Entre santos e orixás

Alguns costumes das religiões de matriz africana foram incorporados e reproduzidos aqui no
Brasil.
Quem já presenciou ou ouvi falar da lavagem das escadarias da igreja do Senhor do Bonfim pelas
filhas de santo?
Quem já pulou 7 ondas ou vestiu branco no ano novo?

As referências a essas práticas religiosas são silenciadas e apagadas, pois ao longo da

nossa história, essas religiões foram descriminadas, consideradas como feitiçaria ou associadas
ao mal, simplesmente por terem origem africana, e ainda hoje são alvos de discriminação e
preconceito.

Muitos dos africanos trazidos para o Brasil como escravos, trouxeram consigo suas crenças e
tradições religiosas. Essas práticas religiosas, no entanto, eram duramente reprimidas pelo
colonizador, que impunha aos escravizados a prática do catolicismo. Para manterem suas raízes
culturais as religiões africanas tiveram que serem recriadas e adaptadas ao novo contexto, a
incorporação de elementos do catolicismo, foi a forma encontrada para manifestar a fé aos
deuses e orixás.

A exposição Entre Santos e Orixás

O que são os orixás?
Os orixás são divindades da mitologia africana iorubá, que correspondem a pontos de
força da natureza, são intermediários entre ele e os humanos.
As características de cada orixá os aproximam dos seres humanos, pois eles se
manifestam através de emoções como nós, sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são
passionais. Cada orixá tem ainda seu sistema simbólico particular composto de cores comidas
antigas revistas ambientes espaços físicos e até horários.
Na mitologia iorubá, existem mais de 400 orixás, mas apenas alguns deles são se
popularizaram no Brasil através das religiões de matriz africana como a Umbanda e o
Candomblé.
Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravidão cada orixá foi
associado a um santo católico devido a imposição do catolicismo aos negros para manterem seus
Deuses vivos viam-se obrigados disfarçados na roupagem dos Santos católicos aos quais
cultuavam apenas aparentemente.

Olorum ou Oxalá - é a divindade da criação e criatividade. É o pai da humanidade e dos orixás, o

mais poderoso é uma divindade masculina, ele é o criador de todos os seres e pai de todos os
orixás - com exceção de Logunedé. Segundo a mitologia iorubá, Oxalá tentou criar os seres
humanos com vários materiais, mas só conseguiu quando utilizou o barro.
Se apresenta na forma de um jovem guerreiro e destemido, ou de um velho sábio. 
Sua cor: branco Representação no cristianismo: Jesus Cristo ou Senhor do Bonfim.

Xangô - Divindade dos trovões, tempestades e justiça. É considerado um guerreiro violento e

vaidoso. Suas cores são vermelho, marrom e branco.
Na mitologia iorubá, xangô é rei, por isso é o orixá que cuida do poder, da administração e da
justiça. Ele age com neutralidade, é reconhecido pelas sábias decisões e é íntegro. Sua
representação no cristianismo: São Pedro ou São Jerônimo

Nanã - A mais velha dos orixás, por isso é vista como a guardiã da morte e dos segredos. A
senhora das águas profundas, nevoeiros e pântanos. Também é responsável pela criação do
corpo humano e representa a maternidade, a vida e a morte. Suas cores são: branco e roxo.
Representação no cristianismo: Nossa Senhora Sant’ana

Omolú - é um grande e respeitado feiticeiro, é o senhor da vida e da morte e deus da medicina.

Ele é responsável pela passagem de um plano para o outro, por guiar os espíritos para uma nova
vida. é o protetor dos enfermos. Suas cores são: preto, branco e vermelho. No sincretismo
religioso são os santos São Roque e São Lázaro. 

Oxumaré- É a divindade do movimento, do ciclo vital. Esse orixá é homem e mulher ao mesmo
tempo, ele representa as dualidades, como o dia e a noite, o bem e mal. Controla o arco-íris, a
natureza, a passagem dos dias e anos, o movimento e a continuidade. Suas cores são: amarelo,
verde e preto. É associado a figura de São Bartolomeu.

Exú- É a divindade do equilíbrio e da comunicação entre os orixás e os homens. É o guardião dos

caminhos, é capaz de derrubar barreiras, tem o poder de criar a paz e/ou o caos. Exú é, por
vezes, interpretado como uma divindade má, mas na mitologia iorubá não existe a representação
do mau.
O orixá que mais se assemelha aos humanos, pois mescla qualidades boas e ruins. Suas cores
são: vermelho e preto.
No Cristianismo tem sua imagem ligada a Santo Antônio

Ogum- É o orixá que representa a luta, as conquistas. Deus da guerra e da tecnologia, protetor
dos caçadores e padroeiro de todos os trabalhadores cujo ofício exige a utilização de ferramentas.
Suas cores são: verde, azul escuro e vermelho. No sincretismo baiano é considerado Santo
Antônio. Já no carioca, de São Jorge. 
Oxóssi
Orixá da caça e protetor das florestas, plantas e animais, , é um caçador valente e generoso.
Representa a fartura, expansão e propagação do conhecimento. Seu símbolo é o arco e flecha.
Suas cor é azul turquesa e é representado no cristianismo com São Sebastião.

Iansã é uma guerreira poderosa, responsável por levar as almas para o céu. É a senhora dos
ventos, dos trovões, das tempestades e da coragem, representa as mudanças rápidas. Suas
cores são vermelho, coral e rosa.
No sincretismo é ligada a figura de Santa Bárbara. 

Logunedé- Logunedé é filho de Oxóssi e Oxum e dono de uma beleza ímpar. É um exímio
caçador e pescador e tem expressões masculinas e femininas.
Representação no cristianismo: Santo Expedito

Oxum- é uma divindade feminina, ela é dona da água doce, dos rios e das cachoeiras.
Representa a delicadeza, a fecundidade e a maternidade, por isso é muitas vezes chamada de
“mamãe Oxum”. Sua cores são amarelo e dourado . No sincretismo religioso é Nossa Senhora
Aparecida. 

Ossain- Orixá das matas e das folhas. Domina o poder de cura das plantas, por isso é
considerado a divindade da medicina. Sua representação no cristianismo é São Benedito. 

Iemanjá- A rainha soberana dos mares e oceanos, a mãe de todos os orixás, é a grande mãe e
rege a educação, a família e as uniões. Suas cores são branco, prata, azul e rosa É um dos
orixás mais famosos no Brasil. Sua representação no cristianismo é Nossa Senhora da
Conceição ou Nossa Senhora dos Navegantes

Ibejis- Os Orixás gêmeos, Ibejis são os regentes do mês de setembro, são as divindades
protetoras das crianças, em particular, dos gêmeos e gêmeas. Abençoam os partos, os filhos, os
lares e trazem saúde e prosperidade.
No cristianismo é representado por São Cosme e São Damião.