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Os castigos abusivos praticados pelos pais representam um grande

desafio para o Brasil, em parte, patriarcal, onde as medidas criadas , muitas


vezes, são insuficientes para atenuar costumes arcaicos. Diante disso, essa
realidade se configura em um cenário desafiador, seja pelos reflexos históricos,
seja pelo descaso estatal e a ineficiência da lei.

Pode-se que alegar, a princípio, essa situação é fruto de fatores


socioculturais. Ao longo da formação nacional, um dos castigos mais usados era impor
às crianças desobedientes que ajoelhassem no milho. Lamentavelmente, ainda há
heranças dessas condutas na realidade brasileira. Bom exemplo desses reflexos é o
caso do Menino Bernardo, que foi morto cruelmente em 2014. Esse cenário, portanto,
corrobora a ideia de que muitas crianças brasileiras são vítimas de um legado
histórico-cultural. Posto isso, diversos comportamentos violentos são naturalizados, já
que estão inseridos na construção social advinda da ditadura do patriarcado, a qual
cultua-se a ideologia de que pra corrigir é preciso punir. Consequentemente, a
atenuação de tal situação é dificultada pelos traços históricos existentes e, assim, a
liberdade para o ato é aumentada.

Concomitantemente, ressalta-se que algumas ações já foram realizadas, como


a criação da Lei Menino Bernardo, que visa ao reconhecimento e a garantia
dos direitos humanos de crianças e de adolescentes e à superação de costumes
arcaicos. Entretanto, as medidas tomadas até então não são suficientes para inibir
essa problemática, uma vez que a fraca punição aos pais e a falta de conscientização
da família são alguns dos principais motivos que ocasionam a persistência dos
castigos abusivos. Assim, a falha estatal é fator notório para o prevalecimento dessa
realidade arcaica que vitimiza milhares de crianças brasileiras.

É necessário, portanto, superar as raízes históricas e a ineficiência da lei


para mudar essa conjuntura. Torna-se imperativo que Governo, na figura do Poder
Legislativo, desenvolva mudanças na Lei da Palmada, aprimorando-a e tipificando os
castigos abusivos como crime hediondo, por meio de um Projeto de Lei, com o intuito
de punir os pais que cometem atrocidades aos filhos de forma mais rigorosa.
Outrossim, urge que a mídia, por meio de novelas e de seriados, transmita e propague
a importância de uma educação sem o uso da violência, com o propósito de libertar a
família brasileira de amarras patriarcais.

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