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Observação da Lua 

por Dana Gerhardt
Primeira parte: Intimidade lunar

O mapear as fases da Lua progredida ao longo de um período de 30 anos revela um poderoso modelo de

vida. A aplicação desta técnica, primeiro no meu próprio mapa, provocou-me um dos momentos mais

arrepiantes enquanto astróloga. "Meu Deus, isto funciona mesmo".

Segunda parte: A Lua Nova

Há anos que realizo rituais de Lua Nova. Há sempre uma voz cá dentro que pergunta: "Mas afinal para que é

que isto serve?" Outra voz normalmente responde, "Cala-te, isto é magia". "Queres magia, não queres?". A voz

cética persiste: "E daí? Ou fazes um ritual ou esqueces-o. Isso não muda o mundo". A voz amante de magia

grita: "Salta a Lua Nova e os deuses ficam zangados. É melhor fazê-lo". Quando tudo o mais falha, a culpa

vence. Eu faço-o. E porque mantive o compromisso, tenho recebido um ensinamento ao longo dos anos que vai

para lá da inteligência quer do cético quer do amante de magia. Este conhecimento é profundamente lunar. E o

ter vindo gradualmente, ao longo de muitos rituais de Lua Nova, é precisamente o cerne da questão.

Os rituais podem ser uma forma de união com a ordem natural. Nas tradições antigas, as cerimónias

programadas de acordo com o Sol, a Lua e as estações eram genuinamente colaborativas, uma forma de

garantir que os ritmos naturais eram preservados. Falhava-se a preservação dos ritmos e o mundo adoecia.

Hoje em dia somos coartados pelo conhecimento de que o Sol e a Lua nascerão sem a nossa ajuda. Contudo,

não podemos estar tão convencidos, de que o mundo não adoeceu sem as nossas atenções rituais.

Não é por esta razão que mantenho as cerimónias de Lua Nova. É mais pessoal. Trata-se do valor de

desenvolvimento da repetição, regressando sempre ao mesmo momento, com um propósito similar, ao longo do

tempo. Isto é aquilo que a Lua faz, trazendo sempre a Lua Cheia para o horizonte oriental ao pôr-do-sol, sem

falha a devolver o Quarto Crescente ao céu ocidental duas semanas mais tarde. Eu também regresso. Às vezes,

simplesmente murmurarei palavras ou gesticularei sem grande sentimento ou ligação, até que numa Lua Nova,

senti um "aha" tão profundo; ressoou para trás e para a frente, carregando quer as cerimónias passadas quer as

futuras. Ao longo da Lua Nova seguinte algo mais entrou em construção. Alimentadas pela teia subtil da

mudança, reflexão e retorno, vieram as transformações.

"A verdade é que começamos muitas vezes em termos astrológicos e noutros. Toda a conjunção em

progressão ou trânsito ou todo o movimento e mudança de emprego representa outro começo novo, tal

como a Lua Nova. Quando se mantém um ritual de Lua Nova, ficamos cada vez mais sábios acerca do

que significa um novo começo."

RITUAL DA LUA NOVA


O Sol e a Lua formam uma conjunção na Lua Nova. Isto de facto assinala uma tremenda concentração de

energia, mas ela ocorre longe da nossa vista; Isto sugere energia mas pouca consciência, uma característica

comum a todos os começos. Gostamos de pensar que nos orientamos a nós mesmos no sentido das novas

direções que desejamos, mas o mais frequente é começarmos os nossos novos ciclos como a Lua Nova, no

escuro. Isto assemelha-se ao momento da concepção, outra conjunção divina que ocorre longe da nossa vista.

Só descobrimos aquilo que iniciámos muito depois de o termos iniciado.

Ao agirmos no escuro, estamos a sentir o nosso caminho, mas não sabemos ao certo onde ele nos irá levar. Isto

adequa-se à energia especial das conjunções – quer se trate de uma Lua Nova, ou de um planeta que em

progressão ou trânsito forme uma conjunção com um planeta natal, mesmo quando existem conjunções no

mapa natal. Há uma fusão de energia, um esborratar de forças que traz uma nova oportunidade e alguma

confusão. Uma ânsia é espicaçada mas em que direção? Qual é o planeta que assume o comando? As

energias lutam umas contra as outras ou misturam-se para criar algo novo?

Apesar de não haver certezas quanto ao destino final, temos de prosseguir em frente. Dirigimo-nos para o nosso

teste de Lua Nova. Espicaçados pela energia sem propósito consciente, podemos criar algo novo ou retroceder

para o instinto. A maior parte das vezes fazemos aquilo que já conhecemos, desviando-nos da apelativa

mudança. Comi o pão, porque com três anos de idade, era o que eu fazia com o pão. Como é que eu iria saber

que era suposto alimentar os patos? Como é que eu iria saber sequer que havia patos?

O que eu aprendi ao manter um ritual regular de Lua Nova é que sem um calendário lunar, é fácil perder este

momento. Uma semana de trabalho ocupada atrás de outra, somos empurrados para a frente ao compasso

maquinal da vida moderna. Inconscientemente, fazemos a nossa Lua Nova percorrer velhos caminhos. Apesar

de existirem 12 a 13 Luas Novas todos os anos, cada uma delas uma oportunidade celestial de construir de

novo, as pessoas comummente aterram nas mesmas situações mês após mês.

A astrologia pode ajudar, mas também pode tornar-nos pretensiosos. Sabemos quando é Lua Nova. Ainda por

cima, temos mapas da Lua Nova que nos podem dizer o que está para vir. Podemos energizar novos objetivos

coordenando-os com a casa nos nossos mapas onde a Lua Nova irá ocorrer. Eu costumava favorecer

especialmente a abordagem dos objetivos. Então num ciclo de Aquário tive a minha paga e o meu paradigma

mudou.

O grau daquela Lua Nova caiu na minha 6ª casa. Eu considerava assuntos da 6ª casa , o meu trabalho, a minha

saúde, as minhas rotinas diárias e tomei a brilhante decisão de me reorganizar em todas estas áreas. À medida

que o mês avançava fui apanhada desprevenida. O meu trabalho de astrologia de repente duplicou, os

caprichosos computadores do escritório iam-se abaixo constantemente, tempestades estrangulavam o trânsito e

os horários mudavam abruptamente. Ao invés de fazer progressos relativamente aos meus objetivos eu estava

extremamente ansiosa. Então, num relâmpago aquariano, percebi tudo. A questão do ciclo era aprender algo

novo - desenvolver mais a ingenuidade aquariana.


Aquário sempre foi a minha 6ª casa e eu abordei-a tal como qualquer pessoa com o ascendente em Virgem o

faria. Estou sempre a tentar organizar o meu trabalho, a minha saúde e as minhas rotinas diárias. E eram esses

os meus objetivos, ano após ano por altura da Lua Nova em Aquário. Pensava que isto fosse trazer a mudança!

Nesse ciclo finalmente sintonizei-me com o primoroso jogo do caos e invenção na minha 6ª casa aquariana.

Aprendi a abrir mão de alguma da minha rigidez virginiana, a abraçar o inesperado e a refinar a minha técnica

astrológica para incluir maior espontaneidade e intuição. Estes dons não resultaram de um plantio consciente de

sementes. Eles resultaram da receptividade à energia da época.

"O Sol e a Lua formam uma conjunção na Lua Nova. Isto de facto assinala uma tremenda concentração

de energia, mas ela ocorre longe da nossa vista; Isto sugere energia mas pouca consciência, uma

característica comum a todos os começos. Gostamos de pensar que nos orientamos a nós mesmos no

sentido das novas direções que desejamos, mas o mais frequente é começarmos os nossos novos

ciclos como a Lua Nova, no escuro."

Agora tudo adquirira um novo sentido para mim. Porque a Lua Nova é uma conjunção Sol/Lua, podíamos ser

quer solares (conscientes) quer lunares (receptivos). Podíamos estabelecer objetivos. Podíamos arremeter em

direção a alguma nova aventura. Mas também deveríamos permanecer atentos aos sinais de uma aventura

diferente eventualmente planeada pelos deuses. Alguns dirão que isto é exatamente aquilo que os mapas de

Lua Nova podem revelar.

Ontem recebi um correio electrónico da minha amiga Gloria que tem andado a estudar previsão e mapas de Lua

Nova. O texto que ela tem andado a ler diz que quando uma Lua Nova na 6ª casa faz uma quadratura a um

planeta natal na 3ª casa, daí podem resultar acontecimentos funestos. A Lua Nova em Virgem estava a fazer

uma quadratura à Vénus na 3ª casa a partir da 6ª casa. Ela iria apresentar o seu segundo romance ao seu editor

naquela semana. Ela estava preocupada: “Será que alguma coisa terrível irá acontecer ao meu livro?”

Embora seja possível ver o futuro nos mapas de Lua Nova, esta possibilidade é tão contrária às exigências do

tempo, que eu cada vez gosto menos dela. Tal como um astrólogo amigo disse recentemente, "as previsões

raramente nos inspiram". Neste caso, a previsão havia forçado a Gloria a focar-se num ponto de preocupação,

que dificilmente era o melhor quadro mental para a submissão do seu projeto, já para não falar no lançamento

de um novo ciclo.

Seja lá o que for que um mapa de Lua Nova prometa, parece que o ideal é avançar para ele com uma prontidão

desprovida de preconceitos. Agora leio os mapas de Lua Nova de uma forma mais ligeira, preferindo "descobrir"

as suas manifestações há medida quer o ciclo se desenrola. Até o estabelecimento de objetivos começou a soar

demasiado agressivo, demasiado orientado para a dificuldade, demasiado prematuro para a natureza do

momento. Esta atividade cai melhor na próxima fase, o Quarto Crescente.


Isto inclui uma prontidão quer para arrasar aquilo que é velho quer para construir algo novo. Existe algo de

ligeiramente apocalíptico em cada Lua Nova, que exige que o nosso velho mundo, o nosso velho eu, morra. A

divindade mais adequada para esta fase poderá ser o deus hindu Shiva, a dançar num espantoso fogo que

constrói ao mesmo tempo que destrói. Shiva diria "Perde esse olhar tenso e estudado". As Luas Novas exigem

uma abertura de corpo e mente. Ergue os teus braços para o céu. Assenta os teus pés na terra. Esvazia-te!

Maravilha-te! Dança!"

Cada mês a fase da Lua Nova dura três, quatro dias. Vai da conjunção entre o Sol e a Lua, passa pelo seu

semi-sextil (afastamento de 30 graus), pela sua semi-quadratura, quando a Lua está 45 graus à frente do Sol.

Sempre que posso, gosto de dar um breve passeio, durante este período, saindo a pé ou de carro, sem

qualquer outro objetivo que não seja ir a um lado qualquer e ver o que acontece

Por vezes esta coleção única de talentos é mais uma maldição que uma bênção. Com tantas possibilidades de

escolha, os indivíduos de Lua Nova podem dar por si paralisados no início uma e outra vez. São estes os

fundadores que ainda não descobriram o que irão fundar. Não existem modelos prontos a usar - eles têm de

forjar o seu próprio trilho. Mas afirmar um modelo e manter-se fiel a ele é difícil. Fiéis à natureza desta fase,

estes bebés de Lua Nova tendem a agir instintivamente sem uma ideia clara de onde isso os irá levar.

A astrologia pode ajudar. Olhem para os outros planetas nos mapas deles de forma a que o seu potencial

também frutifique; Procurem sobretudo posicionamentos em signos fixos. Com um mapa muito disperso ou

muitos planetas em signos mutáveis ou cardeais ou muitos posicionamentos a zero graus, pode ser

particularmente difícil focarem-se nos seus objetivos. No caso destas pessoas, Saturno ou Plutão podem ajudar,

quer no seu posicionamento natal ou por trânsito. Orientem-nos no sentido de transformarem a sua obsessão

plutoniana em capacidade de comprometimento. Encorajem-nos a converter as limitações e medos de Saturno

em diligência.

Todos nos convertemos em bebés de Lua Nova de quando em vez. Quando o nosso Sol e a nossa Lua

progredidos entram em conjunção, numa média de duas ou três vezes numa vida, entramos num período de

Lua Nova que dura três ou quatro anos. As conjunções formadas pelos planetas exteriores em trânsito e o

retorno dos planetas interiores também poderão assumir este caráter; compreender a sua qualidade de Lua

Nova pode ser uma maneira importante de os ler. Se abraçarmos novas possibilidades, poderemos com certeza

ser perdoados pelo nosso alheamento nestes momentos. O nosso eu subjetivo será alterado pelos eventos

futuros. O momento presente é a caixa de Petri onde começa a crescer a nossa busca.

Tal como as personagens dos nossos livros e filmes preferidos, o que descobrimos no final é habitualmente

diferente daquilo que nós originalmente procurávamos. O mais importante é continuar a andar. A seguir o mais

importante é estar alerta para o momento em que, como a princesa, a nossa bola dourada cai no lago. Este é o

semi-sextil, um aspeto que é metade de um sextil ou metade de uma oportunidade. É um daqueles aspetos

"óleo de rícino". No final é bom para nós, mas na altura fazemos uma careta.
Algo acontece que interrompe o nosso devaneio. Não gostamos disso, embora sejam os momentos

desconfortáveis aqueles que nos conduzem ao negócio da mudança. Invejamos o sucesso dos nossos amigos.

O nosso cônjuge é mau para nós. A nossa casa é demasiado pequena. Seja lá o que for, estamos prontos para

lidar com o sapo, que diz que se concordarmos com as suas condições, nos iremos sentir melhor. O sapo diz

que se ele apanhar a bola da princesa, ela terá de o levar para a cama dela e partilhar as refeições dela com ele

para sempre. Sem pensar ela diz que sim. 

Nalgum momento durante esta fase, fazemos uma promessa de Lua Nova. Talvez tenhamos algum encontro de

tal maneira insuportável com o nosso chefe que nos rebelamos com uma determinação renovada; "Chega, vou

arranjar uma nova carreira!" Sentimo-nos bem de novo e reavemos a nossa integridade. Dirigimo-nos de volta

ao castelo do nosso sonho feliz, como a princesa, e de repente descobrimos este sapo coberto de verrugas a

saltar ao nosso lado. "Mas tu prometeste!", grita ele.

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