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Os Toques no Candomblé

Agosto 20, 2008 por Manuela

“O som é a primeira relação com o mundo, desde o ventre materno. Abre


canais de comunicação que facilitam o tratamento. Além de atingir os
movimentos mais primitivos, a música actua como elemento ordenador,
que organiza a pessoa internamente”
O som é o condutor do Axé do Orixá, é o som do couro e da madeira
vibrando que trazem os Orixás, são sinfonias africanas sem partitura.
Os Atabaques, são os principais instrumentos da música do Candomblé,
cuja execução é da responsabilidade dos Ogãs.
São de origem africana, usados em quase todos rituais, típicos do
Candomblé. De uso tradicional na música ritual e religiosa, são utilizados
para convocar os Orixás.
O Atabaque maior tem o nome de Rum, o segundo tem o nome de Rumpi
e o menor tem o nome de Le.
Os atabaques no candomblé são objectos sagrados e renovam
anualmente esse Axé. São usados unicamente nas dependências do
terreiro, não saem para a rua como os que são usados nos Afoxés, estes
são preparados exclusivamente para esse fim.
As membranas dos atabaques são feitas com os couros dos animais que
são oferecidos aos Orixás: independente da cerimónia que é feita para
consagração dos mesmos quando são comprados (o couro que veio da
loja geralmente é descartado), só depois de passar pelos rituais é que
poderão ser usados no terreiro.
Os atabaques do candomblé só podem ser tocados pelo Alagbê (nação
Ketu), Xicarangoma (nações Angola e Congo) e Runtó (nação Jeje) que é o
responsável pelo Rum (o atabaque maior), e pelos Ogãs nos atabaques
menores sob o seu comando.
É o Alagbê que começa o toque, e é através do seu desempenho no Rum
que o Orixá vai executar a sua coreografia de dança, sempre
acompanhando o floreio do Rum.
O Rum é que comanda o Rumpi e o Le.
O Agogô, tocado para marcar o Candomblé, também de tradição Alaketo,
chama-se Gan. As Varetas usadas para tocar o Candomblé nos Atabaques,
chamam-se Aguidavis. Também se utiliza ainda o Xequerê.
Nomes dos Toques dos Orixás na Nação Ketu:
ADABI – Bater para nascer é seu significado. Ritmo sincopado dedicado a
Exú.
ADARRUM – Ritmo invocatório de todos os Orixás. Rápido, forte e
contínuo marcado junto com o Agôgô. Pode ser acompanhado de canto
especialmente para Ogum.
AGUERE – Em Yorubá significa “lentidão”. Ritmo cadenciado para Oxóssi
com andamento mais rápido para Iansã. Quando executado para Iansã é
chamado de “quebra-pratos”
ALUJÁ – Significa orifício ou perfuração. Toque rápido com características
guerreiras. É dedicado a Xangô.
BRAVUM – Dedicado a Oxumaré .Ritmo marcado por golpes fortes do
Run.
HUNTÓ ou RUNTÓ – Ritmo de origem Fon executado para Oxumaré. Pode
ser executado com cânticos para Obaluaiê e Xangô
IGBIN – Significa Caracol. Execução lenta com batidas fortes. Descreve a
viagem de um Ancião. É dedicada a Oxalufã.
IJESA – Ritmo cadenciado tocado só com as mãos. É dedicado a Oxum
quando sua execução é só instrumental.
ILU – Termo da língua Yorubá que também significa atabaque ou tambor
BATA – Batá significa tambor para culto de Egun e Sangô . Ritmo
cadenciado especialmente para Xangô. Pode ser tocado para outros
Orixás. Tocado com as mãos.
KORIN- EWE – Originário de Irawo, cidade onde é cultuado Ossain na
Nigéria. O seu significado é “Canção das Folhas”.
OGUELE – Ritmo atribuído a Obá. Executado com cânticos para Ewá.
OPANIJE – Dedicado a Obaluaiê, Onile e Xapanã. Andamento lento
marcado por batidas fortes do Run. Significa “o que mata e come”
SATÓ – A sua execução lembra o ritmo Bata com um andamento mais
rápido e marcado pelas batidas do Run. Dedicado a Oxumaré ou Nanã.
Significa a manifestação de algo sagrado.
TONIBOBÉ – Pedir e adorar com justiça é o seu significado. Tocado para
Xangô

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