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CURSO PARA

CURIMBEIROS

PAI PEQUENO RAFAEL SANTOS

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CURSO DE CURIMBEIROS – CURIMBACURA

“UMBANDA É COISA SÉRIA PARA GENTE SÉRIA OU QUE PRETENDE SER


SÉRIA”.

Caboclo Mirim

“O ESPIRITISMO É UM ESTADO E A UMBANDA É UMA PROVÍNCIA DESTE


ESTADO”.

André Luiz

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ÍNDICE

Introdução ao curso........................................................................................................04
Poucas Palavras.............................................................................................................05
Módulo 1: O tempo..........................................................................................................06
Módulo 2: Ijexá – a batida das águas.............................................................................08
Módulo 3: Ijexá e o estudo do contra-tempo...................................................................10
Módulo 4: Introdução ao Cabula.....................................................................................12
Módulo 5: Variações de Cabula......................................................................................14
Módulo 6: Congo e Arrebate...........................................................................................17
Módulo 7: Barravento......................................................................................................21
Módulo 8: Ijexá-Muzenza e Cabula-Jongo......................................................................23
Módulo 9: A gira de Umbanda (parte I)..........................................................................25
Módulo 10: A gira de Umbanda (parte II).......................................................................28
Módulo 11: Técnicas e compassos avançados..............................................................30
Módulo 12: Ritmos populares e os toques de Umbanda................................................34

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INTRODUÇÃO AO CURSO

OBJETIVOS
O CURSO DE FORMAÇÃO DE CURIMBEIROS – PROJETO CURIMBACURA tem o objetivo de
levar às pessoas interessadas, através da estrutura e orientação dos terreiros filiados à CENTELHA DIVINA,
MISSÃO UMBANDISTA, formação musical inicial em percussão popular e religiosa de Umbanda, visando:
1) Formação de Curimbeiros e Curimbeiros-mirins para atuar em cerimônias religiosas, sessões
de desenvolvimento e atendimento dentro dos terreiros filiados à CENTELHA;
2) A criação de conjuntos musicais que possam participar de espetáculos que envolvam
percussão, como apresentações de teatro e dança, por exemplo; e
3) Estimular a criatividade, o trabalho em equipe, a comunicação e o interesse pela música em
alunos, ouvintes e colaboradores.

INFORMAÇÕES GERAIS
Este caderno de atividades serve como material didático para a primeira fase do curso, chamada
de fase de musicalização. Esta etapa consiste na familiarização dos alunos com os instrumentos de
percussão utilizados durante o curso; realização de exercícios de coordenação motora; identificação das
posturas de mão e dos diferentes sons na percussão; exercícios de entrosamento; manutenção e construção
de instrumentos; ritmos populares; toques de atabaque para Umbanda; entre outros assuntos que podem ser
abordados ao longo do curso.
Ao final do período de musicalização, os alunos deverão ter capacidades e habilidades para
executar ritmos, realizar acompanhamentos básicos e conseguir tocar em conjunto de forma minimamente
harmoniosa. Mediante aprovação da diretoria espiritual de cada terreiro filiado à CENTELHA, os alunos aptos
poderão frequentar as sessões mediúnicas, sessões de festa e sessões de atendimento público como
Curimbeiros ou Curimbeiros-estagiários.
Apesar da utilização de toques e cantigas de Umbanda para acompanhamento e tematização das
aulas, não ocorrerão evocações, chamamentos, incorporações ou qualquer outra manifestação espiritual
durante as aulas. As únicas atividades religiosas serão as orações de abertura e encerramento de cada
encontro.
As aulas serão compostas de apreciação musical; exercícios mecânicos (coordenação) e exercícios
técnicos. Os principais instrumentos utilizados serão: Atabaque, Djambé, Pandeiro, Agogô, Platinelas e
Chocalhos de diversos tipos.

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POUCAS PALAVRAS

Uma das características mais marcantes da Umbanda, além dos aspectos universalistas de sua
doutrina, é a prática; ou melhor, a forma como coloca em prática seus rituais e como realiza suas reuniões.
Diferentemente de muitas outras religiões, as reuniões umbandistas - também chamadas de sessões - são
encontros pontuados por alegria, música e dança. É com a música que o Orixá se manifesta, é com o canto
que preces são feitas, é com a cadência ritmada dos atabaques que os Caboclos giram e os Exus
gargalham. É, pois, sob o efeito contagiante da percussão e do canto que a Umbanda se realiza.
Sendo assim, tanto os instrumentos musicais utilizados durante as sessões, quanto a entoação
dos pontos cantados, são partes integrantes e essenciais para que a mágica e a magia da religião
aconteçam. Mas, para isso, é importante que aqueles que são os responsáveis pela CURIMBA tenham
ciência da sua responsabilidade e executem bem todas as tarefas que lhes cumpre: o zelo pelos
instrumentos, a afinação do couro, a prática vocal, o cuidado com o “pepelê”, etc. A esses – os
CURIMBEIROS – e somente a eles, cabem tais tarefas. Afinal de contas, são eles os escolhidos pela
espiritualidade para dar voz e musicalidade às orações.
Por tudo isso, o Curimbeiro de Umbanda tem a obrigação não apenas de conhecer os
instrumentos, os toques e os pontos, mas também a obrigação de querer se aprimorar. É pelas suas mãos e
pela sua voz que os Orixás são convidados a participar da vida terrena. É pelo ritmo do seu toque que o
coração das pessoas acelera, palpita e dá chance às incorporações. É enfim, pelo seu desempenho que tudo
acontece.
O presente trabalho tem a missão de guiar você através de um banquete de ritmos, desde os
mais suaves como o “Ijexá” até outros mais agitados e complexos como o “Barravento”. Você vai se deliciar
com esse saboroso desfile de cadências africanas; vai aprender a reconhecer cada toque e a executá-los
nos momentos corretos.
Esse curso elaborado com grande competência pelo Pai Pequeno Rafael Santos irá, enfim,
transportar sua mente para um remoto passado, evocando sensações que poderiam muito bem ter sido
vividas lá nas savanas africanas ou aqui mesmo nas aldeias indígenas do Brasil, onde o batuque era meio de
contato com os espíritos e a dança a manifestação das divindades.
Ao terminar o curso, porém, você vai perceber que tudo isso coexiste harmonicamente bem à sua
frente, dentro de cada reunião umbandista; e poderá ser vivido e experimentado a qualquer momento através
das suas mãos e do seu canto, vibrando e dando ritmo a cada manifestação dessa nossa Sagrada Umbanda.
Tata Luis

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MÓDULO 1

O TEMPO

Introdução à escrita do tempo: A imagem abaixo será utilizada para que se possa ler e escrever
os toques de percussão que iremos reproduzir durante as aulas.
Funciona da seguinte maneira: Pense em uma música popular a qual você goste de dançar (como
uma música romântica ou um samba). Ao dançar essa música você pode reparar que os passos que você dá
se repetem em sequências de quatro. Repare que é possível dividir a dança: Um, dois, três, quatro; um, dois,
três, quatro; um, dois … e assim por diante
Nesse momento você está seguindo o compasso da música. Você poderá reparar que as notas
dos instrumentos e a entonação do cantor também se repetem seguindo sequências de quatro.
O compasso significa a forma como as notas musicais estão distribuídas no tempo. A imagem abaixo
ilustra como vamos contar o tempo:

UM DOIS TRÊS QUATRO

Essas contagens: “Um, dois, três, quatro; Um, dois...” recebem o nome de batidas. O compasso apresentado
possui quatro batidas por repetição, isto é, a cada 4 batidas, as notas se repetem.

Um ritmo ou melodia pode ser construído quando as notas são encaixadas dentro do tempo. Estas
podem ser encaixadas de várias maneiras diferentes, inclusive no espaço entre uma batida e outra.

Para compreender melhor a idéia de tempo, vamos realizar alguns exercícios…

Treinamento com duas mãos

1) Exercício 4x4

Tome um instrumento de duas mãos e execute o ritmo abaixo.

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Legenda = = Nota Grave

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade

2) Exercício das palmas

Uma das notas do exercício anterior será substituída por uma batida de palmas. Enquanto reproduz o
ritm, interrompa a 3ª batida com palmas (uma palma). Observe:

Legenda:

= Nota Grave = Palma

Mantenha o ritmo até que seja executado em harmonia.

3) Exerício prático

Realize o exercício novamente, variando a nota substituída pela palma, se quiser pode até colocar
mais palmas em substituição a outras notas;

Varie também a velocidade de execução.

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

4) Demonstração de performane do instrutor. [Disponível em vídeo]:

Ao final do curso, espera-se que você tenha desenvolvido as seguintes habilidades e competências:

Ambidestria: capacidade de utilizar as duas mãos de forma igual ou o mais próximo disso.

Esmerilho: velocidade com as mãos – técnica excelente para improvisos e variações de toques.

Empunhadura: mediante a prática, o percussionista conhece as próprias mãos e o seu instrumento.


O que o leva a produzir sons diferentes.

Compassos difíceis: mediante a prática, será possível acompanhar qualquer ritmo, mesmo aqueles
cuja contagem do tempo é irregular.

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MÓDULO 2

IJEXÁ – A BATIDA DAS ÁGUAS

Exercício de Empunhadura:

A empunhadura é a forma como a mão está ao golpear o instrumento. A combinação ente diversas
formas de empunhadura e as regiões do instrumento onde se bate, pode produzir vários sons diferentes.

1) Variação de empunhadura para produzir diferentes notas [Disponível em vídeo]:

Grave = geralmente se faz com os dedos fechados. Produz um som do tipo “TUM”. É uma nota
vibrante, que faz o instrumento vibrar. É a principal nota de um instrumento de percussão.

Abafado = É muito utilizado nos toques de Umbanda, em ritmos africanos e em samba. Se faz com a
mão aberta, em uma região do instrumento que produzirá um som abafado. É uma nota que não vibra, tem
um som “seco e aberto”.

Tapa = É uma variação do abafado. Pode ser feito por um movimento de chicote, de forma que as
pontas dos dedos médio, anelar e mínimo sejam as últimas partes a golpear o instrumento. Produz um som
estridente, mais vibrante que o abafado. Não é necessário empregar força para executar a nota, apenas a
prática o levará a dominar essa nota.

Harmônico = É uma variação do grave, porém é realizado na parte mais periférica do instrumento.
Geralmente, se faz com os dedos abertos ou com dois dedos. Produz sons vibrantes, que podem ser graves
ou agudos, dependendo da empunhadura. Os sons harmônicos são bastante úteis para afinar um
instrumento, justamente porque produzem notas vibrantes.

Para exercitar as empunhaduras, vamos à alguns exercícios:

2) Exercício com Ijexá (uma mão):

A imagem a seguir traz as notas do ritmo conhecido como Ijexá, “A batida das águas” (Este ritmo é
recebe também o nome popular de ‘Afoxé’).

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

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Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.


3) Exercício do espelho (ambidestria)
Alterne a mão com a qual se executa.
Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

4) Exercício técnico - parada


Enquanto executa o Ijexá, mantenha-se mentalmente contando o tempo através do compasso.
Pare de tocar ao fim de um compasso, aguarde a passagem de dois compassos inteiros e retome
o ritmo.
Repita o exercício até que seja executado com facilidade.

5) Exercício técnico
Observe os cortes 1 e 2 (ilustrados a seguir)
Enquanto executa o Ijexá, tente executar os cortes. Basta substituir um compasso inteiro pelo
compasso correspondente ao corte.

6) Variação da Empunhadura
Repetir o exercício anterior.
Ao momento de realizar os corte 1 e 2 modifique a empunhadura, experimente os sons que
podem ser produzidos em seu instrumento

IJEXÁ – CORTE 1

Legenda:

= Tapa = Nota Grave

IJEXÁ – CORTE 2

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MÓDULO 3

IJEXÁ E O ESTUDO DO CONTRA-TEMPO

Treinamento de leitura e interpretação

1) Ijexá + variação 1

Observe o ritmo abaixo e tentar executá-lo. As notas que serão incluídas nas variações de Ijexá
devem ser feitas com a segunda mão.

Quando estiver confortável, faça o exercício de parada, após dois compassos, retome o ritmo
variando as mãos.

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

IJEXÁ + VARIAÇÃO 1

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

2) Exercícios de contra-tempo

As variações de Ijexá ilustradas abaixo mostram como é comum o preenchimento dos espaços entre
as batidas do compasso. Ao construir uma melodia é praticamente impossível não encaixar notas entre as
batidas do compasso. Essas notas servem inclusive para ajudar o músico a manter-se tocando sem acelerar
ou frear a música. Por isso, chamamos essas notas de contra-tempo.

Execute os toques de variação de Ijexá mostrados abaixo.

IJEXÁ + VARIAÇÃO 2

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IJEXÁ + VARIAÇÃO 3

IJEXÁ + VARIAÇÃO 4

3) Cavalgada

Uma vez praticado o Ijexá e suas variações, observe a imagem abaixo e tente interpretar o ritmo,
denominado aqui de Cavalgada.

Execute o ritmo em alternância de mãos. Procure realizar paradas e mudar a mão com a qual
começa o ritmo.

Procure variar a velocidade de execução.

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

CAVALGADA

Legenda:

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= Nota Grave = Abafado

MÓDULO 4

INTRODUÇÃO AO CABULA

1) Transformando Ijexá em cabula

Relembre e execute o toque Ijexá.

Assim que estiver tocando em harmonia, mude as notas para que fiquem conforme o toque abaixo:
Transição 1.

Este não é um toque propriamente dito, é um exercício de construção musical, leitura e interpretação.

Execute o toque utilizando a sua mão principal para fazer as duas últimas notas do compasso e a
segunda mão para fazer a primeira nota.

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

TRANSIÇÃO 1

2) Nova Leitura – Transição 2

Agora execute o ritmo abaixo: Transição 2. Será adicionada apenas uma nota ao toque. Esta deve
ser executada com a mão principal.

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

TRANSIÇÃO 2

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Legenda:

= Nota Grave = Abafado


3) Cabula básico

Assim que conjunto executar o toque Transição 2, adicionar uma nota, executada com a
segunda mão, conforme o esquema abaixo, transformando-o em Cabula Básico.

CABULA BÁSICO

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

Procure variar a velocidade de execução. Ao estar confortável com o toque, procure mudar as
funções de cada mão para executar o toque.

4) Exercício de coordenação com Cabula

O esquema abaixo mostra uma importante variação para o cabula. Observe e interprete, substituindo
um compasso pelo ritmo ilustrado.

CABULA BÁSICO – CORTE 1

Legenda:

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= Nota Grave = Abafado

MÓDULO 5

VARIAÇÕES DE CABULA

1) Completando o Cabula.

Vamos à versão do Cabula mais utilizada nas cantigas de Umbanda e ritmos populares brasileiros. Abaixo
está o esquema do Cabula – variação 1. Repare que o ritmo é realizado com uma combinação de dois
compassos com notas diferentes.

CABULA – VARIAÇÃO 1 (INCOMPLETO)

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

Tente também encaixar o Cabula Básico – Corte 1, em substituição esporádica ao segundo


compasso do toque.

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2) Cabula, o toque das mãos que não param.

É comum ouvirmos, em cantigas acompanhadas por Cabula, os Curimbeiros ou Ogãs executando


muitas variações, tornando a melodia muito bonita e contagiante. Para isso, essas variações, viradas ou
cortes devem ser realizadas com harmonia.

O Cabula é o tipo de ritmo que facilita a criação e o improviso. Isso porque o toque é realizado com
constante alternância de mãos, permitindo que o músico imprima velocidade ao toque sem perder a
naturalidade.

De forma intuitiva, ao tocarmos o ritmo acima colocamos notas que não estão escritas no esquema.
Vamos então colocar essas notas e completar o Cabula – Variação 1.

CABULA – VARIAÇÃO 1 (COMPLETO)

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

Tente também encaixar o Cabula Básico – Corte 1, em substituição esporádica ao segundo


compasso do toque.

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3) Exercitando coordenação + empunhadura.

O último toque executado, até o momento, é o que mais utiliza notas dentro do tempo. Deixando
pouco espaço para as notas mudas. O compasso é preenchido por notas diferentes, que são produzidas
graças às variações de empunhadura.

Para praticar coordenação e empunhadura vamos ao seguinte exercício:

Execute o ritmo abaixo, denominado apenas como “Compasso”.

COMPASSO

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

O exercício consiste em: 1) executar o ritmo acima a uma velocidade confortável e 2) sem
interromper o toque, transformá-lo em Cabula – Variação 1 (completo), convertendo em notas abafadas ou
notas mudas, as nota graves necessárias para que o toque seja um Cabula – variação 1 (completo).

Não se confunda: ao iniciar a sequência de notas do ritmo “compasso”, comece com a sua mão
principal (direita pra destros, esquerda para canhotos).

Pratique até que seja executado com facilidade.

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MÓDULO 6

CONGO E ARREBATE

1) Congo

Até este ponto do curso, a técnica necessária para execução das atividades passadas é suficiente
para que o Curimbeiro execute a maioria dos toques utilizados nos rituais da Umbanda.

Um desses toques é o Congo. Um ritmo bastante popular que é muito utilizado por artistas da Bahia
e do Rio de Janeiro, em diversos gêneros de música.

Dada a experiência que você adquiriu nas aulas anteriores com a escrita do tempo, interprete o ritmo
abaixo, denominado aqui de Congo d´Angola:

(Ritmos semelhantes ao Congo são muito utilizados na música popular e por isso recebem diversos nomes
como Makulelê e Ijexá)

CONGO D´ANGOLA

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Executar o ritmo em diferentes velocidades.

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade

2) As variações de Congo.

O congo é um ritmo que permite muitas variações. Vamos observar, praticar e criar variações para o
ritmo de Congo. Abaixo também está o esquema do Congo de Ouro.

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CONGO – VARIAÇÃO 1

CONGO – VARIAÇÃO 2

CONGO DE OURO

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Execute os ritmos em diferentes velocidades.

Pratique variar entre os compassos, utilizando as diferentes modalidades de congo mostradas.

Mantenha os ritmos até que seja executado com facilidade.

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3) A saída do Congo

Como dito antes, o Congo é um ritmo muito popular, talvez por ser animado e permitir muitas
variações durante o toque. Vamos exercitar variações de saída, isto é, para terminar a cantiga.

O exercício consiste em: 1) executar em conjunto o ritmo do Congo (qualquer versão); Após tocar
algumas repetições, toque o Compasso de saída do Congo, ilustrado abaixo, e termine a cantiga.

Exercite também o Compasso de saída – Variação 1. O Esquema está abaixo:

COMPASSO DE SAÍDA DO CONGO

COMPASSO DE SAÍDA DO CONGO – VARIAÇÃO 1

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

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4) ARREBATE

Existe um toque especial dentro da tradição de Umbanda que é chamado de Arrebate. Este toque é
utilizado para reverência, quando o terreiro faz uma saudação a um Orixá, algum Pai/Mãe de Terreiro ou a
um Guia Espiritual, por exemplo. É um toque que, geralmente, é acompanhado de uma grande salva de
palmas, exatamente, para simbolizar a saudação, o louvor.

Observe o esquema abaixo e execute o Arrebate:

ARREBATE

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

Aproveite o momento para revisar os toques que foram ensinados até o momento. Aproveite também
para corrigir erros de empunhadura e praticar os toques com as duas mãos.

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MÓDULO 7

BARRAVENTO

1) O Barravento – Exercício de ambidestria.

Dentre os toques vistos até agora, o barravento é aquele que mais se assemelha aos toques de
nação africana. Isso porque sua marcação é forte, não pede muitas variações e as notas principais são as
notas abafadas (mais agudas).

O Esquema abaixo mostra uma forma simples de tocar o barravento, porém não é a mais adequada,
devido às limitações que traz. As formas mais completas vêm a seguir.

Tente executar o toque abaixo, buscando harmonia e marcação. Varie a velocidade e as funções das
mãos.

BARRAVENTO DE ENSAIO

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

2) Exercício técnico de concentração

Antes de apresentar o Barravento, vamos a um exercício de concentração. É muito importante para o


percussionista (ou Curimbeiro) que ele não “saia” do compasso e do ritmo. Por isso, a concentração é
fundamental. O exercício consiste em:

1º) O aluno inicia a execução do “Barravento de ensaio”, em uma velocidade confortável;

2º) Após passados 4 compassos, o instrutor ou algum outro percussionista experiente se posiciona
ao lado ou à frente do aluno e inicia um solo (performance) compatível com aquele toque, o objetivo deste
exercício é testar a capacidade de concentração dos alunos.

Todos devem executar pelo menos uma vez e a dificuldade da interferência (solo) deve ser adaptada
às capacidades de cada um.

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3) Continuação do Barravento

Eis abaixo o esquema de como tocar o Barravento de forma mais adequada. A principal diferença, em
comparação ao anterior, é que esse permite a intercalação constante de mãos, o que dá muito mais
liberdade para o Curimbeiro criar, improvisar, acelerar ou frear o ritmo.

BARRAVENTO

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Mantenha o ritmo até que seja executado com facilidade.

O barravento é um toque difícil, principalmente se o Curimbeiro tiver de cantar junto. Por isso, essa é
uma ótima oportunidade de treinar a habilidade de tocar e cantar.

OBS: O toque do barravento fica muito mais confortável quando são feitas algumas notas “mudas”
dentro do próprio compasso. Sentimos a necessidade de colocar essas notas, porque o toque é rápido e se
faz intercalando sempre as mãos. Então, para não sair do ritmo e manter a coordenação essas notas são
úteis. Assim sendo, experimente executar o toque do barravento deixando as mãos bem livres para adicionar
notas “mudas”, que quase não produzem som, mas são muito úteis para manter a cadência.

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MÓDULO 8

OUTROS TOQUES: IJEXÁ-MUZENZA E CABULA-JONGO

1) Outros toques

Existem toques que são menos utilizados nas cantigas de Umbanda, sendo na verdade variações dos
toques tradicionais (Ijexá, Cabula, Congo e Barravento), que ganham grande personalidade e beleza quando
são tocados de forma destacada.

O primeiro destes toques é o Ijexá-Muzenza, que é executado em uma velocidade maior que o Ijexá
tradicional, atribuindo uma característica mais encorpada ao Ijexá. Segundo alguns compositores esse ritmo
também pode ser chamado de Makulelê.

Segue o esquema do Ijexá-Muzenza, tente executá-lo:

IJEXÁ-MUZENZA

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Pratique até que seja executado com facilidade.

2) Em conjuno com o Ijexá

Se você estiver acompanhado de um parceiro ou em uma turma, vocês podem combinar um arranjo.
Esse arranjo consiste em uma ou mais pessoas executando o Ijexa-Muzenza como base e uma ou mais
pessoas executarem o Ijexá, e suas variações, em conjunto. Experimente! Fica bem bonito.

3) Cabula-Jongo

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O toque esquematizado abaixo é um dos toques mais poéticos dentro da Umbanda. Trata-se de uma
variação do Cabula, conhecido como Cabula-Jongo. Este toque conecta o cabula às suas bases africanas.
Segue o esquema abaixo:

CABULA-JONGO

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Pratique até que seja executado com facilidade.

Se estiver acompanhado de um parceiro ou em uma turma, treinem um arranjo de vários atabaques


fazendo o cabula-jongo, admitindo algumas variações.

4) Repassando

A partir desse momento, os toques principais que compõem os rituais de Umbanda já estão
passados. Nesse momento, sugerimos uma revisão de todos os toques ritualísticos passados até aqui.

É hora de treinar a execução das cantigas, praticando o canto e o toque até que haja harmonia em
cada Gênero, desde o Ijexá até o Barravento.

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MÓDULO 9

A GIRA DE UMBANDA (PARTE I)

1) Propósito

O propósito deste módulo é refletir sobre e treinar os Curimbeiros para tocar verdadeiramente em
uma gira de Umbanda, mostrando de forma geral, qual é a melhor forma de proceder em cada momento da
Gira, tanto musicalmente quanto em postura.

As orientações dadas aqui não são regras fixas, são recomendações do autor baseadas em
experiências próprias e no seu entendimento sobre o ritual de Umbanda. Cada terreiro, cada templo, cada
macaia, cada ilê tem as suas características próprias, mas se detivermos o olhar, observaremos que tudo
segue uma lógica, tudo tem um propósito, um objetivo ritualístico. O que dizemos aqui é que nesse ritual, o
Curimbeiro também faz parte.

2) O ritual

Uma gira de Umbanda é um encontro entre o mundo espiritual e o mundo material, para que esse
encontro ocorra, é necessário que se atinja a vibração elevada dos espíritos da natureza, dos falangeiros,
dos guias espirituais. Essa vibração é atingida quando as pessoas que fazem parte da corrente emanam as
energias apropriadas para tal contato. Nosso corpo e nossa mente tendem a emanar essas energias mais
facilmente quando estão presentes em um ambiente cujas cores, cheiros, símbolos, gestos e sons
conduzem à vibrações mais elevadas.

No que diz respeito aos sons, podemos destacar a importância da sonoridade dos instrumentos, o
toque utilizado pelos Curimbeiros, a entoação de cantigas e a emoção que o Curimbeiro passa ao executar o
seu trabalho. Devemos complementar que essa emoção deve ser pura e verdadeira, deve ser amor, deve ser
felicidade por saber que seu corpo e sua mente são parte de uma magia belíssima, de um ritual maravilhoso,
de um encontro com O Criador.

3) Defumação e Abertura

A defumação e a abertura da gira são momentos de limpeza do ambiente e de oração para que haja
firmeza, proteção e boa fluidez do trabalho. Nesse momento o Curimbeiro deve apresentar determinação e
firmeza nas cantigas, para que os demais participantes da corrente se sintam convidados a vibrar pelo
ambiente, estimulando a limpeza energética, o esquecimento dos problemas mundanos, o desejo de obter
boas energias, obter renovação dos pensamentos e sentimentos.

Na defumação e abertura, são utilizadas cantigas que falam das ervas e do seu poder de
descarregar, pede-se força a orixás como Ogum, Oxossi, Ossãe, Oxalá, entre outros.

Também são comuns cantigas falando sobre batimento de cabeça, cantigas que anunciam a abertura
da gira, cantigas de louvor e etc.

Exercício: Reúna alguns pontos cantados e faça uma simulação (somente com os toques e cantigas)
de uma gira de defumação de 10 (dez) minutos.

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Procure executar ritmos diferentes (Cabula, Congo, Ijexá), fazer a emenda entre uma cantiga e outra
e a buscar a harmonia do toque e do canto de acordo com o propósito.

4) Os Guias Espirituais de Umbanda

Nesse momento, vamos abordar como seria a gira de cada um dos seguintes Guias Espirituais que
são comuns à maioria dos terreiros de Umbanda:

1) Exú e Pombo-Gira;

2) Malandros;

3) Pretos Velhos;

4) Ciganos;

5) Boiadeiros;

6) Caboclos e Caboclas e

7) Crianças.

Para cada um deles, vamos destacar aspectos importantes que o Curimbeiro deve se lembrar para
que mantenha a postura e auxilie o trabalho dos falangeiros.

4.1) Exú e Pombo-Gira:

Estes são guias muito mal compreendidos por muitas pessoas. Mas quem os conhece, sabe que são
verdadeiros trabalhadores empenhados em manter a ordem do nosso mundo.

A gira de Exú e Pombo-gira é uma gira quente, as cantigas entoadas falam sempre da força que Exú
tem, do seu poder de trabalho com o que está oculto e muitas vezes as cantigas falam de forma descontraída
da relação que existe entre a cultura popular e os trabalhos dos Exús e Pombo-giras.

Por ser uma gira quente, o Curimbeiro deve promover essa vibração. Priorizando toques como o
Cabula, bem rico de poesia e variação e o Congo, muitas vezes mais acelerado que o normal. O Curimbeiro
não deve perder o foco da harmonia do conjunto, o que pode acontecer caso o Curimbeiro se empolgue além
da conta.

Da mesma forma que na Defumação e Abertura, reúna alguns pontos cantados e faça uma
simulação de gira de Exú e Pombo-Gira, de pelo menos 10 (dez) minutos de duração.

4.2) Malandros:

São guias que trabalham dentro da linha de Exú ou em linha própria, dependendo do templo. Atuam
de forma parecida aos Exús na guarda das pessoas e dos lugares onde vivem e trabalham.

É uma gira descontraída e alegre, tem bastante vibração, mas a vibração não remete diretamente a
fogo, como em Exú, mas sim à alegria de viver, à dança, à celebração. As cantigas trazem alegria e falam do
trabalho espiritual desses Guias.

A gira fica com o aspecto de uma roda de samba, por isso o Cabula (toque mais parecido com o
samba) é o principal toque. Ainda nesse curso, vamos passar pelo ritmo de samba, que tocado no atabaque,
fica muito parecido com o Cabula. O Curimbeiro deve promover a vibração de celebração e de alegria, sem
deixar de observar a harmonia e a poesia das cantigas.

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Da mesma forma que na Defumação e Abertura, reúna alguns pontos cantados e faça uma
simulação de gira de Malandros, de pelo menos 10 (dez) minutos de duração.

4.3) Pretos-velhos:

Se apresentam como se fossem negros, ex-escravos e velhos, que usam sua sabedoria, sua
paciência, seu conhecimento de magia e sua visão do mundo espiritual para consolar e ajudar a qualquer um
que precise.

Na senzala, havia negros que procuravam contornar a situação difícil em que se encontravam
através da poesia, da arte e da religião. Os Pretos-Velhos trazem isso para sua gira, a vibração que toma
conta do ambiente é uma vibração de reflexão, de resignação, de poesia, de ternura, de união e alegria
interior. Muitas vezes o sentimento de dor, por saber que o escravo fora muito mal-tratado, toma conta do
coração das pessoas durante essa gira o que é canalizado como uma vibração de submissão à vontade do
Criador.

Os toques e cantigas lançados pelos Curimbeiros, devem promover essa vibração de união e de
poesia. Podem ser cantigas mais agitadas, para louvor desses trabalhadores, ou cantigas mais suaves para
refletir a sabedoria aprendida após o sofrimento da escravidão. O Cabula e o Congo são bem-vindos.
Também há espaço para o Ijexá-Muzenza e o Cabula-Jongo.

Da mesma forma que na Defumação e Abertura, reúna alguns pontos cantados e faça uma simulação
da gira de Pretos-Velhos, de pelo menos 10 (dez) minutos de duração.

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MÓDULO 10

A GIRA DE UMBANDA (PARTE II)

4.4) Ciganos:

São Guias que falam diretamente ao coração das pessoas, se apresentam como nômades, tendo
aprendido ao longo do tempo a importância da união, do carisma, do respeito à natureza e da magia para
enfrentar os desafios.

Uma gira de ciganos é alegre e inspiradora. Eles costumam dançar com suas roupas coloridas e
adoram conversar com as pessoas. A música mais apropriada é a música europeia (Flamenco, música
Romena e etc).

Como estamos em um curso de percussão, temos que nos posicionar com relação a isso. Os
Curimbeiros podem executar um cabula básico, sem fazer muitas variações, com os atabaques tocando
juntinhos e uma letra cantada de forma bem harmônica.

Da mesma forma que na Defumação e Abertura, reúna alguns pontos cantados e faça uma
simulação de gira de Ciganos, de pelo menos 10 (dez) minutos de duração.

4.5) Boiadeiros:

São guias sérios que trabalham em uma linha que mistura as vibrações de Caboclos e Exús. Tem
uma aparência valente e inspiram coragem e proteção.

A gira de Boiadeiros é agitada. Na medida da disposição que um vaqueiro tem que ter para
comandar uma boiada. Então a vibração predominante é uma vibração de coragem, de trabalho pesado e de
força.

O Curimbeiro pode lançar mão dos toques mais agitados como Congo, Barravento e Cabula, com
bastante variação. Para poder lançar no ambiente a vibração condizente com os Boiadeiros. Vez ou outra
pode ser recitado algum verso que fale sobre o sertão, sobre o trabalho dos boiadeiros, sobre o cangaço ou
os pampas e etc.

Da mesma forma que na Defumação e Abertura, reúna alguns pontos cantados e faça uma
simulação de gira de Boiadeiros, de pelo menos 10 (dez) minutos de duração.

4.6) Caboclos e Caboclas:

São representantes importantíssimos da nossa Umbanda. Se apresentam como índios, para que,
entre outras finalidades, nós não nos esqueçamos de valorizar nossa terra, nossa família, o trabalho de cada
um e o Criador de toda a natureza, que está em tudo.

A gira pode ter momentos mais agitados ou mais suaves, uma vez que existem caboclos e caboclas
guerreiros, pescadores, feiticeiros, médicos, conselheiros, enfim, cada um com uma energia específica. A
vibração positiva toma conta do ambiente. É uma vibração de amor e de força de vontade, que nos impele a
fazer o nosso melhor a cada dia que passa.

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O Curimbeiro, mais uma vez, é parte disso tudo e deve promover essa vibração. Devido a amplitude
de significados que os Caboclos e Caboclas podem nos trazer, o Curimbeiro pode lançar mão de ritmos mais
festivos e agitados, utilizando cantigas com um ou dois versos ou cantigas mais poéticas e suaves, que
geralmente são aquelas cuja letra é maior, mas não menos poética. Os próprios brados dos Caboclos e
Caboclas complementam a sonoridade dos instrumentos e das cantigas.

Da mesma forma que na Defumação e Abertura, reúna alguns pontos cantados e faça uma
simulação de gira de Caboclos e Caboclas, de pelo menos 10 (dez) minutos de duração.

4.7) Crianças/ Ibejada/ Erês

As Crianças espirituais são Guias de muita luz e sabedoria. Nos ajudam a refletir sempre se estamos
tendo aquilo que uma criança sempre tem: verdade.

A principal forma de trabalho das Crianças é a brincadeira. Elas usam brinquedos, sucos,
refrigerantes, doces e roupas como ferramenta para complementar sua “brincadeira”. Por isso a gira é uma
verdadeira festa, uma brincadeira atrás da outra. Com muita alegria e muitos sorrisos.

O Curimbeiro deve lançar mão de toques e de cantigas que embalem as brincadeiras das crianças.
Os toques animados e dançantes são bem-vindos como Cabula, com variação, o Congo e até mesmo o
Barravento. Em nenhum momento o Curimbeiro deve se esquecer que está em um trabalho espiritual e que
não deve desrespeitar as Crianças espirituais de maneira alguma. Não se deve confundir alegria com euforia
inconsciente.

Da mesma forma que na Defumação e Abertura, reúna alguns pontos cantados e faça uma
simulação de gira de Crianças, de pelo menos 10 (dez) minutos de duração.

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MÓDULO 11

TÉCNICAS E COMPASSOS AVANÇADOS

1) Interpretação

Essa pare do curso tem dois objetivos. O primeiro deles é capacitar os alunos a tocar ritmos de
percussão que sejam mais difíceis, como os ritmos típicos de Ketu e de Angola. Aprimorando assim sua
capacidade de interpretação, acompanhamento e sua técnica em percussão.

O segundo objetivo é mostrar a diferença entre as cantigas e toques de Umbanda e de Candomblé,


levando um pouco mais de cultura religiosa aos alunos.

2) O Esmerilho

Uma das técnicas avanças e úteis para o Curimbeiro é o movimento de “esmerilho” que consiste em
percutir três ou mais notas ocupando, praticamente, o espaço de uma só. O esmerilho pode ser usado
também para os toques de Umbanda, produzem um efeito belíssimo, desde que não usados em excesso.

Seguem abaixo, esquemas de treinamento de esmerilho. Pratique!

EXERCÍCIO DE ESMERILHO 1

EXERCÍCIO DE ESMERILHO 2

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EXERCÍCIO DE ESMERILHO 3

EXERCÍCIO DE ESMERILHO 4

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Pratique com ambas as mãos e repita até que sejam executados com facilidade

3) Bases africanas

Abaixo estão esquemas de adaptações de toques de nação. Estes toques são excelentes para
treinar a capacidade de esmerilho:

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BASE 1

Legenda:

= Nota Grave = Abafado = Abafado mais forte

BASE 2

Legenda:

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= Nota Grave = Abafado = Abafado mais forte

BASE 3

Legenda:

= Nota Grave = Abafado = Abafado mais forte

Pratique até que seja executado com facilidade.

Repare que no toque proposto, as notas mais fortes e marcates são as abafadas (agudas). Além
disso o compasso é quebrado, não é mais o 4x4.

Isto se deve ao fato de os toques de Candomblé (no qual se baseiam essas bases) serem mais
ligados à musicalidade africana, onde esses traços são comuns. Os toques de Umbanda sofrem bastante
influência da língua portuguesa e da música popular, por isso existe bastante variação entre notas agudas e
graves.

Os toques de nação são executados com 3 atabaques, chamados de Rum, Rumpí e Lê. A função do
Rumpí e do Lê é marcar o ritmo utilizando estes toques com pouca variação de notas, mas bem complexos
em construção. A função do Rum é dar as notas graves e fazer o “floreio”, as variações do ritmo. Os Ogãs-
tocadores (ou Alagbês) usam varetas de madeira chamadas de Aguidavi e, geralmente, a função de tocar o
Rum fica com o Ogã mais antigo da casa, ou pelo menos, o mais experiente dos três que estiverem tocando.

Essas bases podem ser usadas em toques de Umbanda, para os Guias ou para os Orixás, desde
que condizente seja com a vibração que se deseja promover, com o perfil do Orixá é claro com prévio ensaio,
haja vista que são ritmos mais difíceis. Existe ainda a possibilidade de fazer arranjos usando essas bases e
os toques de Umbanda, combinando principalmente com o Cabula, o Congo e suas variações.

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MÓDULO 12

RITMOS POPULARES E OS TOQUES DE UMBANDA

1) Conexões entre os ritmos

Os ritmos de Cabula e Congo se intermisturam. Ao variar o Cabula ou o Congo, de forma específica,


uma fica parecido com o outro e vice-versa.

Nesse mesmo contexto, existem ritmos populares que podem ser acompanhados por atabaques,
utilizaremos como exemplo o Samba, o Maracatu e a Ciranda.

Esse acompanhamento é feito modificando o Cabula ou o Congo nos atabaques, que complementam
a função dos demais instrumentos, esses sim, indispensáveis para que o ritmo aconteça.

Os esquemas abaixo são uma sugestão para o acompanhamento dos ritmos que seguem:

ACOMPANHAMENTO DE SAMBA

Legenda:

= Nota Grave = Abafado

Instrumentos originais do samba: Violão, cavaquinho, pandeiro, surdo, tamborim, entre outros.

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ACOMPANHAMENTO DE MARACATU

ACOMPANHAMENTO DE CIRANDA

Legenda:

= Nota Grave = Abafado = Tapa

Instrumentos originais do maracatu e da ciranda: Alfaia, caixa, xequerê, agogô, jarro, entre outros.

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ANOTAÇÕES

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