Você está na página 1de 68

erro.

indd 48 22/04/2013 12:26:44


Editora Saber Ltda. Editorial
Diretor
Hélio Fittipaldi Nesta edição, a nossa contribuição para o conhecimento
da eletrônica está mais instigante.
O sucesso da edição anterior, com o artigo de capa sobre
www.eletronicatotal.com.br
a impressora de peças plásticas em 3D, irá se propagar para
twitter.com/editora_saber
esta, na qual apresentamos a versão de um “Home Theater
Editor e Diretor Responsável
Hélio Fittipaldi
full HD” com o simples e barato Raspberry Pi.
Conselho Editorial Hélio Fittipaldi
Luiz Henrique C. Bernardes; Na revista Saber Eletrônica, Edição nº468, o artigo de
Newton C. Braga

Revisão Técnica capa também foi o Raspberry Pi, só que os dois artigos apresentados trataram sobre
Eutíquio Lopez

Designers o que é este “fenômeno de vendas” em todo o mundo e como instalar o seu sistema
Carlos C. Tartaglioni;
Diego M. Gomes operacional. Claro que lá, a abordagem é mais para o uso profissional, quando se
Redação
Rafaela Turiani necessita de um circuito confiável para determinada implementação e o emprego
Publicidade de um computador mais poderoso seria desnecessário e caro.
Caroline Ferreira;
Marileide de Oliveira
Agradecemos à Patola, indústria de caixas plásticas, que nos preparou espe-
Colaboradores
Daniel Netto; cialmente uma caixa na cor que solicitamos para a apresentação em nosso artigo.
Defferson Rodrigues Martins das Neves;
Deivison Silveira;
Francisco Bezerra Filho; Nos próximos dias estaremos com um novo site com o visual mais moderno e
Guilherme Kenji Yamamoto;
Newton C. Braga;
Renan Airosa Machado de Azevedo rápido, e apropriado para o acesso em Smartphones, tablets e PCs de forma geral.
Visite-nos em www.sabereletronica.com.br.
PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339
publicidade@editorasaber.com.br

Capa
Hélio Fittipaldi
Arquivo Editora Saber

Impressão Submissões de Artigos


EGB Artigos de nossos leitores, parceiros e especialistas do setor serão bem-vindos em nossa revista. Vamos analisar cada
Distribuição apresentação e determinar a sua aptidão para a publicação na Revista Saber Eletrônica. Iremos trabalhar com afinco
Brasil: DINAP em cada etapa do processo de submissão para assegurar um fluxo de trabalho flexível e a melhor apresentação dos
Portugal: Logista tel.: 121 926-7800 artigos aceitos em versão impressa e online.

ASSINATURAS
www.eletronicatotal.com.br
Índice
fone (11) 2095-5335/fax (11) 2098-3366 Relé de Aproximação .................... 06 Definição e Medição do
atendimento das 8:30 às 17:30h
Inglês para Eletrônicos .................. 08 Erro de Rastreio ............................ 45
Eletrônica Total é uma publicação bimestral da Editora HOME THEATER no PC: ................ 10 Utilizando o Osciloscópio no
Saber Ltda, ISSN 0103-4960. Redação, administração,
publicidade e correspondência: Rua Jacinto José de Motores DC e Diagnóstico e Manutenção
Araújo, 315, Tatuapé, CEP 03087-020, São Paulo, SP,
tel./ fax (11) 2095-5333. Edições anteriores (mediante Caixas de Redução ........................ 14 de Fontes Chaveadas .................... 48
disponibilidade de estoque), solicite pelo site www.
sabermarketing.com.br, ou pelo tel. 2095-5330, ao
Funcionamento das Perguntas e Respostas mais
preço da última edição em banca. Chaves de Proteção ...................... 20 Frequentes sobre Componentes
Identificação por Radiofrequência: Eletrônicos – Parte 4 ..................... 51
Associada da:
Aplicação em indústria ................. 24 Transientes em Circuitos com
Motores de Passo ......................... 29 Tiristores ....................................... 52
O que é o NI ELVIS? ..................... 32 Conheça o SIDAC .......................... 56
Utilizando o Multímetro no Teste Controlando Brinquedos com
de IGBTs e Power-MOSFETs .......... 36 Microcontroladores PIC ................ 59
Associação Nacional das Editoras
de Publicações Técnicas, Dirigidas Osciloscópio: Dicionário de Detector de Nível .......................... 63
e Especializadas Termos Técnicos em Inglês ........... 40 Sistemas Embutidos ...................... 65

Atendimento ao Leitor: atendimento@eletronicatotal.com.br

Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores. É vedada a reprodução total ou parcial dos textos e ilustrações desta Revista, bem como a industrialização e/ou
comercialização dos aparelhos ou ideias oriundas dos textos mencionados, sob pena de sanções legais. As consultas técnicas referentes aos artigos da Revista deverão ser feitas exclusiva-
mente por cartas, ou e-mail (A/C do Departamento Técnico). São tomados todos os cuidados razoáveis na preparação do conteúdo desta Revista, mas não assumimos a responsabilidade
legal por eventuais erros, principalmente nas montagens, pois tratam-se de projetos experimentais. Tampouco assumimos a responsabilidade por danos resultantes de imperícia do montador.
Caso haja enganos em texto ou desenho, será publicada errata na primeira oportunidade. Preços e dados publicados em anúncios são por nós aceitos de boa fé, como corretos na data do
ELETRÔNICA TOTAL - Nº 150 / 2011
fechamento da edição. Não assumimos a responsabilidade por alterações nos preços e na disponibilidade dos produtos ocorridas após o fechamento.
3
Notícias

Invenção: Controle remoto


recarregável com a luz solar!
No mercado, a variedade de tele- Possui uma placa interna que ideia, pois, estará contribuindo para o
visores é enorme, aparelhos de som, armazena a energia durante o dia, per- desenvolvimento sustentável.
computadores e equipamentos de ar mitindo que o controle remoto funcione O inventor Bedran está em busca
condicionado, sendo que todos estes com a energia armazenada, evitando de parceiros para ajudar a desenvolver
produtos têm algo em comum: o con- a utilização de baterias ou pilhas con- modelos. “O interessante deste projeto
trole remoto. vencionais. é que pode ser utilizado para diversas
Até hoje, todos os controles existen- O projeto, além de poder ser desen- finalidades diferenciadas, além de pos-
tes no mercado necessitam de pilhas ou volvido em diversos formatos e tama- suir também, uma placa para captação
baterias para funcionarem, mas quando nhos, poderá ser uma excelente propa- de energia solar e até mesmo ilumina-
elas acabam o desconforto para o usu- ganda para o empresário que aderir à ção interna convencional” afirma.
ário é grande.
Pensando em criar um controle
remoto que não necessite ser carre-
gado por pilhas ou baterias, o inventor
José Carlos Bedran, desenvolveu um
“Dispositivo móvel recarregável com a
luz solar”.
Um controle remoto para aparelhos
eletrônicos em geral, com uma placa
que faz a captação da luz solar e ilu-
minação ambiente convencional e a
transforma em energia para sua própria
alimentação.

OKI lança dois produtos


no mercado de varejo
A OKI anuncia o lançamento do em vários formatos e gramaturas de
multifuncional MB441 e da impres- papel. Possui alimentador automático
sora B401dn. Destinados ao mercado de documentos com reversão (RADF)
de varejo, os modelos destacam-se para até 50 folhas. Os consumíveis são
pela qualidade de impressão e cópias peças separadas no MB441, de forma
monocromáticas, digitalização colorida que a substituição do cartucho de toner
de documentos e economia de energia. não depende da troca do cilindro de
O multifuncional monocromático impressão, oferecendo mais praticidade
MB441 possui tecnologia LED para na substituição dos suprimentos.
impressão, imprime até 30 páginas por A impressora monocromática a impressão da primeira página em
minuto, sendo que a primeira página é B401dn, rápida e compacta, oferece apenas 5,5 segundos. Além disso, a
impressa em até 5 segundos, além de ótima performance e excelente quali- bandeja multifunções facilita a impres-
digitalização rápida de até 10 páginas dade de impressão. É recomendada são em uma grande variedade de
coloridas por minuto ou 30 monocro- para pequenos negócios que buscam formatos com gramaturas de até 163g/
máticas por minuto. O toner tem rendi- uma solução para ser compartilhada m². Conta ainda com função duplex
mento de até 1500 páginas. A bandeja em rede. O processador e a memória automática (impressão frente e verso)
multifunções permite a impressão do equipamento combinados garantem para uma maior economia de papel.

4 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Notícias

Termovisores com excelente


desempenho na captura de imagens
A Fluke Corporation, líder mundial solucionem problemas em segundos,
em ferramentas de teste e medição, diminui a probabilidade de inatividades
apresenta o Fluke Ti105 e o TiR105, não planejadas e permite inspeções
as mais recentes adições da compa- regulares a partir de uma distância
nhia à série de termovisores de porte segura.
leve, resistentes e fáceis de usar. Esse O TiR105 possibilita que os profis-
equipamentos oferecem o recurso IR- sionais de inspeção preditiva avaliem
-Fusion, normalmente não encontrado e reportem problemas de isolamento,
em termovisores nesta classe de preço fugas de ar, umidade, ou defeitos na
acessível. A tecnologia IR-Fusion construção, oferecendo uma enorme
mescla imagens digitais e infraver- vantagem competitiva e ajudando-os a
melhas em uma única imagem para trabalhar com mais rapidez e eficiência.
documentar com precisão as áreas com Ele rapidamente documenta a prova
problemas. visível de problemas para que os repa-
O Ti105 permite que técnicos e ros possam ser feitos e, em seguida,
eletricistas efetuem a manutenção verifica se foram feitos corretamente.
e inspeções elétrica e mecânica de Além do recurso IR-Fusion, os novos
equipamentos e componentes, per- termovisores da Fluke ainda oferecem
mitindo-lhes poupar tempo e dinheiro lanterna integrada para trabalhos em
ao encontrar potenciais problemas locais escuros e mira a laser para que
antes que se tornem grandes falhas. se possa apontar a área que está sendo
O instrumento permite que os técnicos trabalhada.

Errata TO155

Identificador e Página 42
As figuras 9 e 10 foram trocadas.

localizador de bagagens
O certo é:
• F9. Potência incidente (Pi) e potência
refletida (Pr) ao longo de uma LT.
• F10. Dispositivo para determinar a
perda de retorno em uma linha de
Atualmente há 8 milhões de pas- bagagens”. São dois chips: um fica transmissão.
sageiros que circulam por mês nos na mala do passageiro, e o outro
aeroportos, rodoviárias e ferroviárias chip fica com o dono. Assim que sua
do Brasil. E nos primeiros meses de bagagem se afastar, o primeiro chip
2012, cresceu quase 50% o número emitirá um sinal que será captado
de bagagens furtadas e extraviadas e rastreado pelo sistema e, então,
sem que os usuários percebessem. enviará a localização da mala, e o
Quando se vai fazer uma viagem, usuário poderá visualizar através da
são muitas coisas para se pensar, internet e celular.
principalmente quando estamos no Esta inovação agrega diversos
aeroporto, ficamos preocupados com benefícios como: facilidade, pratici-
o número do voo, a porta de embar- dade, muito mais segurança, diferen-
que, o celular, entre outras coisas e a ciação no mercado, excelente custo
bagagem, muitas vezes, é esquecida. x benefício e poderá ser utilizada
Pensando nisso, o inventor Carlos em aeroportos, rodoviárias, ferroviá-
Jo s é Fi g u e i re d o d e s e nvo lve u o rias e portos, impedindo o furto das
“Chip identificador e localizador de bagagens.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 5


Soluções

Relé de
Aproximação
Este bloco destina-se ao uso em projetos
de controle, alarmes e automatismos. É ex-
tremamente sensível e tem o funcionamento
baseado na capacitância do corpo do usuário
para fazer o acionamento de uma carga que
tanto pode ser um relé comum, um reed- relé,
um relé de estado sólido como até mesmo uma
carga de maior potência. Newton C. Braga

O
s blocos básicos para projetos, cia apresentada pelo dedo é detectada Nestas condições o transistor Q3 é
ou seja, circuitos de certas pelo circuito ocorrendo o acionamento. polarizado de modo a saturar, fechando
funções que podem ser agre- Para o circuito que apresentamos, o os contatos do relé ou então alimen-
gados a outros circuitos para modo de acionamento é diferente. tando o circuito de carga.
aplicações mais complexas, são de Trata-se de um circuito que detecta A sensibilidade do circuito depende
extrema importância para os projetistas. cargas estáticas ou o potencial do de diversos fatores como, por exemplo,
Nesta revista temos procurado publicar corpo, que deve provocar o aciona- do valor R, e também das dimensões
sempre estes blocos, que podem apare- mento, significando que ele pode fun- do sensor, que pode ser uma simples
cer na forma de projetos independentes cionar com a simples aproximação do chapinha de metal.
(que às vezes são considerados sim- sensor ao corpo de uma pessoa. Não é conveniente que haja o toque
ples em sua base), ou também como direto de um objeto carregado no sensor,
configurações para serem usadas como Funcionamento pois uma tensão muito elevada acumu-
parte de outras aplicações. A corrente que flui entre o dreno e lada pode causar a queima do transistor.
Colecionar estas configurações a fonte de um transistor de efeito de Recomenda-se, portanto, que a
“simples” é de extrema importância campo depende da tensão de comporta. chapinha de metal que forma o sensor
para quem deseja ter uma fonte de Os transistores de efeito de campo de seja coberta por uma proteção isolante,
circuitos para projetos mais complexos, junção (JFET) são dispositivos de resis- uma capa plástica.
que faltam naquele momento em que tência de entrada extremamente alta, o Esta possibilidade é, em especial,
um projeto grande não pode ser com- que quer dizer que até mesmo a tensão interessante porque permite que o
pletado com facilidade justamente pela induzida pela aproximação de qualquer sensor fique oculto como por exemplo
carência deste tipo de bloco. corpo que possua uma carga estática é em alarmes.
O acionamento de uma carga a suficiente para alterar a corrente entre
partir de um toque num sensor pode dreno e fonte.
ser feito de diversas maneiras. Uma No nosso caso, o transistor é polari-
modalidade de acionamento muito zado de modo que ele permaneça sem
usada é a resistiva, na qual temos um conduzir quando nenhuma carga está
sensor formado por duas plaquinhas, sendo detectada pelo sensor.
conforme mostra a figura 1. Com a detecção, o transistor de
Quando colocamos o dedo no efeito de campo vai ao corte, e com
sensor de modo que ele toque nas duas isso o transistor Q2 conduz polarizado
chapinhas ao mesmo tempo, a resistên- pelo resistor R2. F1. Um acionador
resistivo.

6 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2012


Soluções

O resistor R1 pode ser alterado con- evitado o toque dos dedos em seus Na instalação é importante que o
forme a sensibilidade desejada. Quanto terminais. Equivalentes como o MPF102 fio do sensor ao circuito seja curto, ou
maior for o seu valor, mais sensível se podem ser usados. então blindado.
torna o circuito. Os demais componentes não são Se for usada fonte de alimentação
É importante notar que o circuito é críticos e o relé deve ter tensão de para o circuito, ela deverá ser obriga-
sensível à polaridade da carga acumu- acordo com a usada na alimentação, toriamente do tipo com transformador.
lada no corpo, o que significa que, em com uma corrente de acionamento de Nunca utilize uma fonte que não seja
certas condições, seu funcionamento 50 mA. isolada da rede de energia.
pode não ocorrer da forma esperada. O capacitor C1 é opcional, servindo Uma possibilidade importante de
Como o circuito é um verdadeiro apenas para que o relé não vibre nos melhoria do circuito é o uso de um trim-
“radar- eletroscópio”, ele pode detectar casos de captação de tensões alterna- pot de 100 kΩ entre a base e o terra do
a passagem de pessoas devido à carga das induzidas pelo sensor. Seu valor circuito para o transistor Q2.
acumulada em seus corpos. Esse fun- deve ser obtido experimentalmente, e Este componente vai funcionar
cionamento será muito mais sensível se ficará ente 1 e 47 μF. como um ajuste de sensibilidade. T
diante do sensor, que pode funcionar
como uma antena, for colocado um
carpete em que as pessoas caminhem
para ficarem “eletrizadas”.
O circuito também pode ser usado
como alarme de cargas estáticas, ou
mesmo de tempestades, se o sensor
for ligado a uma antena.

Montagem
Na figura 2 temos o diagrama
completo do aparelho. A disposição dos
componentes numa placa de circuito
impresso é apresentada na figura 3.
O transistor de efeito de campo é F2. Diagrama do sensor de toque
(acionador capacitivo).
um componente delicado, devendo ser

Lista de Materiais
Semicondutores:
Q1 – BF245 – Transistor de efeito de
campo de junção (JFET)
Q2 – BC548 ou equivalente – transistor
NPN de uso geral
Q3 – BC558 ou equivalente – transistor
PNP de uso geral
D1 – 1N4148 – diodo de silício de uso
geral

Resistores: (1/8 W, 5%)


R1 – 10 MΩ
R2 – 47 kΩ
R3 – 100 kΩ
R4 – 10 kΩ

Capacitor:
C1 – 1 a 47 μF/12 V – eletrolítico (ver
texto)

Diversos:
K1 – 12 V – relé de 12 V – G1RC1 ou
equivalente
X1 – Sensor – ver texto
Placa de circuito impresso, fios, solda
etc.
F3. Placa do
acionador.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2012 7


Soluções

Inglês para
Eletrônicos Newton C. Braga

Em nosso país, o termo “voltagem”, usado para indicar a “pressão elétrica” existente em um circuito,
é considerado errado. Utilizamos o termo “tensão”, e isso também ocorre com outros termos. Nesta
edição, em nossa seção de Inglês para Eletrônicos, abordamos alguns termos técnicos empregados
na designação de unidades elétricas comuns. O leitor, ao encontrar tais termos em documentos
técnicos, deverá tomar cuidado com sua tradução ou mesmo com sua interpretação.

N
a literatura técnica em inglês é Observamos claramente neste texto
comum encontrarmos o termo que o termo usado para designar a
“voltage” (voltagem) para indi- tensão de ruptura de uma capacitor é
car tensões. Embora o mesmo voltage. No entanto, nos documentos
não aconteça com as correntes, onde técnicos em inglês também encon-
o termo usado é “current”, e não “ampe- tramos termos equivalentes da Física
rage” (amperagem, que não é utilizado), como “electric potential”, “potential
em muitos documentos em português difference” e “electromotive force”, que
ainda encontramos os equivalentes são medidas também em volts.
dessas palavras. Um outro termo muito usual na
Assim, é frequente observarmos documentação técnica em inglês é
em alguns documentos traduzidos de “breakdown” (ruptura).
forma indevida, a maioria deles por pes- Quando a junção de um semicondu-
soal não pertencente ao meio técnico, tor, um dielétrico ou uma barreira (que
termos como voltagem, amperagem e normalmente é isolante) é rompida pela
até mesmo wattagem (?) para designar aplicação de uma tensão excessiva,
tensão, corrente e potência elétrica, deixando passar a corrente, dizemos
respectivamente. que ocorre uma ruptura ou “beakdown”.
Nos documentos em inglês persiste O resultado é um processo de “avalan-
o uso do termo “voltage”, conforme che” que causa a queima do disposi-
podemos perceber pelo seguinte texto tivo. A ruptura ou breakdown também
que tomamos como base para nossa podem ser térmicas, quando a tempe-
análise: ratura se eleva ao ponto de ocorrer uma
mudança brusca das características de
“Breakdown Voltage in a Capacitor um componente, tornando-o condutor.
If the voltage between the plates of a Desta forma, nos documentos em
capacitor rises, passing over a certain inglês podemos encontrar o “thermal
value, breakdown occurs. The dielectric
turns into a conductor and the capaci- Vocabulário
tor is damaged by produced spark. The
maximum voltage that can be applied Breakdown – ruptura
to a capacitor without causing rupture Voltage - tensão
of the dielectric is called “breakdown Plates- placas
voltage” and is calculated as follows” - Rises - subir ( rise, rising, rised)
Source Book for Electronic Calculations, Damaged - danificado
Formulas and Tables – Newton C. Braga Spark - faísca
– 1999 – Prompt Publications – USA Rupture – ruptura

8 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Soluções

Acrônimos
Back EMF - Back electromotive force. E – Electromotive force (voltage) - Força
(conhecida como Counter EMF) – Eletromotriz
Força Eletromotriz Inversa ou Contra F/V (converter) - Frequency to Voltage
Força Eletromotriz Converter - Conversor de Frequência
BV - Breakdown Voltage - Tensão de para Tensão
Ruptura HV – High Voltage - Alta tensão
TDDB - Time Dependent Dielectric HVP - High Voltage Protection - Proteção
Breakdown - Ruptura do Dielétrico contra Alta Tensão
Dependente do Tempo LVP - Low Voltage Probe - Ponta de Baixa
LDV - Low Diferential Voltage - Baixa Tensão
Tensão Diferencial MV – Medium Voltage – Tensão Média
AVC – Automatic Voltage Control – Con- MWV - Maximum Working Voltage-
trole Automático de Tensão Tensão Máxima de Trabalho
AVR – Automatic Voltage regulation - OCP – Open Circuit Voltage - Tensão com
Regulagem Automática de Tensão Circuito Aberto
CCVS – Current Controlled Voltage Source SVP – Surge Voltage Protector – Protetor
- Fonte de Tensão Controlada por contra Tensão de Surto
Corrente UV - Under Voltage – Subtensão
CV- Control Voltage - Tensão de Controle Vin – Voltage Input – Tensão de Entrada
CVT – Current to Voltage Transformer Vout – Voltage Output – Tensão de Saída
- Transformador de Corrente para WVDC - Working Voltage Direct Current -
Tensão Tensão de Trabalho DC, ou Contínua.

breakdown” para indicar que a ruptura usamos “rise” e “fall”. Também é comum
é térmica. usar o verbo “drop” (cair) para indicar
Em semicondutores, é comum uma queda de tensão.
encontramos o termo “inverse rupture” Assim, escrevemos: “The voltage
ou “reverse rupture” para designar a rises”, mas “The voltages rose”. Ou ainda:
tensão de ruptura quando o compo- “We noted a current drop” ou “In this
nente (ou uma junção do componente) circuit all the currents drop...”
é polarizado no sentido inverso. Levando tudo isso em conta, a tra-
No caso específico dos capacitores, o dução de nosso texto ficará:
“breakdown” acontece quando a tensão
aplicada às armaduras faz com que o
“Tensão de Ruptura em um Capacitor
dielétrico, que é um isolante em condi- Se a tensão entre as placas de um capa-
ções naturais, perca essa propriedade citor sobe, passando de um certo valor, a
tornando-se condutor. Salta então uma ruptura ocorre. O dielétrico se torna um
faísca (spark) entre as armaduras ou condutor e o capacitor é danificado pela
placas ( plates),destruindo o componente. faísca produzida. A tensão máxima que
pode ser aplicada a um capacitor sem
Com relação ao termo “plate” para causar a ruptura do dielétrico é cha-
designar as placas dos capacitores, mada “tensão de ruptura”, e é calculada
que também usamos em português, como segue”
em inglês é possível encontrar ainda
o termo “armature” (armadura) para
designar essa parte do componente. Conclusão
Um outro termo importante na lite- O termo “voltage” é usado normal-
ratura técnica que aparece neste texto mente em inglês para designar tensão.
é “rises” (sobe). Assim, nas traduções técnicas do
O verbo “to rise” (subir) tem seu inglês para o português devemos usar
oposto em “to fall” (cair) e é utilizado sempre “tensão”.
para designar subidas e quedas de Do mesmo modo, o termo “break-
grandezas elétricas, como a “subida de down” deve ser traduzido por “ruptura”
uma tensão” (voltage rise), o “tempo de que é o mais utilizado em documentação
queda de um sinal” (fall time), etc. Veja técnica, evitando-se termos como “rom-
que as terceiras pessoas do singular pimento”, “quebra”, etc., que não são tão
desses verbos são “rises” e “falls” (sobe empregados no meio técnico, se bem
e cai). Para a terceira pessoa do plural que tenham o mesmo significado. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 9


Soluções

Home Theater no PC:


Cinema de qualidade com o
Raspberry Pi
O
Que tal um Home Theater s leitores que acompanham as Se o leitor pesquisar um pouco na
com um PC de (8,5 cm x 5,6 diversas publicações da Editora Internet, ele verá que existem diversas
Saber já tiveram a oportuni- maneiras de ter o XBMC rodando no
cm) e consumo de apenas dade de ficar inteirados sobre Raspberry Pi. Uma delas é utilizando
3 watts, suporte a vídeos este projeto. Visto que uma pequena distribuições específicas como a Ope-
FullHD, acesso a conteúdo parcela adquire todos os nossos títulos, nELEC (openelec.tv), Xbian (xbian.
online e custo muito baixo? resolvemos publicar na Saber Eletrônica org), Raspbmc (www.raspbmc.com),
Faça tudo isso utilizando outros dois primeiros artigos explicando entre outras.
apenas um Raspberry Pi o que é o Raspberry, para qual objetivo No entanto, demos preferência para
ele foi concebido, e também como insta- a instalação do XBMC sobre o Rasp-
e software aberto (open lar o seu sistema operacional. Na revista bian, pois além de permanecermos
source), aproveitando para PC&Cia nº 102, ele também estará na com a distribuição oficial (que tende a
aprender, passo a passo, a capa, só que nessa edição publicamos apresentar menos problemas), também
criar sua primeira solução os três artigos juntos. nos permite utilizar o mesmo Raspberry
em plataforma embutida Neste artigo, da Eletrônica Total, o Pi como ferramenta de programação e
(embedded). leitor vai precisar de um Raspberry Pi (o desenvolvimento de projetos e, inclu-
modelo B é o ideal), veja figura 1, e de sive, como HTPC nas horas de lazer.
um cartão SD com o sistema operacio- Para aqueles que ainda não o
nal Raspbian instalado, que esteja pre- conhecem, o XBMC ou Xbox Media
Daniel Netto ferencialmente no ponto onde o artigo Center (xbmc.org) é um software gra-
de instalação do Raspbian deixou. tuito e open source, que foi desenvol-
vido originalmente para dar ao Xbox
da Microsoft a capacidade de operar
como central multimídia, sendo possí-
vel reproduzir vídeos, fotos, músicas,
Raspberry Pi na caixa etc. Naquela época o Xbox ainda era
Patola PB-090 HF
baseado em processadores x86, mas
a partir do Xbox 360 a Microsoft optou
por utilizar o IBM Xenon com três
núcleos.
Isso contribuiu para a mudança
de foco do projeto XMBC, que hoje é
compatível com Windows, Mac OS e
Linux e sua interface (criada seguindo o
conceito 10-foot user interface) pode ser
exibida na TV da sua sala e controlada
via controle remoto.

10 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Soluções

Instalação Agora, precisamos importar a chave $ sudo apt-get update


Até a conclusão deste ar tigo, de assinatura do repositório. Ainda no
nenhuma versão estável do XBMC, terminal, execute o comando a seguir:
compatível com o Raspberry Pi, havia Assim que o prompt ficar disponível
sido lançada. Desse modo, nos resta- $ sudo apt-key adv --keyserver keyserver.ubuntu. novamente, instale o XBMC:
ram duas opções: compilar o XBMC com --recv-key 5243CDED
a partir do código-fonte ou utilizar $ sudo apt-get install xbmc
um pacote pré-compilado, este último
recomendando pelos próprios desen- A saída deste comando deve ser algo
volvedores do Raspbian. do seguinte tipo: Quem não está acostumado a ins-
Para permitir que este artigo sirva talar softwares no Linux pode estranhar
também para o leitores com pouco Executing: gpg --ignore-time-conflict --no-options a quantidade de pacotes marcados
conhecimento em Linux, optamos pela --no-default-keyring --secret-keyring /tmp/tmp. para a instalação. Se este for o seu
segunda opção. No entanto, quem pre- JYvxi2Nviu --trustdb-name /etc/apt//trustdb.gpg caso, fique sabendo que isso é normal,
ferir se aventurar numa compilação de --keyring /etc/apt/trusted.gpg --primary-keyring / pois além do XBMC serão instaladas
etc/apt/trusted.gpg --keyserver keyserver.ubuntu.
mais de doze horas, a página www.ras- com --recv-key 5243CDED
também algumas “dependências”, que
pbian.org/RaspbianXBMC oferece as gpg: requesting key 5243CDED from hkp server nada mais são do que outros pacotes
instruções necessárias. É claro que lei- keyserver.ubuntu.com necessários para o correto funciona-
tores com conhecimentos avançados de gpg: key 5243CDED: public key “Michael Gorven mento do XBMC.
GNU/Linux e plataformas embarcadas (Package Signing Key) <michael@gorven.za.net>” Lembre-se que o Raspbian é um
imported
podem diminuir esse tempo, utilizando gpg: Número total processado: 1
sistema para plataformas embarcadas,
outra máquina para cross compiling. gpg: importados: 1 portanto, ele deve ser enxuto. Como
Agora que já conhecemos as pi@raspberrypi ~ $ somente parte dos seus usuários pre-
opções, podemos dar início à instala- cisará de recursos multimídia em seus
ção, que será toda feita via linha de projetos de embarcados, ele não traz
comandos. Mas não se preocupe, pois Ainda precisamos atualizar a lista de esses componentes por padrão. Quem
é bastante simples. pacotes dos Raspbian para incluir os sof- precisar, deverá instalá-los, e é isso
Primeiramente, devemos configu- twares disponíveis no novo repositório: que nós iremos fazer.
rar o endereço do repositório onde o
pacote do XBMC está. Para isso, clique
duas vezes no ícone “LXTerminal”, que
é o emulador de terminal padrão do
ambiente gráfico LXDE. Quando ele abrir
(figura 2), digite o seguinte comando:

$ sudo nano /etc/apt/sources.list.d/mene.list

Ao teclar ENTER, será executado


um editor de textos chamado “nano”
com um arquivo em branco chamado
“mene.list”. Agora, digite neste arquivo,
o endereço do repositório:

deb http://archive.mene.za.net/
raspbian wheezy contrib

O resultado deve ser parecido com


o que mostra a figura 3. Se estiver
tudo certo, utilize a combinação de
tecla CTRL + O do teclado para salvar,
tecle ENTER para confirmar o nome do
arquivo e em seguida utilize CTRL + X
para sair do editor nano e voltar para
o prompt. F1. Raspberry Pi montado na caixa
“Patola PB-090 HF”

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 11


Soluções

No nosso caso, foram marcados


40 pacotes, totalizando 48,9 MB que
precisavam ser baixados:

0 pacotes atualizados, 40 pacotes novos instala-


dos, 0 a serem removidos e 8 não atualizados.
É preciso baixar 48,9 MB de arquivos.
Depois desta operação, 126 MB adicionais de
espaço em disco serão usados.
Você quer continuar [S/n]?

Tecle “S” (ou “Y”, caso seu sistema


esteja em inglês) para dar início e
aguarde até que o procedimento ter-
mine. Quando o prompt ficar disponível
novamente, o XBMC terá sido instalado.
F2: Janela do emulador de terminal Neste ponto, é bem provável que
incluso no Raspbian.
o XBMC já esteja funcionando. Mas,
como estamos utilizando um software
que ainda não está na versão final,
precisamos realizar um ajuste nas confi-
gurações, o que pode nos livrar de even-
tuais problemas. Por padrão, o software
vem configurado para ser executado
pelo usuário “xbmc” que, pelo menos
por enquanto, não é criado automatica-
mente. E como o sistema já vem com o
usuário “pi” perfeitamente configurado e
com todas as permissões necessárias,
é mais simples alterar a configuração
do XBMC do que criar um usuário novo.
Para isso, execute o seguinte comando:

$ sudo nano /etc/default/xbmc

F3: Editor de
textos nano.
E altere a linha “USER=xbmc” para
“USER=pi” como mostra a figura 4. Se
estiver tudo certo, utilize a combinação
de teclas CTRL + O do teclado para
salvar, tecle ENTER para confirmar o
nome do arquivo e em seguida utilize
CTRL + X para fechar o editor nano.
Fora do ambiente gráfico, para
iniciar o XBMC você pode executar o
seguinte comando:

$ xbmc-standalone

Por outro lado, se você já estiver


dentro do ambiente gráfico, o XBMC
pode ser iniciado por meio do menu do
LXDE conforme mostra a figura 5.
A inicialização do XBMC geralmente
F4: Altere o campo USER não é demorada, mas ela pode variar
de “xbmc” para “pi”.

12 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Soluções

de acordo com a velocidade do cartão


SD utilizado. Isso, considerando que o
sistema esteja realmente instalado em
um cartão SD e não em um pendrive
ou HD externo USB. Veja na figura 6 a
primeira tela exibida quando o XBMC
iniciar.
Agora basta configurar seu servidor
de mídia no XBMC via UPnP, SMB,
NFS e etc, ou utilizar um pendrive para
assistir filmes (figura 7) e ouvir músi-
cas. Só não tente utilizar HD externos
sem alimentação extra, pois a corrente
elétrica na partida destes equipamen-
tos é bem alta e a fonte do Raspberry
Pi poderá não dar conta de alimentar
ambos. F5: XBMC também pode ser executado
com o ambiente gráfico já iniciado.

Conclusão
Neste artigo mostramos que é per-
feitamente possível utilizar o Raspberry
Pi como base de um Home Theater PC
de baixo custo. Mas é claro que existem
algumas limitações.
O Raspberry Pi é capaz de acelerar
a decodificação de áudio DTS (ele tem
um decoder para isso), entretanto, a
certificação ainda está sendo nego-
ciada e por enquanto, a licença de des-
bloqueio ainda não está a venda. Desse
modo, no momento, a decodificação é
feita via software, o que nem sempre
garante uma boa experiência.
Para a reprodução de vídeos em F6: Tela inicial
do XBMC.
baixa resolução, não é necessário
se preocupar demais com CODECs
porque o processador do Raspberry Pi
dá conta de decodificá-los por software
mesmo. Isso permite utilizar os plugins
do XBMC para assistir conteúdo online
do YouTube, por exemplo, sem maiores
dificuldades. Mas quando falamos de
vídeos de alta definição, de 720p para
cima, será essencial que o vídeo esteja
nos formatos H.264, MPEG-2 ou VC-1,
pois esses são os três CODECs supor-
tados pelo decodificador por hardware
da Broadcom. Se o arquivo de vídeo
atender a esses requisitos, o Raspberry
Pi será capaz de reproduzir FullHD
mesmo com bitrates bastante altos. F7: Curta Big Buck Bunny na resolução de 1080p
sendo reproduzido pelo Raspberry Pi.
Pelos testes realizados em nosso
laboratório para conteúdos em alta
definição, o ideal é dedicar pelo menos reproduzir várias amostras de vídeos, perdas de frames significantes, experi-
128 MB de memória RAM para a GPU. com bitrates variados, sem grandes mente utilizar o preset Medium de over-
Com esse pequeno ajuste, conseguimos problemas. Contudo, se o leitor enfrentar clock via utilitário raspi-config. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 13


Robótica

Motores DC
e Caixas de Redução
O
A principal forma de pro- s motores de corrente contínua Neles, conforme mostra a figura
pulsão de robôs, braços me- consistem numa forma simples 1, um conjunto de bobinas gira, tendo
e barata de se obter propulsão sua corrente comutada por escovas
cânicos e outros dispositivos mecânica para dispositivos de que invertem o sentido da corrente a
usados em Mecatrônica é Robótica e Mecatrônica. No entanto, cada meia volta de modo a manter o
o motor elétrico. Existem sua variedade de características e o movimento.
basicamente dois tipos de seu princípio de funcionamento exigem Estes motores possuem um ren-
motores: o DC e o motor de recursos especiais para que eles dimento razoável quando usados em
passo. Trabalhar com estes possam ser utilizados corretamente. projetos de Robótica e Mecatrônica,
Neste artigo, abordaremos tanto sendo por este motivo os preferidos de
motores exige certas pre- o aspecto mecânico do uso destes muitos projetistas.
cauções e circuitos especiais. motores como também alguns controles Eles podem ser encontrados numa
Para o caso específico dos eletrônicos. ampla faixa de tensões nominais, tipi-
motores DC abordaremos, camente entre 1,5 e 48 volts. Os mais
neste artigo, alguns circuitos Os motores DC comuns nas aplicações de Robótica e
e informações que podem Existem diversos tipos de motores Mecatrônica são, entretanto, os especi-
DC, tais como os de ímã permanente, ficados para tensões de 1,5 a 12 V. Na
ser de grande utilidade para sem escovas, ou ainda de relutância figura 2, temos representados alguns
os leitores das áreas de Ro- variável. Os mais comuns (e baratos), que destes motores.
bótica e Mecatrônica. podem ser encontrados numa enorme O tamanho de cada um está asso-
faixa de tamanhos e tensões de trabalho, ciado a sua potência e não somente
são os que fazem uso de escovas. à tensão de trabalho. É importante
Newton C. Braga

F1. Um motor de corrente


contínua com escovas.

14 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Robótica

observar que esta tensão nominal não


é obrigatoriamente a tensão de traba-
lho de um motor DC. Um motor de 6
volts funcionará com 3 ou 4 volts, mas
certamente não rodará na mesma velo-
cidade e nem terá a potência máxima
esperada. Da mesma forma, este motor
pode funcionar também com 9 V, porém
deve-se evitar isso.
Um motor DC poderá em alguns
casos funcionar com tensões de até 40
ou 50% maiores que a nominal, mas
por curtos períodos de tempo. Se for
submetido a uma tensão maior que a
nominal por longos períodos, ocorrerá
o aquecimento de sua bobina com um
possível dano. F2. Tipos de motores de cor-
rente contínua.
A corrente exigida por um motor
depende de sua potência e também
da carga. Um motor girando livre terá
muito maior velocidade do que outro
que tenha que deslocar algum tipo de
mecanismo que lhe exija maior força. A
corrente exigida dependerá da “carga”
ou do peso movimentado, conforme
ilustra o gráfico típico da figura 3.
Em aplicações típicas, entre a cor-
rente mínima com um motor rodando
“em vazio” (ou sem carga) e a cor-
rente máxima que ocorre com o peso
máximo que ele consegue movimentar,
pode haver uma relação de até 1:10
nos valores.
A velocidade é outro fator importante
a ser observado em um motor DC. O
motor tem uma velocidade de rotação F3. Variação da corrente de um F4. O torque é uma grandeza cons-
motor com a carga. tante para um determinado motor.
que depende da força que ele deve fazer,
ou seja, da carga.
Assim, é comum que os fabricantes De acordo com a figura 4, apli- Caixas de redução
dos pequenos motores especifiquem cando-se o princípio da alavanca a um Os motores DC, encontrados à
seus produtos pela velocidade “em vazio”, motor, podemos observar que a “força” disposição dos projetistas de Robótica
ou seja, pela velocidade máxima que que ele pode exercer quando gira, e Mecatrônica, são motores de alta
eles atingem, e novamente esta veloci- depende não só das características do rotação e pequeno torque, não ser-
dade pode cair numa proporção de 10:1 próprio motor, mas também do compri- vindo, portanto, para a maioria das
quando ele atingir a potência máxima. mento do braço da alavanca. aplicações.
Os pequenos motores, que normal- Considerando-se que o braço é uma Se acoplarmos uma “roda propul-
mente encontramos com facilidade em variável, é mais correto levarmos em sora” diretamente ao eixo de um motor
muitas aplicações, têm velocidades conta seu comprimento, especificando DC comum para movimentar um robô,
especificadas na faixa de 3.000 a 10.000 a força que o motor pode fazer de uma teremos duas possibilidades desa-
rotações por minuto (rpm). foma absoluta pelo que se denomina gradáveis: o robô “disparar” em alta
Tipos especiais podem rodar com torque. O torque é um produto (força x velocidade, se ele for suficientemente
velocidades menores (faixa de 1.500 distância), e se mantém constante para leve; ou então o motor não ter força
a 2.000 rpm), como os encontrados um determinado motor, pois quando para movimentá-lo e ele não conseguir
em tocafitas e outras aplicações mais aumentamos a distância (comprimento sair do lugar.
críticas. Outra característica importante da alavanca), a força diminui na mesma Para podermos empregar um motor
de um motor é o “torque”. proporção. DC comum em uma aplicação, é preciso

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 15


Robótica

F5. Redução F6. Redução por


por correia. engrenagens.

reduzir sua velocidade e ao mesmo


tempo aumentar seu torque.
Isso é feito acoplando-se ao motor
algum sistema mecânico que possa
realizar essas operações.
O sistema mais simples consiste de
uma correia semelhante à ilustrada na
figura 5.
A relação entre o diâmetro do eixo
do motor e o diâmetro da roda maior
que vai propulsionar ou realizar o
movimento, nos dará a proporção em
que a velocidade é reduzida e o torque
é aumentado.
Por exemplo, se acoplarmos um
motor de 3.000 rpm a uma roda propul-
sora com diâmetro 30 vezes maior, ela
“rodará” a 100 rpm e fará uma força 30
F7. Redução com múltiplas en- vezes maior do que a obtida diretamente
grenagens (caixa de redução).
pelo eixo. Um motor que não movimente
mais do que 20 gramas diretamente pelo
eixo, poderá movimentar um robô de
600 gramas.
Outra forma é por meio de engrena-
gens, observe a figura 6.
A relação entre os tamanhos e o
número de dentes das engrenagens
nos dá a taxa de redução da velocidade
e também de aumento da força obtida.
Se acoplarmos ao motor uma
engrenagem com 10 dentes, e a esta
engrenagem acoplarmos outra maior
com 50 dentes, teremos uma taxa
de redução de 1:5. Poderemos obter
uma taxa ainda maior, acoplando
sucessivamente outras engrenagens
conforme ilustra a figura 7. Nesta
F8. Teste de força para uma figura, mostramos como temos uma
caixa de redução.

16 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Robótica

Na prática é possível obter motores pela tensão aplicada de forma contí-


que já disponham de caixas de redu- nua, ou na forma de pulsos.
ção, ou ainda as próprias caixas que O modo mais simples de controlar
podem ser acopladas aos motores. A a velocidade é através de um controle
força exercida pelo eixo diretamente linear ou reostato eletrônico, indicado
puxando um fio, como é mostrado na conforme o esquema da figura 9. O
figura 8, permite levantar um peso de circuito apresentado pode controlar
mais de ½ quilo. motores com correntes de até uns 2
Com esta velocidade e força, a ampères.
caixa poderá ser usada com o motor Para obter um controle PWM, mos-
para movimentar pequenos robôs, tramos um circuito básico utilizando o
braços mecânicos, elevadores em CI 555 na configuração de multivibra-
maquetes e outros dispositivos de dor astável. Veja na figura 10.
Mecatrônica. A relação entre a largura dos
pulsos produzidos e a separação pode
F9. Um controle linear Os controles eletrônicos ser controlada pelo potenciômetro
de velocidade.
Em qualquer aplicação relacionada e determina a potência aplicada ao
à Robótica ou Mecatrônica, é impor- motor.
taxa de 1:10 e depois outra de 1:30, tante ter recursos para controlar a Com este tipo de controle pode-se
obtendo-se assim uma taxa final de velocidade e o sentido de rotação em ter um comportamento mais linear em
redução de 1 para 300. um motor DC. toda a faixa de ajuste de velocidade,
É claro que o aumento do torque e O sentido de rotação dependerá principalmente nas baixas velocida-
a redução da velocidade nestas taxas da polaridade da tensão aplicada, ou des, na qual o torque não é mantido
são teóricos, pois precisamos consi- seja, do sentido da corrente pelos enro- com os controles lineares. O único
derar uma pequena perda que ocorre lamentos, enquanto que a velocidade cuidado que o montador deve ter é no
pelo atrito das partes mecânicas. pode ser controlada de duas maneiras: sentido de encontrar o melhor valor de

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 17


Robótica

C1 para o motor que está sendo usado.


Este capacitor deverá ter seu valor
“casado” com as características do
motor de modo que ele não vibre nas
baixas velocidades, de forma incon-
veniente. Para reversão da velocidade
pode ser usada uma meia ponte com
base em relé, como a exemplificada
na figura 11.
Com o relé aberto o motor gira em
um sentido, e com o relé fechado, gira
no sentido oposto. O sentido pode ser
controlado pelo nível lógico do sinal
aplicado à base do transistor que tem
por carga o relé.
Um circuito totalmente de estado
sólido é a ponte H ilustrada na figura
12, que pode ser usada para controlar
motores de até 1 A. Esta ponte também
é controlada pelos níveis lógicos apli-
cados à sua entrada. Observe que os
circuitos lógicos usados impedem que
um estado “proibido” ocorra com os
transistores.
Em um estado proibido os dois tran-
F10. Um PWM F11. Reversão de rotação do sistores do mesmo lado da ponte con-
simples. motor, usando-se um relé.
duziriam, colocando em curto a fonte
de alimentação. Além da queima dos
transistores, poderíamos ter também
o esgotamento rápido da bateria que
alimenta o dispositivo.
Observe, ainda, que os transistores
devem ser montados em radiadores
de calor compatíveis com as corren-
tes drenadas pelos motores a serem
alimentados.

Conclusão
Para usar um motor DC em Robó-
tica não é preciso muito. Podemos
obter motores de diversos tipos ou de
aparelhos comuns fora de uso ou em
casas especializadas, com facilidade,
o que simplifica bastante o trabalho do
projetista de Robótica e Mecatrônica.
Entretanto, é preciso saber trabalhar
com este pequenos motores respei-
tando suas características elétricas e
mecânicas.
Utilizando-se caixas de redução
apropriadas e controles de velocidade
e sentido, é possível obter qualquer
tipo de movimento com estes motores,
desde os mais suaves até o movimento
rápido de propulsão de um veículo
F12. Uma ponte H para contro- controlado à distância. T
le da caixa de redução.

18 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Como Funciona

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 19


Como Funciona

Funcionamento das
Chaves de Proteção
Francisco Bezerra Filho

O
s interruptores de proteção, pondo o primário em curto, evitando
também conhecidos como com isso que alguns transientes pre-
micro-switches, são chaves sentes no primário possam acionar
de pressão acionadas pela acidentalmente a magnetron, fazendo
lingueta da porta do forno, quando o forno entrar em funcionamento com
é fechada. Além dessa função, têm a porta aberta, o que é altamente
diversas outras aplicações como, por perigoso.
exemplo, determinar o fim do curso dos A função da chave S3, ligada dire-
portões com abertura automática, na tamente à Placa de Comando, é de
tampa de máquina de lavar, e muitas interromper o funcionamento da mesma
outras. No caso dos fornos de micro- quando a porta é aberta (chave S3
-ondas são usadas como dispositivos aberta), nesta condição a placa está
de segurança para evitar que o forno inabilitada. Então, todas as teclas da
entre em operação acidentalmente, membrana operam, exceto a tecla “liga”,
quando a porta estiver aberta. Se isso mas o forno não inicia a operação. Ele
acontecer, corre-se o sério risco do só volta a funcionar quando a porta é
operador colocar a mão dentro do forno fechada novamente (S3 fechada), com
com ele em operação, provocando-lhe isso, a placa fica agora habilitada.
graves queimaduras. Lembramos apenas que em alguns
Como podemos observar no dia- modelos de fornos, principalmente os
grama de blocos da figura 1, as chaves mais modernos, quando a porta está
S1 e S2 estão ligadas em série com a aberta (S3 aberta) a membrana não
tensão de alimentação, ou seja, estão aceita nenhum comando, todas as
intercaladas entre a tensão de alimen- teclas ficam inoperantes, só voltam a
tação e o primário do transformador de operar quanto a porta é fechada nova-
alta tensão (T.A.T). mente. Na figura 2 temos os estados
Adquira o mais completo livro
sobre manutenção de fornos de Quando a por ta do forno está das quatro chaves nas duas condições:
micro-ondas do Autor, à venda na fechada, as chaves de proteção S1, S2 porta aberta e porta fechada.
Gráfica D&F: e S3 estão com seus contatos fechados,
ao passo que S4 (ligada em paralelo Tipos de chaves usadas
com o primários do T.A.T) está com As chaves usadas na proteção dos
Rua Santa Efigênia, nº 295
1º andar – Sala 103 seus contatos abertos. Quando a porta fornos são de dois tipos: normalmente
é aberta, as chaves operam de maneira abertas e normalmente fechadas. As
inversa. Enquanto S1, S2 e S3 abrem chaves normalmente abertas (NO-
Fone: (011) 3337-2391 seus contatos (condição mostrada na -NORMALLY OPENNED), em condição
(falar com Fábio)
figura 1), cortando alimentação do normal (sem o pino a ser acionado)
T.A.T, a chave S4 fecha seus contatos, estão sempre abertas, ou seja, os ter-

20 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Como Funciona

F1. Diagrama de blocos do forno de micro-ondas, vendo-se


as posições da chaves (na condição de porta aberta).

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 21


Como Funciona

minais C e NO estão abertos, como se


vê na figura 3A.
Quanto à identificação de um tipo
ou de outro, é feita através do desenho
gravado no corpo da própria chave.
Na figura 3A temos, de maneira clara,
uma chave do tipo normalmente aberta.
Neste tipo de chave, o terminal central
(terminal C) está conectado interna-
mente com o terminal NC, só que este
ponto não tem terminal para a conexão
externa. Quando o pino A é pressionado
pela lingueta da porta, a chave comuta
de posição, conectando o terminal C
com o terminal NO, fechando o circuito
ligado externamente entre esses dois F2. Valores da resistência de contato
dos interruptores da porta.
terminais. Como podemos observar,
em condições normais, ou seja, sem
pressionar o pino A, a chave está
aberta, mas quando o pino A é pres-
sionado, a chave fecha seus contatos
internamente.
Por outro lado, a chave normalmente
fechada (NC- NORMALLY CLOSED)
em condição normal, está com o seu
contato central em curto com o terminal
NC. Quando o pino A é pressionado, a
chave comuta de posição, abrindo os
terminais C e NC, e ao mesmo tempo
fechando os terminais C e NO, como
visto na figura 3B. Comparando as
figuras 3 (A e B) podemos observar que
as chaves exibidas acima operam de
maneira inversa uma da outra. F3. Identificação das
chaves.
As chaves estudadas têm apenas
dois terminais de ligações, mas há no
mercado chaves com três terminais ao do diagrama mostrado na figura 1. Na No mercado há chaves com diversos
invés de dois, como se vê na figura 3 C. hora de substituir uma chave, o técnico valores de corrente máxima suportada
Esse tipo de chave pode ser usada deverá observar a chave defeituosa, por eles, indo desde 0,1 até 16 A.
tanto na configuração normalmente se ela é do tipo normalmente aberta, Como podemos observar na figura
aberta quanto na normalmente fechada. fechada ou dupla, e substituí-la por 1, as chaves S1 e S2 estão ligadas em
Quem irá determinar qual a configu- uma chave nova, mas do mesmo tipo série com a alimentação do T.A.T, pas-
ração a ser usada, será o técnico no da chave removida. Se o técnico não sando através delas 11 A. Se no lugar
momento de ligá-la. Note que nos dois ficar atento a esses detalhes, corre o de S1 e S2 forem usadas chaves com
casos vistos acima, só foram usados risco de fazer a substituição errada, e correntes de contato inferior a 11 A, no
dois terminais. O terceiro terminal não quando o forno for posto em operação, momento do forno entrar em operação
foi utilizado. poderão ocorrer duas coisas: queimar os contatos poderão ser danificados
Por outro lado, alguns modelos de o fusível de entrada (F1) e/ou o forno pelo excesso de corrente. O ideal seria
fornos mais modernos usam chaves simplesmente não entrar em operação. substituí-las por chaves capazes de
duplas, onde os três terminais são suportar uma corrente contínua (CC)
utilizados, funcionando tanto como Corrente máxima de 16 A ou uma corrente alternada (CA)
chave normalmente aberta quando dos contatos equivalente a um motor de ½ HP.
chave normalmente fechada, conforme Outro item muito importante a ser A mesma observação acima é válida
ilustrado na figura 3C. Logicamente, o observado quando da substituição de para a chave S4 ligada em paralelo com
diagrama de interligações dos fornos uma chave defeituosa é a corrente o primário do T.A.T. Por outro lado, para
que usam chaves duplas é diferente máxima suportada pelos seus contatos. a chave S3 (sensora da porta), pode

22 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Como Funciona

ser usada em seu lugar qualquer chave de continuidade dos seus contatos; Conclusão
com corrente de contato até 0,1A, pois a procedendo-se da seguinte maneira: As chaves defeituosas também
corrente que irá circular por ela é baixa, • a) Desconectar os terminais podem ser identificadas observando-se
não excedendo esse valor. da chave em teste (sendo uma os terminais dos fios que vão a elas. Se
Quando necessitarmos de chaves chave por vez). eles estiverem queimados, chamusca-
normalmente abertas (NO), mas só • b) Posicionar a chave de função dos, ou com corpo da chave próximo
dispomos de chaves normalmente do medidor em x1. dos terminais derretido ou deformado,
fechadas, ou vice-versa, poderemos • c) Conectar as pontas de teste é sinal de que a chave correspondente
converter uma chave na outra. Para do medidor sobre os terminais está com algum problema, ou seja, não
isso, devemos abrir a chave e com um da chave (para facilitar a cone- está funcionando corretamente.
alicate de bico mudar a posição dos ter- xão devemos usar cabo com Por outro lado, devido ao aqueci-
minais NO/NC de maneira a convertê-la pino-banana em um extremo e mento do contato da chave defeituosa,
no tipo de chave desejada. Isso é mais garra-jacaré pequena em outro os terminais de conexão perdem a pres-
fácil de realizar na chave fechada por extremo). Isso facilita a ligação. são. Para melhorar a pressão deveremos
pressão, já nas chaves fechadas com • d) Medir a resistência dos con- pressionar o terminal defeituoso com
rebites isso não é possível. tatos da chave com a por ta um alicate de bico, porém, se isso não
fechada, e a seguir, repetir o resolver, deveremos substituir também
Procedimento de procedimento com a porta aberta. o terminal danificado. Por sua vez, se
teste das chaves • e) Repetir os procedimentos no momento de fechar ou abrir a porta,
Os defeitos mais comuns apresen- vistos nos itens “a” e “d” para as ou ainda, quando a tecla “liga” for acio-
tados pelas chaves são os seguintes: demais chaves. nada, o fusível do forno (F1) queimar,
• Contatos abertos – eles não • f) Comparar os valores da resis- é sinal que há problemas nas chaves.
fecham quando pressionados. tência de continuidade medida Elas podem estar em curto ou não estar
• Contatos ligados diretos (fundi- nos itens “d” e “e” com os valores sendo acionadas corretamente pela lin-
dos) – não abrem quando cessa previstos na figura 2. gueta da porta, ou ainda estar colocadas
a pressão. • g) Se os valores medidos forem invertidas: chave normalmente aberta no
Esses defeitos podem ser deter- diferentes dos valores previstos, lugar da chave normalmente fechada ou
minados medindo-se a resistência substituir a chave defeituosa. vice-versa. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 23


Como Funciona

Identificação por
Radiofrequência:
Aplicação em indústria Deivison Silveira

A
A utilização de sistemas identificação por radiofrequên- hospitais como Albert Einstein e o
automatizados, onde não cia (Radio Frequency Ideti- Sírio-Libanês, ambos de São Paulo.
fication – RFID), conhecida Segundo Andrea (2011), no caso
há intervenção humana também como etiquetas inte- do Albert Einstein, está em teste um
para a realização do pro- ligentes, é uma tecnologia onde pode programa para controle do fluxo de
cesso, tem aumentado sig- ser estabelecida uma comunicação pacientes e profissionais de atendi-
nificativamente principal- entre pontos distintos sem a utilização mento no pronto-socorro por meio
mente em ambientes hostis. de cabos, neste caso uma comunicação de radiofrequência. O hospital está
Atualmente as indústrias via ondas eletromagnéticas conhecida monitorando, via RFID, cerca de 100
também por wireless (do inglês sem pacientes por dia que dão entrada
necessitam acompanhar fio). Através deste é possível detectar a no hospital apresentando sintomas
as etapas do processo de presença de qualquer corpo físico, onde de casos de baixa complexidade. O
fabricação do produto, for- dessa forma são informados todos os Hospital Sírio-Libanês, também em
necendo dados instantane- dados deste corpo. São Paulo, é outro que investe nesta
amente para as máquinas No Brasil esta tecnologia já é uti- tecnologia. A instituição está utilizando
de etapas posteriores e que lizada, sendo que o setor que mais a as etiquetas inteligentes para controlar
utiliza é o do transporte, especifica- a entrada e saída de produtos utiliza-
fazem parte do processo, mente nos pedágios onde não há a dos em exames de endoscopia.
além de realizar o controle necessidade de parar o carro, podendo No setor industrial sua utilização
da produção. passar numa velocidade de 100 km/h. ainda é pequena, mas tem uma grande
Métodos como esse são Atualmente está sendo utilizado em possibilidade de ser aumentada devido
obtidos através do reco-
nhecimento de finalização
e início em cada etapa de
produção em uma rede
industrial para transmitir as
informações, este procedi-
mento pode ser obtido por
meio do sistema RFID (Iden-
tificador por Radiofrequên-
cia) onde nele está inserida
a parte de identificação e
informação.
F1. Processo histórico
da criação do RFID.

24 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Como Funciona

F2. Hardwares necessários para o


funcionamento do sistema RFID.

à diversidade dos equipamentos e pode


ser aplicada em diferentes segmentos
industriais.

Histórico
De acordo com o Congresso RFID,
2010, o processo histórico (figura 1)
seguiu da seguinte forma:
Robert Alexander Watson Watt foi
o responsável pela invenção dos siste- F3. Tipo
de Tag.
mas de Radio Detection And Ranging
(RADAR) britânicos durante a segunda
guerra mundial, no ano de 1935. Seu
funcionamento era bem simples: foi
instalado um transmissor em cada avião
britânico que, quando recebia sinais das
estações de radar no solo, retransmitia
um sinal de volta - Identification Frien-
dor Foe (IFF) - para identificar que
o avião era “amigo”, este sistema de
identificação por radiofrequência ficou
conhecido por identificador ativo de
amigo ou inimigo, e veio a ser a base
dos sistemas de controle de tráfego F4. Exemplo de leitores
portáteis.
aéreo atuais. (Congresso RFID, 2010).
Como os avanços tecnológicos e o
interesse em pesquisa sempre foram
temas que impulsionavam as grandes
universidades e pesquisadores, o
RADAR foi então aperfeiçoado para
uma nova tecnologia.
Segundo Bernardo, na década de
1980, o Massachusetts Institute of Tech-
nology (MIT) juntamente com outros
centros de pesquisa, iniciou o estudo de
uma arquitetura que utilizasse os recur-
sos das tecnologias baseadas em radio- F5. Exemplo de
leitores fixos.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 25


Como Funciona

F6. Leitor acoplado a antena, os


mais utilizados atualmente.

frequência para servir como modelo de 4. Servidor de aplicação: ambiente sendo que cada valor tem uma aplicabili-
referência ao desenvolvimento de novas disponibilizado para instalação e dade diferente; as faixas de valores mais
aplicações de rastreamento e localiza- execução de certas aplicações. aplicadas dadas na tabela 1.
ção de produtos. Desse estudo, nasceu 5. Computador: Nele pode ser As duas faixas de frequência podem
o Código Eletrônico de Produtos - EPC feito o processamento, armaze- ser utilizadas em plantas industriais a
(Electronic Product Code). O EPC nagem e leitura. No supervisório, depender do seu processo, no casa de
definiu uma arquitetura de identificação por exemplo, é possível obter esteiras e ponte rolante é indicada alta
de produtos que utilizava os recursos todas essas informações se frequência, a depender da velocidade.
proporcionados pelos sinais de radio- necessário. Se houver máquinas muito próximas
frequência, chamada posteriormente de No seu funcionamento, o transcep- uma da outra existirá também uma
RFID (Radio Frequency Identification). tor envia uma onda de radiofrequên- grande quantidade de antenas, logo
cia através de uma antena para um torna-se necessário a utilização de
Funcionamento transponder. O tag absorve a onda baixa frequência para que não haja
Para o seu funcionamento são RF (radiofrequência) e responde com interferência de leitura entre máquinas
necessários alguns equipamentos algum dado. Ao transceptor é conectado e, com isso, não haverá o risco de
(figura 2), tais como: um sistema computacional que geren- peças se deslocarem para máquinas
1. Tag (transponder): Responde cia as informações do sistema RFID. erradas.
para o transmissor com um dado A empresa RFID Systems afirma
ou informação que o carrega, em sua página eletrônica que nor- RFID versus
suas formas e tamanhos são malmente a antena é embalada com Código de Barras
variados, normalmente são aco- o transceptor e o decodificador para Diferente de código de barra, no
plados ao corpo que se deseja se tornar um leitor, que pode ser con- sistema RFID não existe a necessidade
rastrear e/ou obter informações. figurado como um coletor de mão ou de direcionar o leitor para a etiqueta,
Veja a figura 3. um leitor fixo para ser conectado ao correndo-se o risco de danificar o
2. Antena: Emite sinal de ativação computador central. código de barra e não ser mais possível
para o tag (do inglês etiqueta) O leitor emite ondas de radio- efetuar a leitura. E, ainda, com o tag é
onde se lê ou escreve um dado frequência com alcances variados, possível reutilizá-lo diferente do código
no mesmo, podendo ser feito dependendo do leitor e do tag. Quando de barra.
por proximidade eletromagnética o tag passa através da zona de campo É mostrada a tabela 2 descritiva
ou indutiva. As antenas podem eletromagnético, o sinal de ativação do da empresa Oneti Tecnologia, onde se
ser fixas ou móveis (portáteis). leitor é detectado. O leitor decodifica descreve a comparação entre o sistema
Observe as figuras 4 e 5. os dados do circuito integrado do tag RFID e o Código de Barra.
3. Reader (transceptor): Respon- e as informações são passadas para Pode-se perceber então que o sis-
sável pela comunicação entre o computador. Atente para a figura 6. tema RFID tem uma eficiência maior
o sistema RFID e os sistemas Como a leitura é feita através de do que o código de barra, limitando-se
externos de processamento de radiofrequência existem faixas de valo- somente no que se trata de investimento,
informações. res predeterminados para sua aplicação, onde se tem um custo elevado.

26 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Como Funciona

Aplicabilidade na Indústria Range Utilização Exemplo


Ainda é pouca a quantidade de sis- Curtas distâncias e
Baixa frequência 30 - 500 kHz Controle de acesso
baixo custo
temas RFID na indústria, sendo utiliza-
dos principalmente na área de logística. 850 - 950 MHz
Medidas e longas
Figura 7. No processo de produção Alta frequência distâncias e leituras a Veículos
2,4 - 2,5 GHz
alta velocidade
algumas indústrias ainda empregam
T1. Faixas de frequências e suas aplicações
o código de barra, onde o operador
posiciona o leitor em direção ao código
de barra correndo alguns riscos como: Característica RFID Código de Barras
• Má utilização do leitor, podendo Resistência mecânica Alta Baixa
danificá-lo; Formatos Variados Etiquetas
• Lente do leitor danificada, não Exige contato visual Não Sim
realizando a leitura correta; Vida útil Alta Baixa
• Código de barra danificado, tendo Possibilidade de escrita Sim Não
que inserir o código numérico Leitura simultânea Sim Não
manualmente retardando o pro- Dados armazenados Alta Baixa
cesso, isso quando ainda for Funções adicionais Sim Não
possível visualizar a numeração; Segurança Alta Baixa
Com isso tem-se um elevado custo Custo inicial Alto Baixo
de manutenção e uma alta possibilidade Custo de manutenção Baixo Alto
de danos ao material, como descrito na Reutilização Sim Não
T2. Comparativo entre sistema RFID e Código de Barra
tabela anteriormente, no caso do código
de barra.
No sistema RFID não é necessário Etapas do Processo Procedimentos do Processo
o procedimento humano, basta que a Polímeros Matéria-prima fornecida de uma outra empresa
peça passe por uma área onde é possí- Extrusão Responsável pelo derretimento da matéria-prima transformando-os em ráfias (fios)
vel a leitura pela antena, outra diferença Tear leve Fabricação de sacaria
é que o tag pode ser reutilizado inúme- Tear Bag Fabricação de sacaria mais resistente
ras vezes sendo necessária somente a Tear plano Fabricação de “sacaria” plana
reinicialização no sistema. Laminação Revestimento na sacaria quando destinado a grãos mais finos (farinha, açúcar)
Tendo como exemplo uma planta Impressão Estampagem do logo das empresas (fabricante e cliente)
T3. Tabela contendo os procedimentos de cada etapa do processo
em que são produzidas Sacarias e Big
Bag, onde cada produto final tem uma
propriedade química diferente, para isso Segmento Aplicabilidades
existe uma mistura entre os polímeros Mineração e siderurgia Identificação em ambientes hostis
que definem suas características. Transporte e tráfego Pedágio e transportes públicos
Antes de detalhar o procedimento Logística Identificação de paletes e caixas
e inserir o sistema RFID necessita-se Identificação de válvula de controle, equipamentos,
Petróleo e gás
controle de movimentação de materiais
entender um pouco do funcionamento
do ciclo produtivo. Ao lado, tem-se uma Química e petroquímica Movimentação de produtos em locais onde existe pó e poeira
tabela 3 contendo o processo e o pro- Portos e containers Identificação de containers devido à grande distância entre eles
cedimento em cada processo. Indústrias automotivas Resistência a pintura e altas temperaturas
Após saber o que existe neste Industriais alimentícias Menor manipulação possível de matéria-prima
ambiente fabril, na sequência se tem Qualquer dispositivo que necessite de manutenção
Controle de manutenção
periódica pode ser acompanhada
um fluxograma onde são indicadas as
T4. Segmentos que estão utilizando o sistema RFID e suas aplicabilidades
etapas a serem seguidas pelo produto.
Sabendo-se que em cada etapa existe
um controle de qualidade e que se hou- Entre uma etapa e outra existirá, em qual estaria esperando um produto
verem produtos ou lotes danificados, cada lote fabricado, um tag lembrando finalizado pela etapa Extrusora 1 (con-
estes não farão mais parte do processo que ao finalizar a produção deste lote forme fluxograma acima). Para isso
sendo assim eliminados. É possível o mesmo poderia ser reutilizado para todo o ciclo de produção teria que estar
determinar isso se estes tiverem o tag, um novo lote. Esse lote seria encami- interligado como um todo e o PCP
fazendo com que sejam rejeitados por nhado para outra etapa de produção (planejamento de controle e produção)
todas as máquinas posteriores sendo onde, por exemplo, a etapa Impressão identificaria qual seria o próximo lote a
aceita somente pela recuperadora.Veja estaria esperando um produto que foi ser fabricado, podendo ser alterado a
a figura 8. finalizado pela etapa Tear Plano, o qualquer momento.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 27


Como Funciona

F7. Exemplo de uma aplicação do siste- F8. Fluxograma 1 –


ma RFID no segmento de Logística. Ciclo de produção.

A questão de leitura pode ser feita Bibliografia


de duas formas: cada máquina tem uma
ANDREA, Grandes hospitais de São Paulo estão utilizando etiquetas inteligentes
antena fixa, ou cada setor teria uma (RFID) para controlar fluxo de pacientes no pronto-socorro e identificar produtos
antena móvel que ficaria à disposição em estoque. Disponível em: www.artigos.etc.br/grandes-hospitais-de-sao-
do operador para poder identificar o -paulo-estao-utilizando-etiquetas-inteligentes-rfid-para-controlar-fluxo-de-
lote, com isso: -pacientes-no-pronto-socorro-e-identificar-produtos-em-estoque.html. Acesso
em: 14/09/2011
• Aumenta a confiabilidade
• Diminuem os riscos ANDRADE, Marcos Lombardi de. Um estudo sobre a tecnologia RFID e suas aplicações.
• Redução nas perdas de produção 36 f. Monografia (Especialização em Informática: Ênfase em Engenharia de Software) –
Departamento de Ciência da Computação, Universidade Federal de Minas Gerais, 2006.
• Aumento do controle de produção
• Melhoraria a logística final do BONSOR, Devin. Como funciona a etiqueta RFID. Tradução de How Stuff Works Brasil.
produto. Original em inglês. Disponível em: www.eletronicos.hsw.uol.com.br/etiquetarfid.
htm/printable. Acesso em: 08 Ago. 2010.
Observe a tabela 4, ela descreve
alguns setores que podem ser utiliza- BRESSAN, Flávio. O Método do Estudo de Caso, 2007. Fundação Escola de Comércio
dos o sistema RFID e suas principais Álvares Penteado – FECAP. FEA - USP. Disponível em: www.fecap.br/adm_online/art11/
flavio.htm. Acesso em: 27 Dez. 2010.
vantagens de utilização.
CONGRESSO_RFID: Tecnologia, Serviços e Sistemas com RFID, 1, 2010, Salvador. Dis-
ponível em: www.congressorfid.com.br/rfid-desenvolvedores.php. Acesso em: 18
Conclusão Ago. 2010.
Desta forma pode-se observar
que o sistema RFID nas indústrias CUNHA, Alessandro F. RFID Etiquetas com eletrônica de ponta. Revista Saber Eletrônica.
Pag. 20 – 25. Junho de 2006
tem aplicabilidades que aumentam
significativamente sua praticidade, GLOVER, Bill; BHATT, Himanshu. Fundamentos de RFID: Teoria em pratica 1ª ed. Rio de
agilidade e confiabilidade perante a Janeiro: Alta Books, 2007. 227 p.
produção além de ter o controle direto LIMA, Levi Ferreira Junior - A tecnologia de RFID no padrão EPC e o estudo soluções para
através do PCP, onde a máquina só a implantação desta tecnologia em empilhadeiras. 2006. Monografia
inicializará uma nova etapa produtiva (programa de pós-graduação MBIS) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
se for a planejada. Apesar de um Departamento de Computação. Disponível em: www.logisticatotal.com.br/files/
investimento alto, este tem uma alta monographs/7ad2775c5c0b493a43969ad947e930e6.pdf. Acesso em: 10 Out. 2010.
durabilidade, baixo custo de manu- MARTINS, Vergílio Antônio. RFID – Identificação por Rádio Frequência. 2005.
tenção e outros aspectos importan-
MARX, Tecnologia. Middleware RFID, 2010. Disponível em: www.marx.com.br/rfid/
tes, acreditando-se ser vantajoso ao solucao-middleware-rfid. Acesso em: 08 Set. 2010.
longo ciclo produtivo no ambiente
SANTANA, Sandra Regina Matias, monografia apresentada à Faculdade de Tecnologia
fabril e em qualquer outro tipo de
da Baixada Santista – Extensão Praia Grande.
segmento. T

28 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Como Funciona

Motores de passo
Os motores de passo são usados numa infinidade de equipa-
mentos modernos, tais como: impressoras, scanners, drivers de
disquetes em computadores, automatismos diversos, robótica
e mecatrônica. Conhecer o funcionamento destes motores é
de vital importância para qualquer profissional de Eletrônica
em nossos dias. Neste artigo abordamos alguns fundamentos
relevantes do funcionamento dos motores de passo. Newton C. Braga

O
que são os motores de passo? • Os erros que ocorrem no posicio-
Podemos dizer que os moto- namento do seu eixo são muito
res de passo, assim como os pequenos e não são cumulativos.
motores comuns, são dispo- Um motor de passo pode ser posi-
sitivos que convertem energia elétrica cionado com uma precisão de 1
em energia mecânica na forma de milésimo de radiano tipicamente,
torque. No entanto, os motores de passo conforme mostra a figura 1.
possuem algumas características pró- • O controle sem realimentação
prias que os diferenciam dos motores (open loop) é possível devido ao
comuns, a saber: uso de sinais digitais para esta
• Os motores de passo funcionam finalidade.
como dispositivos posicionado- • As respostas à partida, à parada
res, pois podem parar numa posi- e à reversão são muito rápidas.
ção perfeitamente controlada; Tudo isso torna o motor de passo
• Os motores de passo também um elemento sem equivalente em
podem funcionar como motores diversas aplicações.
de velocidade perfeitamente con-
trolada, sendo energizados numa Aplicações típicas
determinada ordem. Na figura 2 temos uma aplicação
Estas características são ainda industrial de um motor de passo, que
acrescidas a outras que os tornam consiste numa bomba de líquido com
ideais para aplicações em informática, fluxo constante.
eletrônica industrial e de controle, robó- O motor de passo é controlado por
tica e mecatrônica: um circuito processador que recebe
• Eles podem ter seu eixo posicio- informações sobre o fluxo de líquido,
nado em um ângulo proporcio- mantendo-o desta forma constante.
nal ao número de impulsos de Na figura 3 vemos a aplicação do
entrada. motor de passo no posicionamento da

F1. 1/1000 rd significa apenas 5 cm,


a 200 metros de distância.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 29


Como Funciona

F2. Bomba de fluxo F3. Motor de Passo em um F4. Motor de Passo em


constante. drive de disco flexível. uma impressora.

“cabeça de leitura e gravação” de um


drive de disco flexível.
Outra aplicação importante é ilus-
trada na figura 4, onde o motor de
passo é usado tanto para posicionar
o papel, avançando-o ou recuando-o,
como também para movimentar com
precisão a cabeça de impressão sobre F5. Controle lógico
para Robótica.
papel.
Em robótica e mecatrônica, o motor
de passo pode ser empregado em pre-
cisos controles de movimento com a
estrutura em blocos exibida na figura 5.

Tipos de motores de passo


Existes três tipos básicos de moto-
res de passo, que são:
• Relutância variável
• Ímã permanente
• Híbrido
Analisemos as principais caracterís-
ticas de cada um. F6. Construção de um
Motor de Passo.

Relutância variável
Na figura 6 temos uma vista em
corte da construção de um motor de
passo em relutância variável.
Conforme podemos ver, é a ação
das bobinas criando campos que
posiciona os dentes de material
ferromagnético acoplados a um eixo
móvel. F7. Motor de Passo de F8. Motor de Passo
Ímã permanente. Híbrido.
O rotor multipolo deste motor é feito
de ferro macio, enquanto que o estator é
multilaminado. O rotor deste tipo possui conjunto de ímãs permanentes. O rotor
uma inércia pequena. é energizado radialmente.
Este tipo de motor é indicado para
Ímã permanente aplicações onde não se exige precisão
Na figura 7 temos uma vista em e o custo seja importante, uma vez que
corte de um motor deste tipo. Este motor tem um preço baixo. Outro característica
gira quando o campo magnético das é sua operação com ângulos de passo
bobinas energizadas interage com um grandes, entre 45 e 90 graus. F9. Excitação
de Fase.

30 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Como Funciona

Híbridos
Estes motores têm a construção
do tipo ilustrado na figura 8. O rotor é
energizado axialmente. Tanto o rotor
como o estator são do tipo multipolar.
A principal vantagem deste motor é a
sua precisão com passos de 1,8 graus nos
tipos mais comuns, e chegando mesmo a
0,36 graus nos tipos de maior precisão. F10. Excitação de uma
fase (wave).

Modos de excitação
Os motores de passo são formados
por 4 bobinas que devem ser excitadas
numa certa ordem, ou ainda de acordo
com o posicionamento desejado. A
configuração típica destas bobinas é
apresentada na figura 9, onde também
vemos os modos de ligação mais
comuns, que são o unipolar e o bipolar.
A excitação de fase desta bobinas
depende da aplicação e pode ser feita
das seguintes maneiras:

Uma fase ou onda (wave)


Nesta excitação cada bobina é F11. Duas Fases –
excitação.
energizada separadamente, em sequ-
ência, de acordo com o movimento de
posicionamento do rotor – acompanhe
na figura 10.

Duas fases
Nesta modalidade de operação,
exemplificada na figura 11, as bobinas
são energizadas duas a duas de modo
que o rotor possa parar em posições
intermediárias dadas pela resultante
das forças de atração entre bobinas.

Uma - Duas fases F12. Excitação


Uma-Duas Fases.
Nesta modalidade de funciona-
mento, uma e duas fases são excitadas
alternadamente, levando o rotor ao
movimento ou posição desejada, veja
a figura 12.

Duas fases, ou micropasso


Nesta modalidade temos a aplica-
ção de níveis de tensão diferenciados
na bobina, o que permite o posiciona-
mento do rotor em pontos intermediá- F13. Duas Fases, ou
micropasso.
rios aos polos das bobinas energizadas,
conforme mostra a figura 13.
O escalonamento das tensões apli- Conclusão corretamente um motor desses, existem
cadas às bobinas vai determinar quan- A escolha do tipo e do modo de ope- outras informações importantes que
tos pontos intermediários entre dois ração de um motor de passo depende serão abordadas oportunamente em
passos (90 graus) podem ser obtidos. da aplicação. Assim, para saber usar novos artigos. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 31


Instrumentação

O que é o
NI ELVIS?
Apresentamos, neste artigo, a plataforma NI ELVIS
– importante ferramenta de instrumentação da Na-
tional Instruments destinada ao ensino e pesquisa de
eletrônica.

Guilherme Kenji Yamamoto


Renan Airosa Machado de Azevedo
National Instruments

O que é o NI ELVIS? Além disso, o NI ELVIS II+ está • Pesquisa: Os pesquisadores pre-
O NI ELVIS (National Instruments disponível agora com o novo recurso cisam da capacidade de desenvol-
Educational Laboratory Virtual Instru- do osciloscópio de 100 MS/s, dando ver protótipos rapidamente, assim
mentation Suite) é uma plataforma a possibilidade de medir sinais de alta como da flexibilidade de interagir
de projeto e prototipagem prática que frequência ou projetar filtros de altas nos projetos. Eles podem acessar
integra os 12 instrumentos utilizados frequências. Veja a figura 1. o conjunto de 12 instrumentos
com mais frequência - incluindo osci- encontrados no NI ELVIS através
loscópio, multímetro digital, gerador de Onde o NI ELVIS é aplicado? do “NI ELVISmx Instrument Laun-
funções, analisador de amplitude/fase • Educacional: Muitas vezes cher” para realizar medições com
em função da frequência (diagrama de os estudantes de engenharia facilidade. Para personalização,
Bode) etc. sofrem com a lacuna entre a os pesquisadores podem obter
Conecta-se ao PC através de uma teoria e a prática, e com isso, vantagem da flexibilidade do
conexão USB, fornecendo uma aquisi- existe o desafio de manter o LabVIEW. Em combinação com os
ção e exibição das medições de forma interesse do aluno na sala de instrumentos integrados, a proto-
rápida e fácil. Baseada no software de aula ou no laboratório. Para isso, board é ideal para eficientes cons-
projeto gráfico de sistemas NI LabVIEW, o NI ELVIS não apenas fornece truções de prova de conceitos.
essa plataforma oferece a flexibilidade uma experiência prática e envol-
da instrumentação virtual e a capaci- vente, mas também desempe- Por que adotar o NI ELVIS?
dade de personalizar sua aplicação. nha o papel de fazer a ponte • Custo-Benefício: O NI ELVIS é
O ELVIS é uma parte da plataforma entre a teoria e a prototipagem. uma plataforma que possui os 12
educacional de eletrônica da NI que Por possuir um conjunto de 12 instrumentos de bancada mais
possui instrumentos de medição, e instrumentos muito utilizados utilizados em laboratório, elimi-
possibilita por meio do ambiente NI Mul- em laboratórios de eletrônica, nando a necessidade de comprar
tisim a criação e simulação de circuitos estudantes podem realizar medi- múltiplos instrumentos para uma
eletrônicos. Projetado visando a educa- das de forma rápida e fácil. Para aplicação. Não é mais preciso
ção, esta plataforma é uma ferramenta ensino de circuitos, a forte inte- comprar diferentes instrumentos
abrangente para ensinar qualquer teoria gração com o software NI Multi- e ter dúvidas se eles irão traba-
de projeto de circuitos, instrumentação, sim (simulação SPICE) permite lhar em conjunto e sem apresen-
controle, telecomunicações e sistemas ao NI ELVIS trazer os circuitos tar falhas. Um multímetro digital
embarcados/microcontroladores. da teoria para a realidade. (DMM), um gerador de funções,

32 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Instrumentação

F1. Plataforma
NI Elvis.

F2. Instrumentos.

um osciloscópio, e um analisador demorada tarefa de instalação de passo a passo, ajuda a reduzir


de amplitude/fase em função da hardware em coisa do passado. o tempo de correção de erros,
frequência (diagrama de Bode) Além disso, a conexão USB torna especialmente porque as medi-
são alguns dos instrumentos o NI ELVIS portátil, caso seja das simuladas podem ser apre-
disponíveis na mesma plata- preciso usá-lo em diferentes labo- sentadas simultaneamente com
forma. Economize dinheiro não ratórios e salas de aula. O conec- as medidas reais do NI ELVIS no
apenas por ter 12 instrumentos tor de segurança Kensington na mesmo monitor. Conectar a teoria
em um, mas também por ganhar estação de trabalho pode ser utili- com as medidas reais é tarefa
a capacidade para usar a mesma zado para garantir que esta fique fácil com este conjunto completo
plataforma com diferentes usu- presa a um objeto estacionário. É de ferramentas.
ários e diversas aplicações. As instalado com o driver ELVISmx • Integração com o Multisim:
placas plug-in tornam possível a (o NI ELVISmx Instrument Laun- Como uma peça na plataforma
turma da manhã utilizar a mesma cher), que fornece acesso rápido de educação eletrônica da NI, o
plataforma da turma da tarde a todos os 12 instrumentos da NI ELVIS fornece os componen-
sem ter de desfazer os projetos, plataforma NI ELVIS. A partir do tes necessários para uma ampla
o que normalmente é trabalhoso Instrument Launcher, painéis de variedade de aplicações, desde
e demorado. O NI ELVIS é apli- instrumentos prontos permitem investigações dos princípios
cável para os usuários de todos a configuração instantânea dos básicos de circuitos até prototipar
os níveis e em uma variedade de instrumentos. Devido à integra- projetos de pesquisa. Quando
disciplinas, podendo ser usado ção do NI ELVIS com o Multisim, é usado em conjunto com o
em diversas aplicações. Assim, a transição da simulação para Multisim, figura 3, o obstáculo
uma única plataforma pode ser o protótipo construído é fácil e entre a teoria e a prototipagem
usada por todos, desde aqueles intuitiva. Com o Multisim é pos- é minimizado. Os arquivos com
que estão aprendendo circuitos sível projetar um circuito usando circuitos do Multisim estão dispo-
básicos até aqueles que estão os instrumentos virtuais do NI níveis para download em vários
conduzindo pesquisas. Observe ELVIS. O mesmo projeto pode livros utilizados frequentemente
a figura 2. ser construído virtualmente em em aulas de circuitos. Com esses
• Fácil de usar: O NI ELVIS 3D na protoboard simulada do arquivos, estudantes podem
conecta-se rapidamente ao PC NI ELVIS dentro do ambiente explorar a teoria do livro em um
através da porta USB, tornando a Multisim. Esse desenvolvimento, ambiente de simulação onde eles

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 33


Instrumentação

F3. Integração com


o Multisim.

podem observar os resultados sonalizados no LabVIEW porque • Flexibilidade com o LabVIEW


esperados. Eles podem ir além da os VIs tem o código-fonte aberto. e com o software: Todos os
experiência da simulação com a Com ele, o Multisim e o LabVIEW, 12 instrumentos da plataforma
plataforma de hardware NI ELVIS, a transição da teoria para uma NI ELVIS são acessíveis atra-
criando um protótipo do circuito e, aplicação totalmente funcional é vés do NI ELVISmx Instrument
então, comparar os dados medi- feita passo a passo e de forma Launcher. Estes instrumentos
dos com os simulados. Dentro fácil e intuitiva. são baseados no LabVIEW,
do ambiente Multisim, os estu- • Funcionalidade acrescentada software líder de mercado de
dantes podem projetar circuitos com o NI ELVIS II+: O NI ELVIS projeto gráfico de sistemas,
no esquemático do NI ELVIS, o II+, o mais novo produto para a possibilitando o uso da flexibili-
qual modela a protoboard do NI família NI ELVIS, adiciona agora dade da instrumentação virtual
ELVIS. Eles podem seguir para o recurso de um osciloscópio de e a capacidade de personalizar
o próximo passo construindo o 100 MS/s, possibilitando medi- aplicações. Estes instrumentos
circuito na protoboard virtual, ções e projetos de filtros de alta têm o código fonte aberto e
que tem o mesmo layout do NI frequência. Um filtro opcional de são personalizáveis, figura 4. A
ELVIS. O projeto do circuito pode 20 MHz está disponível, além abordagem gráfica do diagrama
ser realizado na plataforma NI dos novos recursos do oscilos- de blocos e do fluxo de dados do
ELVIS. Usando os painéis de ins- cópio como offsets verticais e LabVIEW para a programação,
trumentos prontos, os estudantes trigger horizontal. A exploração fornece uma aplicação perso-
podem visualizar os resultados de componentes de alta frequên- nalizável e medições flexíveis.
simulados com as medidas do cia, caracterização de circuitos e Com a instalação do driver NI
mundo real na mesma tela. Além investigação de tempos de subida ELVISmx, incluído no hardware
disso, os projetos podem ser per- nunca foram tão fáceis. NI ELVIS, os instrumentos do

34 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Instrumentação

F4. VI do projeto OpAmp.

NI ELVIS são associados ao placa de eletrônica digital e


LabVIEW como Express VIs FPGA (Field-Programmable
e ao LabVIEW SignalExpress. Gate Array). Você pode maxi-
Isto possibilita a configuração mizar o uso do laboratório e
interativa para cada instrumento economizar espaço comparti-
e assim desenvolver aplicações lhando aulas de introdução com
no LabVIEW sem um conheci- aulas avançadas em diversas
mento profundo de programa- disciplinas. Isto é possível
ção. Além disso, o dispositivo de com a plataforma de projeto e
aquisição de dados integrado ao prototipagem NI ELVIS e seu
NI ELVIS pode ser programado conjunto de 12 instrumentos
usando as API do NI DAQmx. e com as famílias de placas
Procure o manual do usuário específicas.
para mais informações. • S u p o r t e Té c n i c o : C o m a
• Expansões com placas espe- compra do NI ELVIS, você tem
cíficas: A plataforma do NI acesso aos engenheiros de
ELVIS pode ser usada em uma aplicação da NI que fornecem
ampla faixa de aplicações e suporte técnico. Além disso,
disciplinas, estendendo o seu você pode se tornar um membro
laboratório além da instrumen- da comunidade NI Developer
tação e circuitos com as placas Zone e interagir com professo-
específicas do NI ELVIS (placas res, entusiastas e profissionais
plug-in) e cursos de terceiros, através de fóruns de discussão
c o m o E m o n a I n s t r u m e n t s, e disponibilidade de download
Freescale Semiconductors e de material educativo. Antes de
Quanser para ensinar teleco- adotar o NI ELVIS, você pode
municações, microcontrolado- solicitar uma visita do enge-
res e conceitos de controle. A nheiro de campo e determinar
National Instruments também qual pacote melhor se adéqua
adiciona à platafor ma uma a você e sua aplicação. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 35


Instrumentação

Utilizando o
Multímetro no
teste de IGBTs e
Power-MOSFETs
N
Apregoa-se bastante que o nosso livro “Curso de Ins- Com um simples multímetro,
o multímetro é o mais útil trumentação Eletrônica – O mesmo de baixo custo, testes de
Multímetro” insistimos no fato componentes e de circuitos podem
de todos os instrumentos de que não basta saber usar revelar coisas que os leitores sequer
com que o profissional de o multímetro na medida de três gran- imaginam.
Eletrônica pode contar. No dezas básicas (corrente, resistência e Alguns testes incomuns que podem
entanto, a maioria dos usu- tensão) para se poder dizer que a sua ser feitos com um multímetro são anali-
ários desse instrumento, finalidade está completa. sados neste artigo.
baseados unicamente no O multímetro é muito mais, mas para
que aprenderam nos cursos que ele possa ser usado em funções Como testar IGBTs
que vão além de simples medidas Os IGBTs são amplamente utiliza-
técnicos e de Engenharia, diretas, é preciso saber interpretar suas dos em inversores de frequência, con-
apenas sabem usá-lo nas indicações. troles de potência, fontes chaveadas e
medidas elementares de: O movimento da agulha, a oscila- conversores DC/DC.
tensão, corrente e resistên- ção de valores de uma escala digital, a Esses componentes possuem
cia. O multímetro é bem escala usada e o modo como o instru- características híbridas, com uma porta
mento é ligado ao circuito em teste são isolada como um MOSFET, e junções
mais do que um medidor alguns fatores que poucos profissionais entre o coletor e emissor como um
de apenas três grandezas sabem interpretar e fazer corretamente. transistor bipolar.
e, sabendo utilizá-lo pode-
mos obter muito mais do
que isso: testando compo-
nentes, tendo ideia sobre
formas de onda e distorção
de um circuito, e até de-
tectando sinais de RF. Veja,
neste artigo, algumas destas
aplicações incomuns do
multímetro.

Newton C. Braga
F1. Símbolo utilizado F2. Procedimento usado no
para o IGBT. teste dinâmico do IGBT.

36 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Instrumentação

F3. Teste de curto-circuito F4. Conexão usada para o teste de comutação


para o IGBT. do IGBT, com auxílio de um multímetro.

A figura 1 ilustra o símbolo ado- diodos. Para essa finalidade, podemos conexão da figura 4 com o multí-
tado para representar um IGBT. inicialmente fazer um teste de curto- metro numa escala intermediária de
Um dos testes mais comuns para -circuito, conforme mostra a figura 3. resistências.
a prova de um IGBT é o teste dinâ- Medimos inicialmente a resis- To c a n d o c o m u m a c h ave d e
mico, que consiste em se colocar tência entre os terminais de gate e fendas ou fazendo uma ponte entre o
como carga uma lâmpada de 40 a 100 o coletor e depois entre o gate e o gate (G) e o coletor (C) do transistor,
W no seu coletor e alimentar o circuito emissor. Nas duas medidas devemos ele deverá comutar. Isso fará com que
com uma tensão de até 20 VDC. ter leituras de altas resistências. Por a resistência caia, passando de um
Com a comporta ligada ao emissor alta resistência entendemos valores valor muito alto para um valor mais
do transistor, ele deverá permanecer acima de 10M ohms. baixo, que depende das caracterís-
no corte e com isso a lâmpada ficará Se em qualquer das medidas ticas do IGBT em teste e do próprio
apagada. tivermos uma leitura de baixa resis- multímetro.
Ligando-se a comporta ao coletor tência ou mesmo média (entre 10 k Todavia, é preciso levar em conta
(o que deve ser feito com um resistor e 1M ohms), o IGBT está inutilizado que a bateria interna de alguns mul-
de 10k ohms), o transistor satura e a por curto ou ainda fuga excessiva. tímetros não tem tensão suficiente
lâmpada acende. Este procedimento Se ele passar nesse teste, medi- para levar o componente à condução.
dinâmico é exibido na figura 2. mos, então, a resistência entre cole- Para não ter dúvidas se esse teste
Se a lâmpada permanecer acesa tor e emissor. Em um sentido ela se aplica com o multímetro de que se
nas duas provas, o IGBT está em curto, deve ser alta e no outro baixa, pois dispõe, será interessante tentar com
caso contrário, o IGBT está aberto. devemos considerar o diodo de pro- um IGBT que sabemos estar em bom
O leitor deve estar atento para a teção que esses componentes têm, estado. Uma forma de testar um IGBT
máxima tensão que pode ser aplicada veja na mesma figura 3. com o multímetro no caso de não ser
entre a comporta e o emissor do Uma leitura de baixa resistência possível a prova direta descrita, é a
transistor que, em geral, é 20 V. Se nas duas medidas indica um IGBT exibida na figura 5.
o teste for feito com tensões maiores, em curto, e uma leitura de resistência Uma bateria de 9 V fornece a
a tensão aplicada à comporta deverá algo baixa onde deveria ser muito tensão necessária à polarização do
ser sempre inferior a 20 V. alta (entre 10 k e 1 M) indica um componente, e com isso uma leitura
Entretanto, um teste semelhante componente com fugas. Em ambos de corrente aumentando com o toque
pode ser feito com multímetro analó- os casos, o componente não deve pode ser feita para o caso de um
gico e mais ainda com alguns tipos ser utilizado. componente em bom estado.
de multímetros digitais que tenham Dependendo da tensão da bateria
tensão de prova suficiente para do multímetro, pode ser realizado um Como testar Power-MOSFETs
saturá-lo, quando colocados nas teste de comutação relativamente Partindo do princípio de que em
escalas de resistências ou teste de simples. Para isso, empregamos a muitas aplicações os MOSFETs de

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 37


Instrumentação

potência substituem os IGBTs, o pro-


cedimento de teste de um poderia ser
considerado válido para o outro. No
entanto, existem algumas diferenças
a serem consideradas, o que nos leva
a um procedimento algo diferenciado
e que passamos a descrever. Assim,
o teste dinâmico, que também pode
fazer uso do multímetro, consiste em
alimentar o MOSFET de potência com
uma tensão contínua entre 12 e 25 V,
observe a figura 6.
A carga pode ser uma lâmpada
de acordo com a tensão usada na
alimentação ou um resistor de 1 a
2,2 kohms x 2 W (ou de dissipação
F5. Teste de um IGBT (em bom maior), se usarmos o multímetro.
estado) com o multímetro.
Sem polarização de comporta, o
transistor permanece no corte e a
lâmpada apagada. A tensão medida
(no caso do resistor) deve ser nula
ou muito baixa.
Se a lâmpada permanecer acesa
ou com brilho reduzido, ou ainda se
a tensão medida não for nula, isso
indica um transistor em curto ou com
fugas. Numa segunda etapa, ligamos
a comporta do transistor ao positivo
da alimentação, veja exemplo na
figura 7.
Isso deve fazer com que o tran-
sistor vá à saturação e temos duas
possibilidades de indicação. No caso
da lâmpada, ela deverá acender com
bom brilho, e no caso do multímetro
F6. Teste dinâmico do Power- a tensão indicada deverá subir para
-MOSFET com o multímetro.
bem perto da tensão de alimenta-
ção. Observe que este teste é feito
desta forma no caso de transistores
MOSFET de canal N. Para MOSFETs
de canal P devemos inverter as pola-
ridades das tensões aplicadas.
O uso do multímetro sem nenhum
componente adicional também pode
ajudar a revelar o estado de um
MOSFET de potência.
Para isso, devemos considerar se
esse componente possui ou não o
diodo de proteção interna, conforme
ilustra a figura 8.
Colocando o multímetro numa
escala intermediária de resistências
(ohms x10 ou ohms x100), medimos
a resistência entre o dreno (d) e a
fonte (s), nos dois sentidos, conforme
F7. Teste de curto-circuito da com- indica a figura 9.
porta do Power-MOSFET Canal N.

38 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Instrumentação

F8. Símbolo do Power-MOSFET F9. Medida da resistência entre dreno F10. Medida da resistência entre a com-
(com, e sem o diodo de proteção). e fonte do Power-MOSFET. porta e qualquer dos outros terminais.

Em um sentido (quando o diodo


se encontra polarizado no sentido
direto) temos uma baixa resistên-
cia. No sentido inverso (quando o
diodo se encontra polarizado no
sentido inverso) temos uma alta
resistência.
Entendemos por alta resistência,
neste caso, valores acima de 1M ohms.
Duas resistências baixas indicam que
o transistor está em curto. Uma resis-
tência intermediária (entre 10k e 1M),
onde deveria ser lido um valor muito
maior, praticamente infinito, indica um
transistor em curto.
A resistência entre a comporta e
qualquer dos outros demais eletrodos
(dreno e fonte) deve ser sempre muito
alta em qualquer sentido, observe a
figura 10.
Esta elevada resistência, bem
acima dos 10M ohms, deve-se à pre- F11. Conexão usada para o teste dinâmico do
Power-MOSFET, com auxílio do multímetro.
sença do óxido que isola a comporta
do substrato do componente.
Uma resistência anormalmente Fazendo uma ponte com uma chave Conclusão
baixa nesta medida indica um tran- de fendas ou um fio entre o dreno e Com um pouco mais de paciência,
sistor danificado (em curto ou com a comporta do MOSFET, deveremos pode-se ir além no uso do multímetro
fugas). O teste dinâmico também é ter sua condução com o multímetro no teste de IGBTs e Power-MOSFETs.
possível. acusando uma queda de resistência. É possível até determinar algumas
Para isso, temos a configuração Se a resistência não se alterar, de suas características dinâmicas, uti-
mostrada na figura 11 para o caso isso é sinal que o componente está lizando para isso alguns componentes
em que a tensão da bateria interna do com problemas. Para ter cer teza externos adicionais.
multímetro é suficiente para polarizar que seu multímetro é confiável neste Todavia, para os leitores que traba-
a comporta do componente. teste, dadas suas características elé- lham com esses componentes e às vezes
Com as pontas de prova na posi- tricas, tente antes com um MOSFET têm dúvidas se eles estão bons ou não, o
ção indicada, a leitura deverá ser que você sabe que está em bom simples teste de estado que descrevemos
de uma alta resistência inicialmente. estado. pode ser de muita utilidade. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 39


Instrumentação

Osciloscópio:
Pequeno dicionário
de termos técnicos
em inglês
Os usuários dos osciloscópios encontram frequentemente AC: Alternating Current, que em
nos manuais em português e mesmo nos painéis dos próprios português é abreviado por CA (corrente
alternada), significa um sinal que varia
aparelhos, termos técnicos cujos significados podem causar de intensidade de forma repetitiva com
alguns embaraços, principalmente no momento da utilização. o tempo.
Damos, a seguir, alguns termos técnicos comuns com seu AC Coupling: (Acoplamento AC).
significado em português e algumas explicações que julgamos Trata-se de uma forma de acoplamento
importantes. de sinal que bloqueia a componente DC
(contínua de um sinal) de modo que
só sua parte alternada (que varia) seja
observada. Uma tensão de ripple, por
exemplo, pode ser melhor observada
com este recurso.
Accuracy: (Precisão). Refere-se à
maneira como se obtém a indicação
do valor de um sinal, o mais próximo
possível do real.
ADC: Analog-to-Digital: Converter
(Conversor Analógico para Digital).
Trata-se de circuito ou componente que
converte valores analógicos de uma
grandeza em sinais digitais binários.
Acquisition: (Aquisição). É o pro-
cesso de amostragem dos sinais de
uma entrada para sua digitalização.
Aliasing: (Falsificando). Trata-se
da apresentação falsa de um sinal na
tela de um osciloscópio digital pela
velocidade de amostragem insuficiente,
quando se trata de altas frequências.
A velocidade de amostragem é baixa
demais para visualizar o sinal de
entrada.

40 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Instrumentação

Alternate Mode: (Modo alternado). do sinal em que pequenas porções à apresentação das variações do sinal
Trata-se de uma modalidade de ope- de diversos sinais são projetadas ou “slew rate”.
ração em que o osciloscópio logo que simultaneamente de modo que estes Digitizing: (Digitalizando). É o
termina de traçar o sinal de um canal, sinais possam ser observados ao processo segundo o qual um sinal ana-
traça o sinal do outro. mesmo tempo. lógico é convertido em sinais digitais,
Attenuation: (Atenuação). O grau Circuit Loading: (Carga do circuito). representando a amplitude instantânea
de amplitude em que o sinal é redu- É o efeito que a ligação do oscilos- do sinal a cada amostragem.
zido quando passa por um circuito. Por cópio em um circuito tem sobre ele, Division: (Divisão). Marcação da
exemplo, se uma ponta de prova tem “carregando-o” e com isso alterando gratícula do osciloscópio, que permite
uma atenuação x100, isso significa que eventualmente o próprio sinal que será a realização de medidas de amplitude
ela reduz ou atenua a amplitude de um observado. e tempo.
sinal de entrada (tensão, por exemplo) Compensation: (Compensação). Earth Ground: (Terra). É a conexão
em 100 vezes. Trata-se de um ajuste que deve ser que permite desviar para a terra corren-
Automatic Trigger Mode: (Modo feito nas pontas de prova x10 para tes elevadas.
de disparo automático). Trata-se de um compensar os efeitos da capacitância Edge Trigger: (Disparo pela borda).
modo de disparo que faz com que o apresentada pelos circuitos de entrada Neste modo de operação, o disparo
osciloscópio comute automaticamente, do osciloscópio. ocorre quando o osciloscópio detecta
mesmo quando não existem pontos do Coupling: (Acoplamento). É o modo a passagem do sinal por um nível de
sinal que possam ser usados para esta segundo o qual os circuitos são interli- tensão determinado numa dada direção
finalidade (sincronismo). gados. O acoplamento é direto quando (denominado trigger slope).
Auto-set: (Autofixação). Trata-se sua ligação é feita por um condutor, mas Envelope: (Envolvente). Nesta
de uma função em que o osciloscó- pode ser feito através de componentes modalidade de disparo o osciloscópio
pio encontra automaticamente uma como capacitores, transformadores, detecta os pontos de máximo e mínimo
forma de imagem estável, de tamanho etc, caso em que temos acoplamentos de um sinal.
apropriado que possibilite sua melhor capacitivos, indutivo, etc. Equivalent-time Sampling: (Tempo
observação. O auto-set ajusta automa- DC (Direct Current): Ou corrente de amostragem equivalente). Nos osci-
ticamente o número de volts por divisão contínua (CC), em português. Um sinal loscópios digitais a imagem é obtida por
e o tempo por divisão. que não varia de intensidade com o amostragens sucessivas do sinal onde
Average: (Média). Trata-se de uma tempo. os valores instantâneos são convertidos
modalidade de operação em que o osci- DC Coupling: (Acoplamento DC). para a forma digital. No modo ramdom
loscópio faz diversas amostragens de Trata-se de um modo de acoplamento equivalent time (tempo equivalente
um sinal, processando-o e eliminando para os sinais de entrada de um aleatório) o osciloscópio amostra con-
o ruído aparente e depois apresenta osciloscópio que permite observar os tinuidade o sinal, independentemente
um sinal que é a média de todas as sinais alternados (AC) e a componente do sincronismo.
aquisições ou amostragens. contínua (DC). Fall Time: (Tempo de descida). É
Bandwidth: (Faixa passante). Trata- Delay by Time: (Atraso pelo tempo). uma medida que é feita num sinal e que
-se da especificação do ganho em Trata-se de um modo de disparo (trig- é equivalente ao tempo que ocorre entre
função da faixa de frequências em que gering) em que o ponto de disparo o instante em que o sinal tem 90% de
o osciloscópio pode operar. As frequên- da varredura ou aquisição é atrasado sua amplitude máxima e apenas10%
cias superior e inferior desta faixa são em relação a um sinal de disparo de da mesma.
aquelas em que corresponde a 3dB. referência constante do sinal a ser FFT (Fast Fourier Transform): A
Muitos osciloscópios possuem como observado. Transformada de Fourier Rápida é uma
frequência inferior desta faixa de sinais Delay Measurement: (Medida de função que possibilita ao osciloscópio
DC, ou seja, 0. atraso). É a medida do tempo de atraso transformar uma forma de onda de um
Channel: (Canal). Trata-se da entrada entre os pontos de cruzamento por zero display (tomada como amplitude versus
ou seleção de sinais que pode variar e dois sinais. tempo) nas amplitudes das diversas
entre 1 e 4, conforme o equipamento. Delay Time: (Medida de atraso). frequências em que a forma de onda
CRT: (TRC). É o Cathode Ray Tempo que ocorre entre um evento e a pode ser decomposta. Com este proce-
Tube, ou Tubo de Raios Catódicos, em aquisição (ou observação) deste evento. dimento é possível medir a composição
português. É o elemento principal dos Differentiate: (Diferencie). É a harmônica da forma de onda, a sua
osciloscópios tradicionais e consiste capacidade que certos osciloscópios distorção, analisar filtros e identificar
na “válvula” que, através de feixes de possuem de apresentar na tela a fontes de ruídos em circuitos digitais.
elétrons, projeta a imagem dos sinais a forma de onda de um sinal que cor- Focus: (Foco). É o controle do
serem observados numa tela de fósforo. responde à derivada da função corres- osciloscópio que ajusta o tamanho do
Chop Mode: (Modo comutado). pondente ao sinal original. Matemati- ponto de imagem gerado pelo feixe de
Trata-se de um modo de apresentação camente, esta derivada corresponde elétrons, e assim o foco da imagem.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 41


Instrumentação

Frequency: (Frequência). Número Interpolation: (Interpolação). Trata- básicas disponíveis neste caso são a
de vezes em que um ciclo do sinal se -se de um modo de processamento de soma, subtração, divisão, multiplicação
repete em um segundo. Medida de sinal em que o osciloscópio estima as e inversão.
hertz. linhas que unem os pontos de amos- Mean: (Médio). Medida da média
Gated Measurements: (Medidas tragem gerados de modo a projetar a dos valores de amplitude de um sinal
Gatilhadas). Recurso de um oscilos- forma de onda original como uma linha em um ciclo completo.
cópio que possibilita escolher numa contínua. Os osciloscópios trabalham Megasamples per Second: MS/s.
forma de onda as partes que devem com dois tipos de interpolação: linear (Milhões de Amostras por Segundo) é
ser observadas. e sen(x)/x. a quantidade de amostragens que o
Glitch: Trata-se de um erro intermi- LF Rejection: (Rejeição de Baixa osciloscópio faz para projetar um sinal
tente em um circuito. Frequência). Nesta modalidade de em um display.
GPIB (General Purpose Inter- operação o osciloscópio remove as Negative Duty Cycle: (Ciclo Ativo
face Bus): O barramento de interface componentes de baixa frequência de Negativo). Medida de tempo que cor-
de uso geral é um protocolo que um sinal que está sendo observado, responde à relação entre a largura do
possibilita a conexão de diversos evitando que elas atuem sobre o gati- pulso negativo em relação ao período
instrumentos em uma rede sob o lhamento. Os osciloscópios comuns completo de um sinal. Este valor é
controle de um computador. Também rejeitam frequências abaixo de 80 expresso como uma porcentagem.
conhecido como barramento IEEE kHz, quando nesta modalidade de Negative Width: (Largura Negativa).
488, permite a transferência de dados operação. Medida de tempo que corresponde ao
em oito linhas de controle e cinco Logic State Trigger: (Disparo por tempo entre dois pontos de determi-
linhas adicionais. Estado Lógico). Nesta modalidade de nada amplitude de um sinal. Normal-
Graticule: (Gratícula). Grade na tela disparo, ele é feito quando é detectada mente este tempo corresponde a 50%
do osciloscópio que determina os eixos certa combinação de níveis lógicos nos da amplitude.
horizontal e vertical. canais de entrada. Noise Reject: (Rejeição de Ruído).
Hardy Copy: (Cópia impressa). Math: (Matemática). Capacidade A rejeição de ruido é usada para reduzir
Recurso que possibilita a impressão que os osciloscópios digitais mais a sensibilidade do circuito de disparo.
ou cópia em papel da forma de onda avançados possuem de manipular Normal Trigger Mode: (Modo de
observada num osciloscópio. matematicamente um sinal. As funções disparo normal). Nesta modalidade, o
HF Reject: (Rejeição de Alta Frequ-
ência). Este recurso permite a remoção
das componentes de alta frequência do
sinal de disparo. Desta forma, somente
os componentes de baixa frequência
passam para o sistema de disparo para
controlar a aquisição de dados. Este
recurso atenua normalmente sinais
acima de 30 kHz.
Holdoff Trigger: Esta especificação
corresponde ao tempo que ocorre entre
um sinal de disparo e o instante em que
ele pode aceitar um novo sinal para isso.
Este tempo determina a estabilidade
da imagem.
InstaVu Aquisition Mode: Trata-se
de um modo de aquisição de dados
muito rápido que possibilita a amostra-
gem de 400.000 formas de onda por
segundo.
Integrate: (Integrar). Trata-se do
recurso encontrado em alguns osci-
loscópios que permite a visualização
da forma de onda correspondente à
integral da função do sinal principal. A
integral de um sinal possibilita a visuali-
zação da energia e potência envolvidas
neste sinal.

42 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Instrumentação

disparo (ou gatilhamento) é feito quando quência, ou de frequências harmônicas deza analógica (tensão ou corrente) em
o osciloscópio detecta o sinal a ser medidas em graus. um valor digital.
observado com um pulso usado para Positive Duty Cycle: (Ciclo Ativo Real Time Sampling: (Amostragem
esta finalidade. Positivo). Relação entre o tempo de em tempo real). Modalidade em que o
Noise: (Ruído). Tensão indesejável duração da parte (pulso) positiva de osciloscópio é rápido o suficiente para
no sinal que vai ser observado. um sinal e o tempo total (período) do produzir uma imagem em apenas um
Peak: (Pico). É o valor máximo mesmo, expressa na forma de uma ciclo de amostragem.
que uma tensão (Vp) ou corrente (lp) porcentagem. Record Length: (Tempo de Grava-
atinge em um ciclo de um sinal a ser Post Trigger: (Disparo posterior). ção). Número de pontos de uma forma
observado. Parte de uma forma de onda depois do de onda usado para gerar um sinal.
Peak Detect: (Detecção de Pico). disparo que contém informações. Reference Memory: (Memória de
É um modo de aquisição ou operação Pre-trigger: (Disparo anterior). Referência). Nos osciloscópios digitais
em que o osciloscópio apresenta na Parte de uma forma de onda antes do a memória de referência é usada para
tela a forma de onda entre os pontos de instante de disparo que contém infor- armazenar as formas de onda que
máximo e mínimo de um ciclo do sinal mações. podem ser observadas posteriormente
a ser analisado. Probe: (Ponta de Prova). Dispositivo para análise.
Peak-to-Peak: (Pico-a-Pico). É a usado para ligar o osciloscópio ao cir- Rise Time: (Tempo de Subida).
diferença de valores (amplitude) entre cuito em teste. Tempo que decorre entre o instante
os pontos de máximo e de mínimo de Probe Compensation: (Compensa- em que um sinal tem 10% de sua
um sinal. ção da Ponta de Prova). Ajuste usado amplitude máxima e 90% de sua
Peak Detection: (Detecção de para melhorar a resposta de baixa fre- amplitude máxima.
Pico). É um modo de aquisição de quência de uma ponta de prova. RMS: (Root Mean Square). Valor
dados de osciloscópios digitais, que Pulse Trigger: (Disparo por Pulso). médio quadrático de uma forma de onda.
possibilita a visualização dos pontos de Forma de gatilhamento de um oscilos- Run Model: Nesta modalidade de
máximo e de mínimo de um sinal cópio que ocorre quando ele detecta operação, o sinal é apresentado na tela
Phase: (Fase). Medida da diferença um pulso no sinal. antes mesmo de se completar um ciclo
entre pontos de mesma amplitude Quantizing: (Quantificação). Pro- de amostragem. Este modo de opera-
relativa entre dois sinais de mesmo fre- cesso usado para converter uma gran- ção é interessante quando se observa
sinais de frequências muito baixas.
Runt Trigger: O termo”runt” se
refere de maneira popular ao filhote
menor de uma ninhada de animais.
Tecnicamente, para os osciloscópios
trata-se de um pulso muito pequeno
para ser detectado em amostragens
seguidas.
Sample: (Amostra). É o valor do
sinal no processo de amostragem con-
vertido para a forma original.
Sample Interval: (Intervalo de
amostra). É o intervalo entre duas
amostragens sucessivas.
Sampling: (Amostragem). É o pro-
cesso segundo o qual o osciloscópio
mede valores instantâneos da forma de
onda a ser projetada, convertendo-os
para a forma digital.
Screen: (Tela). É a superfície na
qual as imagens das formas de ondas
ou sinais são projetadas.
Setup/Hold: (Fixar e manusear).
Trata-se de uma modalidade de disparo
ou gatilhamento em que o osciloscópio
dispara quando a fonte de dados muda
de estado a partir de um valor fixado, ou
tempo com base em um clock.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 43


Instrumentação

Signal Processing: (Processa-


mento de sinal). Para o caso dos osci-
loscópios, refere-se às funções que
possibilitam trabalhar as formas de
onda capturadas como, por exemplo,
para medidas de sinal, FFTs, integra-
ção, diferenciação, etc.
Single Shop: (Pulso único). Trata-se
de um sinal que acontece apenas um
vez ou um transiente.
Single Sweep: (Varredura única).
Nesta modalidade o sinal é projetado
por uma única varredura.
Slew Rate: (Taxa de Crescimento).
É a velocidade com que a amplitude de
um sinal cresce ou decresce.
Slope: (Inclinação). A direção para
onde tende um ponto da forma de onda.
Sweep: (Varredura). Movimento do
feixe de elétrons na tela de um oscilos-
cópio no sentido de gerar a imagem
correspondente à forma de onda.
Sweep Speed: (Velocidade de
varredura). Velocidade com que se
movimenta na tela o feixe de elétrons
para gerar a imagem de forma de onda
a ser observada.
Time Base: (Base de tempo). Cir-
cuito do osciloscópio que controla a
velocidade da varredura horizontal.
Time Base Accuracy: (Precisão
da Base de tempo). Valor que permite Trigger Holdoff: Controle que existe Para um digitalização com 8 bits, temos
determinar a precisão com que perío- no osciloscópio e que faz com que o 255 níveis possíveis de resolução.
dos e frequências são medidos com um circuito deixe de procurar um nível de Vertical Sensitivy: (Sensibilidade
osciloscópio. disparo após um certo tempo especifi- vertical). É a faixa de valores de ampli-
Time Base Range: (Faixa de Base cado, depois que termina uma forma tude de sinais que podem ser observa-
de tempo). Faixa de valores entre o de onda. dos, normalmente em termos de tensão.
mínimo e máximo alcançados pela base Trigger Level: (Nível de disparo). É Waveform: (Forma de onda). É a
de tempo. a tensão em que o circuito de disparo representação gráfica de um sinal.
Timeout Trigger: (Disparo fora de ou gatilhamento entra em ação. XY Format: (Formato XY). É um
tempo). Modo de operação em que o Vertical Bars Cursors: (Cursores modo de apresentação de formas de
disparo ou gatilhamento ocorre quando da Barra Vertical). São duas barras onda que compara as tensões de duas
o osciloscópio não encontra um pulso verticais que são posicionadas na tela formas de onda, ponto por ponto. Esta
de disparo no sinal, depois de um tempo para que se possa medir o intervalo de modalidade é interessante para se estu-
previsto. tempo entre os pontos de uma forma de dar a relação de fase, ponto a ponto,
Trace: (Traço). Linha traçada pelo onda. Os osciloscópios que possuem entre duas formas de onda.
feixe de elétrons ao gerar a figura na este recurso apresentam de forma YT Format: (Formato YT). É o for-
tela do osciloscópio. numérica o tempo que decorre entre as mato convencional usado pelo oscilos-
Transient: (Transiente). Sinal, nor- posições das barras na forma de onda. cópios em que temos um eixo vertical
malmente de curta duração, que ocorre Vertical Accuracy: (Precisão Ver- (Y) que representa a amplitude da gran-
apenas uma vez. Também denominado tical). É a precisão com que se pode deza analisada, e um eixo horizontal de
“single shot”. medir a amplitude de um sinal obser- tempo (T) que corresponde à varredura.
Trigger: (Gatilho). Circuito que inicia vado. Z-Axis: +(Eixo Z). É uma entrada
a varredura horizontal de um osciloscó- Vertical Resolution: (Resolução de sinal que permite controlar a inten-
pio e que determina o ponto de início vertical). É dada pelo número de bits sidade (ou brilho) do feixe de elétrons
da forma de onda projetada. usados para a amostragem de um sinal. que incide na tela. T

44 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Instrumentação

Definição e Medição
do Erro de Rastreio Francisco Bezerra Filho

C
omo vimos em artigo anterior como seria desejado. Na tabela 1, na etapa de RF. Em consequência disso,
(publicado na revista Eletrônica segunda e terceira coluna, temos um a diferença entre as frequências F1e F2
Total nº 154) sobre receptor hete- exemplo da variação do valor de cada não será exatamente 455 kHz, como
ródino: com sintonia contínua a seção do capacitor variável em função seria previsto.
conversão de frequência era realizada da rotação do seu eixo.
com o auxílio da frequência fornecida A não uniformidade entre as seções Nota
pelo oscilador local. é explicada da seguinte maneira: por O erro de rastreio aparece somente nos
Pelo fato do receptor AM, citado problema de produção, os tamanhos receptores de sintonia contínua, como,
no artigo, cobrir uma faixa contínua das placas, tanto as fixas como as variá- por exemplo, nos receptores de AM e de
de frequência, indo desde 520 a veis, não são iguais. O mesmo acontece FM onde é possível cobrir-se uma ampla
1625 kHz, para conseguir-se sintonizar com a distância entre elas. Em função gama de frequências; já nos receptores
de frequência fixa onde é possível sin-
toda a faixa de frequência tínhamos de disso, a variação da frequência do osci- tonizar-se só uma frequência, o mesmo
variar a sintonia do circuito de entrada, lador local não fica dentro do previsto, não acontece.
ou seja, da etapa de RF e do oscilador o mesmo acontece com a sintonia da
local ao mesmo tempo.
Com esse processo, a diferença
entre a frequência recebida na antena
(F1) e a frequência gerada pelo oscila-
dor local (F2) era sempre constante de
455 kHz, com erro zero (∆F = 0) em
relação ao valor previsto. Para poder-
mos variar a frequência de ambos os
circuitos, devemos variar o valor de um
dos componentes que fazem parte dos
circuitos: a bobina ou o capacitor.
É através da variação do capacitor
que conseguimos o melhor resultado.
Neste caso, é usado um capacitor vari-
ável com duas seções, que, quando
acionado, varia ao mesmo tempo, tanto
a frequência de sintonia da etapa de RF
como a frequência do oscilador local,
conforme é visto na figura 1.
Por problema mecânico, além de
outros problemas que serão vistos
a seguir, quando variamos o eixo do
capacitor variável, o valor de cada
seção não varia unifor memente, F1. Receptor heteródino com capacitor variável duplo,
usado no levantamento do erro de rastreio.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 45


Instrumentação

Só lembrando que: os receptores


com sintonia contínua, do tipo pro-
fissional, muito usados pela Marinha
na recepção de sinais operando em
ondas curtas, empregam capacitores
variáveis com três seções. Duas delas
são usadas na sintonia da etapa de RF,
onde são colocados dois amplificadores
de RF sintonizados com o objetivo de
conseguir-se uma melhor sensibilidade
(*) e uma melhor seletividade (**) no
circuito de entrada, ao passo que a
terceira seção é usada para variar a
frequência do oscilador local. F2. Gráfico do erro de rastreio, válido tanto para receptores
de uso doméstico como para profissionais.
Por outro lado, quanto maior for o
número de seções do capacitor vari-
ável, maior será a probabilidade de Assim, através da variação da erro em torno de 4 kHz, como podemos
haver diferença entre elas, vide tabela bobina e do trimmer, ambos do osci- ver na curva cheia na figura 2 e na
1, colunas 2 e 3. lador local, podemos “trazer” as fre- tabela 2, coluna 5.
Para solucionar o problema, durante quências FB e FD para o valor desejado,
a sua fabricação é usado um processo ajustando o erro de rastreio para zero Como determinar as
especial com objetivo de reduzir essas nestes dois pontos. Por outro lado, nos frequências de ajuste
discrepâncias. As placas (tanto as fixas demais pontos, ou seja, em FA, FC e FE, Como vimos no item anterior, o erro
quanto as variáveis) são confeccionadas o mesmo não acontece. de rastreio era feito em dois pontos: FB e
com materiais especiais, a exemplo do Nestes pontos, o erro pode aumen- FD, mas inicialmente só conhecemos as
cobre, latão, ou bronze. São materiais tar, variando para mais ou para menos frequências posicionadas nos extremos
que apresentam baixo coeficiente de dila- em relação o valor previsto de 455 kHz, da faixa, ou seja, 520 e 1625 kHz, vide
tação, reduzindo, com isso, as diferenças chegando em alguns casos a atingir um figura 2.
entre as seções, como se vê através da
linha pontilhada mostrada na figura 2. 1) Rotação do Eixo do Variável 2) Cva (Antena) 3) Cvo (Oscilador)
Não esquecendo que na maioria 30º 250 pF 247 pF
dos receptores atuais, tanto os de uso 60º 240 pF 242 pF
doméstico como os do tipo profissional, 120º 100 pF 98 pF
ao invés de usar na sintonia um capaci- 180º 65 pF 66 pF
tor variável, no seu lugar são utilizados 270º 39 pF 41 pF
diodos varicaps. Neste caso, podemos 330º 25 pF 23 pF
T1. Erro do capacitor variável em função da rotação do eixo.
minimizar o erro entre as seções redu-
zindo, com isso, o erro de rastreio.
1) Frequência 2) F1 (kHz) Dada 3) F2 (kHz) Medida 4) F2 - F1 = FI 5) Erro (∆F)
Definição dos pontos de cor- FA 520 978 458 kHz +3 kHz
reção do erro de rastreio FB 796 1253 455 kHz 0
A não uniformidade do capacitor FC 1072 1525 453 kHz -2 kHz
variável pode ser corrigida em dois FD 1348 1803 455 kHz 0
pontos, visando obter-se nestes pontos FE 1625 2084 459 kHz +4 kHz
T2. Resumo do erro de rastreio em um receptor heteródino.
um erro de rastreio zero, isso acontece
nas frequências FB e FD, vide figura 2.
No extremo inferior da faixa, isto
* A sensibilidade de um receptor é definida como sendo a capacidade que ele tem de
é, em FB, a correção é feita, variando- receber na antena sinais muito fracos ou débeis, e reproduzi-los no alto-falante com a
-se a posição do núcleo de ferrite da mesma clareza ou fidelidade dos sinais recebidos com alta intensidade. A sensibilidade
bobina do oscilador local; por sua vez, vai depender diretamente do ganho dos circuitos sintonizados, tanto os da etapa de
no extremo superior da faixa, isto é, RF ou de entrada, como os circuitos de FI, além da ação do CAG.
em FD, é feito variando-se o valor do
** A seletividade de um receptor é definida como sendo a capacidade que ele tem de,
trimmer (um pequeno capacitor variável entre os diversos sinais presentes na antena, ou seja, na entrada do receptor, selecionar
(T0), ligado em paralelo com a seção só o sinal desejado e rejeitar os demais. A rejeição dos sinais não desejados depende
do capacitor variável do oscilador local, diretamente da seletividade dos filtros de RF, tanto os da etapa de RF como os de FI.
vide figura 1).

46 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Instrumentação

Para determinar as demais frequên- h) Mudar a frequência do gerador e) Ler no frequencímetro a frequên-
cias desconhecidas, ou seja, FB, FC para FD, isto é, em 1348,75 kHz. cia de operação do oscilador
e FD, devemos proceder da seguinte i) Atuando no capacitor variável, local. Para determinar o erro de
maneira: a frequência FC está posicio- sintonizar o receptor em 1348,75 rastreio neste ponto devemos
nada no centro da faixa em um ponto kHz. aplicar a fórmula (1) vista a
intermediário entre FA e F E , neste j) Ajustar simultaneamente no trimmer seguir.
caso temos a equação 1 apresentada do oscilador local (TO) e da etapa f) Repetir os itens “a”, “b”, “c”, e “d”
abaixo. de RF (TA) de maneira a obter-se para determinar o erro de ras-
Uma vez determinada FC podemos, a máxima leitura na escala do treio nas demais frequências,
a partir dela, calcular a frequência FB, medidor M1 (vide item c). ou seja, FC = 1072,2 kHz e TE =
pois está posicionada agora em um k) Repetir diversas vezes os ajustes 1625 kHz.
ponto intermediário entre FA e FC, veja realizados nos itens “g” e “j”, até O erro de rastreio nos três pontos
equação 2. que o ajuste feito em um ponto vistos acima pode ser determinado pela
Pelo mesmo processo visto na figura não altere o ajuste feito no outro fórmula (1)vista abaixo:
4, podemos determinar FD, que, por sua ponto.
vez, está localizada em um ponto inter- Como podemos observar, nestes F (Gerador ± 455) - F (Oscilador) = 0
mediário entre FC e FE, como mostra a dois pontos, o erro de rastreio foi ajus-
equação 3. tado para zero (∆F = 0) vide tabela 2,
Assim, finalmente temos: coluna 5, e figura 2. Ou seja, será a frequência do gera-
• FA = 520 kHz (extremo inferior) dor mais ou menos 455, subtraída a
• FB = 796,25 kHz (ponto de cali- Procedimento para frequência do oscilador local, sendo
bração inferior) determinar o erro de rastreio ambas as frequências expressas em
• FC = 1072,25 kHz (frequência nas demais frequências kHz em nosso exemplo.
central) a) Ajustar a frequência do gerador Portanto, o erro de rastreio medido
• FD = 1348,75 kHz (ponto de cali- em FA, isto é, 520 kHz, corres- será a diferença em relação a zero, valor
bração superior) pondente ao início da faixa. previsto, como podemos ver em detalhe
• FE = 1625 kHz (extremo superior) b) Conectar um frequencímetro em na figura 2 e na tabela 2, coluna 5.
cima do oscilador local, ponto
Processo de calibração X, através de um capacitor de Comentários finais
a) Injetar um gerador de RF à base acoplamento de baixo valor O erro de rastreio em um receptor
de Q1, ponto Z, vide figura 1(atra- (≈20 pF). com sintonia contínua pode ser melhor
vés de um capacitor de bloqueio c) Ajustar a frequência do gerador observado quando sintonizamos uma
de aproximadamente 100 pF). em 520 kHz. emissora operando próximo às frequ-
b) Ajustar a frequência do gerador d) Atuando no capacitor variável, ências: FA, FC ou FE.
em 455 kHz. sintonizar o receptor na frequ- Nesta região, vamos observar que
c) Ajustar o núcleo de ferrite do ência de 520 kHz até obter-se o som produzido no alto-falante é de
primário e do secundário do a leitura máxima na escala do péssima qualidade, dando a sensação
transformador de FI, de maneira medidor M1 (sempre reduzindo de que a referida emissora está fora
a obter-se a máxima leitura na o nível do gerador). de sintonia. T
escala do medidor M1, vide FI
(sempre reduzindo o nível do
gerador).
d) Mudar a posição do gerador da
base de Q1 para o ponto Y, ou E1. Cáculo
de FC.
seja, na antena.
e) Ajustar a frequência do gerador
em FB, isto é, em 796,25 kHz.
f) Atuando no capacitor variável,
sintonizar o receptor em 796,25
kHz. E2. Cáculo
de FB.
g) Atuar simultaneamente no núcleo
das bobinas do oscilador local e
da etapa de RF, de maneira a
obter-se a máxima leitura na
escola do medidor M 1 (vide
item c). E3. Cáculo
de FD.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 47


Instrumentação

Utilizando o osciloscópio no
diagnóstico e manutenção de
fontes chaveadas

O
O termo “fonte chavea- presente artigo não pretende formador que reduz a tensão alter-
da” ainda soa estranho ou detalhar características e o nada da rede de alimentação para
funcionamento do oscilos- um valor desejado (5 V, 6 V ou 12
desafiador para alguns de cópio, recomendamos aos V por exemplo), diodos retificadores
nossos leitores iniciantes de leitores que ainda não conheçam como (que podem estar configurados de
eletrônica e até mesmo para esse valioso instrumento funciona, que maneiras diferentes como meia-onda,
aqueles que já possuem consultem edições anteriores de revis- onda completa ou em ponte) utilizados
algum tempo de experi- tas da Editora Saber, como por exemplo para eliminar o semiciclo negativo da
ência na área, mas como a Eletrônica Total nº 147, que traz um tensão alternada senoidal proveniente
excelente artigo sobre o funcionamento do transformador, capacitores eletro-
poderemos perceber neste do osciloscópio, bem como a literatura líticos utilizados para a filtragem do
artigo as partes que consti- disponível sobre o assunto. Aproveito a sinal retificado, e componentes de
tuem esse tipo de fonte de oportunidade para incentivar aqueles estabilização da tensão que podem
tensão são semelhantes às que praticam eletrônica e tenham dúvi- ser diodos zeners, reguladores de
das fontes de alimentação das sobre a real valia desse instrumento tensão ou transistores. Podem ainda
lineares, e a partir da ob- a investirem um pouco mais e adquiri- possuir, dependendo da sofisticação,
rem um osciloscópio, o custo-benefício fusíveis de proteção na entrada e
servação do seu funciona- é altíssimo. capacitores cerâmicos de filtro na
mento aprenderemos como Também não iremos esmiuçar a saída.
utilizar o osciloscópio para forma de funcionamento de todos
diagnosticar problemas e os tipos de fontes chaveadas, esse A fonte de alimentação
repará-los, salientando que assunto já foi muito bem exposto em chaveada
uma grande parcela dos algumas revistas Saber Eletrônica Já a fonte de alimentação cha-
recentes, ao contrário iremos mostrar veada pode ter algumas diferentes
defeitos encontrados nos um breve comparativo entre o funcio- configurações, porém com alguma
mais diversos equipamen- namento das fontes de alimentação semelhança entre as finalidades
tos eletrônicos acontecem lineares e as chaveadas. de cada componente. Na figura 2
justamente nesta etapa do apresentamos um tipo relativamente
circuito. A fonte de alimentação simples de fonte chaveada, o primeiro
linear detalhe observado é que os diodos
Como é mostrado na figura 1, retificadores e o capacitor eletrolítico
uma fonte de alimentação linear é de filtragem se encontram antes do
Defferson R. M. das Neves composta basicamente de um trans- primário do transformador, signifi-
Tecnólogo de Automação Industrial e
Técnico de Telecomunicações

F1. Esquema de
uma fonte linear.

48 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Instrumentação

cando que eles estão retificando e fil-


trando diretamente a tensão senoidal
da rede, essa tensão é relativamente
alta e deve ter especial atenção por
parte do reparador.
O próximo componente a ser obser-
vado é o transistor ou MOSFET que
serve como chaveador da tensão que
irá circular pelo primário do transforma-
dor, esse componente recebe o nome
de Chopper. Ele tem sua base (ou gate)
excitada por um circuito PWM, o que
faz com que a tensão que circula pelo
primário do transformador possa ser
“ligada e desligada” fazendo, dessa
forma, com que surja no secundário do
transformador uma tensão proporcional
ao número de espiras e à frequência de
oscilação da tensão do primário.
Muitas fontes chaveadas utilizam F2. Esquema de uma
fonte chaveada.
um circuito integrado dedicado para
produzir o sinal PWM que será apli-
cado ao Chopper, esse mesmo cir-
cuito integrado monitora a tensão de
saída do secundário do transformador
e modifica o sinal conforme a tensão
de saída esteja acima ou abaixo da
amplitude desejada.
Após o secundário do transfor-
mador encontraremos diodos retifi-
cadores, capacitores de filtro e com-
ponentes de estabilização da tensão
(zeners, reguladores de tensão ou
transistores).

O sinal de saída
da fonte chaveada
Normalmente encontramos fontes
chaveadas com mais de um nível de
saída de tensão, como por exemplo
5, 6, 12, 18 volts entre outras, e F3. Fonte chaveada de um
aparelho de DVD.
necessariamente estas saídas devem
ser o mais estabilizadas possível, ou
seja, livres de oscilações. O principal O teste e diagnóstico da envolvidas e à forma de onda. Prefe-
componente para redução da oscila- fonte chaveada rencialmente devemos testar a fontes
ção de saída é o capacitor de filtro, Para demonstrar o teste e diag- chaveadas com uma carga na saída,
comumente um capacitor eletrolítico nóstico utilizaremos a fonte chaveada que, na maioria dos casos, será o pró-
de alto valor, que é também um dos exibida na figura 3, que alimenta um prio equipamento alimentado pela fonte,
componentes que mais apresentam aparelho de DVD doméstico. ainda assim um multímetro comum
defeitos nas fontes chaveadas. O Ao utilizar mos um multímetro pode apresentar uma leitura errônea.
capacitor de filtro é responsável por comum para verificar o nível de tensão Capacitores defeituosos farão com
armazenar energia e liberá-la à carga de uma fonte chaveada, pode acontecer que a saída apresente oscilação de
nos instantes em que os diodos de de o mesmo nos apresentar uma falsa tensão excessiva, que pode superar a
retificação não estão conduzindo, leitura, e acreditarmos que a fonte está tolerância dos componentes do circuito,
fazendo com que a carga não sinta boa quando na verdade não está, isso porém como as frequências dessas
oscilações de tensão. acontece devido às altas frequências oscilações são altas, podem confundir

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 49


Instrumentação

o multímetro que apresentará uma falsa


leitura. Por exemplo, uma fonte chave-
ada de 12 volts que apresente oscilação
de 0,6 volts em sua saída pode fazer
com que circuitos que necessitem dos
12 volts regulados para funcionar, se
portem de maneira incorreta.
Levando em consideração as altas
frequências envolvidas nas etapas
de oscilação das fontes chaveadas,
a melhor maneira de diagnosticar
falhas é utilizando o osciloscópio. Para
testar uma fonte chaveada com um
osciloscópio, primeiramente devemos
realizar o teste usando o acoplamento
DC do instrumento, e verificar o nível
de tensão na saída da fonte sob carga F4. Sinal de saída DC de 12 volts
de uma fonte chaveada.
(figura 4).
Como o osciloscópio estava pre-
viamente configurado para 5 volts por
divisão, alterações na tensão de saída
da ordem de centenas de milivolts até 1
volt não seriam facilmente perceptíveis.
Para resolver este problema podemos
agir de duas formas distintas, a primeira
é configurar o osciloscópio para mostrar
500 milivolts por divisão, isso faria com
que a linha que mostra o nível de tensão
se elevasse tanto que desapareceria
da tela, nesse caso deveríamos agir no
controle de posição vertical para que a
linha voltasse a aparecer na tela (caso
seu instrumento possua essa caracte-
rística) e assim poderíamos observar
alterações no sinal.
No caso ilustrado pela figura 5,
as alterações ultrapassam 1 volt de F5. Oscilação na saída DC de uma fonte chaveada -
osciloscópio com acoplamento DC.
amplitude, o que fatalmente acarretaria
problemas no equipamento. No caso
de tensões da ordem de 24 volts ou
mais, pode acontecer de o instrumento
não conseguir deslocar a linha até
que a mesma apareça novamente na
tela do osciloscópio, nesse caso uma
segunda opção seria mudar o acopla-
mento do osciloscópio para AC, con-
figurar para uma leitura de 1 volt por
divisão e verificar o nível de oscilação
(figura 6). Caso o nível de oscilação
esteja elevado, como por exemplo 0,5
volts em uma saída de 5 volts, ou 0,8
volts em uma saída de 9 ou 12 volts, a
fonte estará com problemas e um dos
principais suspeitos como componente
defeituoso, será o capacitor ou capa-
citores de filtro. T F6. Oscilação na saída DC de uma fonte chaveada
- osciloscópio com acoplamento AC.

50 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Componentes

Perguntas e Respostas mais Frequentes sobre


Componentes Eletrônicos Newton C. Braga Par
te
4

Por que determinados componentes precisam O que são componentes


ser montados em radiadores de calor? polarizados?
A corrente elétrica passando, por qualquer meio que lhe ofereça certa Existem componentes que pos-
resistência, converte o esforço para vencer esta resistência em calor. Se suem um polo positivo e um polo
o calor gerado nesta passagem não for transferido para o meio ambiente, negativo, que precisam ser obser-
a temperatura do meio (qualquer componente) se eleva. Para os compo- vados no momento em que forem
nentes eletrônicos é importante a manutenção numa determinada faixa de utilizados. Se estes componentes
temperatura, o que significa que, se eles geram calor, este calor precisa ser forem invertidos, poderão ocorrer
transferido para o meio ambiente. problemas sérios de funcionamento.
Em componentes de baixa potência, o calor gerado é pouco e pode Normalmente, existe algum tipo de
ser transferido para o meio ambiente (dissipado) a partir de seu próprio identificação dos polos desses com-
invólucro e dos terminais. No entanto, para componentes maiores preci- ponentes que possibilita ao monta-
samos aumentar a superfície de contato com o meio ambiente de modo dor saber como devem ser ligados.
que o calor possa ser transferido para o ar, e isso é conseguido com o Como exemplos podemos indicar:
uso de radiadores ou dissipadores de calor. Isso ocorre com circuitos • Eletrolíticos: existe a marcação
integrados e transistores de potência, além de outros componentes como dos polos no invólucro;
SCRs e TRIACs. • Diodos: um anel indica o catodo.
• LEDs: o terminal mais curto, ou
o lado chanfrado, indica o catodo;
Por que podemos usar um fusível de apenas 500 mA • Transistores: existe uma identifica-
na entrada de uma fonte de 12 V x 2 A? ção do fabricante conforme o tipo;
A potência de um circuito é dada pelo produto tensão x corrente. Assim, • Pilhas e baterias: existe a mar-
se uma fonte de 12 V fornece 2 A, sua potência é de 24 W. Se esta fonte cação dos polos.
for alimentada em 110 V, para fornecer os 24 W, a corrente será de apro-
ximadamente 220 mA, pois 0,22 x 110 = 24,2. Na verdade, será uns 20%
maior, uma vez que existem perdas na forma de calor no transformador e
Quais são as diferenças de
no próprio circuito regulador. Em todo caso, ela não passará dos 300 mA.
características dos LEDs?
Isso significa que um fusível de 500 mA protege perfeitamente esta fonte, Além da corrente máxima de ope-
não queimando com seu funcionamento normal. ração, os LEDs de diferentes cores
podem precisar de tensões mínimas
para acender. De um modo geral,
Fototransistores e fotodiodos são diferentes? temos os seguintes valores:
Quando usar um ou outro? • Vermelho: 1,6 V;
Tanto os fototransistores como os fotodiodos são usados como sensores • Amarelo, laranja: 1,8 V;
de luz modulada ou não, em diversas aplicações. Os fotodiodos são mais • Verde: 2,1 V.
rápidos e mais sensíveis que os fototransistores, sendo usados em aplicações Os LEDs azuis e violetas, que já
que exijam muita velocidade. Já os fototransistores são mais lentos, mas começam a aparecer, precisam de ten-
podem ter a vantagem de já amplificar o sinal recebido, como, por exemplo, sões ainda maiores. Lembramos que
ocorre nos foto-darlingtons. Na maioria das aplicações, os fototransistores são sempre deve ser usada uma tensão
usados com o terminal de base desligado, operando como dois fotodiodos maior que a indicada e um resistor
ligados em oposição. limitador de corrente ligado em série.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 51


Componentes

Transientes em
circuito com
tiristores: Saiba
como eliminá-los
O
A preocupação com os s principais problemas que sientes numa linha de tensão comum,
transientes é cada vez maior, ocorrem com os circuitos que muitos deles gerados por equipamentos
usam tiristores são a geração que possuem tiristores, além de outras
principalmente à medida de transientes de tensão e causas.
em que as tecnologias criam transientes de corrente. Esses tran- As outras causas podem ser a
circuitos integrados mais sientes, como o nome sugere, podem comutação simples por interruptores e
sensíveis a essas variações alcançar valores que chegam a ser chaves de cargas indutivas, ou ainda
curtas de tensão e corrente. dezenas de vezes o valor de pico das descargas elétricas na rede de energia.
Em especial, os circuitos que tensões ou correntes que estão presen- Lembramos que, ao comutar uma
tes no circuito nas condições normais carga indutiva, a tensão que aparece
possuem tiristores (SCRs, de funcionamento. nos seus extremos, e que será aplicada
TRIACs etc.) são grandes Na figura 1 temos um diagrama que à rede em que essa cargas está ligada,
geradores de transientes, mostra a distribuição típica dos tran- é dada por:
cujas características devem
ser conhecidas por todos os
profissionais, que precisam
saber como fazer sua elimi-
nação ou redução de seus
efeitos. Neste artigo, analisa-
mos os tipos de transientes
gerados por circuitos que
possuem tiristores.

Newton C. Braga

F1: Distribuição típica dos transientes


em uma linha de tensão comum.

52 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Componentes

V= -L.di
dt
Onde:
V é a tensão gerada
L é a indutância da carga
di/dt é a velocidade (taxa) de diminuição da
corrente até zero na carga.

Na maioria dos casos, a eliminação


simples das causas dos transientes
não é simples, mas existem diversas
soluções que podem ser adotadas para
se evitar problemas a saber:
• Usar dispositivos supressores.
• Diminuir, com circuitos apropria- F2: Circuito equivalente da fonte de alimen-
tação e forma do pulso do transiente.
dos, a amplitude dos transientes
gerados.
• Verificar a quantidade de pulsos
e a energia que os supressores
podem manusear.
Os dispositivos empregados para
suprimir ou reduzir os transientes são
bem conhecidos dos leitores e já foram
abordados em diversos artigos desta
revista, tais como: diodos zener, varis-
tores, faiscadores, etc. Entretanto, para
que o leitor tenha uma ideia do tipo de
transiente que cada configuração gera,
o que é fundamental para escolher
o supressor ou circuito redutor apro-
priado, vamos dar algumas informações
importantes no próximo item.

Tipos de transientes
A polaridade e a intensidade de um F3: Transiente causado pela comu-
tação de um circuito indutivo.
transiente gerado por um circuito que
possua tiristores (elementos semicon-
dutores comutadores de alta potência
como TRIACs, SCRs, DIACs, SUS
etc.) depende da sua configuração, da
própria carga e da presença de outros
elementos comutadores no circuito.
Analisemos os principais casos que
envolvem circuitos comuns, contendo
além dos tiristores também outros tipos
de cargas indutivas.

Transiente de Transformador
O tipo mais comum de transiente é
o gerado pela comutação de um trans-
formador, cujo enrolamento primário é
altamente indutivo. Na figura 2 temos o
circuito equivalente para uma fonte de
alimentação de onda completa e a forma
do pulso de transiente que aparece. F4: Transiente na comutação da
carga (depois do retificador).

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 53


Componentes

Observe que consideramos o ins-


tante em que a chave é fechada como
sendo o ponto de pico de tensão nega-
tiva da rede de energia.
Esse pulso pode chegar à intensi-
dade de centenas de volts.

Comutação de Circuito Indutivo


A comutação de um circuito indutivo
em paralelo com uma fonte de alimenta-
ção que possua uma carga indutiva pode
levar à geração de um transiente cujas
formas de onda são exibidas na figura 3.
Nesse caso, mostramos o que
acontece quando a chave de alimen-
tação é aberta justamente no ponto
F5: Transiente no circuito do que corresponde ao pico da tensão de
transformador redutor.
alimentação. O transiente gerado nessa
situação é negativo e poderá atingir um
valor muito alto que depende somente
da indutância de L1. Observe que esse
transiente irá aparecer exatamente
sobre os retificadores da ponte.

Transiente na Comutação de Carga


(depois do retificador)
A comutação de uma carga indu-
tiva depois de uma ponte retificadora
também gera um transiente cuja inten-
sidade depende de sua indutância.
Na figura 4 temos o circuito equiva-
lente e as formas de onda, destacando-se
que o transiente de tensão é negativo.
O transiente é gerado quando a
chave comutadora é aberta.

F6: Transiente gerado ao se desligar o enrola- Transiente de Transformador Redutor


mento primário do transformador.
Ao se alimentar um transformador
redutor de tensão, também é gerado
um transiente no circuito alimentado,
conforme ilustra a figura 5.
Nesse caso, temos de considerar a
presença das capacitâncias parasitas
entre os enrolamentos e a indutância
da carga alimentada. Observe que o
transformador é energizado justamente
no momento em que a tensão da rede
atinge seu pico negativo. O pulso de
transiente gerado é negativo, conforme
podemos ver pela mesma figura.

Transientes Gerados ao se Desligar


um Transformador
Na figura 6 temos o circuito equiva-
lente e as formas de onda do transiente
F7: Transiente gerado pela comutação cíclica gerado ao se desligar o enrolamento
do SCR da ponte retificadora.

54 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Componentes

primário de um transformador que ali-


menta uma carga indutiva através de
uma ponte retificadora.
O circuito é desligado exatamente no
momento em que a tensão da rede se
encontra no seu pico positivo. O transiente,
nesse caso, é gerado pela desmagne-
tização do núcleo do transformador e
consiste num pico de tensão positiva. Esse
transiente irá aparecer no secundário do
transformador sobre a ponte retificadora.

Transiente pela Comutação Cíclica


do SCR da Ponte
A comutação dos SCRs que formam
a ponte retificadora gera um transiente
em cada ciclo da tensão de alimenta-
ção; veja exemplo na figura 7.
Esses transientes são gerados pela F8: Transiente de tensão devido à comutação
da carga resistiva num retificador com filtro LC.
recuperação inversa dos SCRs (ou dos
diodos) usados na ponte. Note que a
carga do circuito é indutiva. O transiente de tensão é gerado os circuitos que façam sua redução ou
quando o interruptor é aberto. eliminação. Também é importante saber
Comutação de uma Carga em um a polaridade desses pulsos e a forma
Retificador com Filtro LC Conclusão como eles se manifestam para se poder
Na figura 8 mostramos o que ocorre Conhecendo a polaridade e a forma diagnosticar sua origem pelas formas
quando uma carga resistiva é comutada como os pulsos de transientes são de onda da tensão em um circuito,
depois de uma fonte com filtro LC. gerados, torna-se mais fácil projetar analisadas com um osciloscópio. T

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 55


Componentes

Conheça o SIDAC
(Silicon Diode for Alternating Current)
Conheça esse dispositivo semicondutor da família dos ti-
ristores que encontra aplicações importantes nos circuitos de
potência alimentados por correntes alternadas. Com caracte-
rísticas que lembram o DIAC, os SIDACs podem ser utilizados
com vantagens que o projetista precisa entender. Neste artigo
descrevemos um pouco desse componente sobre o qual
poucos já ouviram falar. Newton C. Braga

O
SIDAC é um diodo (D) de silício um certo valor V(BO), ele se encontra
(Si) indicado para aplicações bloqueado.
em circuitos de corrente alter- Se a tensão ultrapassar esse valor,
nada (AC). É justamente isso o dispositivo conduz e a tensão entre
que o acrônimo para Silicon Diode seus terminais cai para o valor de con-
for Alternating Current indica. Esse dução direta VTM, da ordem de 1,1 V. A
dispositivo possui uma característica corrente que ele pode conduzir nesse
de disparo semelhante à dos DIACs, estado pode chegar a 10 A para pulsos
mas com a capacidade de operar com curtos (10 µs, 1 kHz de frequência de
tensões e correntes muito maiores. Na repetição).
figura 1 temos a curva característica Uma vez disparado, o dispositivo
desse componente. permanece nessa condição até que as
O SIDAC é um componente bilate- condições de manutenção sejam ultra-
ral conforme podemos observar pelas passadas, ou seja, até que a corrente
curvas, o que certamente o torna caia abaixo de certo valor ou a tensão
apropriado para aplicações em corrente aplicada também caia além de um certo
alternada (AC). Quando a tensão entre valor. Para SIDACs típicos, como os
os terminais do SIDAC está abaixo de fabricados pela ON ou NTE, as tensões

F1. O símbolo do SIDAC e F2. Aplicação do SIDAC para aumentar a


sua curva característica. vida útil de uma lâmpada incandescente.

56 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2012


Componentes

de ruptura podem ir de 45 a 250 V com


correntes eficazes na faixa de 1 a 10 A.
Como eles podem conduzir corren-
tes intensas no disparo, são dispositi-
vos ideais para o controle de tiristores
(TRIACs e SCRs) de pequena sensibi-
lidade em circuitos de potência. Dentre
as aplicações mais importantes indi-
cadas para os SIDACs, podemos citar:
• Protetores de sobretensão;
• Flashers de xenônio;
• Osciladores de Relaxação;
• Starters de lâmpadas de vapor F3. Parte do semiciclo de tensão F4. Filtro para redução de EMI gerada
aplicado à lâmpada é cortada. pela comutação rápida do SIDAC.
de sódio;
• Ignição de sistemas que usam
gás natural ou óleo; não sejam mais muito utilizadas em O dispositivo é ligado em série com
• Fontes de alimentação de alta tensão. iluminação doméstica, existem equi- a lâmpada e sua finalidade é diminuir
pamentos de diversos tipos como, por a tensão RMS aplicada ao filamento,
Aplicações práticas exemplo, pequenas estufas e secadores e assim aumentar a durabilidade da
A ON Semiconductor, em um de que fazem uso deste tipo de dispositivo. lâmpada. Também deve-se considerar
seus application notes – (AND8015/D) Um caso importante que é consi- que uma leve redução da tensão RMS
- apresenta uma aplicação prá- derado ao se empregar esse circuito, aplicada à lâmpada reduz o consumo
tica interessante para o seu SIDAC é que em lugares de difícil acesso, de energia.
MKP1V120RL. Conforme mostra a principalmente instalações externas, o Segundo se afirma, a durabilidade
figura 2, esse componente pode ser custo e o trabalho de troca da lâmpada da lâmpada pode ser aumentada entre
usado para estender a vida útil de lâm- em caso de queima são significativos, 1,5 e 5 vezes, dependendo do tipo e
padas incandescentes comuns. Embora devendo, então ser pensado o prolon- potência. Nessa aplicação, como o
as lâmpadas incandescentes comuns gamento de sua vida útil. SIDAC comuta apenas com uma certa

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2012 57


Componentes

tensão, parte do semiciclo aplicado à


lâmpada é cortado conforme ilustra a
figura 3. Esse corte, diferentemente do
que ocorreria com um redutor resistivo,
não consome energia.
O ângulo de condução (utilizando-
-se um SIDAC para 120 V) pode ficar
entre 110 e 130 graus, correspondendo
à reduções de potência de 10 a 30%.

EMI
Deve-se observar que a comutação
rápida de um SIDAC faz com que esse F5. Circuito de um Flasher Néon
utilizando um SIDAC.
dispositivo gere interferência eletromag-
nética. No caso prático de um circuito
como o que apresentamos, essa inter-
ferência vai aparecer principalmente em
rádios AM que sejam ligados próximos
da lâmpada. Um filtro para redução
desse ruído é exibido na figura 4.
Será importante que a frequência
de ressonância do circuito fique acima
do limite audível para que ele não gere
ruídos audíveis, quando em funciona-
mento. Na escolha do SIDAC para uma
determinada lâmpada deve-se levar
em conta o pico de corrente que ocorre
quando ela é ligada, em que o filamento
se encontra frio (com menor resistência).
F6. Circuito de ignição de gás utilizando
um oscilador de relaxação com SIDAC.
Outros circuitos
Na figura 5 temos o circuito de um
Flasher Néon utilizando um SIDAC, da nentes. Veja que os valores máximos e
Teccor. Essa empresa fabrica SIDACs mínimos de R são críticos, dependendo,
de 79 a 330 V para aplicações como basicamente, da tensão de entrada e
essa, e seu endereço na Internet é for- das tensões de disparo e manutenção
necido no final do artigo. Esse circuito do SIDAC, além das correntes envolvi-
nada mais é do que um oscilador de das. Observe também que a forma de
relaxação onde a frequência depende onda desse circuito é “dente de serra”,
do resistor de carga do capacitor junto mas com uma subida exponencial da
ao SIDAC. tensão dada pela carga do capacitor C.
O resistor de 20 MΩ pode ter seu
valor alterado em função da aplicação. Conclusão
O transformador utilizado é do tipo de Os SIDACs são comutadores rápi-
pulso (de 4 kV) para disparo de lâmpa- dos com características próximas dos
das comuns de xenônio. Na figura 6 DIACs, e lembram um pouco as lâmpa-
aparece um circuito de ignição de gás das néon. No entanto, sua capacidade
do tipo encontrado em fogões a gás de operar com tensões e correntes
comuns, gerando alta tensão a partir elevadas, permite que eles sejam utili-
de um oscilador de relaxação com um zados em circuitos diretamente ligados
SIDAC. Esse circuito também é suge- à rede de energia. Um novo leque de
rido pela Teccor. possibilidades se abre para os projetis-
Na figura 7 é ilustrado o circuito tas, principalmente de eletroeletrônicos
do oscilador de relaxação típico com de potência ligados à rede, utilizando
SIDAC, com as fórmulas que permitem esse novo componente da família dos F7. Circuito do oscilador com SIDAC, curvas,
e fórmulas para calcular os componentes.
calcular os valores dos seus compo- semicondutores. T

58 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2012


Microcontroladores

Controlando brinquedos com


Microcontroladores PIC
Utilizar os princípios da engenharia reversa é uma ótima ma-
neira de descobrir como dispositivos, máquinas e equipamentos,
eletrônicos ou não, funcionam. O objetivo do artigo que aqui
se inicia é, através da desmontagem e análise das partes de um
brinquedo eletrônico, conhecer os componentes e o funciona-
mento do circuito de controle do mesmo e, assim, modificar seu Defferson Rodrigues Martins das Neves
funcionamento. deffersonr@yahoo.com.br

A
técnica de “engenharia reversa” de um microcontrolador PIC previa- de controle remoto comum, adquirido
é ampla e mundialmente difun- mente programado. em um bazar beneficente por um ótimo
dida no meio da pesquisa, “Como observação destacamos que preço, porém, sem o controle remoto.
projeto e desenvolvimento o trabalho que iremos iniciar fará uso Você verá no decorrer do artigo que
de produtos. Todos os tipos de indús- de microcontroladores e sua progra- a maioria dos carrinhos de controle
trias alguma vez já se utilizaram de mação, não vamos nos ater às técnicas remoto existentes no mercado nacional
seus benefícios. O termo “engenharia de gravação ou ao funcionamento dos atenderá nossas necessidades.
reversa” se reveste de um complexo mesmos, presume-se que os leitores O primeiro passo será desmontar
significado, mas basicamente podemos que se proponham a desenvolver as o carrinho (figura 2), de forma que
dizer que, a engenharia reversa con- seguintes tarefas tenham conhecimento possamos ter acesso à placa de cir-
siste em desmontar uma máquina para suficiente em gravação e funciona- cuito impresso com os componentes
descobrir como ela funciona. mento dos PICs, porém para os que conforme mostra a figura 3.
É bem provável que nossos leitores ainda não chegaram lá as revistas da Com o acesso a parte interna do
tenham iniciado seus “estudos” na área Editora Saber (Eletrônica Total, Saber carrinho já podemos iniciar o processo
da eletrônica justamente com a enge- Eletrônica e Mecatrônica Fácil) já publi- de análise do circuito e do funciona-
nharia reversa. Quem nunca desmontou caram diversos artigos que satisfazem mento mecânico. De imediato podemos
um carrinho, um robô de brinquedo, um esse objetivo, recomendamos que o verificar que existem dois motores no
pequeno liquidificador, um radinho de leitor entre em contato com o depar- interior do compartimento, um que faz
pilhas, ou coisas parecidas, simples- tamento de marketing da editora para o carrinho andar para a frente e para
mente pelo prazer de ver como funcio- verificar quais números adquirir.” trás e outro que faz as rodas da frente
nam, ou ainda retirou um “motorzinho” Nesse ponto podemos expor um virarem para a direita e para a esquerda.
ou aquele alto-falante? Quem poderia objetivo secundário do artigo, que é ofe- Seguindo os fios que estão conectados
imaginar que, nesse momento, estava recer mais uma opção aos interessados nos dois motores descobriremos que
realizando não mais que a tal “enge- em montar dispositivos microcontrola- eles estão ligados à placa de circuito
nharia reversa”? dos, mas que não possuem intimidade impresso, e estudando um pouco a
A técnica da engenharia reversa é suficiente com montagens mecânicas. placa identificaremos que os motores
muito poderosa, e aliada à consulta a O artigo demonstrará que é possível estão, na verdade, conectados a duas
bons livros, anotações, informações utilizar em seus projetos, partes que já pontes H formadas por transistores.
da internet e datasheets, pode elevar estejam montadas, agregando a elas O motor de direção está conectado a
o nível de conhecimento a altos pata- a eletrônica conseguindo, assim, um transistores de baixa potência do tipo
mares. excelente resultado final. BC548/558, já o motor de tração, que
Vamos propor neste artigo a des- Pois bem, sigamos adiante. O car- movimenta o carrinho para trás e para
montagem de um carrinho de controle rinho utilizado em nossa engenharia frente está conectado a transistores
remoto, descobrir o seu funcionamento reversa será o da figura 1, não há de média potência como os do tipo
e inserir inteligência ao mesmo através nada de especial nele, é um carrinho BD135/136.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 59


Microcontroladores

Essas informações já nos revelam


muita coisa sobre o funcionamento, já
sabemos que ambos os motores são
ligados a pontes H, que é uma forma
muito comum de controlar motores de
corrente contínua, como é do conhe-
cimento de muitos de nossos leitores
(figura 4).
Para os que não sabem o que é
uma ponte H, ou como funciona, as
revistas da Editora Saber já publica-
ram vários artigos relacionados ao
assunto e o livro “Eletrônica Básica
para a Mecatrônica”, da mesma editora,
traz um capítulo completo a respeito.
Essas configurações são encontradas
na grande maioria dos carrinhos a
F1. Carrinho de contro- controle remoto.
le remoto comum.
Continuando nossa análise do cir-
cuito, encontramos na placa o circuito
integrado RX2C (figura 5).
Com uma rápida busca em sites de
datasheets, descobriremos que existe
um par de circuitos integrados - RX2/
TX2 - que funcionam de forma comple-
mentar (figura 6), um gerando sinais
através de comandos de entrada, e
o outro decodificando esses sinais e
transformando-os em comandos de
saída.
Após uma bela “olhada” no data-
sheet dos componentes, o que pode-
mos concluir? Que o TX2 funciona
do seguinte modo: um pulso negativo
(verifique no datasheet) em um dos
pinos 1, 4, 5, 6 ou 14, fará com que
F2. Desmontando na saída, pino 8, apareça um trem
o carrinho.
de pulsos correspondente. Já o RX2,
que é o que nos interessa, funciona de
maneira exatamente inversa, recebe
um trem de pulsos em sua entrada,
pino 3, e aciona a saída correspon-
dente a esse trem de pulsos, pinos
6, 7, 10, 11 ou 12 (direita, esquerda,
para trás, para frente e turbo, respec-
tivamente). Estes CIs são utilizados
em praticamente todos os brinquedos
que utilizam a configuração de controle
remoto comum e o datasheet dos
componentes apresenta propostas
de implementações interessantes,
realizando as conexões entre ambos
os componentes via RF, IR ou cabo.
Levantamos então mais uma impor-
tantíssima informação, já sabemos qual
F3. Placa de circuito de pino do RX2 controla qual função do
controle do carrinho.

60 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Microcontroladores

F4. Quatro transistores de média potência formando uma F5 - CI RX2. controle remoto
ponte H e mais quatro de pequena potência ao fundo. com 5 funções.

nosso carrinho, isso significa que, se


retirarmos o CI do circuito e o substi-
tuirmos por um novo componente que
forneça os sinais nos pinos correspon-
dentes poderemos controlar nosso car-
rinho de uma forma diferente da prevista
inicialmente, vamos então para a parte
seguinte da nossa engenharia reversa,
substituir o RX2 por um microcontrola-
dor PIC e programar o mesmo para que
o carrinho faça exatamente aquilo que
quisermos, adicionando assim “inteli-
gência” em nosso brinquedo.
O carrinho possui ainda a etapa
de radiofrequência, que recebe o sinal
de rádio do controle remoto, amplifica
esse sinal e oferece ao CI RX2, porém
para nosso projeto não nos interessa
no momento.
Nosso microcontrolador PIC terá
uma tarefa simples: gerar os sinais
necessários para que o carrinho se
mova para trás, para a frente e faça
curvas sem a necessidade do controle
remoto. Para isso iremos utilizar um
programa (disponível para download
no portal: http://sabereletronica.com.
br/paginas/index/downloads_ele-
tronica_total), que faz simplesmente
isso, aciona os pinos do PORTB do PIC
16F84 de forma que cada um dos 4 bits
menos significativos do PORTB seja
responsável por um comando (nosso
carrinho não possuía o comando turbo). F6. Funcionamento do
par de CIs TX2/RX2.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 61


Microcontroladores

F7. Diagrama esquemático do circuito F8. Circuito de controle microcontrolado


de controle com microcontrolador. montado em uma placa universal.

O programa está bem comentado, do PORTB0, PORTB1, PORTB2 e


explicando o que cada instrução ou PORTB3 do PIC saem fios que são
bloco realiza, o mesmo pode ser alte- ligados respectivamente onde estavam
rado para que o carro execute qualquer os pinos 6, 7, 10 e 11 do RX2 que foi
manobra, no entanto o leitor deve ficar retirado da placa (figura 9), são esses
atento para não “setar”, ou seja, não os fios que levarão os sinais gerados
colocar o valor “1” nos bits que corres- pelo PIC para a placa de controle do
pondam a “para trás” e “para frente” ou carrinho, substituindo assim o CI RX2.
“direita” e “esquerda”, ao mesmo tempo, Na figura 10 pode-se verificar o
isso fará com que o carrinho não exe- resultado final da montagem, lem-
cute nenhuma ação e poderá inclusive brando que o leitor poderá decidir a
curto- circuitar os transistores da ponte melhor forma de fixar a placa com o PIC
H, danificando os mesmos. no carrinho. Caso você queira verificar o
Montaremos o circuito da figura 7, carrinho em funcionamento acesse os
que é o circuito mais simples para fazer links: http://migre.me/e2Yhl ou http://
um PIC funcionar. A montagem desse migre.me/e2YiO. Você verá o carrinho F9. Fios que vêm da placa do microcontro-
lador, soldados onde estava o CI RX2.
circuito foi realizada em uma placa de se movendo com o programa que foi
circuito impresso universal (figura 8), fornecido gravado no PIC, altere da
mas nada impede que os leitores mais forma que quiser.
experientes confeccionem suas pró- Nossa engenharia reversa está
prias placas, sempre atentando que o terminada, os objetivos foram alcan-
ideal para o microcontrolador é que seja çados, descobrimos como funciona
utilizado um soquete, já que o mesmo mecânica e eletricamente um carrinho
será retirado do circuito por diversas a controle remoto, aprendemos como
vezes para gravação. funcionam os CIs mais comuns utiliza-
Essa placa será fixada no carrinho dos nesses brinquedos e ainda dota-
da maneira que o leitor ache melhor. mos nosso brinquedo de “inteligência”
O circuito será alimentado pelos 6 V através de um microcontrolador PIC.
provenientes das 4 pilhas do carrinho, Esse é sem dúvida um excelente
por isso foi acrescentado um diodo método para aprender mais, não só
1N4001 em série com a fonte para sobre eletrônica, mas também sobre
que haja uma queda de 0,7 volts no uma infinidade de coisas, utilizem-se
diodo, e o PIC seja alimentado com dele sempre que possível, boas expe-
aproximadamente 5,3 V. Dos pinos riências a todos e até a próxima. T F10. Resultado final
da montagem.

62 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


Montagem

Detector de Nível
D
O circuito que ora apre- escrevemos um circuito bas- o circuito em automatismos diversos
sentamos serve para indi- tante simples, porém eficiente com acionamento por nível de água.
e sensível, que aciona uma Lembramos apenas que o controle
car o contato de água (ou cigarra ou uma lâmpada incan- usado é de meia onda, devendo ser
umidade) em um sensor, descente comum de até 100 watts prevista uma ponte retificadora caso ele
fazendo tocar uma cigarra quando o sensor X1 entra em contato necessite ser de onda completa.
ou acendendo uma lâmpa- com a umidade ou diretamente com a
da. As aplicações possíveis água. Características
são muitas, tais como in- O sensor pode ser colocado em • Tensão de alimentação: 110/220
locais ameaçados por enchentes ou VCA.
formar quando o nível de inundações como, por exemplo, um • Carga máxima: 100 watts, ou
água de um reservatório porão ou uma garagem, ou ainda conforme o SCR.
atinge um determinado em lugares em que a água deva ser • Corrente em repouso: 1mA ou
ponto, avisar da ocorrência detectada (exemplo: reservatório ou menor.
do transbordamento de barragem).
uma caixa d’água ou reser- Na condição de espera com a carga Como funciona
desativada, a corrente drenada pelo O sensor consiste de dois fios com
vatório, acionar um alarme circuito é extremamente baixa, o que as pontas desencapadas e posiciona-
contra inundações, ou ainda significa que não há praticamente con- dos paralelamente (aproximadamente 5
detectar vazamentos, etc. sumo de energia. cm das pontas devem ser descascados
Com adaptações, pode O único cuidado que deve ser levado para melhor funcionamento).
ser acionado um relé para em consideração é que, como o circuito Em contato com a água, circula
ativar algum tipo de auto- não é isolado da rede de energia, tanto entre eles uma pequena corrente que,
o sensor quanto a sua fiação devem no entanto, é suficiente para disparar
matismo como, por exem- ficar em local protegido contra toques um SCR do tipo TIC106 ou equivalente,
plo, uma bomba d’água, acidentais, e o sistema monitorado de grande sensibilidade.
ampliando a possibilidade precisa ser protegido (ou aterrado) para A carga deste SCR pode ser uma
de uso deste circuito. evitar a ocorrência do mesmo tipo de lâmpada incandescente comum para o
problema. caso de um aviso luminoso, ou mesmo
A possibilidade de controlar uma uma cigarra, caso em que um diodo de
Newton C. Braga carga de alta potência é importante, proteção deve ser incluído no projeto
ainda, para o leitor que pode utilizar conforme indicado no diagrama.

F1. Diagrama do detector. Ver texto


para montagem do sensor e D1.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 63


Montagem

R1 e R2 limitam a corrente do sensor O fio de alimentação também pode


enquanto que R2 polariza o catodo do ser longo, mas deve-se tomar cuidado
SCR de modo a evitar seu disparo com seu isolamento. Um fusível de
errático. proteção de 5 A em série com a alimen-
A sensibilidade do circuito depen- tação será conveniente.
derá basicamente de quanto das pontas
dos fios do sensor pode entrar em con- Prova e uso
tato com a água. Para provar, basta ligar o aparelho
na rede de energia e conectar uma lâm-
Montagem pada comum como carga. Introduzindo
Na figura 1, temos o diagrama o sensor em um copo com água deverá
completo do aparelho. A disposição dos ocorrer o disparo do circuito.
componentes em uma pequena placa Para detectar vazamento e chuva,
de circuito impresso é apresentada na o sensor deve ser alterado: duas
figura 2. pequenas telas de arame separadas
Se a carga alimentada tiver mais de por um pedaço de tecido poroso seco.
40 W, o SCR deve ser dotado de um Um pouco de sal no tecido aumenta a
radiador de calor. sensibilidade.
O SCR deve ter sufixo B se a rede Para este sensor, sempre que
de energia for de 110 V, ou sufixo D se houver o disparo para rearmar, o tecido
a rede for de 220 V. deverá ser trocado por um que esteja
Os resistores são de 1/8 W ou seco. T
maiores, e o sensor é formado por dois
pedaços de fio rígido comum com, pelo Lista de Materiais
menos, 5 cm de suas pontas descas- Semicondutores:
cadas e montados de modo a ficarem SCR – TIC106B ou D, conforme a rede
afastados um do outro de 3 cm a 5 cm. de energia – ver texto.
Duas placas metálicas de 10 cm x 10 Resistores: (1/4 W, 5%)
cm também podem ser usadas como R1, R3 – 47 kΩ
R2 – 10 kΩ
sensores.
Diversos:
O fio de ligação ao sensor pode
X1 – Sensor – ver texto.
ser longo, com até uns 20 metros de X2 – Lâmpada de 25 a 100 W
comprimento. No entanto, acima disso, X3 – Cigarra/diodo 1N4007
será preciso acrescentar um trimpot de Placa de circuito impresso, cabo de ali-
100 kΩ ao circuito em lugar de R2 para mentação, caixa para montagem, radia-
dor de calor para SCR, fios, solda, etc.
se fazer o ajuste de sensibilidade, pois
pode acorrer o disparo errático.

F2. Placa de circuito impresso


do detector.

64 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


6
9
Educação 3*,1
+

Sistemas
Embutidos
O
Uma palavra muito usada IEEE (Instituto de Engenharia de data, tempo para cálculos, etc.,
atualmente quando se fala Elétrica e Eletrônica dos Esta- possui certamente um sistema eletrô-
dos Unidos) define “embed- nico embutido ou “embedded”.
em eletrônica é “embedded”. ded” como todo e qualquer Assim, o seu forno de micro-ondas
A tradução mais apropriada circuito eletrônico que faça parte de um que tem um calendário e um relógio,
seria “embutido” e se refere sistema mais amplo que ele controla, que aceita programações de tempo e
a uma tecnologia que está monitora ou dá assistência. realiza funções “inteligentes” como, por
ocupando um espaço muito O nome “embedded” vem do fato de exemplo, associar o tipo de alimento
importante na eletrônica que o circuito eletrônico faz parte inte- a ser cozido com o tempo necessário
gral do sistema, ou seja, está embutido a isso, certamente possui um circuito
de consumo. O que são os como parte atuante dele. eletrônico embutido.
dispositivos “embedded” ou Assim, quando nos referimos aos
“embutidos”, é o assunto que circuitos eletrônicos que fazem parte Como funcionam
abordaremos neste artigo. de uma máquina de lavar roupa, pois A implementação de funções inte-
controlam e monitoram seu funcio- ligentes em um eletrodoméstico ou
namento, estes circuitos fazem parte outro tipo de aplicativo de uso domés-
Newton C. Braga integrante dela, e, portanto, estão tico ou embarcado, parte do próprio
“embutidos” na sua estrutura. fabricante que tem diversas opções
Atualmente, temos a possibilidade para esta finalidade.
de monitorar ou controlar pratica- Podem ser usados microcontrola-
mente qualquer tipo de eletrodomés- dores, microprocessadores ou ainda
tico ou eletrônico, ou ainda disposi- DSPs. Observe a figura 2.
tivo mecânico de um carro, barco ou No caso dos microcontroladores, o
avião com a utilização de circuitos que o aplicativo vai fazer, depende do
eletrônicos sofisticados como os programa gravado em sua memória
microprocessadores, microcontrola-
dores e DSPs. Desse modo, a “eletrô-
nica embutida” está se tornando um
ramo importante desta ciência, com
tendência a se separar dos demais
ramos de forma mais acentuada, tal
como hoje já ocorre com a informá-
tica, telecomunicações, instrumen-
tação que se tornara praticamente
disciplinas independentes dentro da
eletrônica, conforme sugere o dia-
grama da figura 1.
Basicamente, um eletrodoméstico
ou equipamento eletrônico que seja
alimentado por eletricidade, que tenha
qualquer tipo de elemento que o torne
“inteligente”, e ainda processe funções F1. Os principais setores da Eletrônica
convergem para a eletrônica “embutida”.

ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013 65


6 *3,1
+ Educação

(interna e/ ou externa) e da presença Nela, temos um exemplo de aplica- • Sistemas de comunicação;


de sensores e interfaces apropriados. ção dos mais comuns em nossos dias, • Copiadoras;
No caso dos microprocessadores que é no controle de uma máquina de • Portões eletrônicos
ocorre o mesmo com um pouco mais lavar roupas. • Elevadores;
de elementos externos, uma vez que Pelo teclado entram as informa- • GPS;
o interfaceamento entre eles e os ções que o usuário deve passar para • Sistemas de aquecimento;
dispositivos sensores ou atuadores a máquina, tais como o tipo de roupa • Escadas rolantes e esteiras;
exige uma eletrônica um pouco mais a ser levada, a quantidade e as ope- • Telefones e celulares;
complexa. rações desejadas. • Robôs;
Finalmente, no caso dos DSPs Pelos sensores entram as infor- • Entre muitos outros.
(Processadores de Sinais Digitais), os mações que o sistema precisa para
sinais analógicos dos sensores são executar a tarefa programada como, Conclusão
levados a uma forma digital e depois por exemplo, a temperatura e o nível Muitos sistemas “embedded” estão
trabalhados por um programa que da água. se tornando cada vez mais sofisticados
atua em sua função, fornecendo os No programa temos a associação com a criação de novos componentes
sinais analógicos para controle dos dessas informações que levam à atua- inteligentes, que permitem que uma
dispositivos externos, de acordo com ção dos diversos dispositivos externos, nova tendência da eletrônica seja
o diagrama da figura 3. tais como a abertura da válvula de implantada: a possibilidade de aplica-
O melhor tipo de solução para água para encher até o nível desejado, tivos eletrônicos se comunicarem entre
embutir em um equipamento qualquer, o aquecedor, o sistema de agitação da si e com o usuário.
depende de diversos fatores. Os DSPs água, o controle de tempo, etc. Assim, é uma realidade hoje a
podem ser melhores que os microcon- existência de chips “inteligentes” para
troladores em algumas aplicações que Exemplos de sistemas serem usados em aplicações embuti-
envolvam, principalmente, velocidade embutidos das que possuam recursos de acesso
como, por exemplo, o processamento Uma quantidade enorme de equi- à Internet.
de muitas informações simultâneas pamentos de uso doméstico utiliza hoje De forma irônica, perguntávamos
em tempo real, mas os microcon- dispositivos eletrônicos complexos de porque alguém gostaria de mandar
troladores podem ser uma solução controle, embutidos. Uma lista destes um e-mail para a sua geladeira. A
mais econômica para as aplicações dispositivos mostra onde os sistemas possibilidade de um eletrodoméstico
em que a velocidade não é um fator “embedded” estão presentes: ser conectado à internet tem algumas
importante. • Cartões de acesso; aplicações interessantes.
O que todos os circuitos embu- • Sistemas e aparelhos de ar con- Se o seu forno de micro-ondas tiver
tidos fazem, entretanto, é a mesma dicionado; uma conexão à internet, você poderá,
coisa: funcionam como “cérebro” de • Alarmes; ao sair do escritório, enviar um “e-mail”
equipamentos eletroeletrônicos ou de • Fábricas automatizadas; ao seu forno avisando que vai chegar
eletrônica embarcada, controlando o • Caixas automáticos; às tantas horas, e alguns minutos antes
funcionamento a partir de comandos • Automóveis; ele ligará automaticamente, de modo
do usuário ou de informações de • Leitores de códigos de barra; que você encontre seu jantar aquecido
sensores, conforme sugere a figura 4. • Controles de estacionamentos; ao chegar. T

F2. Sistema embutido em uma F3. Usando F4. Eletrônica embutida em


máquina de lavar roupas. um DSP. uma máquina de lavar.

66 ELETRÔNICA TOTAL - Nº 156 / 2013


erro.indd 48 22/04/2013 12:27:27
erro.indd 48 22/04/2013 12:13:13

Você também pode gostar