantadas pelo coro para
comentar a situação, advertir ou aconselhar os
personagens em cena
3. Epílogo – canto de partida ou de despedida, que
apresenta o resultado moral da tragédia.
A ORQUESTRA
O espaço reservado aos músicos, cantores e
instrumentistas, era a orquestra (lugar da dança),
com formato semicircular, à frente do cenário, onde
todos permaneciam em pé.

O líder do coro é o corifeu, que pode dialogar com


os personagens em cena, aconselhando-os ou
advertindo sobre o desenrolar da história.

Além das participações dramáticas, os músicos


poderiam tocar e cantar para acompanhar a dança,
cantar solos e duos para valorizar as cenas (música
incidental) ou preencher o espaço sonoro com vozes
e instrumentos.
RECONSTRUÇÃO MUSICAL
Eurípedes
Orestes (tragédia)

Σύνολον Αρχαίας Ελληνικής Μουσικής


Grupo Musical Grécia Antiga

Recriação da sonoridade de um stásimon


recuperado de Orestes, de Eurípedes. A melodia
original é exatamente a que está sendo cantada.
As partes instrumentais e o uso do coro é recriado
com base no estudo dos tratados e das crônicas
musicais gregas.
REPERTÓRIO
Atualmente, conhecemos cerca de 50 fragmentos de
melodias gregas, encontradas em peças teatrais,
citadas em tratados, anotações esparsas e
inscrições funerárias.

Somente uma melodia completa restou do período


pré-cristão, o Canto de Seikilos, que é um escólion
(canto fúnebre) de caráter báquico, que incentiva o
ouvinte a gozar a vida ao máximo, dada sua
brevidade (espécie de carpe diem).

A música foi encontrada em coluna funerária de


Seikilos de Tralles, na Ásia Menor (atual Turquia).
RECONTRUÇÃO MUSICAL

Interpretação da canção de Seikilos pelo


grupo LyrAvlos, Grécia

Tradução do Canto de Seikilos:

Enquanto vives, brilha!


Não sofre nenhum mal,
pois a vida é breve e
logo o tempo cobrará suas dívidas.
ROMA ANTIGA
Música na Roma antiga

Como em várias outras áreas, a música latina


tem sua origem nas tradições gregas:

• Instrumentos musicais
• Gêneros musicais
• Modos e escalas
• Teoria da música (Plutarco e Boécio)

(*) Não restou exemplo de música escrita


PRÁTICA MUSICAL
A música era praticada na maior parte das
atividades privadas e sociais:

• Cerimônias matrimoniais
• Cerimônias fúnebres
• Cerimônias religiosas
• Festividades
• Jogos
• Teatro e dança
• Campanhas militares
INSTRUMENTOS
Os instrumentos eram divididos em quatro
categorias:
• Instrumentos de sopro: buccina (trombeta),
cornu, aulos, askueles
• Instrumentos de cordas: lira, sambuca,
cithara (considerado como o instrumento mais
importante entre os latinos)
• Instrumento de teclado: hydraulis
• Instrumentos de percussão: tympanum,
pandeiro, tintinna-bulum, cymbalum
INSTRUMENTOS DE SOPRO
aulos askueles buccina
cornu tuba
INSTRUMENTOS DE CORDAS
cithara sambuca
INSTRUMENTOS DE PERCUSSÃO
cymbalum tympanum
tintinna-bulum pandeiro
Mulher a tocar cithara
Representação de músicos acompanhando
um combate entre gladiadores (séc. II d.C.)

Instrumentos: tuba, hydraulis, cornu


Os gladiadores encontram-se à esquerda e à direita
RECONTRUÇÃO MUSICAL

Recriação de uma Symphonia


(abertura de uma peça teatral)
pelo grupo Synaulia, Roma

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