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NOTA DE CISÃO COM O COLETIVO SOBERANA

Assinam essa Nota:


TaísK, AlwaysLearning, Gagarin, Darth Mao, Midgardhero, Nanda, Graycipher, nueshiorid, Hane,
GooDDevi, Volta.

Nós da Moderação do servidor de Discord Comunidade Soberana estamos,


formalmente, entregando as nossas atribuições, rachando e encerrando o nosso
apoio ao Coletivo Soberana.

Julgamos que o Coletivo tem sido negligente com a Comunidade Soberana e


com a Moderação, agindo de forma arbitrária em decisões, como revisões de
sanções, e intransparente sobre decisões tomadas. Alguns membros do Coletivo
também têm feito práticas de gaslighting com o corpo da Moderação, de forma a
convencer nossos quadros de que as críticas direcionadas ao Coletivo têm sido
vistas como ataques pessoais e/ou feitas de forma rude, não objetiva, e de que a
Moderação não é dialogável, além de: falas de membros do Coletivo
desmerecendo a não-binariedade dirigidas a moderadores não-bináries; flerte
com quadros femininos da Moderação; comentários lidos de forma a machucar
nossos quadros femininos e comentários psicofóbicos dirigidos aos nossos
membros neurodivergentes. Práticas sujas que têm sido utilizadas para antagonizar
de forma oportunista a Moderação. O desgaste mental tem sido evidente, levando a
crescentes pedidos de afastamento das tarefas da organização por parte dos
moderadores.

Alguns dos nossos membros têm denunciado que se sentem


desconfortáveis com alguns integrantes do Coletivo que utilizam do capital político
angariado para ativamente flertar com membros da Comunidade em canais de
texto públicos, inclusive em momentos chamando pessoas da Comunidade para
encontros, revelando seu local publicamente e arriscando a segurança de tais
membres, um comportamento que vai contra as regras 3 e 5 do nosso servidor, que
foram pensadas tendo em mente a segurança física dos integrantes do Discord e,
principalmente, considerando que existem menores de idade no servidor.

A Moderação também está insatisfeita com a burocracia vermelha que, ao


mesmo tempo, trava a progressão do desenvolvimento da Comunidade, como
também submete moderadores a situações protocolares que os engatilham
psicologicamente, lidas pela Moderação como revisões de banimento revoltantes
de ponto de vista ético, puramente para cumprir burocracias. (No canal de revisões
de banimentos é diretriz nossa que os pedidos de revisões estão sob decisão
individual do moderador que o recebeu e/ou serão debatidos com os outros
moderadores; o Coletivo, não conhecendo as próprias diretrizes, ou agindo de
má-fé, afirmava que todo pedido de revisão era aceito, mesmo se houvessem
motivos fortíssimos para negar a revogação do ban).

A Moderação acredita que o Coletivo Soberana tenha agido de forma


ausente e negativa com a Comunidade e tem ativamente negligenciado o servidor,
com mais de 50 mil usuários atualmente, tratando-o como um fandom (grupo de
fãs), e prejudicando por ação e inação os andamentos da Comunidade, seus
trabalhos de base e suas evoluções teóricas.

A Moderação também percebe a constante falta de transparência do


Coletivo com a Moderação no quesito organizacional, no qual nos tratam somente
como um ente externo, ou pior, como cães de caça/guarda na Comunidade e não
como seus gestores e membros, papel que a Moderação vem exercendo desde sua
criação. Nem mesmo parte da estrutura interna do Coletivo é repassada à
Moderação, não se explica absolutamente nada sobre a organização, desde a
divisão de tarefas no Coletivo até às atribuições que poderiam auxiliar a
Moderação, vale lembrar do nosso papel como ponte entre Coletivo-Comunidade,
a entender quais são as necessidades e objetivos do Coletivo com a Comunidade e
vice-versa.

A Moderação herda todos os deveres de uma organização (o centralismo


democrático, a unidade de ação), quando é mais conveniente para o Coletivo, mas
não herda o sentimento de camaradagem, reciprocidade, crítica e autocrítica e
transparência da qual uma organização comunista precisa. O Coletivo claramente
não enxerga os quadros da Moderação como seus pares, o que materialmente
torna toda a situação uma hierarquização vertical, na qual a Moderação
praticamente fica no escuro e de mãos atadas acerca da maioria das decisões
engessadas e ineficazes do Coletivo. Vale lembrar da ‘voluntariedade’ que é
esperada de moderadores, sendo afirmada a não-necessidade de centralizar com
as decisões do Coletivo, assim como um centralismo democrático exigido quanto
às diretrizes do Coletivo, dada a presença no servidor e a responsabilidade que
recai sobre o corpo da Moderação perante a Comunidade. Essa posição de
centralização e não-centralização impossibilita a ação como unidade
Moderação-Coletivo. Quando é esperado do corpo da Moderação uma posição, há
uma exigência de centralismo democrático; quando é pedido algo para a Soberana,
sequer sabemos do resultado do pedido.

Nesta nota iremos evidenciar a materialidade de nossas críticas e por que


efetivamente nós não consideramos mais, por mais hercúleos que sejam os nossos
esforços para torná-la tal, a Comunidade Soberana um ambiente seguro. Tanto para
a Moderação quanto, principalmente, a Comunidade.

I. Sobre a Negligência do Coletivo com a ‘Comunidade


Soberana’
Em busca de combater o revisionismo dentro do partido e massas, Mao
Zedong cita em “20 Manifestações de Burocracia”:

“Não entendem de política; não executam seu trabalho; passam sua tarefa aos demais; não
enfrentam suas responsabilidades; persistem; deixam as coisas de lado; são irracionais;
perdem sua sagacidade e sua capacidade de atenção. É a burocracia irresponsável.” (Mao.
1970)

Ressaltando o comportamento de individualismo e o sentimento de


indiferença que membros partidários infelizmente demonstravam sobre a
organização. Zedong também explica melhor sobre esses comportamentos em
“Sobre a Eliminação das Concepções Erradas no Seio do Partido”, aqui trazemos
alguns recortes da seção “O Individualismo”

2. O espírito de grupo. Preocupar-se apenas com os interesses do seu grupinho e não


prestar atenção ao interesse geral. Se bem que na aparência não vise interesses pessoais,
na realidade trata-se dum individualismo dos mais estreitos. O espírito de grupo exerce
igualmente uma possante ação dissolvente e desagregadora. O espírito de grupo esteve
sempre em voga no Exército Vermelho; graças à crítica, a situação melhorou um pouco,
mas existem ainda sobrevivências desse espírito, convindo por isso fazer novos esforços
para vencê-las.

5. A passividade e a inatividade. Alguns, assim que as coisas não vão como querem,
tornam-se passivos e recusam-se a trabalhar. A razão essencial consiste na insuficiência do
trabalho educativo; contudo, acontece por vezes que isso é devido ao facto de os dirigentes
agirem de maneira inadequada quanto à solução dada a diversas questões, à divisão do
trabalho ou ao emprego de medidas disciplinares.

O Coletivo tem ativamente optado por inúmeros protocolos e diretrizes


antigas ou criadas na hora em vez de prezar pelo bom convívio entre camaradas,
optando pelo cumprimento estrito de suas próprias leis internas e criadas sem a
participação da Moderação. Quando desejam contornar a situação para servir aos
seus interesses, os mesmos membros quebram as suas próprias regras internas. A
lei estrita vale apenas para a Moderação e a Comunidade, enquanto ao Coletivo
tudo é permitido.
Um dos casos no qual isso ocorreu foi uma situação na qual ume integrante
do Coletivo estava flertando com uma pessoa da Comunidade no chat público
#conversa, expondo a localização desta pessoa, algo que nas diretrizes do servidor
constitui quebra da regra 5. Iste integrante do Coletivo inclusive se utilizou de seu
acesso de administrador para modificar aspectos do servidor apenas para exibir o
seu ‘poder’ na tentativa de impressionar membres, algo que nunca foi feito por
moderadores porque é incondizente com o cargo e, com certeza, seria passível de
punição.
Houve casos nos quais integrantes do Coletivo que não possuem o hábito
de interagir na Comunidade, com os usuários do servidor, nem participam de
reuniões, discussões ou socializações com a Moderação; apareceram apenas para
fazer propaganda do próprio conteúdo, dar timeout (castigo) ou banir alguém que
disse algo do qual não gostaram, para logo então sumirem novamente, sem
conversar com a Moderação ou até mesmo exigindo não ser questionade sobre a
sua decisão. Isso inclusive já aconteceu com pessoas ativas e conhecidas do
ecossistema do servidor. Vale salientar que tode moderadore é livre para agir
conforme necessário, mas nada está além das críticas fraternas que exercemos
entre a Moderação; porém, como percebemos, a Soberana desconhece a
Comunidade e a Moderação.
Não se deixem enganar por falas vazias e posts de comemoração nas redes
sociais, o Coletivo tem total desconhecimento sobre como é a Comunidade, seus
usuários, sua cultura. Seu encastelamento em seu servidor interno e ignorância
sobre sua própria Comunidade tem se intensificado desde o último trimestre do ano
passado (2022). A título de exemplo, após a reclamação de uma pessoa da
Comunidade sobre o slowdown alto durante a madrugada, ume integrante do
Coletivo o expulsou verbalmente de forma grosseira, dizendo “vai pra outro lugar
então”. Esse membro da Comunidade, que faz parte de um grupo minoritário,
muito bem quisto pela Comunidade e participativo no servidor, saiu e nunca mais
retornou. Infelizmente, este não é o único caso de grosseria de integrantes do
Coletivo com sua própria Comunidade. Não é raro de acontecer timeouts
inesperados e ‘engessamento’ do canal #conversa por mera vontade/ação
descentralizada e sem debate. Não respeitam o ecossistema presente, a cultura,
não entendem piadas internas da Comunidade e sequer têm tato ao lidar com ela,
inclusive, já ocorreram casos nos quais pessoas da Comunidade foram
sancionadas por integrantes do Coletivo devido a alguma piada interna da
Comunidade que integrantes do Coletivo tomam como ofensa devido a falta de
conhecimento dos mesmos a respeito da Comunidade que eles supostamente
regem. Tal comportamento é incentivado pelo Coletivo que seja adotado pela
Moderação para com a Comunidade, mas quando conveniente criticam a
Moderação quando o executa, trazendo contradições para a própria forma de
atuação da organização. Tais contradições têm inclusive causado diversos gatilhos
em membros da Moderação ao verem a Comunidade e relacionamentos, que tanto
nos esforçamos diariamente para construir, serem desgastados e desfeitos com o
passar do tempo, desconstruindo uma base consolidada nas massas. Pregam
internamente o “não-punitivismo”, mas não hesitam ao dar punições descabidas.
O Coletivo age de forma verticalizada e arbitrária não só com a Moderação
mas também com a Comunidade. Burocrática quando lhes interessa, absoluta
quando sentem que precisam.
Lenin diz em “Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”:

“A tarefa imediata da vanguarda consciente do movimento operário internacional, isto é, dos


partidos, grupos e tendências comunistas, consiste em saber atrair as amplas massas (hoje,
em sua maior parte, ainda adormecidas, apáticas, rotineiras, inertes) para essa sua nova
posição, ou, melhor dizendo, em saber dirigir não só seu próprio partido, como também
essas massas no período de sua aproximação, de seu deslocamento para essa nova
posição. Se a primeira tarefa histórica (ganhar para o Poder Soviético e para a ditadura da
classe operária a vanguarda consciente do proletariado) não podia ser cumprida sem uma
vitória ideológica e política completa sobre o oportunismo e o social-chauvinismo, a
segunda tarefa, que é agora imediata e que consiste em saber atrair as massas para essa
nova posição capaz de assegurar o triunfo da vanguarda na revolução, não pode ser
cumprida sem liquidar o doutrinarismo de esquerda, sem corrigir completamente seus
erros, sem desembaraçar-se deles.“ (1920)

O Coletivo age de forma desconexa com a Comunidade, não como uma


vanguarda composta por quadros avançados visando servir e informar aqueles que
os seguem, mas sim como um grande grupo de subcelebridades, sendo que a
Comunidade que angariaram não é tratada como camaradas, mas sim como um
fandom que serve apenas para comprar bonés, dar subs na Twitch, visualizações
no TikTok, no YouTube, e doar no apoia.se. Por mais que a compensação monetária
seja importante para a manutenção dos militantes, ela deve ser disparada a menor
das preocupações ao gerir um movimento popular de trabalhadores.
Vangloriam-se dos números do servidor, das filiações em partidos ML que
alcançaram, mas não agem como devidos gestores e representantes da
Comunidade, esse papel recai para a Moderação. O número de pessoas
frequentando os eventos do servidor também vem caindo constantemente, eventos
que antes chegavam a picos de mais de 300 pessoas, agora, agregam números
significativamente menores. A Comunidade morre aos poucos e o Coletivo pouco
se move para impedi-lo, em tempos, movendo-se opostamente a isso.
Deve-se, porém, parabenizar os integrantes do Coletivo que tocam sim
tarefas dentro da Comunidade, promovendo leituras, documentários, discussões,
grupos de estudo e ajudando na organização logística do servidor. A Moderação
também reconhece o trabalho invisível dos integrantes que não interagem com a
Comunidade por motivos de timidez ou falta de tempo, mas que auxiliam de
outras formas. No entanto, considerando o tamanho do servidor, só esse trabalho
tem se provado insuficiente e o Coletivo tem se provado desinteressado e
negligente nos esforços reais de aumentar essa presença. A Comunidade está cada
vez maior, menos presente, e o Coletivo cada vez mais encastelado.

II. Sobre o Formalismo Burocrata


O Coletivo vem se provando um verdadeiro emaranhado burocrático
Khrushchovita. Quando a Moderação precisa lidar entre si, utilizamos das práticas
de bom senso, camaradagem e uma comunicação cordial para definir nossos
planos de ação. Para lidar com o Coletivo, nós somos obrigades a passar por uma
quantidade desnecessária, ineficaz e ineficiente de protocolos, diretrizes, reuniões e
votações demoradas. O Coletivo tem uma necessidade incessante e digna do
PCUS pós-Stalin de se enrolar em quantidades desnecessárias de burocracia
administrativa; Mao Zedong diz em “20 Manifestações de Burocracia”:
Enchem de documentos e abusam da papelagem; proliferam as instruções; há numerosos relatórios
não lidos que não são criticados; são preparadas muitas tabelas e gráficos dos que ninguém faz
caso; as reuniões são numerosas e delas não sai nada, existem muitas associações íntimas mas nada
se aprende. Essa é a burocracia da papelagem e do formalismo. (Mao. 1970)

O Coletivo age dessa maneira. Há situações nas quais a Moderação deseja


realizar alguma coisa pontual e precisa esperar um mês inteiro até a próxima
reunião agendada com o Coletivo (nós temos mecanismos de votação mais rápidos
que não podemos utilizar em conjunto com o Coletivo, apenas dentro da
Moderação, por qual razão?). Isso inclusive ocasionou diversas vezes situações nas
quais protocolos inexistentes foram cobrados (como o caso de revisão descrito no
início) ou situações que realmente precisavam de protocolo simplesmente não
terem nenhum, e então uma vez inexistindo protocolo, nada é feito. É imposta uma
burocracia labiríntica que é inchada e incompatível com um grupo composto por 42
pessoas. Inclusive, já ocorreram casos nos quais nossas ações de moderação
foram questionadas não como uma forma de crítica, (o que a Moderação sempre
aceitou de bom grado), mas sim como forma de antagonizar membros específicos
do corpo de Moderação dos quais alguns integrantes do Coletivo, claramente, não
gostam. Por mais que afinidade pessoal seja algo dispensável em uma organização
socialista, a camaradagem é essencial, vide o próprio bom-senso e ambiente
agradável descritos na regra 1, esse tipo de comportamento, é descrito em “Contra
o Liberalismo” de Mao Zedong:

Em vez de refutar e combater as opiniões erradas, no interesse da união, do progresso e da boa


realização do trabalho, entregamo-nos a ataques pessoais, buscamos questões, desafogamos o
nosso ressentimento e procuramos vingar-nos. Eis uma quinta forma de liberalismo. (Mao. 1937)
Afundado em suas burocracias internas, as pautas da Moderação são
negligenciadas, as pautas da Comunidade recebem tratamento pior ou similar,
propostas não são ouvidas e as prometidas não têm a menor previsão de serem
implementadas; as pautas negligenciadas, em sua grande maioria se referem ao
funcionamento interno da Comunidade e até pedidos, eternas súplicas, para o
banimento de pessoas da Comunidade que possuem comportamentos tóxicos e
recorrentes, mas o seu banimento poderia criar ‘problemas’ com o partido que
representam, colocando, então, a boa relação com terceiros acima do bem estar
daqueles que deveriam ser sua prioridade máxima: a Comunidade. Das pautas
“ouvidas” a resposta que recebemos de forma intransparente é que “estamos
cheios de tarefas”, sempre ocupados, sempre com outras tarefas que ninguém da
Comunidade/Moderação faz ideia do que seja. Ensina Mao Zedong em texto já
citado:
Esses sujeitos estão muito ocupados da manhã à noite; trabalham o ano inteiro; não examinam o
povo nem investigam os assuntos; não estudam política; não confiam nas massas; não preparam
suas declarações nem planejam seu trabalho. Assim é a burocracia sem cérebro e desorientada. Em
outras palavras, esta é a displicência. (Mao. 1970)

Existe um comportamento liberal e individualista, por meio do qual


integrantes do Coletivo se utilizam da clara superioridade hierárquica sobre a
Moderação para antagonizar e pautar desconfortos contra integrantes com os quais
têm rusgas pessoais.

III. Sobre a Falta de Linha Teórica do Coletivo


O Coletivo não tem linha teórica bem estruturada sobre uma DIVERSA gama
de assuntos recorrentes na Comunidade, ou se tem, nem mesmo a Moderação
sabe qual é. Apenas se afirmam ‘Marxistas-Leninistas’ de forma genérica. Isso faz
com que a Comunidade seja um espaço neutro, mas nem tanto. O Coletivo não
tem um posicionamento público a respeito de assuntos importantes como: China e
Legalização das Drogas; assuntos que na esquerda radical são profundamente
polêmicos e que já geraram atritos dentro da Comunidade. Existe basicamente um
silêncio e ninguém sabe quais os posicionamentos que têm em coletividade ou se
esses posicionamentos sequer existem em primeiro lugar. Isso também causa
contradições entre a visão dos próprios integrantes do Coletivo, que fica clara até
mesmo para a Moderação, apesar dos esforços titânicos do Coletivo para
ofuscá-la.

A. Sobre a Antagonização Contraditória de Maoistas


Frequentemente integrantes do Coletivo antagonizam maoistas e o próprio
maoísmo como ideologia, inclusive com falas como “Comunidade essa que,
diga-se de passagem, não fecha com pensamento Gonzalo”. Além de piadinhas,
igualando maoistas, trotskistas e anarquistas, como se o maoísmo, assim como o
trotskismo e o anarquismo, fossem vertentes paralelas de esquerda radical e não
uma linha ideológica Marxista-Leninista.
Essa antagonização a maoistas, por mais que em certos momentos seja
explicada pelas raids ocasionais (com as quais a Moderação tem de lidar), é de
caráter contraditório, antagônico e autofágico, considerando que existem
integrantes tanto do Coletivo quanto da Moderação que são Maoistas (sejam
Marxistas-Leninistas-Maoistas ou Marxistas-Leninistas-Pensamento Mao Zedong).
Tal antagonização também causa desconforto em membros da própria
Comunidade que simpatizam com essas linhas. O fato é que o Coletivo não possui
uma Linha Teórica a respeito do maoísmo, uma prova disso sendo a presença de
maoistas nos corpos organizacionais (tanto a Moderação quanto dentro do Coletivo
em si) e integrantes do Coletivo dizendo que o problema são os “gonzalistas” que
enxergam tudo e todos como revisionistas. Deve ser ressaltado que “gonzalismo”
não existe, da mesma forma que “Stalinismo” não existe, sendo aquele um termo
cunhado pelo governo Fujimori (ditador peruano que aplicou o golpe de 1992). A
Moderação reconhece os problemas causados por sectários aventureiros e suas
raids dentro do servidor, mas é prejudicial e sem lógica o uso de um termo
empregado pela ditadura militar peruana.
Isso chegou ao ponto que, em um momento, durante uma das reuniões da
Moderação sobre pautas do servidor, uma das pautas sugeridas foi o banimento
imediato de “gonzalistas”, assim como nós fazemos com Monarquistas e
Fascistas.

B. Sobre o Sexismo e "Feminismo" Cis-branco do Coletivo

De forma oportunista para com a Comunidade, o Coletivo utiliza da estética de


um “feminismo” genérico como forma de silenciar as críticas à falta de
representação/conteúdo focado em qualquer recorte de mulheres trabalhadoras e/
ou trabalhadores da Comunidade LGBTQIAP+, enquanto continua se envolvendo
em conflitos por consequência de atitudes, piadas ou comentários de cunho
sexista e transfóbico que seus integrantes fazem, sejam essas falas públicas em
chats, lives ou internas no canal da Moderação, problema profundamente enraizado
devido à negligência do Coletivo com o assunto.

Esta situação fica em evidência quando no último trimestre de 2022, após


diversas críticas acerca da distribuição demográfica do Coletivo consistir, em sua
maioria, de membros homens cis brancos, mesmo após o recrutamento de
mulheres, o Coletivo continuou a desdenhar da pauta e a tratar como apenas um
“algo a mais” e não como uma das bases principais da proposta de revolução
brasileira. O problema se repetiu no começo do presente ano (2023), quando uma
pessoa da Comunidade criticou publicamente o Coletivo por sua composição
(branca, cis, sulista, masculina) e apontou piadas sexistas de uns dos seus
criadores de conteúdo, sendo acusada por ume integrante do Coletivo de estar
“causando” dentro do servidor. Quando a Moderação indagou tal integrante a
respeito do ocorrido, apenas foi dito que “você está sendo extremamente injusta e
passando pano para alguém que está causando no #conversa”. Este integrante
negou a existência dos problemas apresentados e queria convencer a Moderação
do mesmo. Tomando a prática como critério da verdade, percebemos assim como
age o Coletivo.
É visível o quanto o Coletivo não valoriza o trabalho das mulheres. Muitas
vezes, integrantes mulheres não têm seu conteúdo divulgado no Instagram, TikTok,
Twitter, nem na própria Comunidade, se não forem elas mesmas indo divulgar,
comportamento completamente contrário do que podemos ver com integrantes
homens do Coletivo, com seu conteúdo em diversas redes sociais e podcasts,
divulgados em conjunto pelos integrantes do Coletivo. Pode-se notar em especial o
Telegram do Coletivo, que divulga o conteúdo de seus integrantes homens
massivamente, enquanto o conteúdo das integrantes mulheres raramente é
postado.

Tal negligência também pode ser analisada através do comportamento do


Coletivo acerca do “Curso de Formação de Criação de Conteúdo Nadejda
Krupskaya”. O curso, idealizado por uma ex-integrante queer, possuía foco inicial
em grupos minoritários (como a Comunidade LGBTQIAP+, negra, feminina e fora do
eixo sul-sudeste) e teve alta adesão de interessades em participar da proposta.
Contudo, logo após a saída da integrante coordenadora do projeto, o curso
desandou de forma vergonhosa. Diferente do que foi anunciado diversas vezes com
a proposta de que seria uma forma do Coletivo de auxiliar e impulsionar a criação
de conteúdo desses grupos minoritários, internamente o Coletivo pouco se
interessou no trabalho de seus alunes, tampouco fez questão de conhecer melhor o
conteúdo delus, reflexo direto de seu comportamento com a Comunidade.

Dada a crítica ao sexismo geral do Coletivo, analisaremos agora os


comportamentos problemáticos de suas militantes. Para podermos fazer isso,
contaremos com a base teórica de duas mulheres importantes para a luta
anticapitalista das mulheres trabalhadoras. Primeiramente, trazemos uma análise de
bell hooks sobre o comportamento das mulheres brancas na luta feminista.

“Ao analisar criticamente o papel das mulheres nas discussões de raça e racismo, é fácil
perceber como o pensamento patriarcal, sobre tudo quando transmitido pela grande mídia, tem
explorado noções de sororidade e solidariedade femininas de modo a eliminar todas as evidências
de conscientização feminista, a apagar todos os indícios de que as mulheres podem se unir, além da
raça, para estabelecer formas de solidariedade que permitam a todas nós maior acesso a uma vida
de bem estar máximo. Dado o retrocesso patriarcal da supremacia branca antifeminista, é crucial que
voltemos nossa atenção, mais uma vez, para as maneiras como as mulheres se relacionam com as
questões raciais, que observemos como as mulheres brancas não esclarecidas estão individualmente
conectando as lutas pela emancipação das mulheres à manutenção da supremacia branca.” (2013)

Desde o começo do ano de 2023, o comportamento de integrantes mulheres


do Coletivo com o corpo da Moderação tem sido preocupante. Chegando a
participar nos ataques direcionados a nossos quadros não-bináries ao reduzi-les e
agrupá-les por características físicas, invalidando sua não-binariedade, ativamente
utilizando da prática de gaslighting, tendo já protagonizado comentários que podem
ser percebidos como transfóbicos e sexistas, até enquanto negligenciam as
mulheres não-brancas em nossa sociedade. Esse comportamento é inaceitável e
perpetua a opressão e discriminação sistêmicas enfrentadas por comunidades
marginalizadas.

Diz Anuradha Gandhi em Sobre as Correntes Filosóficas dentro do Movimento


Feminista sobre o feminismo liberal:

“O liberalismo possui as seguintes fraquezas: Foca nos direitos individuais e não nos coletivos.
É a-histórico. Não tem um entendimento compreensivo do papel das mulheres na história nem tem
qualquer análise da subordinação (subjugação) das mulheres, tende a ser mecânico em seu apoio à
igualdade formal, sem um entendimento concreto dos diferentes setores e classes de mulheres e
seus problemas específicos. Desta forma, foi capaz de expressar as demandas das classes médias
(mulheres brancas de classe média nos EUA e mulheres das classes e castas mais altas da Índia),
mas não as das mulheres de vários grupos étnicos e castas oprimidas, nem as das mulheres da
classe trabalhadora.

Uma vez que foca em mudanças nas leis e em políticas públicas para as mulheres, tem apostado no
lobby e na petição como meios para conseguir as reivindicações femininas. A tendência liberal
frequentemente tem restringido sua atividade para encontros, convenções e organização de petições
por mudanças. Raramente mobiliza as amplas massas de mulheres e, de fato, tem medo da
mobilização militante das mulheres pobres em grandes números.” (2006)

Declara a mesma autora sobre o feminismo radical:

“As feministas culturalistas foram um pouco mais além ao enfatizarem as diferenças essenciais entre
homens e mulheres e que traços de mulheres (e não femininos) são desejáveis. Este argumento fez
com que a base biológica para as diferenças entre homens e mulheres fossem mais importantes do
que as construções sociais. Na verdade, é um argumento contraproducente porque as forças sociais
conservadoras sempre usaram estes argumentos (determinismo biológico) para justificar a
dominação sobre um segmento do povo. Os escravos eram escravos porque tinham determinados
traços e precisavam ser dominados, não conseguiam cuidar de si mesmos. Mulheres são mulheres e
homens são homens, e são simplesmente diferentes, então os papéis sociais para cada um também
são diferentes. É o argumento usado pelas forças conservadoras reacionárias que se opõem à
libertação da mulher. Daí o argumento utilizado por estas ter implicações perigosas, que pode e irá
repercutir na luta das mulheres por mudanças. Masculinidade e feminilidade são construções da
sociedade patriarcal e temos que lutar para mudar estas severas construções.” (2006)

Também vale ressaltar o que aponta bell hooks em Escrever além da raça:

“Ao trabalharmos em prol da justiça, devemos entender as raízes do pensamento dominador, pois
compreendê-las esclarece as ações que devemos tomar para resistir. As feministas reformistas
continuam sugerindo que a cultura dominadora começa com a subjugação das mulheres pelos
homens. Contudo, esse entendimento de como a dominação se tornou a norma está totalmente
enraizado no pensamento dualista, o qual define os homens como bandidos e as mulheres como
mocinhas. Tal pensamento levou até mesmo muitas mulheres brancas a ver o racismo como uma
simples extensão do pensamento sexista. É óbvio que pensar desse modo permite a perpetuação de
uma hierarquia de dominação em que o sexismo é considerado o sistema mais relevante a ser
desafiado e transformado.” (2013)

Toda movimentação vista como “inclusiva” por parte do Coletivo foi/é um


movimento reativo, foi/é um movimento “para não pegar mal”, foi/é resultado de
pressão da Comunidade e foi/é a definição mais clássica de ‘tokenismo’ (o
recrutamento de um pequeno número de pessoas pertencentes a grupos
minoritários para encobrir o próprio comportamento discriminatório), o que de
forma nenhuma desqualifica o trabalho feito, mas a presença de tais integrantes
não é suficiente ou seus posicionamentos não são considerados para levar a uma
mudança concreta do Coletivo, são utilizades para tirar o estigma de “grupinho de
gente padrão” do qual o Coletivo nunca conseguiu se desvencilhar, não só por sua
mera composição genérica, mas também pelas suas ações e omissões. Mais uma
vez, tomando a prática como critério da verdade, percebemos assim como age o
Coletivo.

Considerações finais:

Não visamos diminuir e nem negar as contribuições trazidas pela


Soberana para o marxismo-leninismo, em sua totalidade, no Brasil. Em um
ambiente onde o nosso campo tem uma dificuldade histórica. Destruir
gratuitamente todo esse trabalho de mais de 2 anos por mera rixas pessoais
não é o objetivo proposto — a cisão acontece por problemas
político-organizacionais dentro e fora do Coletivo, principalmente para a
Comunidade e para o movimento comunista na internet como um todo.

O corpo da Moderação continuará exercendo, independente de


movimentações futuras do Coletivo, o seu papel de cuidado com a
Comunidade e na criação de trabalho de base para a construção do
socialismo em ambientes digitais, mesmo fora da Soberana. De nossa
parte, vocês jamais serão abandonades.

Todos do corpo de Moderação têm um carinho enorme pela


Comunidade Soberana, e acreditamos que essa Comunidade merece muito
mais do que o Coletivo tem oferecido. Temos o desejo da construção de um
ambiente mais saudável.

Sentimos muito por todos os membros do Coletivo que nos ajudaram


e que nós iremos ferir com essa nota.

29 de março de 2023

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