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O ATABAQUE

Atabaque é um ​instrumento musical​ de ​percussão​ afro-brasileiro. O nome se


originou do termo ​árabe​ “​al-Tabaq”​, que significa "prato". C​hegou
ao ​Brasil​ através de ​africanos​ escravizados, é usado em quase todo
ritual ​afro-brasileiro​, típico do ​Candomblé​ e da ​Umbanda​ e das outras ​religiões
afro-brasileiras​ e influenciados pelas tradições africanas. De uso tradicional na
música ritual e religiosa, empregados para convocar
os ​Orixás​, ​Nkisis​ e ​Voduns​.
Constitui-se de um ​tambor​ cilíndrico ou ligeiramente cônico, com uma das
bocas coberta de ​couro​ de ​boi​, ​veado​ ou ​bode​. É tocado com as mãos, com
duas ​baquetas​, ou por vezes com uma mão e uma baqueta, dependendo do
ritmo e do tambor que está sendo tocado.

Pode haver três sistemas principais de tensionamento do couro:

1- Cordas e cunhas

2- Ferragens (à semelhança das ​congas​ cubanas)


3- Birro (à semelhança do ​Sabar​ senegalês, do ​Kpanlogo​ ganês, entre
outros tipos de tambores africanos).

Xangô, o dono dos atabaques

O atabaque é símbolo do som primordial, da palavra, da tradição e da magia. O


tambor estabelece relação com o coração. Na África, tanto nas culturas mais
primitivas, como nas mais evoluídas, o atabaque é considerado o mediador
entre o céu e a terra. Alguns dizem que Xangô usava seu tambor Bata para
atrair os relâmpagos.
Para um melhor esclarecimento sobre a ligação de Xangô com o tambor e com
a grande reunião ritualística que se aglomera em torno dos atabaques até hoje,
vamos citar um Ítan (Mito) no qual podemos afirmar essa ligação.

Ítan Obara-Irosum

Em crise financeira e emocional, Xangô, sentia-se mal no lugar em que vivia.


Um dia, no caminho, encontrou com Exú e desabafou toda situação em que
vivera naquele momento e a este fez um pedido, que encontrasse um lugar
para ele viver, reconstruir sua vida.
Passado algum tempo, Exú vai ao encontro de Xangô dizendo-lhe que havia
encontrado um novo lugar para ele morar. Um pequeno povoado onde Xangô,
com certeza, iria sentir-se bem e iria prosperar. Xangô, todo satisfeito, dirige-se
ao tal povoado no qual Exú lhe conduzia. Chegando lá, Xangô instalou-se
numa pequena cabana que Exú lhe conseguira de antemão. Logo foi
arrumando seus pertences e, muito feliz com a nova morada, pegou seu
tambor Bata e começou a tocá-lo de forma entusiasmada.
Sem prestar atenção que enfrente a cabana, aos poucos, aglomerava-se um
numeroso grupo de pessoas que, subjugados pelo som, giravam em frente a
casa, pois naquela terra não se conhecia a música, dado que o rei daquele
povo havia proibido tocar música e essa era a primeira vez que ouviam.
Xangô, ao perceber o grande número de pessoas que dançavam em sua
frente, tocava mais freneticamente seu tambor. Nesse meio tempo, o rei foi
informado que perto dali havia um homem que havia revoltado o povo com uma
música produzida por um tambor. Muito intrigado, o rei dirigiu-se até o local
onde o povo estava aglomerado e, abrindo caminho por entre a multidão, logo
chegou frente a frente com Xangô, que delirantemente fazia soar seu tambor
Bata.
Pouco tempo observando, o rei deu um salto e caiu também fascinado pelos
acordes daquele tambor, rodando até o chão, a coroa que carregava em sua
cabeça, caiu sobre a cabeça de Xangô. Exú, que estava ao lado de Xangô,
imediatamente perguntou ao povo que estava congregado ali sobre quem
queriam que fosse seu verdadeiro rei, e o povo, em uma só voz, disse que
queriam Xangô. A partir daquele momento, Xangô se curvou diante do povo
que o consagrou. Reinando naquela terra, fez um novo povo para ele, trazendo
felicidade e a música para seus seguidores.

Atabaque na Umbanda

Nos terreiros de Umbanda, o toque, cadência, força e luz espiritual do


atabaque auxiliam na concentração, vibração e incorporação dos médiuns. Os
atabaques são tambores estreitos e altos, afunilados usando apenas um couro
e construídos para atrair diferentes vibrações quando são tocados. Eles
mantêm o ambiente sob uma vibração homogênea, facilitando a concentração
e atenção dos médiuns durante o ritual. O atabaque é um dos principais
objetos de um terreiro, um ponto de atração e vibração.
O toque do atabaque emite vibrações que promovem a ligação entre os
homens e seus guias e Orixás. Existem diferente toques, que emitem códigos e
invocam uma ligação com o universo espiritual, atraindo as vibrações
dos ​Orixás​ e entidades específicas. O som emitido pelo couro e madeira do
atabaque conduz o Axé do Orixá, como uma sinfonia africana.
Os atabaques podem ser tocados de diferentes formas. Nas casas de
Candomblé Ketu, por exemplo, toca-se com a vara (aguidavi), enquanto nas
casas de Angola se toca com a mão. Existem vários tipos de toques na Angola,
cada um destinado a um Orixá diferente. Na Ketu, também funciona desta
forma e toca-se com varinha de bambu ou goiabeira. Um trio de atabaques
executa uma série de toques ao longo dos rituais, que precisam estar de
acordo com os Orixás que serão evocados em cada momento do trabalho.
Para auxílio dos tambores, são utilizados instrumentos como cabaças, agogô,
etc.
Na Umbanda, utilizamos geralmente três tipos de atabaques, essenciais para
garantir ao médium uma incorporação segura. Eles são nomeados como Rum,
Rumpi e Lê. Saiba um pouco mais sobre cada um deles.

Rum:​ Seu nome significa grande, ou maior. Normalmente, possui um metro e


vinte centímetros de altura, fora a base. O atabaque Rum emite o som mais
grave. A partir dele, as energias chegam no Terreiro. A cadência mestre vem
dele, ou seja, atrai o maior patamar de vibrações espirituais para os trabalhos
mediúnicos, e também é conhecido como “Puxador”.

Rumpi:​ Seu nome quer dizer médio ou mediano. Esse é um atabaque de


tamanho médio, que varia entre oitenta centímetros e um metro de altura, fora
a base. Seu som está entre o grave e o agudo. Cumpre uma função de
proteção e tem a responsabilidade de fazer a maioria das dobras, ou repiques
diferenciados, com uma entonação forte. O Rumpi garante o ritmo e mantem a
harmonia. Ele sustenta a energia básica trabalhada pelo toque.

Lê:​ Seu significado é pequeno ou menor. Ele pode medir entre quarenta e
cinco e sessenta centímetros de altura, fora a base. O Lê emite um som em
tom agudo, ele que faz a ligação entre o som dos Atabaques e o som do
canto. O atabaque Lê, precisa seguir sempre os toques do Rumpi.
Introdução aos toques

Antes de começar a aprender os toques que utilizamos para chamar e louvar


aos Orixás precisamos entender quais sons conseguimos retirar do toque no
atabaque. Em vários instrumentos de percussão podemos tirar muitos sons e
formar toques variados, em alguns casos existem de 8 a 10 tipos de sons. No
nosso caso vamos utilizar uma tablatura simples e com ela conseguimos
formar os toques usados para conduzir um trabalho em louvação do sagrado.

Vamos começar tirando do couro do atabaque 2 (dois) sons, que serão usados
em todos os toques feitos. Para ter um toque bonito e com sons limpos, é
importante treinar bastante esses dois sons inicialmente, após essa fase,
vamos introduzir os toques com a tablatura de relacionada a cada toque.

1° passo – Separe o atabaque em duas partes, fazendo um circulo com pemba


dentro do couro, como na figura abaixo.

2° Passo – Escreva com pemba em cada circulo, para marcar qual som precisa
ser tirado de cada circulo, como na imagem abaixo.
3° Passo – Treine bastante esses dois sons, tente retirar do atabaque os sons
perfeitamente, isso fará com que os toques tenham muito mais vida e
harmonia. Para facilitar, utilize as tablaturas a seguir para treinar.

TA TA | TUM TUM

TUM TUM | TA TA

TA | TUM | TA | TUM

TA | TUM | TA TA | TUM

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