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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RO-160-58.2017.5.09.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F5B39212593425.
A C Ó R D Ã O
(SDI-2)
GMEV/VMV/FR/iz/csn
PROCESSO Nº TST-RO-160-58.2017.5.09.0000
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DEJT 27/09/2019), concluiu, por
maioria, que o início do prazo
decadencial se deu em 02/07/2013, com a
denúncia ao Parquet de diversos acordos
simulados promovidos pela empresa ré, o
que resultou na Apreciação Prévia para
a Instauração de Inquérito Civil, de
11/07/2013, com expedição de ofício à
Secretaria da Vara do Trabalho de Irati
para a obtenção de mais informações.
IV. Na presente hipótese, entretanto, o
acordo em discussão foi homologado
judicialmente em 26/08/2013, razão pela
qual se vislumbra a correção do
entendimento do Tribunal Regional de
considerar como o dies a quo a denúncia
recebida pelo Parquet em 29/11/2013,
por ser inequívoca, nessa data, a
ciência da suposta fraude que subsidia
a presente rescisória, sendo possível,
a partir de então, a rescisão da
sentença homologatória de referência.
Assim, é manifesta a decadência do
direito de rescindir, exercido apenas
em 16/02/2017.
V. Recurso ordinário de que se conhece
e a que se nega provimento.
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É o relatório.
V O T O
1. CONHECIMENTO
2. MÉRITO RECURSAL
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Alega que apenas a partir desta última Notícia de Fato,
que originou o Procedimento Preparatório nº 3469.2015.09.000/0, o
Ministério Público ficou ciente de que o Juízo da Vara do Trabalho de
Irati havia homologado outros cento e oitenta e seis acordos em processos
que tramitavam no PJ-e e que, como os demais, eram decorrentes de ações
simuladas.
Defende que o prazo decadencial iniciou em 14/12/2016,
“quando efetiva e especificamente, o Ministério Público tomou ciência
do acordo firmado nos autos de RTOrd n.° 0000498-16.2013.5.09.0665”, ou
ao menos, em 17/12/2015, “quando, de forma genérica, o Ministério Público
foi informado do ajuizamento de ações trabalhistas no sistema PJ-e a
partir de denúncia do trabalhador”.
O Tribunal Regional da 9ª Região reconheceu o decurso
do prazo decadencial da ação rescisória ajuizada pelo Ministério Público
do Trabalho e extinguiu o processo, sob os seguintes fundamentos:
[...]
DECADÊNCIA
Analiso preferencialmente a preliminar de decadência, em razão da
prejudicialidade da matéria.
A ré RUMO MALHA SUL S.A., em contestação, defende a
inaplicabilidade da Súmula 100, item VI, do C. TST (VI - Na hipótese de
colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória somente começa a
fluir para o Ministério Público, que não interveio no processo principal, a
partir do momento em que tem ciência da fraude) ao presente caso, sob a
alegação de que o MPT estaria atuando como substituto processual do
reclamante. Com base em tal alegação, sustenta que o prazo decadencial
seria o mesmo da parte, qual seja, dois anos a partir da homologação do
acordo.
Afirma a mesma ré que "o Ministério Público do Trabalho tomou
ciência dos fatos em 02 de julho de 2013, através da Portaria 143 de
instauração de Inquérito Civil 0000354.2013.12.001/1. No máximo se
poderia contar como data de ciência do MPT o dia 15.07.2013, quando
houve a apreciação prévia das denúncias". E prossegue argumentando que
em razão do princípio da unidade e indivisibilidade da instituição, "uma vez
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que o MPT de Santa Catarina já tinha ciência dos fatos, não pode agora o
MPT do Paraná dizer que só tomou ciência em dezembro de 2015" (fl. 1038).
Analiso.
A matéria é de conhecimento desta Seção Especializada, pelo que peço
vênia para transcrever e adotar como razões de decidir os fundamentos
exarados no precedente de nº 0000151-96.2017.5.09.0000 (Acórdão
publicado no DEJT em 10.07.2018), de relatoria do Ex.mo Desembargador
BENEDITO XAVIER DA SILVA:
De acordo com o art. 495 do CPC/1973 (no mesmo sentido do art. 975
do CPC/2015), o direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois)
anos, contados do trânsito em julgado da decisão.
Extrai-se da ata de audiência juntada às fls. 69/70 que o acordo foi
homologado no dia 29/04/2013, data em que a decisão rescindenda transitou
em julgado.
Como a ação rescisória foi proposta pelo Ministério Público, que não
interveio no processo de origem, o prazo tem início a partir da ciência dos
fatos, conforme entendimento consagrado no C. TST (Súmula 100, VI) e
positivado no § 3º do art. 975 do CPC/2015.
O MPT afirma que teve ciência do fato de que diversas ações
semelhantes foram ajuizadas perante o Juízo da VT de Irati, resultando em
acordos por valores baixos, homologados sem a participação dos
reclamantes, através da denúncia recebida em 29/11/2013, que deu início a
um procedimento investigatório, no qual se abordaram apenas processos que
tramitaram pelo "Escritório Digital".
Sustenta que só teve conhecimento da existência da mesma prática em
processos que tramitaram pelo sistema "PJe" em 17/12/2015, quando o Sr.
Cláudio Luiz Stange Junior informou que uma ação fora proposta em seu
nome à sua revelia.
Observa-se que não há nenhum marco que se refira especificamente à
RT do litisconsorte Manoel de Agostinho Inacio de Miranda. O MPT se
manifestou espontaneamente naqueles autos para tomar ciência do acordo
em 14/12/2016 (fl. 68), quando os autos já estavam definitivamente
arquivados, desde 05/05/2014 (fl. 66). A ciência não foi motivada por
intimação, mesmo porque não se tratava de caso em que coubesse
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intervenção, mas, ao que tudo indica, decorreu do próprio procedimento
investigatório.
Diante disso, extrai-se que a presente ação rescisória não se deve a
nenhuma denúncia relativa ao caso concreto do litisconsorte, mas sim, à
denúncia do alegado esquema que atingiu centenas de trabalhadores. Tanto é
assim que nem mesmo o autor defende a tese de que o prazo teria iniciado a
partir da ciência registrada nos autos da RT de origem. A discussão cinge-se,
essencialmente, entre dois marcos: denúncia da existência do suposto
esquema fraudulento (29/11/2013) e denúncia da existência do mesmo
esquema fraudulento em ações que tramitaram pelo PJe (17/12/2015).
Com o devido respeito à tese defendida pelo MPT, deve ser
considerada a data em que o autor tomou ciência do fato, qual seja, da
denúncia recebida em 29/11/2013 (fl. 99), acerca do noticiado esquema de
ajuizamento de ações fraudulentas, que não estaria restrito a um ou outro
sistema processual, de forma que poderiam ser levantadas todas as RTs
ajuizadas em tais condições, tanto num como em outro sistema, bastando
solicitar junto àquela Vara de Irati.
É verdade que, como ressaltado pelo Desembargador Ricardo Tadeu
Marques da Fonseca, a obtenção de uma lista de reclamatórias trabalhistas
em condições semelhantes (propostas em face da ALL, perante o Juízo de
Irati) não indica, necessariamente, a ciência do teor de cada uma dessas
reclamatórias, cabendo o exame de cada caso.
No entanto, o MPT adotou essa providência, mas apenas parcialmente,
como se vê na listagem de reclamatórias ajuizadas contra a ALL perante o
foro de Irati pelo sistema SUAP (fls. 126/162), inserida no despacho que
determinou a adoção de medidas cabíveis, inclusive propositura de ações
rescisórias.
A partir do momento em que chegou ao conhecimento do MPT a
denúncia do ajuizamento de diversas reclamatórias trabalhistas perante o
foro de Irati em condições semelhantes (29/11/2013), teve início o
procedimento investigatório para apuração dos fatos noticiados e o prazo de
dois anos para ajuizamento das ações rescisórias relativas às reclamatórias
supostamente maculadas pela fraude noticiada, e não apenas de parte delas,
sem levar em conta as tramitadas pelo sistema PJe.
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O fato de o prazo para o MPT propor ação rescisória iniciar a partir do
conhecimento dos fatos não deve levar à completa ausência de estabilidade
nas relações jurídicas, permanecendo indefinidamente em aberto as decisões
transitadas em julgado.
Assim, havendo inequívoca ciência da suposta fraude atribuída à
primeira ré em conluio com os advogados do sindicato representante dos
empregados, a partir de tal marco deve se contar o prazo para ajuizamento de
ação rescisória, sob pena de se ferir o princípio da segurança jurídica.
Ante o exposto, como a ciência inequívoca da alegada fraude ocorreu
em 29/11/2013 e a ação rescisória foi proposta somente em 16/02/2017,
impõe-se acolher a preliminar de decadência e, consequentemente, extinguir
o processo com resolução do mérito, conforme art. 487, II do CPC.
Prejudicada a análise das demais preliminares e do mérito.
Neste mesmo sentido cito, ainda, os seguintes julgados: AR/PJe nº
0000282-71.2017.5.09.0000, de relatoria da Ex.ma Desembargadora
THEREZA CRISTINA GOSDAL (Acórdão publicado no DEJT em
10.07.2018); AR/PJe nº 0000293-03.2017.5.09.0000, de reltoria do Ex.mo
Desembargador ARAMIS DE SOUZA SILVEIRA (Acórdão publicado no
DEJT em 16.08.2018); e AR/PJe nº 0000489-70.2017.5.09.0000, de relatoria
da Ex.ma Desembargadora ENEIDA CORNEL (Acórdão publicado no
DEJT em 16.10.2018).
Na espécie, o acordo foi homologado em 26/8/2013 (fl. 70).
Tendo à vista que, conforme entendimento desta Especializada, a
ciência do MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO acerca da alegada
fraude ocorreu em 29.11.2013 e, no caso em análise, a ação rescisória foi
ajuizada apenas em 16.02.2017, ou seja, após ultrapassados dois anos,
operou-se a decadência (art. 975, do CPC/2015).
Ante o exposto, JULGO EXTINTO o processo com resolução de
mérito, nos termos do art. 487, inciso II, do CPC/2015.
Por consequência, resta prejudicada a análise das demais matérias.
[...](fls. 1803-1806, doc. seq. 03)
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Na hipótese de ação rescisória fundamentada em colusão
entre as partes, consoante o entendimento pacífico desta Corte,
consubstanciado na Súmula 100, item VI, deste Tribunal, o mencionado
prazo decadencial começa a fluir para o Ministério Público, que não
interveio no processo principal, a partir do momento em que tem ciência
da fraude.
Na mesma diretriz é a dicção do art. 975, § 3º, do CPC
de 2015, segundo o qual, “nas hipóteses de simulação ou de colusão das
partes, o prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o
Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento
em que têm ciência da simulação ou da colusão”.
No caso destes autos, cinge-se a controvérsia acerca
do marco inicial para a contagem do prazo decadencial da presente ação
rescisória, ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho, ora
recorrente, com o objetivo de rescindir sentença homologatória de acordo,
resultado de suposta lide simulada, conduta que teria sido perpetrada
pela ré em conluio com os advogados do sindicato representante dos
empregados, em diversas ações em trâmite na Vara de Trabalho de Irati.
O Tribunal Regional considerou como o dies a quo a
denúncia da fraude, recebida pelo Ministério Público do Trabalho, em
29/11/2013, que provocou a instauração de Procedimento Investigatório
(NF - IC n. 001887.2013.09.000/1-026), considerando-o, inclusive, em
relação às reclamações trabalhistas que tramitaram pelo sistema PJe.
Esta Subseção II Especializada em Dissídios
Individuais, analisando a questão discutida nesta demanda (v.g.
RO-5564-61.2015.5.09.0000, Redator Ministro Douglas Alencar Rodrigues,
DEJT 27/09/2019), concluiu, por maioria, que o início do prazo
decadencial se deu em 02/07/2013, com a denúncia ao Parquet de diversos
acordos simulados promovidos pela empresa ré, o que resultou na
Apreciação Prévia para a Instauração de Inquérito Civil, de 11/07/2013,
com expedição de ofício à Secretaria da Vara do Trabalho de Irati para
a obtenção de mais informações.
Eis o teor do decisum:
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RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO RESCISÓRIA AJUIZADA
SOB A ÉGIDE DO CPC DE 1973. RUMO MALHA SUL S.A.
PRETENSÃO DESCONSTITUTIVA FUNDADA EM COLUSÃO. [...]
AÇÃO RESCISÓRIA. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO.
BIÊNIO LEGAL (CPC, ART. 495). INOBSERVÂNCIA. EXTINÇÃO DO
PROCESSO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO . 1. Nos termos do art. 495
do CPC de 1973, aplicável à espécie, o prazo para o ajuizamento da ação
rescisória é de 2 (dois) anos a contar do trânsito em julgado da decisão que se
pretende rescindir. Como exceção, "Na hipótese de colusão das partes, o
prazo decadencial da ação rescisória somente começa a fluir para o
Ministério Público, que não interveio no processo principal, a partir do
momento em que tem ciência da fraude." (Súmula 100, VI, do TST). 2.
Tratando-se do Ministério Público do Trabalho, instituição permanente e
essencial à função jurisdicional do Estado, à qual incumbe a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis e que possui como princípios institucionais a unidade, a
indivisibilidade e a independência funcional (art. 127, § 1º, da CF), a atuação
de seus membros, aos quais são reconhecidas importantes garantias e
prerrogativas para o exercício altivo e independente de suas atribuições (art.
128, § 5º, I, da CF e art. 18 da LC 75/1993), está revestida de relevância
singular. Não por outra razão, confere a ordem jurídica poderes expressivos
para a promoção do inquérito civil e da ação civil pública, voltados à
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos (CF, art. 129, III, da CF), previsão também
reprisada no art. 84, II, da LC 75/1993 (instaurar inquérito civil e outros
procedimentos administrativos, sempre que cabíveis, para assegurar a
observância dos direitos sociais dos trabalhadores). 3. Na hipótese dos autos,
a denúncia de diversos acordos simulados promovidos pela empresa Ré foi
levada ao conhecimento do Parquet em 02/07/2013, resultando na
"Apreciação Prévia - Instauração de Inquérito Civil", datada de 11/7/2013,
com expedição de ofício para obtenção de informações junto a Secretaria da
Vara do Trabalho. 4. Por conseguinte, com a notícia da fraude recebida em
02/07/2013, a presente ação rescisória apenas poderia ser proposta até
02/07/2015. Aforada apenas em 13/09/2015, é manifesta a configuração da
decadência, impondo-se a extinção do processo com resolução do mérito.
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Recurso ordinário conhecido e processo extinto com resolução do mérito
(RO-5564-61.2015.5.09.0000, Subseção II Especializada em Dissídios
Individuais, Redator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT
27/09/2019).
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Ante o exposto, nego provimento ao recurso ordinário.
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