O sincretismo religioso que deu origem à Umbanda

Conforme os negros oriundos de África entendiam mais sobre a catequese católica

mais iam fundamentando seu sincretismo na Umbanda. E as correlações entre os
nomes dos orixás e dos santos da Igreja serão apresentadas aqui:
 

•Oxalá - senhor dos orixás e criador das coisas que respiram. Supremo orixá de
Umbanda, o santo que o representa no sincretismo é Jesus Cristo, Deus feito
Homem. Seu cumprimento é Aê Babá Oxalá!

•Iemanjá - senhora das águas, do encontro entre o mar e a cachoeira, mãe dos
orixás e divindade venerada pelos pescadores, a santa que a representa no
sincretismo é Nossa Senhora dos Navegantes. Seu cumprimento é Odoiá!

•Ogum - senhor das estradas, da guerra, vencedor de demandas e protetor dos

soldados, e de todos que lutam em busca de vitórias, o santo que o representa no
sincretismo é São Jorge. Seu cumprimento é Ogunhê Ogum! Patacori!

•Iansã - senhora dos raios e das tempestades, orixá do sexo, do amor Éros, da
volúpia e das intempestivas decisões, a santa que a representa no sincretismo é
Santa Bárbara. Seu cumprimento é Eparrei Iansã!

•Xangô - senhor da justiça, orixá correspondente aos assuntos legais, o santo que
o representa no sincretismo é São Jerônimo. Seu cumprimento é Kaô Kabecilê!

•Oxum - senhora das águas da cahoeira, divindade do amor, protetora das

mulheres traídas, força que conduz ao bem material, relacionada ao ouro, Oxum
tem como santa que a representa no sincretismo Nossa Senhora da Conceição e
em algumas regiões do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida. Seu cumprimento
é Oraiêiêu Oxum!

•Oxóssi - senhor das matas, das ervas de cura, caçador e divindade indígena,
associado aos pajés e caciques, este orixá tem por santo representante no
sincretismo São Sebastião. Seu cumprimento é Okê Oxóssi! Okê Caboclo!

•Nanã Buruquê - orixá das águas profundas, das lamas, ela rege a sabedoria, é a
mais velha dos orixás e no sincretismo a santa que a representa é Sant'Anna. Seu
cumprimento é Saluba Nanã!
 •Omulú/Obaluaê - orixá da vida e da morte, reside no cemitério,
protetor dos enfermos e guardião dos mistérios entre os mundos, seu
santo representante no sincretismo é São Lázaro/São Roque. Seu
cumprimento é Atotô Baluaiê!
 
 

•Ibeji - orixás gêmeos, representam a alegria das crianças, o encontro

com o mágico, o inocente. Grande energia que desfaz toda sorte de
feitiços, possuem como santos no sincretismo São Cosme e São
Damião. Seu cumprimento é Ômi Bejada!

Os santos ditos acima podem sofrer alterações de significado, pois depende das relações
que exercem em cada estado do Brasil, além da cultura de cada região e de seus
antepassados.
Há também outras relações de sincretismo na Umbanda. O defumador utilizado nas
missas da Igreja foi incorporado aos ritos afrobrasileiros e é utilizado, na Umbanda, para
limpar o ambiente das energias impuras e dos espíritos do mal. Outros elementos de
sincretismo são: a veneração às imagens, as orações de alguns santos como a oração da
paz de São Francisco etc. Tantos são os elementos sincréticos que por meio de uma
aliança entre crenças o entendimento da fé ficar mais claro.
Além dos Orixás, a Umbanda aproveitou a vida dos seus peregrinos, porta vozes,
pessoas que deram seu suor e sua dedicação para, entendê-las como espíritos de luz
que serviram, em muitas encarnações, à esta religião. Por isso, mais do que meras
pessoas, algumas viraram entidades de grande respeito e valia. Assim surgiram:
caboclos, pretos velhos, crianças ou ibeijadas, marinheiros, ciganos, boiadeiros etc.
Essas entidades trabalham na Umbanda, cada qual em sua área, para auxiliar aos fiéis
que necessitarem, seja de uma simples prece ou de trabalhos de energia para o
andamento de suas vidas. São muitos os nomes dessas entidades, mas aqui vão os
nomes de pelo menos um par de cada, dos mais conhecidos:
 
•Pretos Velhos: Vovó Luíza e Pai Joaquim de Angola
•Caboclos: Seu Rompe Mato e Seu Sete Flechas
•Crianças: Pedrinho e Mariazinha
•Ciganos: Rosa Sulamita e Vladimir
Os primeiros ficaram assim conhecidos por terem sido os escravos velhos das senzalas,
os segundos porque eram pajés e caciques, índios destemidos, os terceiros crianças que
morreram precoces e os quartos por terem vindo do oriente para o ocidente em busca de
um lugar, um território para difundir seus saberes.
Todos são espíritos de luz e ajudam, em nome da bandeira de caridade e amor, no
serviço da evolução da Humanidade.