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RESUMO
O treinamento de força combinado com restrição do fluxo sanguíneo, também conhecido como
treinamento KAATSU, é um método de treino desenvolvido com a finalidade de aumentar a massa
muscular e força com a utilização de baixa intensidade no exercício. Portanto, o objetivo do presente
estudo foi realizar uma breve revisão de literatura cientifica quanto aos efeitos do treinamento de
força associado à restrição do fluxo sanguíneo com baixa intensidade na performance neuromuscular.
Foram selecionados, dentre os artigos nacionais e internacionais, aqueles publicados entre os anos
de 2000 e 2014. O método de treino com restrição de fluxo sanguíneo parece afetar no desempenho
da força muscular e hipertrofia observado na maioria dos estudos, sendo este método realizado mais
comumente com pressão variando entre 110 até 160 mmHg e intensidades entre 20% e 30% de 1RM
concêntrico. Assim, os protocolos do treinamento de força com restrição do fluxo sanguíneo dos
sujeitos avaliados podem influenciar na performance neuromuscular.
ABSTRACT
The training combined force restriction of blood flow also known as KAATSU training, training is
a method developed for the purpose of increasing muscle mass and strength with the use of low
intensity exercising. Therefore, the aim of this study was a brief scientific literature review on the
effects of strength training associated with blood flow restriction with low intensity of neuromuscular
performance. Were selected from the national and international papers, those published between
2000 and 2014. The training method with blood flow restriction seems to affect the performance
of muscular strength and hypertrophy observed in most studies, this method being performed most
commonly with a pressure ranging from 110 to 160 mmHg and intensities between 20% and 30%
1RM concentric. Thus, strength training protocols with restriction of blood flow of the subjects may
influence the neuromuscular performance.
1 INTRODUÇÃO neuromuscular.
2. METODOLOGIA
alta plasticidade podendo sofrer dois processos uma revisão bibliográfica. Para a elaboração
distintos chamados de hipertrofia e atrofia (1,2). do texto, foram selecionados artigos nacionais
de hipertrofia do tecido muscular, bem como e Lilacs; os artigos e livros apresentados foram
o ganho de força (3). De forma convencional, o publicados entre os anos de 2000 a 2014. Os
necessário realizar força contra uma sobrecarga blood flow restriction, vascular occlusion and
externa, podendo ser pesos livres, máquinas ou até strength training, exercise and hypertrophy. Os
mesmo o peso do próprio corpo3. Adicionalmente, termos foram utilizados em português e inglês, de
muscular também podem ser observados com a Foram considerados como critérios de
RFS consiste na combinação de treinamento de de ambos os gêneros, sendo estes jovens, adultos
força de baixa intensidade com a utilização de um e idosos com ou sem experiência no TF, e como
manguito de pressão nas extremidades proximais critério de exclusão, foram estudos que realizaram
dos membros superiores e/ou inferiores (5,6). a análise em exercício aeróbio e patologias,
Desse modo, o presente trabalho teve além de trabalhos de conclusão de curso (TCC,
sanguíneo com baixa intensidade na performance (TF) com o método de treino utilizando a restrição
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Breve revisão dos efeitos do treinamento de força com restrição vascular nas adaptações musculares de força e hipertrofia
restrição do fluxo sanguíneo (RFS) demonstram melhora da função neuromuscular. Na mesma linha
principalmente resultados positivos para hipertrofia de raciocínio, Martin-Hernández et al.(11) verificaram
e força muscular em intensidades inferiores as aumento da força e volume muscular após cinco
recomendadas em TF de alta intensidade tradicionais semanas de TF com RFS, independentes do volume
(7,8,9)
. Quanto a aptidão física dos indivíduos, o TF de treino. Os resultados mostraram que não houve
com RFS mostrou ser responsivo aos sujeitos em relação entre os volumes de treinos nas adaptações
diversos níveis de treinamento. Possivelmente, por neuromusculares, e que a força de 1 RM no extensor
se tratar de uma nova metodologia de treino para de perna pode ser alcançado independente do
tais sujeitos, estes apresentaram respostas positivas volume de treino.
quando comparados ao TF tradicional. O estudo de Yasuda et al.(12), verificou
Quando comparado o TF com RFS ao TF o efeito da combinação do TF tradicional com
tradicional, a literatura científica tem apresentado treinamento com RFS em 40 homens jovens
resultados semelhantes no aumento de força e recreacionalmente ativos, pelo período de seis
hipertrofia. O estudo de Karabulut et al. semanas. Ao final do estudo, foi observado melhora
(10)
comparou os efeitos de dois protocolos de no teste de 1RM de 15,3% e aumento na área da
treinamento de força sobre adaptação da força secção transversa do tríceps braquial foi de 7,2%, o
muscular em 37 homens idosos ativos, durante seis que indica que os parâmetros de força e hipertrofia
semanas. Os indivíduos foram divididos em três pode ser potencializados quando utilizados as duas
grupos: alta intensidade sem RFS com três séries de formas de TF em conjunto.
oito repetições a 80% 1RM; baixa intensidade com Um fator fundamental quanto ao método
RFS (pressão inícial de 160 mmHg, registrando de RFS são os mecanismos celulares envolvidos,
o máximo de 240 mmHg durante o fnal da entretanto, estes não completamente entendidos,
periodização) a 30 reptições seguidas de duas mas é sugerido pela literatura científica que o
séries de 15 repetições a 20% 1RM e um grupo efeito hipertrófico possa estar relacionado ao
controle sem exercício. Com a realização de três aumento do fator de crescimento semelhante à
exercícios para membros superiores (puxada insulina (IGF), testosterona, maior recrutamento
na frente, desenvolvimento de ombros e rosca das fibras de contração rápida, aumento da síntese
direta) e dois para membros inferiores (leg press de proteínas através do alvo da rapamicina em
e extensão de joelhos), foi observado aumento na mamíferos (mTOR) e diminuição da expressão
força dos extensores do joelho no protocolo de da miostatina13. Dentre os artigos analisados
TF de intensidade (20% de 1RM) com RFS, sendo somente Laurentino et al.(9) investigaram os
quase tão eficaz quanto o protocolo sem RFS mecanismos associados a resposta de ganho de
com intensidade de 80% de 1RM, a não ser pela força e hipertrofia, comparando o TF com RFS
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(3-4 séries de (15 repetições com intensidade de TF tradicional. Estudo realizado por Fujita et al.14
de 8 repetições a 80% de 1RM) em indivíduos com RFS realizado duas vezes ao dia (com sessões
fisicamente ativos. Os resultados indicaram de manhã e tarde, com intervalo de quatro horas
diminuição da na expressão do RNA mensageiro entre as sessões), durante seis dias, num total de
da miostatina, bem como aumento na expressão de 12 sessões. Como resultado, foi possível observar
negativo da ação da miotastina, respostas estas tamanho do músculo pelas sessões do treinamento,
observadas em ambos os treinamentos, porém com um valor médio de 0,3% por sessão. Estes
entre sessões e também uma maior frequência realização do período de TF com RFS, descrevem
dos marcadores de dano muscular. Através de secção transversa da musculatura exercitada. Esses
um estudo de caso Abe et al.(8), avaliaram a força dados vão de encontro com o estudo de Yasuda et
muscular e hipertrofia no TF com RFS em um al. (15) o qual observou aumento de 27% no volume
homem com experiência prévia após um período muscular e hipertrofia nas fibras do tipo IIX e 6%
inflamação. Com isso, possivelmente, devido à com RFS na flexão plantar resultou no aumento
baixa intensidade do TF com RFS foi possível da força muscular, contração voluntária máxima e
realizar outra sessão de treinamento com um no torque isocinético maior do que após o TF sem
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Na mesma linha de raciocínio, Takarada ação CON foi maior (11,7%) em comparação a
et al. (17)
observaram que os exercícios de baixa EXC (3,9%). O efeito crônico na área da secção
intensidade (10-20% de 1RM) associados com transversa do bíceps braquial, volume muscular
RFS mostraram aumentar a foça muscular, e força isométrica máxima foram maiores na
relataram aumento da área da secção transversa muscular CON apresenta maiores ganhos na
da coxa, na região do quadríceps, adutores e força, além de maiores estímulo nas respostas
glúteo máximo, melhora no teste de 1RM no hipertróficas em relação à EXC. Por outro lado,
extensor de joelho e leg press (26,1% e 33,4%) e este estudo avaliou a força EXC utilizando uma
sentar e levantar pelo período de 30 segundos em (intensidade de 30% de 1RM da ação ) podendo
idosos saudáveis com idade entre 61 a 84 anos. ser equivalente a uma menor intensidade durante
Quanto ao tipo de ação muscular treinamento com RFS inclui reperfusão do sangue
agudo e crônico do TF de baixa intensidade com considerados na segurança dos praticantes. Com
(EXC) no exercício rosca direta com halteres tipo de treinamento deve ser evitado em pessoas
durante seis semanas utilizando 10 homens jovens que apresentem doenças cardiovasculares, ou
sem experiência prévia. Os resultados baseados que sejam hemodinamicamente instáveis, que
nos efeitos agudos mostraram que a atividade possuam histórico ou tendência a trombose
ocorreu em ambas às ações CON e EXC, mas a características de todos os estudos revisados.
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Takarada, n=18 TF-RV 5 séries até a falha do Média 218 mmHg, Aumento
Tsuruta, homens, 21 TF sem RV movimento a 20% de mantida na sessão da AST do
Ishii17 anos, atletas Somente RV 1RM, pausa 1 min. do exercício. quadríceps e
(2004) RV sem exercício. ganho de força.
Abe et al. 8 n=1 idoso TF com RV 3 séries de 15 reps a 20% Média de 160 Induziu
(2005) homem, de 1RM, pausa de 30s mmHg inicial, rapidamente a
47 anos, aumento de 20 força muscular
ativo mmHg /dia até e hipertrofia.
220 mmHg
Yasuda et n=3 homens TF-RV 3 série até a falha a 20% Média de 160 aumento da
al.15 (2005) entre TF sem RV 1RM, Pausa 30s entre as mmHg inicial, força em 14,0%
23-47 anos séries e exercícios aumento de 10 do 1RM com
ativos mmHg /dia até RV e 9,1% sem
240 mmHg RV. Aumento
AST do
quadríceps com
RV a 7,8% e
sem RV a 1,8%.
Patterson n=16 TF-RV a: 3 séries até a falha do Média 110 mmHg Aumento da
e Ferguson mulheres 23 25% 1RM movimento, pausa 1 min mantida durante a força muscular
16
(2010) anos 50% 1RM sessão do exercício e CVM
ativas
Karabulut n=37 idosos TF (alta TF alta intensidade; 3 Início com 160 A força
et al.10 homens intensidade) séries de 8 reps a 80% de mmHg, mantendo muscular da
(2010) 56 anos TF-RV 1RM, a média de 205 coxa melhorou
ativos Controle TF-RV; 1 série de 30 reps mmHg durante a com TF-RV
(sem + 2 séries de15 reps a sessão do exercício e quase tão
exercício) 20% de 1RM eficaz ao TF
alta intensidade
no aumento da
força.
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Martin- n=39 TF-RV (baixo 1série de 30 reps + 3 Média de 110 Sem diferenças
Hernández homens volume) séries de 15 reps a 20% de mmHg, mantida na comparação
et al.11 21 ano ativo TF-RV (alto 1RM, pausa 60s. durante a sessão no alto e baixo
(2013) volume) 2x (1série de 30 reps + 3 do exercício volume nas
TF (alta séries de15 reps a 20% de adaptações da
intensidade) 1RM, pausa 60s). força e AST.
Controle (sem 3 séries de 8 reps a 85%
exercício) de 1RM, pausa de 60s
Yasuda et n=21 TF-RV 30, 20, 15 e 10 reps a 20% Início com 120 Aumento
al.18 (2013) homens Controle ou 30% de 1RM, pausa mmHg chegando na AST do
idosos (sem 30s. até 270 mmHg quadríceps,
61-84 anos exercício) na força e
Sedentários capacidade
funcional.
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