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E-BOOK 4 ESTUDOS SOBRE O 

ATABAQUE
NA UMBANDA
Por Airon Alisson
Tudo vibra, desde os blocos sólidos de cimento das nossas
construções à ténue brisa da Primavera. O som também é uma
vibração, que se propaga sob a forma de ondas, ondas sonoras
resultantes da vibração do ar. As ondas lentas produzem sons
baixos e as ondas que se deslocam rapidamente produzem
sons altos.

Hoje já encontramos estudos que nos mostram como o som é


capaz de expandir nossos chácaras, como na meditação, na
musicoterapia e em tratamentos de doenças ligadas à
glândulas, medula e coluna.

Além da função energética, a música também é capaz de


transformar pensamentos e sentimentos, quem nunca se sentiu
mais triste ou mais feliz ouvindo sua música favorita?
Dentro de um terreiro o som possui todas estas funções.
Ampliar a conexão dos médiuns com seus guias abrindo seus
Chakras, conectando seus pensamentos e sentimentos,
facilitando na concentração e ao “firmar cabeça”.

Para o consulente a curimba também exerce papel fundamental,


além do que já foi dito, o canto e o atabaque também atuam
equilibrando, descarregando e curando desde a primeira onda
sonora.
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1 - A HISTÓRIA DOS TAMBORES

Os tambores começaram a aparecer pelas escavações


arqueológicas do período neolítico. Um tambor encontrado na
escavação na Morávia foi datado de 6.000 anos antes de Cristo.
Tambores têm sido encontrados na antiga Suméria com a idade
de 3.000 a.C. Na Mesopotâmia foram encontrados pequenos
tambores datados de 3.000 a.C. Tambores com peles esticadas
foram descobertos dentre os artefatos egípcios, a 4.000 a.C.
Os primeiros tambores provavelmente consistiam em um
pedaço de tronco de árvore oco. Estes troncos eram cobertos
nas bordas com peles de animais e eram utilizados para rituais
e festas, assim como para dar comandos de guerra e para
comunicação. Na bíblia encontramos diversas passagens que
citam mulheres dançando ao som de tambores, especialmente
em festividades de comemoração após grandes feitos.
O Atabaque é de origem árabe e vem do termo Alttabiq, que
significa “prato”, e foi introduzido na África por mercadores
vindos do Egito.

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2 - ATABAQUES NO TERREIRO

São três os atabaques em um terreiro, Rum, Rumpi e Lê. O Rum


é o atabaque maior com som mais grave, é responsável de
puxar o toque do ponto que está sendo cantado, no Rum ficaria
o Alabê como é conhecido por todos, ele é o Ogã responsável
pelos toques e também responsável por repicar e “brincar”
com o ritmo. O Rumpi seria o segundo atabaque maior, tendo
como importância responder ao atabaque Rum, e o Lê seria o
terceiro atabaque onde fica o Ogã que está iniciando. Alguns
terreiros utilizam 5 atabaques, sendo um Rum, dois Rumpis e
dois Lês. Com a dificuldade de se encontrar Ogãs, e mais
ainda, Ogãs comprometidos, muitas casas contam com apenas
um ou dois membros na curimba, o que em muitos casos já é
suficiente para dar andamento e sustentação ao trabalho.
Os três atabaques que fazem soar o toque durante o ritual,
também são responsáveis por marcar as diferentes partes do
ritual com seus diferentes pontos, como também em realizar a
chamada dos Guias e Orixás. Outros instrumentos também são
utilizados para incrementar o ritmo da curimba, como o agogô
e o xequerê. Eles são geralmente feitos de madeira de lei como
o jacarandá, cedro ou mogno cortado em ripas largas e presas
umas às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros
que, de baixo para cima dão ao instrumento uma forma cônico-
cilíndrica, na parte superior, a mais larga, são colocados aros
que prendem um pedaço de couro de boi bem curtido e muito
bem esticado por um sistema de ganchos e parafusos. Para
tratar o couro, recomenda-se passar azeite de dendê para
hidratar e encorpar a pele do atabaque.

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3 - SER OGÃ

Um Ogã seria como um tatá da casa, portanto para ser um Ogã


não basta apenas saber tocar, e sim conhecer todo o
fundamento da casa, a ordem ritualística, os pontos utilizados,
como funciona a sustentação energética, intenção, volume
sonoro, toques e tudo o que o Pai ou a Mãe entendem como
melhor para o trabalho. Ser Ogã antes de tudo é ser
responsável e comprometido. É muito comum ouvirmos dos
guias a frase, “isso aqui é coisa séria”. Ser Ogã é coisa séria,
você é responsável pela sustentação do trabalho, por isso
cuide do seu uniforme de acordo com o que a casa solicita,
trate bem seu instrumento, atente à sua alimentação e faça o
preceito conforme o dirigente lhe indicar. Todo o trabalho
depende de você, busque sempre se aprimorar, aprender novos
pontos, repiques e variações, a espiritualidade conta com a
sua energia e a sua força. No candomblé as mulheres são
proibidas de tocar atabaque, mas na umbanda esta proibição
não existe. Qualquer pessoa pode assumir a curimba de uma
casa, só atenção para a idade mínima, converse com o
dirigente para saber a recomendação dele, a minha é que você
tenha pelo menos 15 anos para ir para começar a tocar em
giras abertas. Então se você gosta de tocar e cantar, agora é
uma boa hora de começar a aprender esta função tão linda e
importante dentro da nossa religião, não importa sua idade ou
sexo, o importante é seu amor e sua dedicação! Vamos?

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O Ogâ é deve estar atento ao chefe de gira antes de sua
incorporação depois dela deve estar atento a tudo e a todos,
pois ele é o único que fica consciente o ritual inteiro, o Ogâ
que esta no Rum puxa os pontos os demais devem acompanhar
para que a energia da gira não seja quebrada.

Após o chefe de gira incorporar os Ogâs devem segurar a gira


pra que sua vibração não caia.

Alabê é o chefe dos demais Ogans do terreiro é o Ogâ que não


tem incorporação devendo se dedicar somente em função dos
atabaques quando assentado fica no mesmo grau de um
médium feito.

Quando um terreiro não possui um Alabê, é dado a o Ogâ com


mais tempo de Atabaque e mais experiente o cargo de Ogâ de
Rum sendo assim ele assume os atabaques.

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4 - TOQUES

São, ao todo, mais de quinze toques (ritmos) diferentes. Cada


Casa de Santo tem até 500 cânticos. Segundo a fé dos
praticantes, os versos e as frases rítmicas, repetidos
incansavelmente, têm o poder de "captar" o mundo
sobrenatural. Essa música sagrada só sai dos terreiros na
época do carnaval, levada por grupos e blocos de rua,
principalmente em Salvador, como Olodum ou Filhos de
Gandhi. Na Angola existem vários tipos de toques, onde cada
toque é destinado a um Orixá, por exemplo, Congo de Ouro,
Angolão que seria destinado a Oxossi, Ijexá que seria
destinado a Oxum, etc. O mesmo acontece com ketu, que se
toca com varinha de goiabeira ou bambu, chamadas aguidavi.

Existem vários fatores que definem os toques dos pontos. Um


dos mais importantes é o ritmo em si; Cada toque possui um
balanço, um ritmo característico que os tornam diferentes dos
outros (por exemplo, Ijexá e barra-vento, são bem diferentes).

Quando um Ogâ ouve um ponto novo, ele tende a encaixar,


entre os toques que ele conhece, o que melhor vai se adaptar
àquela melodia que está sendo cantada. Por isso é
interessante conhecer várias batidas diferentes, assim como
muitos pontos diferentes, pois aumentam as "cartas na manga"
do Ogâ.

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Existe uma relação entre o toque e o Orixá:
Oxalá Toque Ijexá, Kabula, Bate folha.
Ogum, Xangô, Oxossi, Omulu
Ijexá, Congo de ouro, Barra vento, Muxikongo, Kabula.
Logum Ijexá, Barra vento.
Ossãe Kabula, Congo, Barra vento, Sambangola.
Oxumaré Ijexá, Congo, Kabula.
Tempo Ijexá, congo de ouro, Kabula, Barra vento.
Iansã Congo de Ouro, Barra Vento, Agerrê, Kabula, Ijexá.
Oxum Ijexá (maioria), Kabula, Congo.
Iemanjá Ijexá, Kabula.
Nanã Congo, Kabula, Ijexá.

A variação dos toques depende de vários fatores. Basicamente


não existe um toque amarrado aquele Orixá, depende de quem
compõe o ponto.

Toques Mais conhecidos:


• Adarrum
• Aguerre
• Alujá
• Angolão
• Apaninjé
• Arrebate
• Barra Vento
• Bravum
• Cabula
• Congo caboclo
• Congo de Ouro
• Congo Nagô
• Ijexá
• Ika
• Ilú
• Olorum
• Quebra Prato
• Rufo
• Samba Cabula
• São Bento
• Sato
• Vaninha

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O uso do tambor Batá, utilizado por Xangô na África, perdeu-se
no Brasil, mas foi mantido em Cuba. Os ritmos chamados de
Batá são ainda conhecidos por este nome na Bahia.

Acontece o mesmo com o ritmo denominado Igbin, dedicado a


Oxalá, que na África é batido sobre tambores que levam o
mesmo nome. Outros ritmos como, por exemplo, o Igexá, são
tocados em certos terreiros sobre os Ilús, pequenos tambores
cilíndricos com duas peles ligadas uma à outra, durante os
cultos de Oxum, Ogum, Oxalá e Logum Edé.

Existem muitos toques espalhados pelo Brasil e pelo mundo,


os citados acima são os mais conhecidos e usados no Brasil.

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Este conteúdo é de uso exclusivo do Curso Online de
Curimba na Umbanda ministrado pelo Instrutor Airon na
plataforma de Ensino a Distancia sobre Espiritualidade
EADeptus idealizado por Raphael PH. Alves.

www.eadeptus.com.br

Créditos e Fonte via Internet

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