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2.

REFERENCIAIS TEÓRICOS
2.1 História da Música
2.2 História do Conservatório
2.3 Benefícios da Música
2.4 Música em Tubarão
2.5 Conforto Ambiental
2.1 HISTÓRIA DA MÚSICA desenvolvimento da humanidade.
O ritmo antecedeu o som. O homem primitivo
A música é a arte de combinar os sons simultânea e descobriu a noção do compasso com o andar,
sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção, dentro do correr, cavalgar ou exercitar qualquer tarefa com
movimentos repetitivos. A origem da música foi
tempo. Ela manifesta os diversos afetos de nossa alma sensorial e vocal. O sensorial é a parte do cérebro
considerada o centro comum de todas as
mediante o som. (MAESTRO NOBRE,2008) sensações. Quando o sentimento e a emoção
O mesmo autor assinala que, a junção de forma mexem com o sistema muscular, ele, estimulado
pelo prazer ou alegria, produz contração do peito,
organizada de melodia, harmonia, contraponto e ritmo compõe da laringe e das cordas vocais. A voz acaba sendo
a música. Sendo a melodia a combinação dos sons sucessivos um gesto, e a arte musical veio das exclamações e
o homem primitivo usou como sinais.
(dados uns após outros). É a concepção horizontal da Música. A (FREDERICO,1999, p.7)
harmonia é a combinação de sons simultâneos (dados de uma
só vez). É a concepção vertical da Música. Contraponto sendo o 2.1.2 Cronologia da música
conjunto de melodias dispostas em ordem simultânea. É a
O estilo musical divide-se em períodos distintos,
concepção ao mesmo tempo horizontal e vertical da Música. O
identificado com as características de cada época entre
ritmo é a combinação dos valores no tempo.
diversas culturas, sendo que não é feita da noite para o dia, é um
processo demorado, pois depende muito do momento em que a
2.1.1 Surgimento da música
sociedade está vivendo. Dessa maneira, não é possível definir
precisamente a data em que começa e termina cada período da
De acordo com ANIZELLI (2015), não é possível saber
História da Música, porém o artigo História da Música
ao certo qual a data do seu surgimento já que ela nasce junto
(OLIVEIRA, 2016) apresenta em um quadro uma forma de
com a humanidade. O uso do som na pré-história surgiu assim
dividir a História da Música Ocidental em oito grandes períodos
que o homem foi capaz de perceber, entender e identificar os
(Figura 01).
ruídos vindos da natureza. Desde então o uso de gritos, barulho
e demais sinais sonoros era utilizado para a comunicação
interpessoal. Antes da criação de qualquer instrumento, esta
forma primitiva de se comunicar foi essencial para o

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Figura 01: História da Música Ocidental estilo coral.
PERÍODOS INTEVALO DO TEMPO Na época Renascentista a arte musical começou a se
Pré-História até ao Nascimento de Cristo
descolar para fora das igrejas e alcançou as famílias da
Música da An guidade do Nascimento de Cristo até 400 D.C.
Música Medieval 400 - 1400 aristocracia e classes altas. As novas composições possuíam
Música Renascen sta 1400 - 1600 agora partes para vozes de tenores e com melodias que
Música Barroca 1600 - 1730 exploraram mais a altura e transposição de notas.
Música Clássica 1730 - 1810 O significado de "Classicismo" na música tem a ver
Roman smo 1810 - 1910
Música do século XX
com os ideais gregos de objetividade, contenção emocional,
a par r de 1900
Fonte: (OLIVEIRA, 2016) que traduz na forma musical equilibrada com simetria. O uso de
O mesmo autor analisa cada um destes períodos: instrumentos musicais superou muito a música vocal. Mais
O homem pré-histórico tinha como principal objetivo o atenção foi dada ao dinamismo, e uso de sons dissonantes.
de imitar a natureza e não o de fazer música, porém desde o No Romantismo ela ficou mais expressiva e
momento que o homem começou a produzir sons com a emocionante com a predominância do dinamismo, expandiram-
intenção de fazer música, pode-se afirmar que se deu início ao se as harmonias de novos acordes.
longo percurso da história da música. O Modernismo valorizava especialmente a inovação
Na antiguidade com estudos dos instrumentos e a criatividade. O Vanguardismo refere-se a qualquer obra que
encontrados, notou-se o aperfeiçoamento na construção dos utilize técnicas de expressão inovadoras diferentes do que
mesmos, surgindo uma valorização do timbre. tradicionalmente é feito.
Na época medieval surgiu pela primeira vez, a pauta Com a exploração do meio de comunicação, existem
musical. O monge italiano Guido d'Arezzo (995 – 1050) sugeriu infinitas tendências musicais ocorrendo simultaneamente pelo
o uso de uma pauta de linhas que designa as notas musicais mundo atualmente.
como são conhecidas atualmente dó, ré, mi, fá, sol, lá, si. Segundo Téliz (2012), podemos considerar a música
As melodias eram cantadas a capela e sempre numa como um veículo de “transporte” cultural entre indivíduos de
mesma altura, característica de música para canto de igreja. diferentes gerações e culturas.
Com o passar do tempo acrescentou-se outras vozes ao No apêndice número 1, pode ser visto a comparação
cantochão, criando-se as primeiras composições em entre os Instrumentos primitivos e os instrumentos atuais.

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2.2 HISTÓRIA DOS CONSERVATÓRIOS no século seguinte para toda à Europa e América. A escola teve
por objetivo, segundo Cunha (2009, p. 12-13) "a formação
O conservatório é destinado ao ensino musical, musical, visando à excelência da execução musical, tanto no
formando os alunos em diversas áreas, tais como o domínio de canto como no instrumento".
um ou mais instrumentos musicais, composição, canto e De acordo com Pereira (2013), o ensino de música no
regência. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasil esteve ligado, desde seu início, com as práticas
Nacional nº 5.692/1971, intitula o conservatório como escola religiosas. Porém, com a vinda dos portugueses, para manter a
técnica, ele pode oferecer cursos clássicos com diploma qualidade musical, foi criado em 1841 o conservatório imperial
reconhecido pelo MEC e cursos livres, sendo este com por Francisco Manoel da Silva.
cerificado de conclusão que não é reconhecido pelo MEC.
O Conservatório de Música foi criado por decreto
De acordo com HARNONCOURT (1988) até finais do imperial em 27 de novembro de 1841, e passou a
século XVIII a música era um diálogo, uma linguagem de sons; funcionar efetivamente apenas em 1848. Apesar
da distância entre criação e funcionamento, o
um mestre ensinava todos os aspectos de sua arte a um Brasil teve um dos primeiros conservatórios da
aprendiz. À medida da evolução e mudança de estilos, os América, e não muito distante também da data de
criação de muitas escolas musicais no resto do
conceitos e as ideias sofreram um crescimento e transformação mundo. (SILVA, 2005, p.4 )
orgânicos. Com a Revolução Francesa de acordo com o autor
p.XX. “A relação mestre-aprendiz foi então substituída por um Inaugurado em 13 de agosto de 1848 funcionava em
sistema, por uma instituição: o conservatório”. Esta revolução um salão do andar térreo do Museu Nacional, onde permaneceu
na educação musical foi levada adiante e assim, os músicos em seus primeiros anos. De acordo com o decreto, o
passaram a ser formados pelo sistema de conservatório. Conservatório de Música teria como objetivo não só instruir na
No século XVI na Itália, segundo Vieira (2004), o arte da música as pessoas de ambos os sexos, que a ela
termo foi utilizado para denominar instituições de caridade que quisessem dedicar-se, mas também formar artistas, que
conservavam moças órfãs e pobres. No final do século XVIII pudessem satisfazer às exigências do culto, e do teatro
surge na França o Conservatório Nacional de Música de Paris (BRASIL, 1847, p.10).
constituindo-se modelo de ensino musical difundido e firmado

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De acordo com o decreto n. 805 de 23 de setembro profissional não-reflexivo e alunos somente
de 1854, o governo anexou o Conservatório de Música à receptores de conteúdo. Ainda assim, se mantém
Academia de Belas Artes, nessa nova organização de acordo viva uma prática conservadora no que se refere ao
com GABLES (2015), a administração da escola deixou de ser ensino da música [...] (ROCHA, 2015 p.10)
exclusividade dos membros da Sociedade de Música, já que o
Conservatório estava subordinado à Academia de Belas Artes. Assim, se faz necessária uma reformulação no
Além disso, determinou que os professores fossem mantidos, currículo para atender à necessidade atual da população, de
mas os novos deveriam passar por um concurso, prática que modo a satisfazer a demanda e preparar o aluno para o trabalho
começava a ser estabelecida também em outras instituições de acordo com a realidade do mercado.
imperiais.
2.3 BENEFÍCIOS DA MÚSICA
A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional nº 5.692/1971 – LDB, os conservatórios foram
2.3.1 Sentido da música na qualidade de vida
enquadrados como escolas técnicas de 2º grau, enquanto que a
formação docente era responsabilidade dos cursos superiores,
O papel da música tem um significado importante na
o que agora era denominado de Educação Artística.
vida humana. Ao longo da história, ela vem sendo utilizada de
Os modelos de conservatório que são baseados em
inúmeras formas e para diversos fins, seja como forma de
princípios rígidos e autoritários, onde apenas privilegiam o
expressão, comunicação, interação, fonte de meditação, de
desenvolvimento dos alunos considerados talentosos são muito
lazer, de renda, seja como auxílio no processo de prevenção,
criticados, e em muitos textos é observada a necessidade de
restauração e reabilitação da saúde.
mudanças desse tipo de metodologia empregada, porém
A musicoterapia é uma ferramenta atual que se
destacam que essa ruptura já está sendo feita ao longo do
destina a utilização de música afim de facilitar e promover a
tempo.
Os conservatórios de música e o modelo mobilização, a comunicação, a expressão, a organização e
conservatorial, embora sejam considerados
instituições rígidas e conservadoras, sofreram melhorar relacionamentos sociais. Outros objetivos
diversas transformações ao longo do tempo. terapêuticos relevantes são descritos para melhorar as
Tendo que se adaptar as novas exigências da
sociedade moderna, onde não cabe mais um necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas

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do indivíduo o qual desenvolve potenciais e recupera funções da música em meio ao aprendizado se torna o ensino mais
(LEINIG, 2008). Então, consequentemente, uma melhor divertido unido com a facilidade na compreensão do aluno.
qualidade de vida, pela prevenção, reabilitação ou tratamento
O ambiente sonoro, assim como presença da
(Téliz,2012). música em diferentes e variadas situações do
cotidiano fazem com que os bebês, e crianças
iniciem seu processo de musicalização de forma
2.3.2 Educação musical intuitiva. Adultos cantam melodias curtas, cantigas
de ninar, fazem brincadeiras cantadas, com rimas
parlendas, reconhecendo o fascínio que tais jogos
A Educação Musical ocupa cada vez mais um espaço exercem. (BRASIL, 1998 p.51)

singular nos estudos que envolvem as relações entre o fazer Podemos observar a presença da música em muitas
musical e o crescimento humano. Ela pode promover estímulos atividades do dia-a-dia da criança, como em comemorações,
que refinam a capacidade perceptiva da pessoa, e festividades, hora do lanche, hora de dormir. Os pais, avós e
desenvolvem suas capacidades cognitivas e expressivas, familiares criam laço e uma interação com as crianças ao
assim como suas habilidades motoras (PARIZZI, 2009). desenvolver brincadeiras com gestos.
A música é importante para o desenvolvimento da
inteligência e a interação social da criança e a 2.4 MÚSICA EM TUBARÃO
harmonia pessoal, facilitando a integração e a
inclusão. Para ele a música é essencial na A música está presente na vida humana de toda
educação, tanto como atividade e como sociedade e em todas as épocas. Dessa forma, a pesquisa
instrumento de uso na interdisciplinaridade na buscou entender como ela acontece na história da cidade de
educação infantil. (CHIARELLI,2015) Tubarão e como se comporta até hoje no cenário.
A música na vida das pessoas deve acontecer desde De acordo com relatos descritos no livro Lira dos cem
muito cedo, para favorecer novos conhecimentos. A anos (2008), em novembro de 1908, quando a política
musicalidade influencia na memorização, isso se comprova situacionista exigiu a formação de uma banda exclusiva para
com a facilidade que temos em decorar letras de música, dessa abrilhantar seus atos festivos e solenidade, surgiu a Sociedade
maneira, a importância de inserir a educação musical na escola. Musical Lira Tubaronense.
Sendo uma linguagem fácil de ser entendida, com o dinamismo

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A partir de então, a Lira estava presente em todos os Tem como entidade mantenedora a Prefeitura Municipal de
eventos festivos e comemorativos, como no dia da inauguração Tubarão, por meio da Fundação de Educação – Departamento
da luz elétrica em Tubarão, na festa do Centenário, nos dias de Cultura. Está presente em diversas festas comemorativas da
sete de setembro e demais dias cívicos, na chegada de cidade, cerimônias religiosas, festivais e seu objetivo é levar e
personalidades, nas procissões como a do Senhor Morto, e nos elevar a cultura do canto coral em Tubarão, região e em todo o
bailes de partida, que eram os bailes de réveillon da atualidade. Estado de Santa Catarina.
O forte da Lira é ser escola. Desde o ingresso até sua formação, Além de corais e bandas, existem na cidade escolas
o músico recebe todas as condições para que possa participar com ensino da música, estes são Escola de Música “Natural
da Banda e aprender música gratuitamente. Arte” e Instituto Pró Música.
Também existem na cidade corais que estão Estes apresentam um nível técnico baixo, pois há
presentes em diversos eventos tradicionais que ocorrem na uma dificuldade de encontrar professores com uma formação
região. em nível técnico ou faculdade. Além de a arquitetura das escolas
De acordo com o autor AUGUSTINHO (2008), o coral não possuírem boa acústica, já que não foram projetadas para o
Universitário da Unisul, na qual faço parte desde 2013, iniciou funcionamento deste tipo de equipamento, elas acontecem em
suas atividades em setembro de 1995, na época, com um residências próprias ou alugadas que foram adaptadas para
pequeno número de cantores cujo o objetivo era a este funcionamento. Há também professores que ensinem de
aprendizagem da arte do coral. maneira informal, ou seja, ensinam a prática do instrumento
Criado pelo Maestro Fabiano Zoldan, que coordenou podendo ser em suas próprias casas, não denominada escola.
o coral até 2008, o mesmo implantou uma forma moderna e Assim podemos comprovar a presença da música e
dinâmica de interpretação de canto a quatro vozes, técnica que sua importância no cenário Tubarão. Com a grande demanda de
impressionou grandes plateias, quebrando a ideia “tradicional” alunos e professores músicos e cantores interessados na
de canto coral, e que emocionou milhares de adultos, crianças e aprendizagem mais profunda da música, a criação de um
jovens. O coral leva o nome da cidade para diversos festivais, Conservatório de Música oferecerá um espaço qualificado para
shows em que se apresenta. o ensinamento de técnicas e aperfeiçoamento do ensino da
O coral Municipal de Tubarão foi fundado em 1998 e música, de modo a criar profissionais preparados para o
é composto por 33 componentes de vários bairros da cidade. mercado.

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2.5. CONFORTO AMBIENTAL para resfriar os ambientes e os ventos predominantes do
inverno devem ser evitados. Elementos como vegetação
Para todo projeto arquitetônico de qualidade é influenciam na intensidade na qual o vento atinge a edificação.
necessário considerar os aspectos de conforto ambiental, Assim, na figura 02 mostra que árvores de copas altas são
principalmente levando em consideração a intenção de criação melhores para o sombreamento do sol indesejável no verão e
de um Conservatorio que tivese salas de aula e auditório. facilita o acesso do vento à edificação.
O conforto ambiental pode ser entendido como um
Figura 02: Circulação do vento sob copas de árvores
conjunto de condições ambientais que permitem ao ser humano
sentir bem estar térmico, visual e acústico.

2.5.1 Conforto Térmico

Fonte: Eficiência Energética na Arquitetura (2014)


Segundo a ASHRAE (2005), conforto é um estado de
espírito que reflete a satisfação com o ambiente térmico que Uma das tecnicas mais eficazes de ventilação em um
envolve a pessoa. Se o balanço de todas as trocas de calor a ambiente é a ventilação cruzada, onde é feita duas aberturas
que está submetido o corpo for nulo e a temperatura da pele e o em paredes diferentes de acordo com os dois ventos desejáveis
suor estiverem dentro de certos limites, pode-se dizer que o no verão.
homem sente conforto térmico. A ventilação natural pode ser controlada através de
elementos externos à edificação, como muros, placas e outras
2.5.2 Ventilação Natural superfícies que direcionam, desviam ou mesmo filtram a
ventilação antes da mesma atingir as coberturas.
O livro Eficiência Energética (2014) aponta Os beirais e platibandas podem direcionar o fluxo
estratégias para o aproveitamento da ventilação. de ar para o interior e servir como uma proteção solar
A maneira como a implantação e orientação do horizontal, conforme a figura 03.
edifício no terreno vai influenciar na entrada de ventilação
natural, dessa forma o vento predominante do verão deve ser

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Figura 03: Influência beiral e platibanda no fluxo de ventilação para o ofuscamento.
interior

2.5.4 Iluminação Natural

Este mesmo autor cita que a iluminação natural está


disponível na maior parte do dia, mas é necessário respeitar os
conceitos de iluminação e conforto visual para a criação de um
bom projeto. Os aspectos térmicos e acústicos também estão
Fonte: Eficiência Energética na Arquitetura (2014)
integrados nos aspectos importantes a serem considerados
Elementos como venezianas proteções solares sobre o projeto de iluminação do edifício. Pois, a luz natural que
verticais podem também auxiliam no direcionamento e fluxo de atravessa as aberturas e penetra nos ambientes, também pode
ar para o interior, como mostra na figura 04. transmitir calor e som para o interior. Dessa forma, é necessário
Figura 04: Venezianas com direcionamento de ar para o interior e considerar a iluminação natural diferentemente para cada
proteção solar vertical
função arquitetônica.
Uma das estratégias é a prateleira de luz, esta tem a
função de previnir o ofuscamento quando colocados acima do
nível dos olhos. A prateleira de luz age como um brise horizontal,
Fonte: Eficiência Energética na Arquitetura (2014)
figura 05.
2.5.3 Conforto Visual
Figura 05: Prateleira de luz

Ainda de acordo com LAMBERTS, DUTRA, PEREIRA


(2014), o conforto visual é um fator importante na determinação
da necessidade de iluminação de um edifício. Para uma boa
iluminação é importante o direcionamento adequado e
Fonte: Eficiência Energética na Arquitetura (2014)
intensidade suficiente sobre o local de trabalho, bem como
proporcionar boa definição de cores e ausência de

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Em relação a distribuição e posicionameto das janelas Figura 06: Tipos de iluminação zenital
leva-se em conta a possibilidade de o teto ser posicionado mais
alto, para que assim possa permitir as janelas mais altas. As
janelas horizontais distribuem a luz mais uniformemente do que
as verticais, enquanto que janelas espalhadas distribuem
melhor a luz que as janelas concentradas em pequenas áreas
da parede.
Fonte: Eficiência Energética na Arquitetura (2014)
De acordo com LAMBERTS, DUTRA, PEREIRA, a
2.5.5 Conforto Acústico
melhor orientação para a iluminação natural é a norte, por conta
da incidência mais frequente da luz solar direta e éfácil
A acústica é uma das propriedades físicas mais
sombrear as aberturas nesta orientação. Embora a quantidade
importantes para determinar o sucesso de edifício voltado
de luz possa ser baixa, a segunda melhor luz natural é o sul, pois
paraauditórios e ambientes de ensinamento e aprendizagem da
quando necessário uma luz branca, ela é a de boa qualidade,
música, dessa forma, houve a necessidade de um estudo sobre
além de receber menos luz solar direta, além da facilidade de
o assunto.
projetar protetores solares nesta orientação. Já a Leste e Oeste
Conforme menciona SOUZA, ALMEIDA E
são consideradas piores, pois recebem luz solar direta com
BRAGANÇA (2012), em meio a tanto ruído existente é de
maior intensidade no verão e menos no inverno, dificutanto o
grande importância atuar no conforto acústico. É necessário ter
projeto de proteções solares.
a sensibilidade ao som para perceber que ele é um dos
A iluminação zenital é conceituada como uma porção
elementos qualificadores de um espaço. A absorção sonora
de luz natural que entra através de aberturas superiores dos
pode auxiliar a própria inserção do projeto arquitetônico no
espaços internos. Tem como desvantagem a dificuldade de
contexto urbano para que ele se integre ao entorno, de maneira
proteger da radiação solar indesejável. Para que isso não
a não o desqualificar acusticamente.
ocorra, recomenda-se o uso de vidros posicionados
verticalmente, conforme mostra a figura 06.

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2.5.6 Propriedades do Som Intensidade do som é a quantidade de energia contida
no movimento vibratório. Essa intensidade se traduz com uma
De acordo com Silva (2002), os sons resumem-se em maior ou menor amplitude na vibração ou na onda sonora. Ela é
barulho, ruído, som música e a voz. O barulho designa-se a medida pela quantidade incide em 1 cm² e sua unidade é em
qualquer som indesejável; o ruído é uma mistura de tons com Watts/cm2.
frequências que diferem entre si; a música é uma ordenação de O número de decibels (dB) é o expoente da relação
som de maneira harmônica; e a voz compõe sons ordenados e das intensidades físicas, multiplicado por 10. A intensidade
desordenados numa sequência de consoantes e vogais sonora medida em decibels é definida como Nível de
combinadas. Intensidade sonora (NIS). Então a diferença entre o limiar da
Para Candido (2002) o som se caracteriza por três audição (0 dB) ao limiar da dor (130 dB) é da ordem de dez
variedades físicas, sendo estas a frequência, intensidade e trilhões para um (10.000.000.000.000:1). Permite a escala
timbre. enorme ser convenientemente representada com pequenos
A frequência é o número de oscilação por segundo do números, sendo que decibel não é uma unidade de medida,
movimento vibratório do som. Ela é medida em Hertz (Hz). O mas apenas uma escala.
nosso ouvido é capaz de captar sons de 20 a 20.000 Hz, essa O timbre é a forma de onda da vibração sonora, ele
faixa de frequência é dividida em graves, médios e agudos. Os permite reconhecer a fonte geradora de som.
sons com menos de 20 Hz são chamados de infra-sons e os
sons com mais de 20.000 Hz são chamados de ultra-sons, 2.5.7 Tratamento Acústico
podemos observar na figura 07.
Figura 07: Frequência auditiva por humanos De acordo com Silva (2002), tratamento acústico é
um conjunto de operações destinada a atenuar o nível de
energia sonora entre a fonte geradora e o ouvinte ou sensitivo.
Isso pode ser alcançado pelo isolamento atenuador,
tratamento absorvente e os dois combinados. No primeiro caso
Fonte: adaptado de feb.unesp.br/
é quando o ouvinte está em outro local que não seja o da fonte
sonora, o processo mais simples será o de barramento da

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energia decorrente da fonte de onda, por uma barreira ou painel 2.5.9 Reflexão do som
isolante. No segundo caso é quando ele estiver no mesmo
ambiente onde está a fonte sonora, o processo minimizador é o De acordo com SOUZA, ALMEIDA E BRAGANÇA
rebaixamento do nível de ruído através de superfícies internas (2012), o som percebido pelo ouvinte é resultante do raio sonoro
revestidas de materiais acústicos absorventes. direto e dos refletidos. Ao encontrar uma superfície, som é
refletido, absorvido ou transmitido em proporções que
2.5.8 Isolamento Acústico dependem da dimensão, da forma e do material dessa
superfície. Diz que é uma boa difusão quando a onda sonora
Ainda segundo Silva (2002), Isolamento acústico é distribui em todas as direções.
um conjunto de medidas arquitetônicas que facultam a redução A forma de um recinto é considerada também muito
do nível de ruído gerado em um ambiente para o ambiente importante no condicionamento acústico do local. Com base em
vizinho, separados por um painel ou parede divisória. sua geometria, é possível determinar uma melhor distribuição
Para um bom isolamento acústico, pode se utilizar de de sons, evitando fenômenos indesejáveis como o eco, eco
estratégia como a combinação de dois painéis afastados um do palpitante e as ondas estacionárias (figura 08).
outro, formando espaço preenchido por ar, quando Figura 08: propagação sonora em ambientes fechados

preenchemos esse vazio com por exemplo, lã de vidro ou lã de


rocha, conseguimos um resultado ainda melhor, pois ela serve
de amortecimento da passagem energia sonora. Vale ressaltar
Fonte: Cunha (2012)
que quanto maior for a distância entre os painéis, melhor será o O eco é um fenômeno que acontece quando o som,
seu isolamento acústico. Este tipo de sistema é chamado de refletido por uma ou mais superfícies, retorna a um mesmo
painel sanduíche. Na figura 121 em anexo apresenta o valor de receptor num intervalo maior que 1/15 do segundo, ou seja, o
isolamento acústico de diversos materiais. seu retorno é perceptivo após a extinção do som direto.
Na existência de balcão, sugere-se que a superfície
inferior do mesmo seja refletora. Sua profundidade não deve
exceder duas vezes a sua altura, evitando a zona de sombra
acústica (figura 09).

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Figura 09: Croqui balcão 2.5.10 Tempo de Reverberação e Absorção Acústico

Ainda segundo SOUZA, ALMEIDA E BRAGANÇA a


boa difusão da sala é alcançada também como cada material
apresenta capacidade própria de absorção sonora, assim sua
distribuição influi na reverberação de uma sala. Quanto maior a
Fonte: Corrêa (2011) quantidade de materiais absorventes, menor o tempo de
Auditórios em leque proporcionam reflexões reverberação.
benéficas em toda a área dos assentos, proporcionando uma A absorção resulta de uma alteração da energia
boa distribuição de sons (figura 10). sonora em outra energia, geralmente calor. Na figura 12 mostra
Figura 10: Croqui auditório em leque que essa capacidade do material é indicada pelo coeficiente de
absorção.
Figura 12: Coeficientes de absorção

Espess Frequencia (Hz)


Material ura
125,00 250,00 500,00 1K 2K 4K
(cm)
Lã de rocha 10 0,42 0,66 0,73 0,74 0,76 0,79
Lã de vidro 10 0,29 0,55 0,64 0,75 0,80 0,85
Feltro 1,2 0,02 0,55 0,64 0,75 0,80 0,85
Fonte: Corrêa (2011) Piso de tábuas de madeira 0,15 0,11 0,10 0,07 0,06 0,07
Placas de cortiça sobre concreto 0,5 0,02 0,02 0,03 0,03 0,04 0,04
O rebaixamento do teto pode ajudar na melhor Carpete tipo forração 0,5 0,10 0,25 0,40
Tapete de lã 1,5 0,20 0,25 0,35 0,40 0,50 0,75
condução do som para as partes posteriores de um auditório Concreto aparente 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,03
Parede de alvenaria, não pintada 0,02 0,02 0,03 0,04 0,05 0,07
como mostra a figura 11. Vidro 0,18 0,06 0,04 0,03 0,03 0,02
Figura 11: Croqui auditório em leque Cortina de algodão com dobras 0,07 0,31 0,49 0,81 0,61 0,54

Fonte: adaptado de feb.unesp.br/


Percebemos então que materiais mais absorventes
apresentam valores de coeficientes maior.
O tempo de Reverberação é o tempo apropriado para
Fonte: Corrêa (2011) cada tipo de sala, isso se dá com base no volume da sala e nas

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frequências sonoras das fontes. Na figura 13 o tempo ótimo de
reverberação adquirido para cada sala.
Figura 13: Tempo de Reverberação ótimos

Fonte: ABNT/
Podemos perceber que os tempos de reverberação
mais indicado para a palavra falada tem valores baixos, já para a
música esses valores são mais alto. Desta forma, para adquirir
um bom som depende das características do ambiente onde ele
se propaga. Suas reflexões múltiplas num espaço fechado, bem
como a absorção de certas faixas pelos materiais que compõe
as superfícies do ambiente, modificarão sensivelmente o som
final percebido.

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