Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Unidade IV
A empresa precisa identificar os custos dos estoques para tomar ações estratégicas com a finalidade
de reduzi‑los. Sem conhecê‑los, é impossível tratá‑los. Cabe, portanto, especial atenção ao tema. O
objetivo é levar o aluno a ter uma visão ampla da área de materiais, além das funções que lhes foram
atribuídas, o que facilitará o entendimento como um todo e um melhor desempenho das funções, além
de prepará‑lo para realização de outras funções dentro da área de materiais.
Para finalizar o assunto de Planejamento e Controle de Estoque, vamos abordar, nesta unidade, os
diferentes custos com estoque, tanto o de manutenção de estoque como pela falta do mesmo, baseado
no conceito e cálculo do lote econômico de compras ideal.
Associados aos custos de estoques, também vamos abordar giro de estoque e rotatividade, capital de
giro, retorno de capital e make or buy (fabricar ou comprar de terceiros).
Com muitos exercícios de fixação, o aluno poderá aprender a aplicar os conceitos dos cálculos
mostrados e tentar associá‑los às suas atividades do cotidiano. É importante ressaltar que, atualmente,
os cálculos exibidos aqui podem e devem ser feitos por meio de ferramentas tecnológicas, como, por
exemplo, softwares de gestão empresarial (ERPs), que realizam os cálculos de acordo com os parâmetros
preestabelecidos no cadastro dos produtos, na implantação do sistema ou na manutenção dele.
Por exemplo: para um sistema realizar o cálculo do ponto do pedido, ou seja, disparar um alerta de
novo pedido quando o estoque chega ao nível x, terão que ser parametrizados no sistema os níveis de
estoque, como estoque médio e estoque de segurança.
Independentemente de o sistema realizar os cálculos, sabemos que ele é uma máquina irracional, e
por isso não faz nada sozinha, ela precisa ser instruída e alimentada. Essas informações e definição de
parâmetros precisam ser elaboradas por quem entende do assunto. Em outras palavras: se o aluno for
requisitado para a definição desses parâmetros, estará preparado?
A aquisição dos itens de estoque ou a produção dos itens a serem vendidos acarretam custos que
vão além dos valores da aquisição ou do custo de produção. Os valores pagos para os fornecedores ou
os custos de produção são apenas parte dos custos de estocagem dos mesmos.
Em uma visão leiga, ao perguntar qual o custo dos itens de estoque, é comum ouvir por parte da
empresa a multiplicação dos valores unitários pelo volume que há em estoque. No entanto, tal conta
não é correta, uma vez que os valores pagos são apenas parte dos custos. Para entendermos o conceito,
vamos considerar a seguinte situação:
115
Unidade IV
A Empresa X fez análise de demanda de um item e viu que poderia vender 3000 unidades/mês.
A entrega é imediata, pois os fornecedores são muitos e a competição entre eles é grande. Então, a
empresa decidiu fazer compras uma única vez no início de cada mês. Assim, receberia no dia seguinte os
produtos que consumiria durante o mês e, no final do mês, faria um novo pedido.
Dimensões do item:
A: 20 cm
L: 30 cm
C: 20 cm
Supõe‑se que ele será recebido em paletes de 1,0m X 1,2m e que se podem empilhar três volumes;
Pegando a base do volume 0,20C X 0,30L = 0,06 m² e a base do palete é de 1,0m X 1,2m = 1,2 m².
Dividimos a base do palete pela base do volume: 1,2m/0,06 = 20 unidades na base do palete,
mas empilham‑se 3 níveis. Então: 20 x 3 = 60 unidades em cada palete. Como temos 3000 unidades
recebidas: 3000/60 = 50 paletes, e precisamos ter espaço para estocar esse volume. Caso não se possa
empilhar os paletes uns sobre os outros, serão necessários 60 m², sem considerar corredores e espaço
para movimentação. Imagine os custos de tal espaço. Quanto maior, mais caro, e ainda há o valor do
dinheiro aplicado.
A Empresa Y decidiu comprar estoque para dez dias. Considerando a mesma demanda, teremos uma
compra de 1000 unidades. Então, 1000 / 60 = 17 paletes, o que vai consumir 20 m² do estoque. Haverá
menos volume, porém com giro maior.
A Empresa Z decidiu comprar para o dia 100 unidades. Terá seus riscos, mas não haverá estoque,
recebendo os itens que irão direto para a linha de produção a fim de serem vendidos aos clientes.
Percebe‑se que os volumes influenciam diretamente nos custos, pois, quando se compram lotes
maiores, compra‑se menos vezes, ou seja, reduzem‑se os custos de contato com fornecedores, mas
aumentam os custos de armazenagem, os operacionais do estoque.
As situações que acabamos de observar podem ser mais bem analisadas por meio de cálculos
para encontrar o melhor lote, aquele que não seja caro por conta das taxas atribuídas à estocagem,
116
Planejamento e controle de estoques
mas também não custe tanto por se pedir de forma extremamente retalhada, aumentando os custos
operacionais, como o do pedido.
Então, quanto pedir por vez? Em quantos lotes? Qual o volume ideal de compras para o meu tipo de
negócio?
Para responder a essas dúvidas, vamos identificar os tipos de custos dos estoques para encontrar o
equilíbrio dos níveis de cada tipo e reduzir ao máximo os investimentos em estoques.
d) custo total.
Esses custos aumentam de acordo com o volume do estoque, ou seja, quanto maior o estoque, maior
o custo; quanto maior o volume, maior a necessidade de armazenagem e, consequentemente, de espaço
físico.
Custo de armazenagem: estoques altos exigem maior espaço físico, maior aluguel e maior taxa de
armazenagem.
Exemplos:
Taxas e seguros: o valor referente aos custos de estocagem e o seguro dos mesmos será de acordo
com o volume estocado.
117
Unidade IV
Perdas e furtos: por maiores que sejam os investimentos com segurança, o risco de furtos não será
zero. Sempre há que se levar em conta um índice de perdas que, se tratar de grandes volumes estocados,
pode gerar imensos prejuízos.
Custo do capital investido: o custo será proporcional à quantidade de materiais na qual se vai
investir. O investimento deve ser baseado na previsão de demanda para minimizar os riscos de perdas,
tanto em produto como em espécie. Esse tipo de custo é também conhecido como custo de carregamento
(Cc). Vamos ver como podemos calculá‑lo. A fórmula é:
Cc = Ca + (i. P)
Em que:
Cc = custo de carregamento
Ca = custo de armazenagem
I = taxa de juros
P = preço de aquisição
Um item tem custo de armazenagem anual total de $ 0,80 por unidade e preço de compra unitário de
$ 5,00. Considerando uma taxa de juros de 10% ao ano, calcule o custo de carregamento do estoque desse item.
Aplicando a fórmula:
Ca = 0,80
I = 0,10
P = 5,00
Cc = Ca + (i. P)
Cc = 0,80 + 0,50 =
Cc = $1,30/por unidade/ano
118
Planejamento e controle de estoques
Aparentemente, esse custo é pequeno, mas tente multiplicá‑lo pelo número de SKU (Stock Keeping
Unit – Unidades Mantidas em Estoque), ou seja, de itens mantidos em estoque. Imagine uma empresa
com 30 mil itens diferentes e que ela tenha uma média de 10 unidades por item. Já seriam 300 mil itens
multiplicados por R$ 1,30 e os custos com armazenagem seriam R$ 390000,00.
Portanto, é necessário saber que os custos não são somente os de aquisição, como neste exemplo, os R$ 5,00
por unidade. Haveria um acréscimo de R$1,30 por unidade, considerando apenas os custos de armazenagem.
Esse tipo de custo inversamente proporcional aos volumes de compras pode ocorrer em duas
ocasiões:
Custos de preparação: de igual modo, quando se produz algo internamente, fazem‑se compras
maiores com menor frequência.
Se uma empresa tem demanda de 12 “x” ao ano e as adquire de forma retalhada, em 12 lotes, terá
custo de estocagem baixíssimo. Em compensação, os custos operacionais, chamados custos de emissão
de pedido, aumentam muito e superam a redução de custos de estocagem.
Por outro lado, se a empresa compra de uma única vez esses 12 lotes de “x” para reduzir os custos
operacionais, terá problemas com estocagem, espaço físico, armazenagem e grande investimento de
capital. Por isso é importante encontrar esse equilíbrio.
• materiais;
Veja um exemplo:
Quadro 35
1 Gerente 10000
3 Compradores 12000
2 Assistentes 5000
1 Mensageiro 800
1 Material de escritório e manutenção 900
1 Rateio do aluguel da empresa 2000
1 Viagens do setor 1580
Total R$ 32280
Pedidos no mês 269
Custo do pedido R$ 120
Saiba mais
Você é responsável pela gestão de materiais de uma empresa que obteve custos referentes à mão
de obra, encargos, material de escritório, correspondência e aluguel. Somados os totais e divididos pelo
número de pedidos no mês, chegou‑se ao valor de R$ 120,00 por emissão de pedido. Determine o custo
incorrido na emissão de um pedido nas seguintes formas de aquisição, considerando que a demanda
anual dessa empresa seja de R$ 40000 unidades.
b) Comprar 5 lotes;
c) Comprar 12 lotes.
120
Planejamento e controle de estoques
Vejamos:
D = demanda
Q = lote
EM = estoque médio
Observe, no quadro a seguir, como ficam os custos de estoques nos três níveis indicados:
Quadro 36
Veja que, quanto maiores os estoques, menores são os custos operacionais para emissão de pedido.
É necessária análise criteriosa dos níveis de estoque para tentar encontrar o equilíbrio, evitando
perda nas duas extremidades, pois ainda se devem analisar os custos com estocagem para decidir melhor.
São aqueles que independem dos níveis de estoques. Eles não apresentam oscilação quando alterados
para mais ou para menos.
Normalmente, esses custos são com aluguéis de galpão, contas fixas, como depreciação, itens de
segurança do trabalho e combate a incêndio; mão de obra (não interfere no custo de estocagem),
ferramentas, softwares e hardwares que, uma vez adquiridos, não influenciarão nos custos de estoques.
O objetivo, nessa etapa, é encontrar os custos totais de estoque. Martins (2006) direciona uma
fórmula para fazermos os cálculos. Há outras maneiras, mas essa foi a escolhida por ser didática e de
fácil percepção em uma empresa.
Fórmula
CT – custo total
Ca – custo de armazenagem
i – taxa de juros
P – preço do item
Q – lote de compra
Cp – custo do pedido
D – demanda
Ci – custos independentes
a) mão de obra;
b) obsolescência;
c) perdas;
d) equipamentos;
e) manuseio etc.
Ela (a somatória) deve ser dividida pelo volume médio mantido em estoques em determinado período.
i – taxa de juros de mercado – normalmente é o valor das taxas com as quais o mercado está
trabalhando em determinado período (por exemplo, no Brasil, taxa Selic).
P – preço de compra do item – é o valor que será pago aos fornecedores ou o custo de produção.
Cp – custo de pedido – é o custo de fazer cada pedido aos fornecedores. Para obter esse valor,
devemos somar os custos do setor de compras e dividi‑los pelo número de pedidos realizados no período,
conforme aprendemos a calcular.
122
Planejamento e controle de estoques
(Ca + i x P)
Esse trecho é chamado custo de carregamento. É o custo diretamente proporcional que será
multiplicado pelo estoque médio (Q/2).
Cp (D/Q)
CI + D xP
Vejamos um exemplo:
A demanda anual de uma empresa é de 10000 unidades e o preço de aquisição do item é de R$ 1,00
cada. O custo com armazenagem é de R$ 0,50 por unidade, e a taxa de juros é de 12% ao ano.
Sabe‑se que o custo fixo anual para esse item é de R$ 100,00 e o custo de pedido é de R$ 20,00. Dessa
forma, determine os custos totais para manutenção dos estoques dessa empresa, considerando lote de:
a) 1000
b) 4000
Aplicando a fórmula:
Em que:
CT – custo total
Ca – 0,50/unidade
i – 12% ao ano
123
Unidade IV
P – 1,00
Q – a) 1000
b) 4000
Q/2 – 500
Cp – 20,00
D – 10.000
Ci – 100,00
Como vimos, estocar custa caro. No processo de aquisição e manutenção, esses custos são mensuráveis,
como vimos até aqui. Porém, não dispor de estoques para atender à demanda no momento necessário
também custa caro e esses custos são imensuráveis.
Linha parada:
Lucros cessantes:
124
Planejamento e controle de estoques
• custos adicionais;
• perda de clientes;
• compra de terceiros;
Saiba mais
Resumidamente, Martins (2006) aponta que os estoques possuem três custos distintos e
complementares:
Custo CIPE
CDPE
CIPE – Custo Inversamente
Proporcional ao Estoque.
CF CDPE – Custo Diretamente
Proporcional ao Estoque.
CF – Custo Fixo.
Volume
Figura 22
Encontrar o lote econômico ideal é algo crucial para administrar os níveis de estoques e trabalhar
com uma quantidade enxuta.
125
Unidade IV
O LEC está presente na fórmula para se definirem os mais importantes níveis de estoque que existem.
Porém, para aplicar o lote representado pela letra “Q”, é necessário antes encontrar o lote ideal para o
tipo de negócio e de demanda.
A fórmula do LEC é:
2 Cp xD
LEC =
C A + ixP
Em que:
CP – custo de pedido
D – demanda
CA – custo de armazenagem
i – taxa de juros
P – preço
A empresa Dangus é uma multinacional de grande porte, com demanda anual de 10 mil unidades
do item ES33. O preço do item é de R$ 1,08, a taxa de juros anual é de 33,3% (R$ 33,30) e o custo
de armazenagem por unidade/ano é de R$ 0,30. O custo do pedido é de R$ 33,00 e os custos
indiretos R$ 400,00 reais.
Resposta/solução
2.33.10.000 660000
LEC = = = 1000545, 75 = 1000
0, 30 + 0, 333.1, 08 0, 65964
O lote seria de 1000 peças, o que não impede que ele seja ajustado de acordo com as definições de
lote do fornecedor, desde que não se altere muito esse resultado.
Agora que já sabemos como calcular o lote econômico, vamos aplicá‑lo aos custos totais.
126
Planejamento e controle de estoques
Continuando o exemplo:
Vamos considerar três exemplos diferentes para encontrarmos os custos totais: com lotes menores
que 1000; com o lote ideal encontrado (1000) e com lotes de 2000, maiores do que o necessário.
a)
Ca – R$ 0,30 unid./ano
P – R$ 1,08
Q – 500
CP – 33,00
D – 10000
Ci – 400,00
CT= 12024,10
b)
Ca – R$ 0,30 unid./ano
127
Unidade IV
P – R$1,08
Q – 1000
CP – 33,00
D – 10000
Ci – 400,00
CT = 11858,20
c)
Ca – R$ 0,30 unid./ano
P – R$ 1,08
Q – 2000
CP – 33,00
D – 10000
Ci – 400,00
CT = 12021,40
128
Planejamento e controle de estoques
Quadro 37
(Ca + i x P) Cp (D/Q) CI + D x P
Utilizando lotes de 500 peças (abaixo das necessidades), os custos diretamente proporcionais (que
envolvem a manutenção de estoque) são baixos. Em contrapartida, os custos operacionais (com emissão
de pedido), chamados de inversamente proporcionais, são muito altos.
Com isso, desmistifica‑se o pensamento de que pedir da forma mais retalhada possível é melhor
para a empresa reduzir custos com estoques.
Neste caso, estaria sendo pedida apenas a metade da demanda e, portanto, teriam que ser emitidos
vários pedidos ao mês.
Quando se adquirem lotes muito grandes, acontece a mesma coisa. Pedir em grande quantidade
(o dobro da demanda) estaria possivelmente reduzindo custos operacionais com emissão de pedidos,
além de haver possível desconto com fornecedor por comprar a mais. No entanto, essas reduções não
justificam os custos diretamente proporcionais de manter em estoque o dobro da necessidade mensal.
Parece pequena a diferença, não? Então repense a questão considerando o volume de itens (SKU) e
o volume de demanda de cada item.
Lembrete
Exemplo de aplicação
A metalúrgica Sid tem uma demanda anual de 36000 unidades da peça YKZ7 e o preço de aquisição
do item é de R$ 2,00 cada. O custo com armazenagem é de R$1,00 por unidade/ano, sendo que a taxa
de juros é de 12% ao ano. Sabendo que o custo fixo anual (independente) para esse item é de R$ 150,00
e o custo de pedido é de R$ 100,00:
129
Unidade IV
Observação: se o resultado for fracionado, arredonde apenas para o próximo número. Exemplo
[...]9,899 fica [...]10.
Comentários:
Primeiro passo: destacar da situação do enunciado as informações que serão utilizadas na fórmula:
D – 36000
P – 2,00
Ca – 1,00
i – 0,12
Ci – 150,00
CP – 100,00
Com base nas informações, vamos ao segundo passo: encontrar o lote econômico:
2C p xD
LEC =
C A + ixP
Terceiro passo: agora, com o lote econômico, podemos encontrar os custos totais. Utilizando as
mesmas informações do enunciado:
CT= R$75138,20
130
Planejamento e controle de estoques
8 Análise de estoques
Como avaliar os investimentos feitos em estoque e saber se os retornos desses investimentos estão
adequados e no tempo desejado? As fórmulas a seguir irão auxiliar você a encontrar essas respostas,
pela rotatividade dos estoques e pelo retorno de capital.
Pode‑se ainda analisar a melhor forma de reduzir custos de produção e estocagem decidindo entre
produzir internamente ou terceirizar os processos por meio da fórmula de make or buy.
Essas análises são fundamentais para as empresas saberem se estão indo bem, em que estão errando
e o que podem melhorar para aumentar seus lucros e a competitividade.
O giro de estoque ou rotatividade é a quantidade de vezes que o estoque gira ao ano. É interessante para a
empresa saber em quanto tempo isso acontece, configura‑se o giro do capital que ela investiu para essa finalidade.
Quanto maior o giro, melhor para a empresa, pois isso significa que ela possui uma boa gestão de
estoques e que trabalha com o essencial para atender à demanda. É uma forma de avaliar o capital
investido em estoque, comparando com o custo das vendas anuais (R).
Para calcular a rotatividade, é preciso saber duas informações: o valor dos estoques (E) – seja em
volume monetário ou em quantidade – e o custo de vendas anuais (CV), que representa o valor anual
das vendas sem a mão de obra e as despesas gerais.
R = CV / E
Exemplo:
Uma empresa teve como resultado de vendas (faturamento anual) um total de R$ 360000,00,
dos quais os custos de vendas foram de R$ 240000,00. Para esse resultado, ela investiu em estoques
(matéria‑prima, material auxiliar, manutenção, WIP e produto acabado) um montante de R$ 60000,00
e seu lucro foi de R$ 50000,00. Pergunta‑se: qual a rotatividade?
R = CV / E
R = 240000 / 60000
R=4
O resultado mostra que os estoques giram quatro vezes, o que significa que ele fica parado por cerca
de 90 dias (360/4 = 90), ou seja, há estoque para 3 meses. Esse exemplo mostra bem a finalidade e a
importância de conhecer o giro dos estoques.
131
Unidade IV
Se mais bem planejado, nessa simulação, os estoques poderiam ser menores e com maior giro, impedindo
assim de se desembolsar de uma única vez investimentos, que, além da perda de dinheiro, trazem também
outros riscos de perdas associados, conforme vimos em custos de manutenção de estoques.
Segundo Hamilton Pozo (2007), as médias de giro de estoques nos principais países em 1997 eram
as seguintes:
Quadro 38
Exemplo:
Seguindo essas médias mundiais, vamos considerar que três empresas, uma em cada país representado,
teriam o mesmo custo de vendas (U$ 20.000,000) e já conhecendo as suas respectivas rotatividades (14,
80 e 160), qual será o valor investido em estoques em cada um dessas três médias mundiais?
Rotatividade:
Brasil: R = 14
CV = 20.000.000
Se R = CV / E, então:
E = CV / R
E = 20.000.000 / 14 = R$1428571,43
E = CV / R
CV = 20.000.000 / 80 = R$ 250.000,00
Japão: R = 160
CV = 20.000.000
E = CV / R
132
Planejamento e controle de estoques
Como se pode perceber nos três exemplos de média mundial, as empresas tinham os mesmos
custos de vendas, porém, pelo fato de os giros serem diferentes, impacta no montante que precisa ser
desembolsado para investimento em estoques, que é completamente diferente.
A média mundial representa o dobro da do Japão, que com giro anual médio de 160 vezes possui
estoques para apenas dois dias.
Você consegue imaginar a rotatividade de uma empresa? Se está dentro dos padrões brasileiros,
se seria um desvio na curva, inserindo‑se na média mundial dos principais países, ou se é exceção do
segmento, como a média do Japão?
Digamos que se saibam as seguintes informações financeiras dos estoques pelas NFs.:
Quadro 39
Considerando que o estoque inicial em janeiro era de R$ 30000, vamos preencher o quadro a seguir
para encontrar o consumo médio e o giro dos estoques.
EM = Ei + Ef / 2
Ei = Estoque inicial
133
Unidade IV
Quadro 40
Primeiramente vamos descobrir o EM, estoque médio mensal (total de vendas médias dividido pelo
período de 6 meses):
Em = 121.000 / 6 =
Em = 20167
Giro = 6,4
Seguindo os resultados aplicados no giro de estoque ou na rotatividade, vamos ilustrar com o mesmo
enunciado. Veja:
Uma empresa teve como resultado de vendas (faturamento anual) um total de R$ 360000,00, dos
quais o custo de vendas foi de R$ 240000,00. Para esse resultado, ela investiu em estoques (matéria‑prima,
material auxiliar, manutenção, WIP e produto acabado) um montante de R$ 60000,00, e seu lucro foi de
R$ 50000,00. Pergunta‑se: qual a rotatividade?
Fórmula:
R = CV / E
R = 240000 / 60000
R=4
Diante do resultado da rotatividade ou do giro, que foi de 4, ou seja, nessa situação o estoque gira
quatro vezes ao ano, apliquemos a fórmula da cobertura de estoques:
C = 180 / 4 = 45 dias
360 / 4 = 90 dias.
Ou seja, quando se descobre a rotatividade anual, já se sabe a frequência de giro nesse período.
Como a base anual sempre será 360 dias, divide‑se pelo resultado da rotatividade ou do giro obtido.
Aplicando outros períodos, fica fácil visualizar quantos dias ficam parados os estoques durante o
período analisado. Se, ao ano, ele gira quatro vezes (portanto, fica parado 90 dias no ano), se analisarmos
o período de seis meses, ele fica parado 45 dias e assim sucessivamente.
Exemplo de aplicação
1
Uma empresa manufatureira implantou um sistema informatizado de controle de estoque. Após
um período de seis meses de operação, obteve o seguinte relatório de movimentação financeira, em
reais, considerado o estoque inicial em janeiro de R$148580,00.
1
Exercício baseado na obra de Petrônio Garcia Martins, Gerenciamento dos Recursos Materiais.
135
Unidade IV
Quadro 41
Determine:
Seguindo o exemplo do conteúdo explicativo, preencha o quadro a seguir para colher as informações
necessárias para montagem das fórmulas.
Mês Estoque inicial Entrada Saídas Saldo Estoque médio (ei + ef) / 2
1
2
3
4
5
6
Total
a) Informe os resultados do EM
b) Informe o giro
136
Planejamento e controle de estoques
Comentários
Quadro 42
Est. médio
Mês Estoque inicial Entrada Saídas Saldo (ei + ef) / 2
1 148580 125000 112700 160880 154730
2 160880 — 95580 65300 113090
3 65300 245000 98950 211350 138325
4 211350 189000 106450 293990 252625
5 293990 — 80630 213270 253585
6 213270 96500 115560 194210 203740
Total 609870 1116095
O retorno de capital serve para medir especificamente o tempo de retorno dos investimentos feitos
em estoque (RC). O cálculo é baseado nos lucros das vendas anuais (L) sobre o capital investido em
estoque (C).
A fórmula é a seguinte:
RC = L / C
137
Unidade IV
Em que:
L = lucro
C = capital investido
Uma empresa teve como resultado de vendas anuais um total de R$ 360000,00. Para esse resultado,
ela investiu em estoques (matéria‑prima, material auxiliar, manutenção, WIP e produto acabado) um
montante de R$ 60000,00 e seu lucro foi de R$ 50000,00.
RC = L / C
Suponhamos que um concorrente teve os mesmos resultados, porém não precisou investir
esse mesmo montante de capital em estoques. Investiu apenas R$ 32000,00. Qual seria o retorno
do capital?
RC = L / C
RC = 50000 / 32000 = 1,56, que já seria um retorno de capital bem superior ao exemplo
anterior.
Apesar disso, Pozo (2007) diz que o coeficiente ideal para o RC é, em média, de 15 a 25.
Exemplo de aplicação
Situação A
A empresa X teve como resultado de vendas anuais um total de R$840000,00. Para esse
resultado, ela investiu em estoques (matéria‑prima, material auxiliar, manutenção, WIP e produto
acabado) um montante de R$ 160000,00 e seu lucro foi de R$ 280000,00. Encontre o retorno
de capital.
Situação B
A empresa Y tem o mesmo faturamento bruto da empresa X. Para esse resultado, ela precisou investir
em estoques um montante de R$ 120000,00, obtendo lucros de R$ 400000,00. Qual foi o retorno de
capital dessa empresa?
138
Planejamento e controle de estoques
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Comentários
Situação A:
Faturamento: R$ 840000,00
Lucro: R$ 280000
RC = L / C
Situação B
Faturamento: R$ 840000,000
Lucro: R$ 400000,00
RC = L / C
Na primeira situação, o retorno foi menor pelo fato de o investimento de capital em estoques ter
sido maior do que o da situação B. Certamente a empresa X teve maiores custos de vendas e por isso
reduziu a margem de lucro.
Na situação B, a empresa Y conseguiu administrar melhor, reduzindo o capital investido, assim como
os custos de vendas, obtendo maiores lucros.
139
Unidade IV
Grosso modo, a empresa X teve R$ 840000 bruto. Se ela investiu R$ 160000 em estoques e teve
lucro de R$ 280000, então ela deve ter tido R$ 440000 de custos de vendas (840 – 160 – 280 = 440),
enquanto a empresa Y: 840 – 120 – 400 = 320, menor custo com vendas.
Ambas obtiveram bom retorno de capital e geraram lucros. Porém, o fato é que é possível melhorar,
o que vai depender da gestão de estoques. Se for mal administrado, com baixa rotatividade, a empresa
terá que investir mais capital. Do contrário, com menos capital investido, consequentemente há maiores
lucros.
A conta é simples: lucro dividido pelo o que se investiu em estoque. Se se investiu muito, o lucro é
pouco. Investindo pouco, o lucro é muito.
Veja o exemplo final: lucro: 100000 / capital 50000,00. Sem fazer conta, dá para perceber que se
colheu o dobro do que foi plantado? Agora, aplicando a fórmula:
RC = L / C
100000 / 50000 = 2.
Percebeu? Duas vezes mais. Portanto, o segredo é minimizar os custos para maximizar os lucros.
Finalizando a disciplina de PCE, vimos que, de fato, a política de estoque para uma organização é tão
importante quanto as vendas. Não menos importante é mensurar os custos que envolvem os estoques
e suas atividades.
Conhecer esses custos pode ser importante também para se tomar decisões estratégicas de grande
impacto, que modificam o modelo de negócio da empresa, como é o caso da decisão entre fazer/
produzir ou comprar/terceirizar.
Muitas empresas preferem não investir na infraestrutura de uma planta industrial e nas necessidades
para a instalação dessa fábrica, incluindo mão de obra e todos os riscos intrínsecos.
Saber se fabricar é melhor que comprar um componente, por exemplo, inclui considerações
econômicas, tais como aspectos quantitativos, qualitativos, além de fontes de fornecimento e necessidade
de se criarem instalações e controlar prazos de entrega.
Para que a empresa possa produzir um item, ela tem de estar certa de que isso vale a pena
financeiramente, tanto pelos aspectos de investimento como pelos riscos envolvidos. Ainda
que ela tenha capacidade de produção, nem sempre isso pode ser viável. Tudo dependerá da
oferta que tem para comprar de terceiros e das oportunidades de negócios com parcerias de
fornecimento.
140
Planejamento e controle de estoques
A decisão envolve custos fixos e variáveis que precisam ser conhecidos para se tomar a decisão.
Lembrete
Esta decisão está muito ligada ao tipo de demanda com a qual a empresa
trabalha, principalmente se esta for sazonal (com a venda de produtos
somente em determinadas épocas do ano), inutilizando sua capacidade de
produção nos períodos de baixa, tendo de arcar com todos os custos fixos
até que chegue o período de alta novamente.
Como calcular
CF + CV . (V)
CF – custo fixo
CV – custo variável
P. V
Vamos criar um cenário com as informações necessárias para decidir entre fabricar ou comprar:
Uma empresa exporta frutas para o mercado holandês. Para esse processo, ela possui duas opções:
comprar as caixas de embalagem das frutas ou produzi‑las no galpão, já que o processo é bastante
simples, pois se trata de caixotes de madeira. Se a opção for comprar os caixotes prontos, cada um sai
a R$ 1,00.
141
Unidade IV
A demanda anual depende, em grande parte, das condições político‑econômicas entre os dois países
e, portanto, ela usa o método de previsão de demanda pela MMP (Média Móvel Ponderada). Encontre
primeiramente a demanda para outubro/XX11, conforme quadro a seguir:
Quadro 43
Apesar de o processo produtivo ser simples, se a empresa optar por fazer as embalagens, terá de
reestruturar o layout de parte do galpão para estabelecer a fabricação, tendo, com isso, de investir em
maquinário, o que resultará em custos fixos anuais de R$ 5000,00. Os custos variáveis para a manufatura,
materiais e despesas gerais são avaliados em R$ 0,50/embalagem.
a) custo de fabricar;
b) custo de comprar;
CTfabricar = CF + (CV. V)
CT = R$ 23550,00
CF = P. V
142
Planejamento e controle de estoques
Motivos: além de ser mais barato, a empresa terá menos riscos associados às questões como manter
estrutura e administrar recursos materiais e mão de obra.
Exemplo de aplicação
Vamos apresentar agora uma situação um pouco mais complexa, em que a empresa possui dois
modelos de processos (“A” e “B”) para serem fabricados e deve decidir entre quais deles fabricar, ou ainda
se compensa comprar de um fornecedor estrangeiro, por exemplo, importando da China.
Nesse contexto, a empresa tem uma demanda bastante estável, que gira em torno de 200 unidades
anuais.
Quadro 44
Comentários
Primeiro passo:
CTfabricar = CF + (CV. V)
143
Unidade IV
Processo A
CT = 45000 + (2000000,00)
CT = 2045000,00
Processo B
CTfabricar = CF + (CV. V)
CT = 18000 + 5000000,00
CT = 5018000,00
Processo de comprar
CF = P. V
CF = 38,00. 200000
CF = 7600000,00
Decisão:
A decisão da empresa deve ser continuar a produzir por meio do modelo de processo “A”, que é o
mais viável entre todos.
Justificando a escolha
Apesar de o processo “B” apresentar custos fixos muito superiores ao processo “A” (mais que o
dobro), a vantagem nos resultados foi atribuída aos custos variáveis que incidem sobre a demanda, o
que justifica os resultados tão diferentes entre os processos de fabricação. O processo “B” tem custo
variável de R$ 25,00, em vez de R$ 10,00 do processo “A”.
Terceirizar, nesse caso, não é viável, tendo em vista que a diferença de terceirizar ou produzir pelo
processo “A” chega a triplicar, o que não justifica os riscos ou custos de infraestrutura e recursos humanos
necessários anualmente.
144
Planejamento e controle de estoques
Resumo
Esta disciplina atendeu aos objetivos de dar uma visão ampla sobre
a gestão de matérias, no planejamento e controle de estoques, e foi
devidamente embasada em conceitos e fundamentos para podermos
contextualizar a disciplina na ampla área logística.
145
Unidade IV
Exercícios
Questão 1. A figura a seguir é uma representação gráfica dos custos de estocagem. As três curvas
referem‑se aos custos diretamente proporcionais ao tamanho do lote, aos custos inversamente
proporcionais e ao custo total. É mostrado também o ponto de lote econômico de compra (LEC).
Custos
Tamanho do lote
Figura 23
II. O custo de pedido fixo é bem identificado pelo modelo, quando na realidade temos diferentes
produtos, cada um deles com um tipo de negociação e modelo de pedido.
III. O custo de manutenção de estoque é expresso, no modelo, por uma função linear, quando
na realidade existem diferentes produtos com diferentes comportamentos em termos de custos de
manutenção em estoque.
IV. O uso do conceito de lote econômico despreza fatores não financeiros, pois, no mundo real, eles
não têm importância prática.
146
Planejamento e controle de estoques
A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
D) I e III.
E) II e IV.
I. Afirmativa incorreta.
Justificativa: o modelo do lote econômico adota a premissa de que o custo do pedido fixo é bem
identificado e, realmente, no mundo real isso não acontece, em razão das negociações e dos modelos
de pedidos.
IV – Afirmativa incorreta.
Questão 2. O gráfico a seguir mostra os custos totais de estocagem de dois produtos de uma mesma
empresa. Sobre esees produtos, afirma‑se:
I. O lote econômico de compra de ambos os produtos está um pouco abaixo das 50 unidades.
147
Unidade IV
IV. Caso o lote de compra de ambos os produtos esteja em torno de 40 unidades, o custo de estocagem
será o mesmo para os dois produtos.
$ 6.000
$ 5.000
Custo mensal
$ 4.000
$ 3.000
$ 2.000 Produto A
$ 1.000 Produto B
$0
0 50 100 150 200 250
Lote econômico de compra
Figura 24
148
Planejamento e controle de estoques
Figuras e ilustrações
Figura 1
Figura 8
FLUXO RELACIONADO À TAXA DE CONSUMO. Disponível em: MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração
de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2006.
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 17
Figura 21
Referências
Textuais
149
____. Logística empresarial: gerenciamento da cadeia de suprimentos. 5. ed. São Paulo: Bookman,
2006.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Gestão logística de cadeias de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2001.
CORRÊA, H. L.; GIANESI, I. G. N. Administração da produção. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 4. ed. São Paulo: Atlas,1993.
MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo: Saraiva,
2006.
MOREIRA, D. Administração da produção e operações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
SIMCHI‑LEVI D.; SIMCHI‑LEVI, E.; KAMINSKY P. Cadeia de Suprimentos – projeto e gestão. São Paulo:
Bookman, 2003.
Sites
<www.ilos.com.br>
<ibope.com.br>
Exercícios
Unidade I – Questão 1: Enade – Administração (2009) – questão 28. Disponível em: <http://public.
inep.gov.br/enade2009/ADMINISTRACAO.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2012.
Unidade I – Questão 2. Enade – Administração (2006) – questão 30. Disponível em: <http://public.inep.
gov.br/enade2006/ADMINISTRACAO.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2012.
150
Unidade II – Questão 1: Enade – Administração (2006) – questão 34. Disponível em: <http://public.
inep.gov.br/enade2006/ADMINISTRACAO.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2012.
Unidade II – Questão 2. Enade – Administração (2009) – questão 29. Disponível em: <http://public.
inep.gov.br/enade2009/ADMINISTRACAO.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2012.
Unidade III – Questão 1: Enade – Administração (2006) – questão 24. Disponível em: <http://public.
inep.gov.br/enade2006/ADMINISTRACAO.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2012.
Unidade III – Questão 2. Enade – Administração (2002) – questão 24. Disponível em: <http://public.
inep.gov.br/enade2002/ADMINISTRACAO.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2012.
151
152
153
154
155
156
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000