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Charles Sanders Peirce (1839-1914)

Peirce foi sobretudo um dos fundadores da semiótica, tal como a entendemos hoje.
Defendeu que o pensamento é um processo indissociável dos signos e, portanto, apenas
reconhecível e cognoscível através de mecanismos de ordem semiótica.

O pragmatismo
Peirce foi um dos fundadores do pragmatismo. Pra esta corrente, o mundo é o
resultado da relação entre fenómenos e, portanto, todas as explicações se devem
encontrar no uso da experiencia, na duvida e jamais em qualquer anterior e metafísico que
explicasse os factos sem conexão directa com estes.

O único critério da verdade para Peirce é aquele que se submete á


intersubjectividade com que a comunicação no tempo, vai seriando o mundo á sua
disposição, excluindo-se, portanto, nesta óptica qualquer via ligada a subjectivismos
particulares. Peirce explica que o real é aquilo em que a informação e o raciocínio acabaram
por resultar e que é, portanto, independente de qualquer tipo de devaneios.

De nada vale uma verdade proclamar-se verdade, se não for aceite por todos.

As categorias
Influenciado pela categorização de Kant, que levaram Peirce a criar uma tríade onde
desvendou 3 aspectos: o aspecto daquilo que é potencial e qualitativo (firstness), o aspecto
daquilo que é actual e sensível (secondness) e, por fim, o aspecto daquilo que é matricial e
indutor de previsão (thirdness).

A firstness diz respeito a todas as qualidades puras que, naturalmente, não


estabelecem entre si qualquer tipo de relação. Estas qualidade puras traduz-se por um
conjunto de possibilidades de algo vir a acontecer ou a ser, como por exemplo,
chuva/calor/beleza/ e textura de granito, independentemente do momento em que se
venha realizar a manifestação ou o acontecimento concreto: /chove muito hoje/, /já
atingimos os 30 graus/, que bela que é esta vista/, o muro é mesmo resistente/. A
secondness diz respeito á ocorrência, ao agora – aqui, ao estar a ser. Cada acto do presente
é sempre uma actualização de qualidades da firstness. A thirdness compreende a nossa
capacidade de previsão e prognostico futuras ocorrências (futuras secondness) na mediada
em que o hábito, o código, e as crenças estabilizadas permitam antecipar o que no tempo
poderá vir a acontecer. Peirce caracterizou, portanto, a thirdness como um «modo de ser»,
ou categoria, que institui signos que são matriz de todos os outros que ocorrem na
experiencia no dia-a-dia. A nossa interpretação é muitas vezes sustentada em signos
complexos que actualizam, no quotidiano, o modo de ser da thirdness (e que advêm do
conhecimento e do habito pré-adquirido na comunidade onde nos integramos).
De um lado temos, portanto, signos complexos que são como matrizes da própria
comunidade onde nos inserimos, a thirdness; do outro lado, temos as ocorrências
particulares que se sucedem, ou seja, o próprio uso corrente e bruto dos signos a
secondness.

Toda esta ligação entre actual e previsão (secondness e thirdness) seria impraticável,
se não se tivesse em conta os níveis das qualidades puras da firstness.

Contudo, a interpretação sujeita-se sempre a demarcações, a fronteiras, ou a zonas


de escuridão semântica. Quer isto dizer que, numa dada comunidade, os signos que
traduzem ideias complexas (crenças) encontram-se amalgamados sob formas que não
coincidem, nem com o hábito, nem com as regras gerais dominantes de outras
comunidades. Por exemplo: a ideia complexa quando o falcão negro surge no deserto é
sinal de chuva, funciona matricialmente no sul da líbia mas não tem correspondência na
secondness dos esquimós. Isto significa que uma comunidade organiza as suas crenças
através de uma sintaxe própria, com eixos de oposição específica, ao nível expressivo e de
conteúdo, de tal modo que apenas os seus membros os podem adequadamente utilizar e
relacionar (secondness), de acordo com o pré-conhecimento de certas regras ordenadoras.

Signo, semiose e pensamento


Na semiótica de Peirce a noção de signo contempla o contínuo da representação, a
partir do qual percebemos e compreendemos o mundo.

Um signo ou representamen, é qualquer coisa que está para além em vez de outra
coisa, sob um aspecto ou a um título qualquer. Dirige-se a alguém, ou seja, cria na mente
dessa pessoa um signo equivalente ou talvez mesmo um signo mais desenvolvido. A este
signo dou o nome de interpretante do primeiro signo. E este signo esta no lugar de
qualquer coisa, isto é, do seu objecto. (mas) esta em vez do seu objecto, não sob todos os
aspectos. O representamen enquanto veículo do signo, traz-nos tal como um scanner
sempre em acção, o objecto (físico ou não) á consciência para logo aparecer sob forma
interpretante.

Tipos de signos
A divisão dos signos de Peirce mostra-se complexa mas útil. Para Peirce um signo é
sempre uma correspondência. Para este, tudo funciona em relação de três categorias. Diz-
nos que um signo depende de uma relação estabelecida no plano lógico, esta relação é uma
relação tríadica. Por um lado, é a relação entre signo, objecto e interpretante e, por outro
lado, a relação entre firstness, secondness e thirdness.

Primeira dicotomia dos signos (ao nível do representamen)


Qualisigno é uma qualidade que é um signo. Não pode realmente actuar como signo
até que se corporifique, embora essa corporificação já nada tenha a ver com o seu carácter
de signo. Exemplo: A cor vermelha, independentemente do vermelho actual que preenche
o pano da bandeira F. O qualisigno é um signo típico da firstness.

Sinsigno é uma coisa ou evento existencial ou real que é um signo. Toda e qualquer
ocorrência actual, tal como vimos na categoria secondness, é, em cada caso concreto, um
Sinsigno. Este corresponde ao acto particular do nosso agir. Exemplo: a personagem B anda
neste momento de bicicleta, ou C lê agora e aqui a pagina deste livro. O sinsigno necessita
de lesisignos para existir, mas é um signo direccionado directamente com a secondness.

Lesisigno é uma lei que é um signo. Todos os lesisignos significam as réplicas, cujas
leis elas mesmo antecipam. Cada réplica, quando acontece, é já um sinsigno, mas aquilo
que possibilita realizá-las, geri-las e qualificá-las é a lei matriz, ou seja, o próprio lesisigno.
Exemplo: D lê este livro da esquerda para a direita (sabe como lê-lo é a lei, ou o lesisigno
que ensina). O lesisigno é, deste modo, para o representamen, ou para a forma concreta
que é ou terá sido representada (texto…) um signo da thirdness.

Segunda tricotomia dos signos (ao nível do objecto)


Ícone é um signo que se refere ao objecto que denota apenas em virtude dos seus
caracteres próprios, caracteres que ele liga igualmente possui quer um tal objecto exista ou
não. Tudo pode ser ícone de qualquer coisa, desde que seja semelhante a essa coisa e
utilizado como seu signo. Exemplo: diagramas (gráficos), imagens (fotografias). O ícone é,
desta forma um signo actual que liga dois aspectos qualitativos, embora não o faça a partir
da presença efectiva de ambos.

Índice é um signo que se refere ao objecto que denota em virtude de ser realmente
afectado por esse objecto, ou seja existe uma ligação directa entre o signo e o seu objecto:
os dois estão realmente ligados, de modo presencial, por implicação física e sempre no
cerne do acontecimento e da actualidade. Exemplo: é a posição Y numa entrada N que
torna um sinal de trânsito ai colocado num índice (pousado na minha secretaria em casa já
não o é). Pertence á secondness.

Símbolo é um signo que se refere ao objecto que denota em virtude de uma lei,
normalmente uma associação de ideias gerais que opera no sentido de fazer com que o
símbolo seja interpretado como se referindo aquele objecto. Exemplo: aliança - casamento,
balança – justiça. Pertence á thirdness.

Terceira tricotomia dos signos (ao nível do interpretante)


Rema é um signo que para o seu interpretante é um signo de possibilidade
quantitativa, ou seja, é entendido como representando esta e aquela espécie de objecto
possível. Exemplo: uma palavra ou um gesto possível para traduzir A ou B. signo de
possibilidade, pertence á firstness.
Decisigno é um signo que para o seu interpretante é um signo de existência real.
Exemplo: proposição completa ou um conjunto integral de gestos que traduzem, no
momento actual, o conteúdo B ou C. Constitui uma ocorrência. Pertence á secondness.

Argumento é um signo que, para o seu interpretante, é signo de lei, ou seja, trata-se
de um signo cujo interpretante representa o seu objecto, através de premissas de que se
extraíram conclusões que tendem a ser verdadeiras. Pertence á thirdness.

A abdução, a ferramenta chave


Como Peirce referiu “um argumento é entendido pelo seu interpretante como
fazendo parte de uma classe de argumentos análogos” que tende para a verdade. Este
processo, directamente ligado á realização de um argumento pode ocorrer de três modos
diferenciados: a dedução, indução e a abdução. A dedução parte de uma afirmação lógica
para um universo de objectos. A indução, parte do universo dos objectos para uma
afirmação lógica.

Para Peirce, um interpretante é um signo mental auto-reprodutivo e, portanto, é


sempre o aprofundamento de um signo anterior, transformando-se, por natureza, numa
adição de conhecimento e experiência face a uma situação prévia da existência. Contudo,
se o interpretante é referido por um argumento, então a semiose, ou a auto-reprodução
sígnica, transforma-se num processo de conhecimento e de significação permanente, no
seio do qual a ‘abdução’ começa por formular conjecturas, depois de a ‘indução’ as ter
experimentado, mas antes ainda de a ‘dedução’ concluir, de modo necessário, a partir das
premissas entretanto estabelecidas.

A abdução constitui a base lógica da semiótica de Peirce. A abdução sugere o que


algo pode ser (retira-nos do universo do dever ser, do que é e do que poderá ser e leva-nos
para o universo do poder ser. Para Peirce a abdução esta numa posição intermediária entre
indução e dedução.

Semiose
A semiose é a acção sígnica. Ou seja, traduz-se pela reprodução permanente de
interpretantes. Para Peirce a vida mental corresponde (como afirmou Eco) ”a uma imensa
cadeia sígnica que vai dos primeiros interpretantes lógicos, aos interpretantes lógicos
finais”.

No quadro do fluxo ininterrupto de imagens – de símbolos – que integram um


pensamento, um interpretante é sempre considerado como um aditamento cognoscitivo
estimulado pelo signo inicial.
Para Peirce, o signo, na sua semiótica lógica, é a unidade mínima da significação, algo
que funciona por si mesmo. A unidade é constituída pelo significado e pelo significante. A
dimensão do significado é a ideia que retiramos do significante, e a dimensão do
significante é a dimensão sensorial, material do signo. Para Peirce, o signo é uma unidade
que só existe se houver as duas dimensões. A reunião entre a sensação e a significação é o
que a semiótica estuda.

Na semiótica há muitos e diversos tipos de signos, assim qualquer definição de signo


deve ter em conta não só a policemia do termo signo, mas sobretudo a diversidade dos
próprios signos. Mesmo a definição mais geral de signo (algo que está no lugar de algo)
reclama que se especifique melhor essa relação: a) podemos diferenciar signos que são
sinais, sintomas, ícones, índices, símbolos, nomes; b) os signos podem diferenciar-se
segundo a fonte (origem), segundo a inferência, segundo o grau de especificidade, segundo
a intenção, segundo o canal físico, segundo a sua relação com o significado, segundo o
comportamento que induzem.

Peirce definia os ícones como aqueles signos que têm certa semelhança nativa com o
objecto a que se referem. É fácil intuir em que sentido ele entendia a “semelhança nativa”
entre um retrato e a pessoa retratada. No que se refere aos diagramas, por exemplo, Peirce
afirmava que estes são signos icónicos porque reproduzem a forma das relações reais a que
se refere.

Três Tricotomias Segundo Peirce


Representamen Objecto Interpretante
Firstness Qualisigno Ícone Rema
“primeiridade”
Secondness Sinsigno Índice Discente
“secondidade”
Thirdness Legisigno Símbolo Argumento
“terceiridade”

 Peirce entende que o pensamento humano é todo semiótico: “todo o


pensamento é um signo”.

O eixo vertical é os termos lógicos criados por Peirce. Referem-se a três situações da
significação: 1- firstness (significação potencial, potencialidade para entender), 2-
secondness (significação presente, actual, perante nós constituída), 3- thirdness
(significação que pode ser desenvolvida). O eixo horizontal refere-se à dimensão do signo
ao qual estamos a dar mais atenção: 1- representamen (signo interior, que está dentro de
nós), 2- objecto (signo materializado, signo físico), 3- interpretante (representante do
interpretante).
“Signo ou representamen é aquilo que, sobre certo aspecto ou modo, representa
algo para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria na mente dessa pessoa um signo
equivalente ou talvez um signo mais desenvolvido. Ao signo assim criado denomino
interpretante do primeiro signo. O signo representada alguma coisa que é seu objecto.
Representa esse objecto não em todos os seus aspectos mas com referência a um tipo de
ideia que eu designei como fundamento do representamen.”

Os eixos são lidos do mais imediato para o mais elaborado. O mesmo acontece
dentro do quadrado: do mais elaborado (argumento) para o mais intuitivo, ou do menos
elaborado (qualisigno) para o mais intuitivo. Esta tabela pode ser lido na vertical, na
horizontal e na diagonal. A significação é um processo, é o acontecer ao qual Peirce chamou
de dinamismo semiose.

O qualisigno é o signo que tem a ver com quantidades.

O sinsigno é o signo entendido sob o ponto de vista dos factos.

O legisigno é visto do ponto de vista da norma/da regra.

O ícone funciona através da qualidade de semelhança. O índice funciona através da


ligação de facto por presença.

O símbolo funciona por convenção, signo que funciona por associação a leis.

O rema é uma hipótese de significado.

O discente é como uma significação factual. Por fim,

O argumento é como uma significação argumentativa, que não está completa, mas
sim em desenvolvimento.

O qualisigno é icónico e remático, é uma qualidade qualquer, como, por exemplo,


uma determinada cor de uma paisagem, a noção de cor.

O sinsigno remete para uma semelhança de uma estrutura, é icónico e remático,


como, por exemplo, a organização interna de uma empresa.

O legisigno é a relação entre uma regra (matemática) e uma situação, como por
exemplo, um gráfico.

O organigrama é um sinsigno icónico remático. Um diagrama individual enquanto


objecto da experiência é um sinsigno, mas se alguma das suas qualidades leva a determinar
uma ideia de um objecto, ele será um ícone, isto é, será um signo por semelhança. Tal
como ele aqui é apresentado, só pode ser interpretado como um rema, ou seja, um
possível. O gráfico é um legisigno icónico remático, é todo o tipo ou lei geral na medida em
que exige que cada um dos seus casos integre uma qualidade definida que o torne
adequado para trazer à mente a ideia de um objecto semelhante sendo um ícone deve ser
uma rema. Sendo um legisigno o seu modo de ser é o de governar réplicas singulares.

Relação sígnica: para Peirce, tudo funciona em função de três categorias do ponto de
vista lógico. Diz-nos que um signo depende de uma relação que é estabelecida num plano
lógico. Esta relação é uma relação tríadica. É por um lado relação entre
signo/objecto/interpretante e por outro lado entre firstness/secondness/thirdness. A
firstness é um dos modos de ser daquilo que pode constituir-se como significação, ou seja,
enquanto modo de ser nós estamos a falar de um tipo de relação em que pode existir entre
representamen/objecto/interpretante e esse tipo de relação é uma relação daquilo que
ainda está apenas na potencialidade da relação, ou seja, a firstness é a relação potencial
entre representamen/objecto/interpretante que ainda não está a decorrer.

Peirce faz a relação entre o plano ontológico (firstness, secondness, thirdness) e o


plano da representação (representamen, objecto, interpretante). As nove categorias de
signo são fruto da relação (cruzamento) das duas tríades (ontológica e da representação).

A semiótica de Peirce é a abdução. Nesse sentido, a indução mostra o que algo é


actualmente, a dedução mostra o que algo deve ser, mas a abdução sugere o que algo pode
ser (retira-nos do universo do que deve ser para nos levar para o universo do que pode ser).
Para Peirce, a abdução está numa posição intermédia entre a indução e a dedução. A
abdução é o processo de formação de uma hipótese explicativa. A grelha levanta hipóteses,
daí a base da própria grelha ser abdutiva.

Semiótica de Peirce:

Noção de signo contempla o contínuo da representação, a partir do qual percebemos e


compreendemos o mundo. um signo/representamen, é qualquer coisa que está para
alguém em vez de outra coisa, sob um aspecto ou a um título qualquer. Dirige-se a alguém,
ou seja, cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez mesmo um signo mais
desenvolvido. A este signo dou o nome de interpretante do primeiro signo. E este signo
está em lugar de qualquer coisa, isto é, do seu objecto. – modo triádico o representamen,
enquanto veículo do signo, traz-nos, tal como um scanner sempre em acção, o
objecto(físico ou não físico) à consciência, para logo aparecer sob forma interpretante, ou
de imagem.

Peirce referiu, um argumento é entendido pelo seu interpretante como fazendo parte de
uma classe geral de argumentos análogos que tende para a verdade(ex: a força da
gravidade).
Peirce define a dedução como um argumente cujo interpretante o representa como
pertencendo a uma classe geral de argumentos possíveis exactamente análogos.

Define a indução como um argumento ridículo, mais não faz do que determinar um valor.

A abdução é o processo de formação de uma hipótese explicativa. É o único tipo de


operação lógica que introduz uma ideia nova. A dedução prova que algo deve ser. A única
justificação da abdução reside em que, a partir da ideia que ela sugere, a dedução pode
inferir uma predição que pode ser indutivamente testada, se queremos aprender algo ou
compreender os fenómenos, é através da abdução que o podemos fazer.

Pierce defende que: 1-o pensamento é o processo indissociável dos signos; 2-apenas
reconhecível e cognoscível através de mecanismos de ordem semiótica.
A filosofia é inseparável da interpretação de signos.

O pragmatismo: -mundo é o resultado da relação entre fenómenos e todas as explicações


se devem encontrar no uso da experiência, na dúvida e jamais qualquer principio metafisico
que explicasse os factos sem conexão; -o real é aquilo em que a informação e o raciocínio
acabarão por resultar e que é portanto, independente de qualquer tipo de devaneios.

Quando falamos de capacidade anterior, falamos de tudo o que nos provoca sensação, que
no momento esteja activo ou seja actual (estamos habilitados por isso, mas não estamos a
pensar neles). Por outras palavras referimo-nos a uma capacidade anterior, referimo-nos a
tudo o que potencial em nós seres humanos, a isso Peirce designa de “firstness”.

Do mesmo modo que tudo o que é actual e está agora a acontecer corresponde ao que
Peirce chama de secondeness”

Final mente e, na medida, em que as ocorrências actuais, se podem repetir se tornam


previsíveis, estamos a falar de “thirdness” (a previsibilidade das ocorrências).

Modos de ser em Peirce:

1-“firstness” – o potencial – a qualidade de ser o primeiro

2-“secondness” – o sensível - a qualidade de ser o segundo

3-“thirdness” – o material - a qualidade de ser o terceiro

Aquilo que é 1º é qualidade pura que ainda não está em relação. Ex: chuva, belo.

O sensível é o aqui e o agora da significação, a minha experiência.

O material é o elemento de si mesmo, serve de matriz para novas experiências. É a


potencialidade. A matriz permite também prever significações. Pierce caracterizou a
“thirdness” como um «modo de ser», ou categoria, que instituiu signos que são matriz de
todos os outros que ocorrem na experiência do dia-a-dia.

Estes “modos de ser” não são reais, são do plano de significação.

Cenas á parte

Porque é o signo uma entidade autogerativa e dinâmica (segundo Pierce)

 Ou seja, os seus três elementos estão ligados por razões lógicas sendo que na realidade
um signo é já um raciocínio, aquilo que Peirce designa de inferência. Porque é que o signo é
uma inferência? Tenho um Representamen (que é um signo enquanto Primeiro, isto
significa que é um signo tomado como início do meu raciocínio. É o signo que estou a tentar
interpretar. Imaginemos, então, por exemplo, a palavra escrita “Fenster”. 

“Fenster”… “Fenster” … pensa você na sua cabeça ou seja, está já a produzir um segundo
signo interpretante. Mas como não sabe a língua, não consegue perceber que relação terá
esta palavra com que objeto. Ou seja: o que representa esta palavra. Imagina é claro que
este signo (neste caso esta palavra) deve significar alguma coisa, que deve estar em relação
com um qualquer objeto, mediante um código qualquer, que desconhece. Se desconhece o
código, será incapaz de saber o que é e o seu interpretante final será : “isto deve ser um
signo numa língua desconhecida”). Mas não conseguiu ir além dos aspetos perceptivos
(interpretante imediato), nem dos efeitos, eventualmente de estranheza, que esta palavra
produziu na sua mente (este efeito é um interpretante dinâmico) que o levou a concluir :
"“isto deve ser um signo numa língua desconhecida”. Neste caso, o interpretante está
apenas em relação com a dimensão sintática do signo, já que não sabe qual a relação deste
signo com o seu objeto. Mas é uma interpretação válida. Só que incompleta (para o Peirce
todas as interpretações são sempre -mais ou menos - incompletas).

Mas, vamos agora imaginar que conhece o código que rege esta palavra : a língua alemã
(ou que pelo menos foi ao Google tradutor!)

Nesse caso, saberia que o equivalente em português é o vocábulo “janela”. De repente,


tudo fica mais claro!

Temos um R, cujos aspectos sensitivos você já conhecia; mas agora já consegue produzir
um I mais adequado, ou seja, que decifra qual a relação que este R tem com um O, uma
classe geral de objectos existentes no mundo exterior ao signo, a que chamamos de
“janela”. O seu I já permitiu que estivesse na mesma relação com o O, do que aquela que
surge entre o R e o O. 
Todo o signo é sempre um encadear de inferências lógicas: partindo das características do
R, da relação que o R tem com o O,  geram-se I’s possíveis (concretizados mediante os
contextos). Isto significa que a própria noção de Signo é uma relação lógica entre os seus 3
elementos, e dinâmica porque evolutiva, não estática. Um mesmo R pode gerar um número
indeterminado de I’s.
Estamos por isso a falar de Lógica. E é uma lógica pragmática pois os Signos produzem
efeitos nas mentes interpretadoras os quais se relacionam com os contextos em que se
encontram e que limitam, de entre todos os sentidos possíveis, qual o que aqui e agora,
está a ser usado.

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