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PROJETO COM
SISTEMAS EMBARCADOS
Engenharia Elétrica
PROJETO COM
SISTEMAS EMBARCADOS
PRIMEIRA EDIÇÃO
AUTORES
GABRIEL LEZAN NITZ
GUILHERME TSUBAHARA HORSTMANN
LETICIA INOCENTE GUIMARÃES
LUAN SEGALA MARTINS
MARCOS DAVI DE OLIVEIRA
WILLIAN STEIN
Engenharia Elétrica
Outubro de 2020
AUTORES
GABRIEL LEZAN NITZ
Acadêmico de engenharia elétrica
WILLIAN STEIN
Acadêmico de engenharia elétrica
● PREFÁCIO 6
○ Introdução 6
○ Sobre o Gesse 6
○ Alguns projetos já feitos pelo grupo 7
○ Estrutura do livro 8
● CAPÍTULO 4: SOLDAGEM 78
○ Introdução à soldagem em eletrônica 79
■ SMT e THT 79
○ Equipamentos de Proteção Individual 79
○ Tipos de ferros de solda 81
■ Ferro de solda manual 81
■ Estação de solda com controle magnético de temperatura 82
■ Estação de solda digital 82
■ Unidade de controle digital 83
○ Tipos de solda 83
○ Processo de soldagem 84
■ Preparação da superfície e utilização da pasta de solda 84
■ O processo de soldagem 85
■ Remoção de solda excedente 87
○ Referências bibliográficas 88
● CONSIDERAÇÕES FINAIS 95
6
PREFÁCIO
A cada dia que passa a humanidade avança um pouco em sua con nua evolução, e a engenharia se
faz presente como uma peça importante neste processo. A engenharia é sinônimo de desenvolvimento, e
ancorada na ciência traça uma linha do tempo capaz de inflar a mente de homens e mulheres, passando
pela descoberta do princípio da eletricidade no âmbar de Thales de Mileto, pela produção de veículos em
série de Henry Ford, por um desenvolvimento tecnológico apressado por uma Guerra Fria, até chegar em
casas inteligentes guiadas pela sua voz u lizando equipamentos e sensores baratos, eficientes, e cada vez
menores.
Dentro da engenharia, uma área que ascendeu nas úl mas décadas é a de sistemas embarcados,
tomando parte dos créditos por levar o homem à Lua e o mizando a nossa vida de maneira vasta, pois
está presente dentro de eletrodomés cos, aparelhos eletrônicos, brinquedos, equipamentos
automo vos, entre outros.
Nesse livro abordaremos os processos que envolvem um projeto de engenharia, neste caso
trabalhando com sistemas embarcados. Focaremos na maneira como o Gesse lida com estes processos
dentro da Udesc, e com isso você será capaz de aprender a u lizar um so ware que empregamos nos
projetos, e até mesmo a fabricar a sua própria placa de circuito impresso.
SOBRE O GESSE
Engenharia Elétrica
7
Figura 0.1 - Entrega do es mulador visual para uma criança com baixa visão. Fonte: dos
autores
Engenharia Elétrica
8
ESTRUTURA DO LIVRO
No primeiro capítulo, é dado o histórico dos sistemas embarcados, introduzindo os principais
componentes eletrônicos u lizados na área, apresentando as plataformas de proto pagem que o Gesse
u liza, com exposição das principais linguagens de programação u lizadas na área de sistemas
embarcados. Após isso, são exibidos projetos u lizando tudo que foi visto até então e é comentado sobre
análise de dados e Machine Learning.
No segundo capítulo, são introduzidos alguns so wares, tanto gratuitos quanto pagos, u lizados
na área para a criação do projeto da PCB. Após a introdução dos so wares, é apresentado um tutorial de
como projetar uma PCB usando o so ware Proteus. Ao final, são exibidos alguns detalhes importantes no
desenvolvimento da placa.
No terceiro capítulo, é incorporada a confecção de uma PCB construída industrialmente e em casa.
Assim, é destrinchado os pos de placas existentes e os Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs)
necessários. Em seguida, é apresentado o passo-a-passo do processo de manufatura de cada método de
elaboração diferente, e então é apresentado o processo de fresagem e os processos de furação, com este
úl mo tendo as diferenças no tamanho das brocas e os pos de furadeiras apresentadas.
No quarto capítulo, é abordada a soldagem em eletrônica e os EPIs necessários. Após isso, são
explicados os pos de ferros de solda e quais são as caracterís cas das diferentes soldas u lizadas na
eletrônica. Por fim, é detalhado como ocorre o processo de soldagem, sendo este dividido em três partes:
a preparação, o processo em si, e por úl mo, a remoção da solda excedente.
No quinto e úl mo capítulo, são apresentadas as etapas de acabamento da placa, bem como a
preservação da placa, onde pode-se u lizar envernizamento, aplicação de breu, entre outros.
Con nuamente, é introduzida a confecção de uma case para a sua PCB u lizando impressão 3D, a
importância e as etapas do processo de documentação, e então, um pequeno tutorial de como elaborar
um manual do usuário.
Engenharia Elétrica
CAPÍTULO 1
SISTEMAS EMBARCADOS
10
Um exemplo disso, são os dispositivos projetados e criados pela equipe do britânico Tommy
Flowers, Colossus Mark I (1943) e Colossus Mark II (1944) (Figura 1.1), os quais eram programados
para fazer a criptoanálise dos códigos utilizados para a comunicação dos nazistas durante a segunda
guerra mundial. Esses dispositivos eram de certa forma próximos ao conceito do que definimos um
sistema embarcado, pois foram capazes de executar uma única função, mas para a reprogramação
da máquina era necessário intervenção humana para terminar seu trabalho.
Figura 1.1 -
Painel de
controle e vista
do transporte
de fita de papel
do computador
Colossus Mark
II. Fonte:
British Public
Record Office,
London
Porém, o Apollo Guidance Computer (AGC) (Figura 1.2) foi um dos primeiros dispositivos
referenciados com o termo sistema embarcado e é o mais próximo da concepção atual disso. O
dispositivo foi desenvolvido no início dos anos 60, pelo grupo liderado por Charles Stark Draper no
Laboratório de Instrumentação do MIT. O AGC é um computador guia que operava em tempo real
e completava o sistema de navegação e orientação utilizado pela NASA no programa Apollo. Além
disso, era considerado o item mais arriscado do programa, pois utilizava de circuitos integrados
monolíticos para reduzir o tamanho e o peso do equipamento. O software do sistema do
computador de orientação Apollo foi escrito em AGC Assembly Language. De certa forma, pode-se
afirmar que o Apollo Guidance Computer era bem avançado para sua época.
Figura 1.2 -
Módulo da
interface do
usuário do
AGC. Fonte:
NASA
11
Figura 1.3 -
Microfotografia
do TMS1000 e
o próprio
TMS1000.
Fonte: Texas
Instruments
Ainda na década de 70, foi possível desenvolver softwares específicos para tipos diferentes
de processadores, tudo isso a partir do advento dos microprocessadores especialistas. Assim,
começaram a surgir bibliotecas de códigos direcionados especificamente para sistemas embarcados
com processadores específicos. Nos dias atuais, os sistemas embarcados podem ser programados
em linguagens de alto nível e possuem sistemas operacionais melhorados.
utilizados em muitos projetos eletrônicos, por consequência das memórias, dos conversores
internos, do baixo custo de aquisição e da sua programação simples.
Além disso, nos anos 90, tornaram-se disponíveis microcontroladores com ROM
eletricamente apagável e programável (EEPROM), por exemplo a memória flash. Esses dispositivos
poderiam ser programados, apagados e reprogramados utilizando somente sinais elétricos. Antes
desse equipamento eletricamente reprogramável, geralmente era necessário uma programação
especializada e hardwares específicos para tal, uma vez que o dispositivo tinha que ser removido do
circuito, adiando o desenvolvimento de software. Atualmente, muitos microcontroladores, como
os da Atmel e da Microchip, incorporam a tecnologia de memória flash.
Figura 1.4 -
Microcontroladores
Atmel e Microchip
Nos dias de hoje, principalmente acadêmicos que estão começando seus estudos sobre
eletrônica, confundem ou não sabem as diferenças entre um microcontrolador e um
microprocessador. Um microprocessador é um circuito integrado que realiza as funções de cálculo
e tomada de decisão, utilizado em computadores e celulares. Ademais, um microprocessador não
trabalha sozinho e não pode ser programado, apenas executa funções que outros componentes
externos lhe enviam. De outra forma, o microcontrolador, como visto anteriormente, é
praticamente um computador, contendo memória ROM, memória RAM, periféricos de entrada e
saída, podendo ser programado para o sistema embarcado desejado.
13
o Elementos de circuitos
▪ Resistores
Os resistores são componentes eletrônicos limitadores de corrente elétrica em um circuito.
Existem diferentes tipos de resistores, sendo eles classificados, por exemplo, quanto a potência
dissipada, a classe de precisão da resistência nominal e a construção interna. A Figura 1.5 apresenta
o desenho esquemático de um resistor e a curva característica de um resistor ôhmico (linear), o qual
apresenta uma corrente proporcional à tensão aplicada e vice-versa.
Figura 1.5 -
Resistor. (a)
Representação
esquemática.
(b) Curva IxV de
um resistor
ôhmico de 10 Ω.
Fonte: dos
autores
▪ Capacitores
Capacitores são componentes de um circuito eletrônico responsáveis pelo armazenamento
de energia elétrica na forma de campo elétrico. Dessa forma, eles possuem um papel fundamental
quando operam como filtros de sinais, eliminando componentes contínuas, por exemplo. Ainda,
podemos citar que os capacitores podem ser utilizados como estabilizadores de tensão, impedindo
que a forma de onda varie bruscamente, ou seja, reduzindo o ripple de tensão. A Figura 1.6
apresenta o desenho esquemático de um capacitor bem como uma demonstração da forma de onda
da saída de um circuito com capacitor acoplado paralelamente a carga e alimentado com tensão
senoidal.
14
Figura 1.6 -
Capacitor. (a)
Desenho
esquemático. (b)
Forma de onda da
tensão de
alimentação
(preto) e da tensão
na carga com
capacitor
(vermelho). Fonte:
dos autores
▪ Indutores
Por sua vez, indutores são componentes de um circuito eletrônico capazes de armazenar
energia elétrica na forma de campo magnético devido às interações do componente com a corrente
elétrica. Assim como os capacitores, os indutores também possuem aplicação como filtro de sinais,
uma vez que usam sua impedância para reduzir a corrente de saída da entrada para a saída, com a
magnitude da redução definida de acordo com a frequência aplicada. Na eletrônica, é possível
encontrar indutores em circuitos de reguladores chaveados e em conversores estáticos, como os
conversores de tipologia buck-boost. A Figura 1.7 apresenta a representação esquemática de um
indutor bem como uma demonstração da forma de onda da saída de um circuito com indutor
acoplado paralelamente a carga e alimentado com tensão senoidal.
Figura 1.7 -
Indutor. (a)
Desenho
esquemático. (b)
Forma de onda
da corrente da
carga (preto) e
da corrente no
indutor
(vermelho).
Fonte: dos
autores
▪ Diodos
15
Figura 1.10 -
Transistor de
efeito de campo.
(a) Esquemático
NMOS e PMOS.
(b) Curva de um
MOSFET de canal
N. Fonte: dos
autores
Figura 1.11 -
Transistor
bipolar de
junção. (a)
Esquemático
NPN e PNP.
(b) Curva de
um BJT NPN.
Fonte: dos
autores
o Bateria
Uma bateria é um elemento fundamental em um
projeto de sistema embarcado, principalmente se for
portátil. É constituída por células eletroquímicas ligadas
em série ou em paralelo, que armazenam energia química
cuja qual é convertida para energia elétrica, podendo
fornecer uma corrente elétrica para um circuito externo
através de seus eletrodos (ânodo e cátodo) separados por
um eletrólito. Durante a descarga da bateria, os elétrons
migram entre esses eletrodos através do circuito neles
ligado.
Figura 1.12 - Estrutura de uma célula
Uma bateria com especificação de 50 Ah (Ampère- eletroquímica. Fonte:
hora) pode fornecer 50 A durante 1 hora, ou até 5 A eletronicadepotencia.com
durante 10 horas. As baterias são classificadas em não recarregáveis, utilizadas geralmente em
aplicações de baixa potência, como em calculadoras, e recarregáveis, utilizadas em aplicações por
longos períodos, como em sistemas fotovoltaicos. Atualmente, as principais tecnologias de baterias
recarregáveis são:
➢ Chumbo-ácido;
➢ Níquel-Cádmio (Ni-Cd);
➢ Níquel-Hidreto Metálico (NiMH);
➢ Íon de Lítio (Li-ion).
Porém existe uma superioridade das baterias Li-ion sobre as demais, por não apresentarem
o efeito memória (bateria viciada) e por requerer menos células para obter tensões maiores, e por
isso é a mais utilizada em aparelhos eletrônicos, aplicações militares, aeroespaciais e veículos
elétricos. Por isso, daremos uma atenção maior a esse tipo de bateria.
Os estudos com baterias de lítio começaram em 1912, mas o desenvolvimento de baterias
recarregáveis de lítio só teve início na década de 80. Em 1991, a Sony comercializou a primeira
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bateria Li-ion. Essas baterias possuem as placas positivas feitas de lítio da forma LiMO2, onde M
representa um metal de transição, e as placas negativas constituídas de carbono.
O carregamento das baterias de Li-ion consiste em três estágios: carga lenta (pré-carga
usando uma corrente de 0,1 C), carga rápida (corrente constante de 1 C), e estágio de tensão
constante, em que C é a corrente nominal da bateria.
A Figura 1.13 ilustra um processo de carregamento. O estágio de pré-carga é utilizado apenas
quando a tensão da célula for inferior a 2,5 V. Se necessária, a mudança do primeiro para o segundo
estágio ocorre quando a tensão atinge o limite mínimo (3 V). Então, essa etapa de corrente
constante termina quando a tensão da célula atinge um valor de 4,1 V a 4,2 V. Na última fase, a
tensão é mantida constante até que a corrente caia abaixo de 3-5% da corrente nominal da célula.
Figura 1.13 -
Curva
característica
da carga de
baterias Li-
ion. Fonte:
eletronicadep
otencia.com
As baterias Li-ion não precisam ser totalmente carregadas. Na verdade, é até melhor não as
carregar por completo pois tensões mais elevadas acabam estressando a bateria, diminuindo a sua
vida útil.
Em geral, ao trabalharmos com baterias recarregáveis, alguns parâmetros devem ser levados
em consideração, como capacidade, eficiência, vida útil e taxa de autodescarga. Os fatores que mais
afetam o desempenho da bateria são: profundidade de descarga, número de ciclos, temperatura de
operação e controle de carga/descarga.
Assim, surge então a função do sistema operacional, que faz o intermédio desses componentes até
sua função final, como, por exemplo, processar os cálculos na CPU que resultam em uma imagem
no monitor.
Figura 1.14 -
Dispositivos
de entrada e
saída
Dispositivos de entrada e saída são essenciais para os projetos com sistemas embarcados e
muito bem representados por sensores, que captam informações do ambiente de aplicação do
sistema, e por atuadores, que realizam alguma ação com a interpretação dos dados coletados. São
os periféricos que permitem os sistemas embarcados serem aplicáveis nas soluções de problemas.
• PLATAFORMAS DE PROTOTIPAGEM
Com o passar dos anos, novas tecnologias foram sendo desenvolvidas, visando ajudar o ser
humano em seus trabalhos diários. Nesse sentido, as plataformas de prototipagem estão vinculadas
ao cotidiano de muitas pessoas, no qual, ajudam no desenvolvimento de projetos industriais e
acadêmicos. Iremos abordar nessa etapa um pouco sobre o Arduino e o Raspberry Pi, que são as
plataformas mais utilizadas, porém é importante mencionar que existem várias outras plataformas,
como a NodeMCU e a Beagle Board.
o Arduino
O projeto Arduino teve início em 2005 na Itália, com o intuito de ajudar no ambiente escolar,
alunos que não possuíam acesso a formas de prototipagem mais avançadas. Desse modo, o Arduino
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é uma plataforma de prototipagem de hardware livre e placa única, no qual é usado uma linguagem
de programação padrão semelhante a C/C++, com o principal objetivo de criar ferramentas
acessíveis e de baixo custo para serem usadas por iniciantes e profissionais. O hardware consiste
em um microcontrolador Atmel AVR 8 bits (circuito de entrada e saída), com componentes
complementares para facilitar a programação. A maneira como os conectores são expostos facilita
o equipamento de ser interligado a outros módulos expansivos, conhecidos como shields.
Atualmente, existem diversos modelos de placas Arduino, diversificados para projetos mais
simples e mais avançados, de acordo com o número de portas necessárias, variando entre os mais
comuns como o Arduino Uno e suas 14 portas digitais e 6 analógicas, e os mais complexos como
Arduino Mega, com microcontrolador ATmega2560 e 54 portas digitais (Figura 1.15).
Figura 1.15 -
(a) Arduino
Uno. (b)
Arduino
Mega.
Fonte:
arduino.cc
o Raspberry Pi
Raspberry Pi foi lançado oficialmente no mercado mundial no ano de 2012, após vários anos
de estudo com base no microcontrolador Atmel ATmega644. A Fundação Raspberry Pi criou esse
equipamento com o objetivo inicial de ensinar informática e programação para crianças, facilitando
o acesso a esse dispositivo devido ao seu baixo custo. Os dispositivos são uma série de
computadores de placa única, podendo se conectar a um monitor de computador ou a uma
televisão, usando um mouse e um teclado padrão. Ademais, o equipamento possui portas de
comunicação (GPIO, USB, Ethernet, Wi-Fi e Bluetooth), processador, memória, saída de vídeo HDMI
e uma interface leitora de cartão de memória, ferramentas essenciais para o desenvolvimento dos
projetos acadêmicos e industriais. Existem atualmente dois modelos: Modelo A e Modelo B (Figura
1.16). O modelo A possui apenas uma porta USB, não tendo porta de Ethernet. Em contraste, o
modelo B possui uma porta Ethernet e duas portas USB.
Figura 1.16 -
(a)
Raspberry Pi
Modelo A.
(b)
Raspberry Pi
Modelo B.
Fonte:
raspberrypi.
org
21
• LINGUAGENS DE PROGRAMAÇÃO
A linguagem de programação é um padrão de codificação binária, com sintaxes e semânticas
específicas, as quais podem ser compiladas e transformadas em um programa de computador ou
de algum dispositivo programável. Sabendo disso, a partir desses conjuntos de códigos e recursos,
é possível criar programas e sistemas para resolver problemas dos mais variados tipos no cotidiano.
Como a grande maioria dos sistemas embarcados incluem componentes programáveis, são usadas
diversas linguagens de programação para o desenvolvimento do software que será reproduzido
pelo dispositivo. Assim, as linguagens que costumam ser as mais utilizadas para programar esses
componentes são: Assembly, C, C++ e Python.
o Assembly
Começamos pela linguagem Assembly (Figura 1.17). É conhecida como linguagem de
montagem ou de máquina, e foi criada em meados dos anos 50, não sendo composta de números
binários e hexadecimais. A linguagem utiliza de palavras abreviadas chamadas mnemônicos,
indicando a operação a ser realizada pelo processador. Mesmo sendo uma linguagem antiga e
complexa ainda é utilizada no desenvolvimento de sistemas, os quais atuam de forma mais próxima
aos hardwares, como drivers, firmwares e microcontroladores. Além disso, Assembly é ainda
utilizada no ensino de disciplinas na graduação, as quais tratam de microcontroladores, pelo motivo
de que a linguagem leva o aluno a conhecer a relação dos componentes internos do
microcontrolador com um conjunto específico de comandos e instruções, que procedem o
programa desejado. Ainda assim, o uso de Assembly é bastante limitado, sendo utilizado em códigos
de inicialização de microcontroladores e em funções que precisam oferecer performance alta e
conhecida.
Figura 1.17 -
Exemplo de
código “Ola
Mundo”
feito para
arquitetura
x8086
22
o C
A linguagem C (Figura 1.18) surgiu em 1972, com a necessidade de escrever programas de
maneiras mais simples e fáceis do que a linguagem Assembly. Sendo assim, C é uma linguagem
estruturada, o que torna o processo de desenvolvimento mais simplificado. Com isso, essa
linguagem passou a ser considerada de uso geral, podendo ser empregada em qualquer tipo de
projeto, pois é de fácil portabilidade, isto é, um programa escrito em C pode ser usado geralmente
em qualquer plataforma. Além disso, a linguagem possui um conjunto de biblioteca de funções sub-
rotinas que assistem no desenvolvimento de sistemas, por isso é considerada simples, e também
possui instruções de alto nível e de sintaxe simples, sendo capaz de gerar programas
surpreendentemente rápidos em tempo de execução. Assim, atualmente muitos dos sistemas
operacionais que existem nos mercados são escritos em C, de tal forma que a linguagem também é
utilizada para criar aplicativos de todos os tipos, no desenvolvimento de interpretadores e
compiladores, em drivers e em outros controladores de dispositivos, softwares de computação
gráfica, banco de dados e na programação de microcontroladores.
Figura 1.18 -
Exemplo de
código “Ola
Mundo” feito
em linguagem
C
o C++
A linguagem C++ (Figura 1.19) foi desenvolvida em 1983. Como o próprio nome pode
insinuar, deriva da linguagem C, e o ++ significa incremento, isto é, pode-se afirmar que C++ é uma
linguagem C incrementada. Para isso, foi desenvolvida uma série de implantações para deixar C++
mais fácil, flexível e com mais possibilidades de uso. Entre algumas das implementações mais
importantes, tem-se o fato de ser orientada a objetos e ter a STL, que é um enorme pacote de código
e funcionalidade prontas para o programador utilizar. Entretanto, como C sempre foi uma
linguagem rápida e eficiente, C++ continuou com as mesmas características. Atualmente, a
linguagem C++ é bastante utilizada, como por exemplo: Microsoft Windows (a maior parte do
sistema operacional é feito em C++), os programas do Pacote Office, Adobe Photoshop, Spotify, e
em muitos jogos que utilizam muita memória.
Figura 1.19 -
Exemplo de
código “Ola
Mundo” feito
em linguagem
C++
23
o Python
Por fim, a linguagem Python (Figura 1.20) foi criada no início dos anos 90, e seu
desenvolvimento foi focado no programador, propondo aumentar a produtividade e ainda oferece
uma programação orientada a objetos. Uma das principais características da linguagem é a
legibilidade do código, além de possuir sintaxe moderna e clara, fáceis de compreender.
Atualmente, Python é umas das principais linguagens de programação, pois possui suporte a
múltiplos paradigmas de programação e desenvolvimento comunitário, o que acarreta uma
constante evolução da linguagem. Com isso, a linguagem é bastante utilizada em aplicações web,
soluções complexas, jogos e é também ensinada em cursos de lógica de programação devido a
simplicidade da sintaxe.
Figura 1.20 -
Exemplo de
código “Ola
Mundo” feito
Python
• COMPOSIÇÃO DE UM PROJETO
Diversas são as possibilidades que podem ser exploradas ao se trabalhar com sistemas
embarcados, como os exemplos comerciais citados no início deste capítulo. Entretanto, as
aplicações citadas requerem investimento capital de alto nível, principalmente por lidarem com
projetos complexos e extremamente precisos.
Apesar disso, o mundo dos embarcados não está restrito apenas às aplicações comerciais.
Alguns exemplos de sistemas embarcados desenvolvidos pelo Gesse e que podem ser replicados e
confeccionados com baixo grau de dificuldade são: a placa confeccionada para o Laboratório de
Circuitos Elétricos (LCE) da Udesc e o dispositivo estimulador visual desenvolvido para a Associação
Joinvilense para Integração dos Deficientes Visuais (Ajidevi).
Para confecção desse projeto, foram utilizados componentes de circuitos elétricos, como os
resistores e chaves mecânicas, e componentes de eletrônica, como o LED, uma vez que este é uma
24
das tipologias existentes de diodos. O layout do circuito e o resultado final da placa podem ser
visualizados na Figura 1.21.
Figura 1.21 -
Placa de LCE.
Layout da
placa e
resultado
final. Fonte:
dos autores
Componente Quantidade
ATMEGA328 1
Caixa de passagem 4X4 quadrada 1
LEDs alto brilho – Amarelo 6
LEDs alto brilho – Azul 6
LEDs alto brilho – Branco 6
LEDs alto brilho – Vermelho 6
Push button 5
Resistores 0
Chave switch duas posições 1
Bateria 9 V 1
Case de bateria 9V 1
Conector de Bateria 9V 1
Tampa de desodorante Roll on 4
Tampa para caixa de passagem 1
Caixa de passagem 4X4 quadrada 1
Tabela 1.1 - Relação de materiais utilizados para o estimulador visual. Fonte: dos autores
25
Figura 1.22 -
Estimulador
visual. Layout
da placa e
resultado
final. Fonte:
dos autores
• IoT
A primeira vez que o termo Internet das Coisas (IoT) foi utilizado ocorreu no ano de 1999,
por Kevin Ashton em um fórum com inúmeras empresas no contexto da gestão da cadeia de
fornecimento com itens de identificação. Nesse âmbito, a ideia principal do sistema IoT é fornecer
uma infinidade de recursos e conjuntos de componentes que ajudarão a desenvolver um único
sistema capaz de realizar estas funções. Porém, a criação de uma solução IoT para uma empresa
depende do host da plataforma e da qualidade de suporte. Assim, o IoT necessita de alguns
requisitos para seu funcionamento, os quais são exemplificados a seguir:
Figura 1.23 -
Arquitetura
de uma
solução IoT.
Fonte:
embarcados.
com.br
26
Desse modo, esses requisitos são essenciais para o funcionamento adequado do IoT,
gerenciando a comunicação, o fluxo de dados e as ferramentas disponíveis para analisar os
resultados. Por consequência desses requisitos utilizados, algumas plataformas IoT se sobressaíram
no mercado mundial, sendo frequentemente empregadas nos sistemas embarcados atuais. As
quatro plataformas que se sobressaem são: End-to-end, Cloud, Connectivity e Data.
A plataforma End-to-end está relacionada ao aumento de produtividade interna e eficiência
nas operações realizadas. Isso é possível, graças ao sistema totalmente integrado, o que permite a
redução de tarefas manuais. Assim, a precisão e eficiência dos processos aumentam, tornando-os
automáticos e simples.
A plataforma Cloud usa a conectividade e a grande escala da internet para hospedar os mais
variados recursos, programas e informações. Dessa forma, a computação em nuvem permite que o
usuário os acesse por meio de qualquer computador ou smartphone.
A plataforma Connectivity fornecem soluções de conectividade de baixo custo geralmente
para tecnologias 802.11 (Wi-Fi) e celular (3G, 4G, LTE e semelhantes).
Por fim, a plataforma Data fornece inúmeras ferramentas para roteamento de dados, e
facilita o gerenciamento e a visualização para a tomada de decisão usando ferramentas de análise
de dados, banco de dados, etc.
Em suma, existem diversas plataformas IoT no mundo, entretanto essas quatro estão
vinculadas em ampla parcela dos sistemas embarcados atuais, ajudando no desenvolvimento de
empresas e seus produtos na linha de montagem, como por exemplo o setor automobilístico, no
qual a produção de veículos em grande quantidade (um exemplo de sistema embarcado) é
influenciada pela plataforma IoT End-to-End, aumentando a produtividade e a eficiência das
operações. Ademais, outro vínculo que se pode fazer com as plataformas IoT e os sistemas
embarcados, é com a plataforma Cloud e os smartphones, computadores ou tablets, nos quais é
usado essa ferramenta como armazenamento de informações, sendo um mecanismo de fácil acesso
em qualquer meio eletrônico.
Figura 1.24 -
Internet das
Coisas. Fonte:
diariodeti.com.
br
Com estas plataformas IoT, e com tanta oferta no mercado, necessita-se alinhar os principais
fatores com o produto no qual será utilizado. Os principais fatores para a escolha do IoT são:
confiabilidade, escalabilidade, protocolos, personificação, suporte de hardware, tecnologia de
27
nuvem, segurança, arquitetura de sistema e despesas operacionais. É nesse contexto que a KnoT
(Network of Things) foi criada.
KnoT é uma plataforma IoT nacional gerada pelo departamento de pesquisa, para Internet
das Coisas do instituto CESAR de software livre e hardware (baixo custo) para IoT, com objetivo
principal de preencher a lacuna entre as plataformas existentes de IoT de hardware e software,
criando recursos para conectá-los e integrá-los facilmente. Outra plataforma nacional existente é o
Dojot, formada pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), que
surgiu com uma proposta open source para possibilitar a rápida criação de protótipos de soluções,
fornecendo recursos fáceis de usar, escaláveis e robustos com conteúdo local voltado às
necessidades brasileiras.
Figura 1.25 -
Análise de
dados. Fonte:
appprova.com.
br
28
Figura 1.26 -
Análise de
dados com IoT.
Fonte:
isitics.com
Esses novos sistemas de gestão são considerados inteligentes por contarem com a
capacidade de aprender ao identificarem padrões de comportamento. Para isso, são adotados
alguns métodos de Machine Learning específicos para cada objetivo, tendo como exemplo
algoritmos de aprendizado supervisionado, os quais são treinados por meio de exemplos rotulados
e são comumente empregados em aplicações nas quais dados históricos preveem eventos futuros
29
prováveis, como poder antecipar quando transações via cartão de crédito são passíveis de fraude
ou qual segurado tende a reivindicar sua apólice. Outros exemplos de métodos empregados em
Machine Learning são: o aprendizado não-supervisionado e o aprendizado semi-supervisionado. O
primeiro é utilizado contra dados que não possuem rótulos históricos, ou seja, a "resposta certa"
não é informada ao sistema, com isso o algoritmo deve descobrir o que está sendo mostrado, esses
algoritmos podem ser utilizados para segmentar tópicos de texto, recomendar itens e identificar
pontos discrepantes nos dados. Já o aprendizado semi-supervisionado, é utilizado para as mesmas
aplicações que o aprendizado supervisionado, mas este manipula tanto dados rotulados quanto
não-rotulados para treinamento, ou seja, é útil quando o custo é associado à rotulação, e pode ser
empregado a identificação do rosto de uma pessoa em uma webcam. E por fim, o último exemplo
de método de Machine Learning, é o aprendizado por reforço, o qual é normalmente utilizado em
robótica, jogos e navegação, onde o algoritmo descobre através de testes do tipo “tentativa e erro”
quais ações rendem as maiores recompensas.
30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORAES, Caio. Uma revisão sobre baterias: parte 1. Parte 1. 2020. Disponível em:
https://eletronicadepotencia.com/uma-revisao-sobre-baterias-parte-i/.
MORAES, Caio. Uma revisão sobre baterias: parte 2. Parte 2. 2020. Disponível em:
https://eletronicadepotencia.com/uma-revisao-sobre-baterias-parte-ii/.
PERINI, Gabriela. O Computador de Orientação da Apollo (AGC): parte 3. Parte 3. 2018. Disponível
em: https://medium.com/@gabrielaela/agc-apollo-nasa-parte3-e1362fd06a45.
SADIKU, M. Fundamentals of electric circuits. Traducao . [s.l.] Mcgraw-hill Education - Europe, 2016.
SANTOS, Leandro. Plataforma IoT: como prototipar nossas ideias (parte 1). Como prototipar nossas
ideias (Parte 1). 2020. Disponível em: https://www.embarcados.com.br/plataforma-iot-como-
prototipar-nossas-ideias-parte-1/.
SEDRA, A. Microelectronic circuits ed. New York: Oxford University Press, 2014.
CAPÍTULO 2
SOFTWARES E AMBIENTE
DE DESENVOLVIMENTO
32
➢ DipTrace: Um bom programa, que vem em português, mas felizmente oferece uma edição
gratuita, porém limitada. A versão gratuita tem as mesmas bibliotecas que a paga, só que
tem limites de pinos. Uma vantagem é que ele permite a importação de projetos em diversos
formatos como LTSpice, CAD, Accel, Allegro, Mentor, Protel, entre outros.
➢ Fritzing: Este é um software open source que foi concebido para dar apoio a pesquisadores
e entusiastas na eletrônica, feito para desenvolvimento de projetos eletrônicos. Fritzing
também é uma ferramenta para o aprendizado da eletrônica e o funcionamento de circuitos.
➢ CometCAD: Este software faz captura esquemática e é um editor de layout para Windows
Vista, XP e 7. O programa consiste em circuitos e editores de layout. Um guia de início e
exemplos de arquivos rápidos também estão incluídos no pacote. O programa editor de
circuito e layout suporta tamanhos de placa de até 2x2 metros.
De todos esses softwares existentes, o Gesse utiliza na maioria de seus projetos o Proteus e
o Altium, onde é feita uma capacitação semestralmente para os membros. Neste livro iremos
detalhar o Proteus, justamente por ser um software com uma complexidade menor, mas que é
muito completo. Muitas universidades possuem a licença deste software para os estudantes
utilizarem.
o Estrutura do software
O Proteus possui quatro módulos que estruturam todo o processo de desenvolvimento de
um projeto, provendo as ferramentas necessárias em cada etapa. São eles:
Porém, mesmo com esses quatro módulos, dois são ambientes de trabalho de fato, sendo
o ISIS para o desenvolvimento do esquemático e o ARES para a elaboração do layout da PCB.
Sabendo disso, vamos apresentar as principais funcionalidades do software para que você
consiga estruturar a sua placa e seguir para a próxima etapa, que é a confecção da mesma.
o Criar um projeto
Na página inicial do software, você pode clicar em New project no canto superior esquerdo
ou na aba Start.
Figura 2.2 -
Página inicial
do Proteus
Design Suite
Uma janela irá abrir, onde você poderá definir o diretório para salvar o projeto, e o nome
dele. Clique em Next.
Nas próximas janelas que aparecem você tem a opção de criar o ambiente do esquemático
e do layout da PCB, de acordo com as especificações do seu projeto. Caso você não saiba as
35
especificações, pode criar como padrão (Default). É importante que o esquemático seja criado nessa
etapa, já o layout da PCB poderá ser criado depois.
Figura 2.3 -
Janela de
criação do
esquemático
Figura 2.4 -
Ambiente do
esquemático
Para alterar o tamanho da folha acesse o menu System > Set Sheet Sizes, onde te possibilita
selecionar os tamanhos padrão (A0 a A4), ou criar tamanhos personalizados. Veja que os tamanhos
estão em polegadas, pois esta é a unidade padrão do software.
Figura 2.6 -
Janela Sheet Size
Configuration
Acessando o menu Design > Edit Sheet Properties, você pode inserir um nome da folha. Isso
é interessante basicamente se for utilizar um cabeçalho nas folhas do projeto, onde as informações
são preenchidas automaticamente de acordo com as propriedades definidas.
o Inserindo objetos
Para selecionar os componentes clique duas vezes sobre eles, que aparecerão no seletor de
objetos.
37
Figura 2.7 -
Janela Pick
Devices
Assim, feche a janela Pick Devices e comece a inserir os objetos na janela de edição. Na vista
panorâmica é visualizado o componente selecionado no seletor de objetos.
As ferramentas de edição permitem copiar, deletar, movimentar e rotacionar os
componentes inseridos no esquemático, o que facilita a organização do circuito.
Com os objetos inseridos, serão editadas suas propriedades gráficas e elétricas. Para isso
clique duas vezes sobre o componente, a janela Edit Component se abrirá, sendo que para cada tipo
de elemento, esta janela terá opções diferentes.
Figura 2.8 -
Janela Edit
Component
o Interligar os componentes
Figura 2.10 -
Exemplo de
um circuito
interligado
Com o circuito interligado, você pode realizar a simulação do mesmo. Os botões de Play e
Pause estão localizado na parte inferior esquerda da interface do software.
Para o caso do componente que você deseja utilizar não existir nas bibliotecas do Proteus,
você pode criá-lo.
Então, para exemplificar o processo de criação de componente, vamos então criar um CI,
como o da imagem abaixo.
Figura 2.11 -
Exemplo de
circuito
integrado
(CI)
Primeiramente, traçamos o contorno do componente por meio das ferramentas gráficas 2D.
Selecione o 2D Graphics Box , e então clique em Component no seletor de objetos, já que
é o que queremos criar. Coloque o cursor na janela de edição e desenhe um retângulo.
Figura 2.12 -
Retângulo
feito com o
2D Graphics
Box
39
Agora iremos inserir os pinos do nosso objeto. Selecione o ícone Device Pin e o tipos de
pinos disponíveis aparecerão no seletor de objetos. Deixe em Default. Clique na janela de edição e
com o botão esquerdo insira os pinos. Para colocar no outro lado do componente, gire em 180 graus
com as ferramentas de orientação (mostramos essas ferramentas na seção “Interface gráfica do
ambiente de desenvolvimento do esquemático”).
Figura 2.13 -
CI com os
pinos
inseridos
A seguir, clique duas vezes com o botão esquerdo em cada pino e a janela Edit Pin será
aberta, onde você poderá definir o nome e número do pino, além de um atributo do seu tipo elétrico
(entrada, saída, passiva, entre outras).
Figura 2.14 -
Janela Edit
Pin / CI com
os pinos
definidos
Por fim, associaremos o componente na biblioteca. Para isso clique e selecione todo o
componente, e então no menu Library clique em Make Device, isso abrirá o assistente para criar
componentes. Colocamos um nome e um código de referência.
Figura 2.15 -
Janela Make
Devices
(Device
Properties)
40
Figura 2.16 -
Janela Make
Device
(Packagings)
Figura 2.17 -
Janela
Package
Device
Nessa nova janela, você poderá selecionar a categoria do componente que deseja criar, no
nosso caso é Integrated Circuit, e o modelo é DIL16 (16 pinos).
Figura 2.18 -
Janela Pick
Package
41
O Package Device será configurado, mas você pode editar os pinos se necessário.
Figura 2.19 -
Janela Package
Device com um
encapsulamento
selecionado
Para utilizar o seu componente, basta encontrá-lo na biblioteca que você selecionou e
posicioná-lo no esquemático, como já vimos anteriormente.
Figura 2.21 -
Componente
criado e
posicionado no
esquemático
Figura
2.22 -
Ambiente
do PCB
layout
➢ Barra de ferramentas: Estão distribuídas ao redor da janela, mas também é possível alocar
as barras clicando e arrastando para a posição desejada. A visualização das barras pode ser
habilitada ou desabilitada, utilizando o mesmo procedimento da interface do esquemático,
no menu View > Toolbar Configuration, onde aparecerá a janela Show/Hide Toolbars. Segue
abaixo as barras de ferramentas disponíveis que são diferente do ambiente do esquemático:
Comandos de display:
Comando de edição:
Ferramentas de layout:
Colocação e roteamento:
Colocação de PADs:
o Layers
O PCB layout trabalha com diversas layers (camadas), cada
layer recebe um tipo de desenho (se necessário), como por exemplo,
na layer Board Edge é desenho o contorno da placa de circuito Figura 2.23
impresso. - Layers
disponíveis
Um grupo de layers está disponível no seletor de layers. no PCB
Quando o comando Component Mode estiver ativo, somente as layout
layers Component Side e Solder Side estarão disponíveis. Quando o
comando Track Mode (para inserir trilhas) estiver ativo, serão
disponibilizados as layers Bottom Cooper e Top Cooper.
43
Você pode usar mais camadas para fazer uma PCB dupla face, onde existem trilhas nas duas
faces da placa. Veja todas as layers na Figura 2.23.
o Criar o layout
A maneira mais prática para criar o layout é a partir do esquemático, como já dito, apertando
em PCB Layout .
Após carregá-lo, obtém-se no seletor de objetos, todos os componentes que compõem o
circuito criado no esquemático. Para inseri-los no layout basta clicar em Component Mode ,
selecionar o componente e clicar sobre o local que deseja inseri-lo na janela de edição.
Figura 2.24 -
Inserindo
componentes
no layout com
o comando
Component
Mode
Observe que ao inserir os componentes no local desejado, estes sairão da lista do seletor de
objetos, o que serve como guia para certificar-se de que todos os componentes foram inseridos no
layout. Se um dos componentes for deletado da janela de edição, o mesmo retornará a lista do
seletor de objetos.
Quando os componentes são inseridos, aparecerão linhas verdes e setas amarelas (vetores).
Essa simbologia informa os pinos que devem ser ligados por uma trilha e em que direção o
componente pode ser colocado, para diminuir a distância entre as conexões.
Veja o exemplo do layout do esquemático da Figura 2.25, que possui um conector header e
três resistores em paralelo:
Figura 2.25 -
Componentes
inseridos no
PCB layout
Figura 2.26 -
Componentes
posicionados
no PCB layout
o Criar as trilhas
O comando Track Mode serve para fazer o roteamento (ou ligação) manual, onde será
criada a trilha clicando sobre qualquer pino dos componentes. Este comando também é utilizado
para edição de uma trilha que já foi inserida no layout.
Ao iniciar o processo de ligação percebe-se que o pino, onde a trilha deve ser finalizada, é
selecionado e a direção é indicada por uma seta branca, como mostra a Figura 2.28.
45
Figura 2.28 -
Ligação de
dois pinos com
uma trilha
Durante o processo de inserção das trilhas manualmente, pode haver a necessidade de usar
outras layers, como a Bottom Copper e a Top Copper, utilizadas em PCBs dupla face (que possui
cobre nas duas faces, usada em projetos mais elaborados). O processo pode ser realizado com um
duplo clique sobre o ponto onde deseja-se inserir a conexão entre as duas faces por meio de um
furo e, automaticamente, continuaremos o roteamento na outra layer. A configuração desses pares
de layers é realizada no menu Technology > Set Layer Pairs.
Na janela Design Rule Manager , pode-se configurar os valores mínimos das distâncias
entres pad-pad, pad-trilha, trilha-trilha, Graphic (a menor distância entre os desenhos silk-screen e
qualquer outro elemento) e Edge (a menor distância entre a borda da placa e qualquer outro
elemento). Além destas opções é possível configurar a tolerância para curvas, e largura de trilhas
(área Routing Style).
Figura 2.29 - Janela Design Rule Manager (Aba Design Rule) / Janela Design Rule Manager (Aba Net Classes)
Figura 2.30 -
Layout com os
componentes
conectados
Figura 2.31 -
Janela Power
Plane Generator
Com a malha criada, você pode clicar na borda da malha com o botão direito do mouse >
Edit Properties, para configurar essa malha com suas especificações.
Figura 2.32 -
Janela Edit
Properties
Figura 2.33 -
Layout com
o plano de
terra
Escolha o pad ideal para o CI, para isso clique no ícone Round Through-hole Pad Mode ,
escolha o modelo desejado e posicione-os nos locais determinados.
Faça o esboço interno do componente utilizando as ferramentas de desenho 2D. Crie com
os tamanhos corretos do seu componente.
Figura 2.36 -
Desenho do
componente
Figura 2.37 -
Janela Edit
Single Pin / CI
com os pads
configurados
Selecione o conjunto todo, e clique com o botão direito sobre o mesmo, abrirá um menu.
Escolha a opção Make Package a fim de configurar o encapsulamento.
Figura 2.38 -
Configuração do
encapsulamento
A janela Make Package será aberta, na qual faremos a configuração de biblioteca com o
49
Figura 2.39 -
Janela Make
Package
Clique em OK para confirmar suas configurações. Observe que o nome do Package aparecerá
no seletor de objetos. Já pode usá-lo no seu projeto acessando a biblioteca conforme sua
configuração.
o Visualização 3D
Com o seu layout finalizado, você pode visualizá-lo em 3D clicando em 3D Visualizer .
Figura 2.40 -
Visualização da
PCB em 3D.
Fonte: Labcenter
Electronics Ltd
Então, se você mesmo vai confeccionar sua PCB como fazemos no Gesse (veremos isso no
próximo capítulo), deve-se exportar seu layout para PDF, e então imprimir em um papel fotográfico.
Para isso acesse o menu Output > Export Graphics > Export Adobe PDF File. Nesta janela você
pode selecionar as layers que serão exportadas no PDF, o espelhamento da placa, o nome do
arquivo e o local para salvamento.
Figura 2.41 -
Janela
Export PDF
▪ Projetos de circuitos
Durante a fase inicial, caracterizada pelo desenvolvimento do projeto dos circuitos, deve ser
evitada a elaboração de circuitos com alto grau de complexidade desnecessariamente. Além do alto
51
▪ Escolha de componentes
A escolha de componentes do circuito pode ser definida como a segunda etapa mais
importante. Durante a sua realização, é possível elaborar um projeto com baixo custo agregado à
implementação de filtros e blindagens, e com pouca presença de EMI como resultado de
componentes com poucos efeitos parasitas.
Os efeitos parasitas, usualmente caracterizados por efeitos indutivos, capacitivos e
resistivos, podem trazer severas consequências ao circuito. Indutâncias parasitas podem provocar
oscilações e sobretensões em um sinal. As resistências de trilha podem acoplar circuitos e atenuar
sinais. Por fim, as capacitâncias parasitas podem tanto defasar sinais, quanto acoplar ruídos no
circuito. Algumas dessas características são resultado do comportamento dos elementos passivos
variando de acordo com a frequência, conforme ilustrado na Figura 2.42.
Figura 2.42 -
Característica
dos
componentes
passivos a no
espectro da
radiofrequência
▪ Projeto do layout
A terceira e última etapa capaz de minimizar as interferências eletromagnéticas é a
realização de um bom projeto de layout. Com um projeto adequado é possível minimizar os custos
com redução de filtros e blindagens, e minimizar as interferências eletromagnéticas como produto
da redução dos efeitos de acoplamento. A seguir, serão abordadas algumas boas práticas que
contribuem para a redução da ocorrência de interferências e para a realização de um projeto com
layout de qualidade.
52
Iniciamos pelo posicionamento da fonte de alimentação do circuito, que não deve ser
posicionada de forma isolada. Idealmente, os reguladores de tensão devem ser posicionados de tal
forma que o distanciamento entre eles e os componentes proporcione trilhas curtas. De maneira
análoga, componentes como microcontroladores seguem o mesmo princípio, uma vez que realizam
a conexão com diferentes componentes e partes do circuito total.
Na subsequência, destaca-se a organização do layout de projeto de acordo com a tipologia
de sinal existente. Dessa forma, é possível criar um layout separando sinais digitais dos sinais
analógicos, e sinais de comandos e acionamentos dos sinais de potência e alimentação. Um exemplo
de separação do circuito pode ser visualizado na figura abaixo.
Figura 2.43 -
Organização de
um layout
separando os
sinais por grupos
Um terceiro destaque vai para a criação de planos de aterramento. Isso é justificável uma
vez que para todo sinal digital ou analógico, faz-se necessário um caminho de retorno, definido
como ground (GND) para sinais digitais e analog ground (AGND) para sinais analógicos. Assim como
mencionado anteriormente, é necessário realizar a separação dos planos de aterramento
destinados aos sinais digitais dos planos destinados aos sinais analógicos, fazendo uma pequena
ligação entre eles, conforme ilustrado na figura abaixo.
Figura 2.44 -
Organização dos
planos de
aterramento de
sinais digitais e
analógicos ligados
entre si por uma
pequena área
Por fim, vale destacar a influência da configuração das curvas em placas de circuito impresso.
Durante o projeto é praticamente impossível trilhar de maneira reta entre os terminais dos
53
Figura 2.45 -
Exemplos
de trilhas
traçadas
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AYIBIOWU, Ayo. Top 10 free PCB design software for 2019. 2019. Disponível em:
https://www.electronics-lab.com/top-10-free-pcb-design-software-2019/.
ELETRÔNICA, Nova. 16 programas para criação e Layout de placas de circuito impresso PCI CAD.
2014. Disponível em: http://blog.novaeletronica.com.br/programa-para-criacao-de-placas-de-
circuito-impresso-pcb/.
HEERDT, Joselito Anastácio. Projeto de Sistemas Embarcados. Joinville: Udesc/cct, 2018. 46 slides,
color. Materiais do Programa de Pós-Graduação de Engenharia Elétrica da Universidade do Estado
de Santa Catarina (Udesc).
LTD, Labcenter Electronics. 3D Visualization in Proteus Design Suite (Updated). 2015. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=O-ES8QgLMRA.
PORTUGAL, Arduino. Qual o melhor software para desenhar esquemas eletrónicos e PCB? 2017.
Disponível em: https://www.arduinoportugal.pt/qual-melhor-software-desenhar-esquemas-
eletronicos-pcb/.
CONFECÇÃO DE PCB
56
➢ Por adição: o material condutor que gera as trilhas é acrescentado sobre o material isolante,
conforme o layout da placa. O isolante age como uma folha em branco, região em que as
trilhas são desenhadas ou impressas sobre ele. Em geral, a adição ocorre por meio de
máquinas de porte industrial, e torna-se viável apenas para grandes produções.
➢ Por subtração: constitui-se na remoção do material condutor, uma vez que este já se
encontra depositado sobre o material isolante em uma camada bem fina, que cobre toda a
sua superfície. A subtração é efetuada nas áreas desnecessárias, mantendo apenas as
regiões que formarão as trilhas, conforme o layout. Além de ser o mais empregado em baixa
e média escala, o processo por subtração pode ser utilizado também para grandes
produções.
Assim, podem ser utilizados diferentes métodos para a produção da PCB, alguns deles são:
Em suma, a partir dos conhecimentos estabelecidos pelos cientistas do século XX, foram
desenvolvidos vários métodos relacionados a produção de PCBs, onde atualmente são utilizados
tanto na indústria como em laboratórios menores, como por exemplo o Laboratório de Circuito
Impresso (LCI) da Udesc, esse que utiliza o processo de transferência térmica de imagem. No LCI
pode-se encontrar a maioria dos equipamentos necessários para a confecção de uma placa, além
de que, qualquer estudante do campus pode usufruir do laboratório, necessitando levar somente a
placa. Por conseguinte, a utilização desses métodos influencia e aprimora o desenvolvimento de
projetos industriais e acadêmicos.
58
• TIPOS DE PLACAS
As placas de circuito impresso são indispensáveis em projetos de circuitos eletrônicos, sendo
responsáveis por fornecer uma superfície de sustentação para os componentes e um caminho para
a corrente elétrica percorrer. É possível encontrar no mercado diferentes tipos de placas, variando
por exemplo em processo de fabricação, composição química e quantidade de camadas de material
condutor. Apesar disso, existem algumas tipologias que são bastante empregadas em projetos e
fáceis de encontrar, como as placas de fenolite, de fibra de vidro (FV) e as flexíveis.
o Fenolite
O fenolite é um material laminado industrial utilizado para isolamento elétrico. Para isso, a
placa de fenolite é feita a partir de uma mistura de resina fenólica, com uma certa quantidade de
papel neutro picado ou de serragem de madeira. Após mesclar a resina com o papel ou a serragem,
a mistura é moldada e prensada em altas temperaturas na forma de chapas, onde esse
procedimento é denominado polimerização, com isso a placa pode adquirir diferentes espessuras.
Cada aplicação gera um tipo específico de placa fenolite, a qual é destinada a diferentes formas de
uso. De forma geral, uma placa fenolite é utilizada como isolante para máquinas de soldas
eletrônicas com alta frequência, régua de comutador, arruelas, anel estático, enchimento e para
estampagem de peças em geral. Além do mais, quando utilizada para formar as trilhas em PCBs, a
placa é revestida com uma ou duas faces em cobre metálico.
Desse modo, com a placa revestida de cobre, é possível aplicar um processo de corrosão do
cobre, usando algum dos processos de corrosão, mantendo metais apenas nos locais desejados.
Assim, é possível desenhar as trilhas de cobre que conduzirão a eletricidade ao longo do circuito.
Logo, com a alta propriedade condutora do metal, a placa de fenolite auxilia nos projetos,
agregando maior segurança e praticidade. Entretanto, o principal problema das chapas de fenolite
para circuitos impressos decorre do uso da carga à base de celulose, que a torna higroscópica. Ou
seja, em um ambiente úmido as placas de fenolite absorvem certa quantidade de água, o que além
de prejudicar as suas características isolantes frequentemente, faz com que as placas obstruem.
o Fibra de vidro
A placa de fibra de vidro surgiu em resposta aos problemas que as placa de fenolite estavam
apresentando. Sendo assim, como alternativa de melhor qualidade, as placas de fibra de vidro são
feitas com resina epóxi e apenas internamente há uma fina manta de tecido de fibra de vidro. O uso
da resina epóxi faz com que as placas de FV possuam baixas absorção de umidade, excelente
resistência mecânica e ótimas propriedades dielétricas, apresentando assim, maior vida útil em
ambientes úmidos, agressivos e de maior salinidade. Além disso, a dureza do epóxi é semelhante à
do granito, tornando a placa extremamente difícil de ser cortada e furada, então por isso são
necessárias ferramentas especiais para fazer corte e a furação das placas de circuito impresso de
fibra de vidro.
o Flexível
No mercado de eletrônicos é possível encontrar as placas de circuito impresso flexíveis. Esta
tecnologia teve seu desenvolvimento iniciado ao final do século XIX, com os primeiros resultados
com materiais flexíveis apresentados por Ken Gilleo e patenteados por Albert Hansen.
Dentre as vantagens de um circuito impresso flexível é possível ver que tal tecnologia
permite a realização de dobraduras e o posicionamento em áreas reduzidas. Assim, os circuitos
impressos são capazes de se adaptarem ao design do projeto mecânico vinculado a ele e
proporcionar tanto a miniaturização quanto a redução do peso de um produto. Exemplos de
aplicações desta tecnologia são encontrados em circuitos que realizam o movimento do cabeçote
de tinta de impressoras e do cabeçote de leitura e gravação do disco rígido de um computador.
Figura 3.6 -
Materiais flexíveis
em circuitos
eletrônicos. Fonte:
embarcados.com.br
Além disso, outro EPI importante é o jaleco, material utilizado para o proteção da pessoa na
etapa de corrosão da placa. O uso desse equipamento pretende proteger a pele humana do
61
percloreto, material que pode causar danos residuais ao indivíduo como visto anteriormente.
Ademais, o percloreto é um material que em com contato direto em roupas, mancha o tecido.
São diversos os processos para elaboração de placa de circuito impresso, variando entre tipo
da placa utilizada, acessibilidade aos recursos necessários, dentre outros fatores. De maneira
simplificada, são duas grandes etapas necessárias para fazer a elaboração de um placa, definidas
em um primeiro processo de transferência do layout (produzido no Capítulo 2) e em sequência um
processo de corrosão. Na primeira etapa, podemos citar como exemplo os processos de
transferências térmica, fotográfica e serigráfica. Na segunda etapa, podemos citar a corrosão
química por percloreto de ferro III ou por persulfato de amônia. Os processos de transferência do
circuito para a placa são descritos a seguir:
o Transferência térmica
Esse é o processo de transferência mais utilizado nos projetos que o Gesse desenvolve. A
obtenção da PCB por transferência térmica é fundamentada nas etapas descritas a seguir. Para
realizar esse processo é necessário, por exemplo, uma placa de fenolite, uma superfície que aqueça
o material, como um ferro de passar ou prensa térmica, e o layout do circuito.
Passo 1: O primeiro passo para a obtenção de uma placa por processo de transferência
térmica é a impressão do circuito a ser utilizado. Esse procedimento requer algumas restrições,
sendo elas: o circuito deve ser impresso em papel couchê (ou fotográfico) e por uma impressora
que utiliza impressão a laser, ou seja, por toner de tinta, garantindo uma melhor qualidade na
impressão.
Figura 3.9 -
Corte da placa
Figura 3.10 -
Limpeza da placa
Passo 4: Para realizar a transferência térmica, basta posicionar o layout impresso em contato
com a superfície cobreada da placa e utilizar um equipamento, como ferro de passar roupas ou uma
prensa térmica, para aquecer os materiais e finalizar a transferência. O tempo do processo varia de
acordo com as dimensões da placa.
Figura 3.11 -
Prensagem do
circuito impresso
na placa
63
Passo 5: Após isso, deve-se transferir a placa para um recipiente com água e com muita
cautela retirar o excesso de papel. Essa é uma das etapas mais sensíveis, uma vez que durante a
retirada do papel, pode ocorrer danos às trilhas do layout do circuito, por exemplo.
Figura 3.12 -
Retirada do papel
em excesso
Passo 6: Com a placa seca e sem resquícios de papel nas partes cobreada, esta deve ser
encaminhada para o processo de corrosão, que veremos mais adiante.
o Transferência fotográfica
Esse método pode ser feito de duas maneiras, usando dry film ou tinta fotossensível. Neste
livro será mostrado apenas o método de fotografia utilizando a tinta fotossensível.
Passo 1: Na face não cobreada da placa, marque o meio dela utilizando uma régua e um
lápis, posteriormente, isso servirá de guia para grudar o eixo da micro retífica quando for fazer a
centrifugação.
Figura 3.13 -
Marcação na face
não cobreada da
placa
Passo 2: Na face cobreada da placa, utilize uma esponja de aço para fazer a limpeza dela,
deste modo, a tinta fotossensível irá possuir uma maior adesão. Após a limpeza da placa, não
coloque os dedos sem utilizar luvas cirúrgicas, segure a placa pelas laterais ou por baixo.
64
Figura 3.14 -
Placa após a
limpeza
Passo 3: Utilize um palito de churrasco para mexer a tinta fotossensível no pote, após isso,
utilize ele para depositar a tinta fotossensível na face cobreada da placa. Em seguida, utilize seu
dedo (sempre utilizando a luva cirúrgica) para espalhar a tinta fotossensível em toda a superfície
cobreada da placa (em vez de utilizar o dedo para o espalhamento da tinta, pode-se utilizar um
pincel macio). Pelo fato da tinta ser fotossensível, evite fazer esse processo em locais muito
iluminados, por exemplo, embaixo do Sol.
Figura 3.15 -
Placa com a
tinta
depositada
Passo 4: Para deixar a tinta uniformemente espalhada na placa, será utilizado o processo de
centrifugação usando uma micro retífica. Desta maneira, cole com cola quente (ou equivalente) o
eixo da micro retífica na marcação feita anteriormente no centro da face não cobreada da placa.
Assegure que tudo esteja bem colado e encaixado para evitar acidentes.
Figura 3.16 -
Placa colada
no eixo da
micro retífica
65
Passo 5: Ligue a micro retífica dentro da caixa de papelão até a tinta ficar homogênea. Tome
cuidado para não bater a placa no recipiente.
Figura 3.17 -
Placa com a
tinta
centrifugada
Passo 6: Para a secagem da placa será utilizado um secador de cabelo, porém, pode ser
utilizado equivalentes, como por exemplo, um forno, uma estufa ou uma pistola de ar quente. A
secagem dura em torno de 15 minutos, porém pode variar de acordo com o tamanho e as
especificações da placa.
Figura 3.18 -
Secagem da
placa
utilizando um
secador de
cabelo
Passo 7: Agora será feito o processo de fotografia da placa, para isto, será necessário colocar
a placa em um apoio, com a face cobreada para cima. Em seguida, coloque o papel transparente,
onde foi feito a impressão do circuito, em cima da placa, após isso, coloque um pedaço de vidro em
cima de tudo, para que o papel transparente fique perfeitamente ajustado na placa.
Figura 3.19 -
Placa com o
papel
transparente e
o pedaço de
vidro em cima
66
Passo 8: No processo de fotografia, será utilizada a luz ultravioleta, ela deve iluminar a placa,
onde se encontra o papel transparente e o pedaço de vidro, durante 3 minutos, porém esse tempo
pode variar de acordo com o tamanho e especificações.
Figura 3.20 -
Expondo a
placa à luz
ultravioleta
Passo 9: Agora será feito o processo de revelação da placa, para isto, será utilizado a solução
de barrilha com água. Coloque 500 ml de água em um recipiente que caiba a placa de circuito
impresso, após isso, adicione uma colher e meia de sopa de barrilha e mexa até que a barrilha se
dissolva completamente.
Figura 3.21 -
Recipiente
com água em
barrilha ainda
não dissolvida
Passo 10: Coloque a placa de circuito impresso no recipiente com água e barrilha. Esfregue
seu dedo na superfície com tinta na placa até que a tinta fotossensível fique apenas nas trilhas.
Figura 3.22 -
Placa após
retirar o
excesso de
tinta
67
Passo 11: Lave a placa com água corrente. Seque a placa. Com a placa seca e sem resquícios
de papel nas partes cobreada, ela já está pronta para realizar o processo de corrosão, que veremos
mais adiante.
o Serigrafia
A serigrafia é considerada o método de impressão mais antigo do mundo, vivemos cercados
por coisas feitas em serigrafia, esse método é muito simples e barato de implementar, você só
precisa de tinta, uma moldura e os produtos químicos necessários para revelar sua arte final na
moldura.
Além disso, com esse método, é possível elaborar uma PCB em casa, e os materiais
necessário são relativamente fáceis de manusear e os produtos químicos não agridem o meio
ambiente.
Com esse método, você pode criar uma PCB em sua própria casa. Como os materiais
necessários não são difíceis de manusear e você pode comprar produtos químicos que respeitam o
meio ambiente, não há muito o que se preocupar com esse método. É importante ressaltar que esse
é um método de teste e erro, é preciso praticar para conseguir alcançar um resultado satisfatório,
porém, após um pouco de prática, se tornará um mestre em serigrafia.
Figura 3.23 -
Exemplo de
impressão
borrada e
impressão
correta
generosa de emulsão no quadro, utilize a espátula para remover todo o restante da emulsão da
borda.
Figura 3.24 -
Quadro com
resto de
emulsão nas
laterais
Passo 2: Utilize a fita adesiva marrom para cobrir as laterais do seu quadro.
Figura 3.25 -
Quadro com
rodo e fita
Passo 3: Feito isso, utilize o secador de cabelo para secar a emulsão no quadro. Utilize o
secador apenas na função frio e evite exposição à luz ao quadro, principalmente a luz do sol, para
garantir o melhor resultado possível.
Passo 4: Após a secagem, deposite o filme transparente com os desenhos no quadro para a
revelação utilizando a fita adesiva transparente. Deixe os desenhos bem espalhados, para
posteriormente, obter um melhor espaço de trabalho.
Figura 3.26 -
Quadro com
os desenhos
colados
69
Passo 5: Agora, o quadro será exposto a luz ultravioleta, porém, para que o processo ocorra
de maneira correta e eficiente, é necessário aplicar algo pesado em cima do quadro, nesse caso será
utilizado uma esponja, depois um pedaço de vidro e por cima de tudo alguns tijolos. Coloque esses
objetos na parte de trás da moldura.
Passo 6: Após aplicada pressão, exponha o tela do quadro a luz ultravioleta por
aproximadamente 5 minutos, porém esse tempo pode variar de acordo com o tamanho de cada
quadro. Essa etapa é tentativa e erro até acertar o tempo exato que o quadro deve ficar exposto.
Passo 8: Após 5 minutos, lave o quadro utilizando água com pressão para remover a emulsão
que não será utilizada. Pode-se utilizar água da mangueira. Faça esse processo com o quadro virado
contra a luz para poder ver a emulsão saindo.
Figura 3.27 -
Quadro após
lavação
Passo 9: Agora, será realizado a impressão do layout do circuito na placa, para isso, será
necessário utilizar um suporte para prender a placa na mesa.
Figura 3.28 -
Quadro preso
na mesa
utilizando um
suporte
Passo 10: A placa deverá ser colocado bem abaixo do desenho do circuito impresso, e
ajustado com a ajuda de fita adesiva. Coloque algumas coisas para que a placa não se mova quando
for aplicar a tinta.
70
Figura 3.29 -
Placa presa
na mesa para
ela não se
mexer
Passo 11: Para o processo de aplicação da tinta, será utilizada tinta ultravioleta. Deposite um
pouco de tinta ao lado do desenho do circuito.
Figura 3.30 -
Tinta aplicada
ao lado do
desenho
Passo 12: Utilize o rodo para espalhar a tinta para todo o desenho. Desta maneira, o desenho
será transferido para a placa, que se encontra exatamente abaixo do desenho do circuito impresso.
Figura 3.31 -
Tinta
espalhada
no desenho
no quadro
71
Figura 3.32 -
Placa com o
desenho do
circuito
Passo 13: Agora será necessário secar a placa, nesse caso será usado um forno, porém pode
ser feito utilizando um secador de cabelo. Deixe a placa no forno por pelo menos 10 minutos.
Figura 3.33 -
Placa no
forno
uma quantidade razoável de calor. Dessa forma, a reação desencadeada é uma hidrólise,
representada pela equação:
Ao inserir então uma placa de circuito impresso, de cobre, nesta solução, desencadeia duas
reações descritas a seguir, sendo a primeira com ocorrência na superfície do cobre, enquanto a
segunda na própria solução.
Com isso, temos então a ocorrência de uma terceira reação, no cobre, descrita por:
𝐶𝑢𝐶𝑙2 + 𝐶𝑢 → 2𝐶𝑢𝐶𝑙
Diante disso, podemos então apresentar os passos para realizar a corrosão de uma placa de
circuito impresso. Na totalidade, são cinco passos que vão desde a inserção da placa na solução até
a limpeza final da mesma.
Figura 3.34 -
Recipiente
com percloreto
de ferro
Passo 2: Em seguida faça uma alça de fita na face não cobreada da placa, para assim poder
manuseá-la sem entrar em contato com o percloreto de ferro, pois o mesmo causa manchas nas
roupas.
Passo 3: Coloque a placa (com a face cobreada virada para baixo) flutuando em cima do
percloreto de ferro. Esse processo leva em torno de 45 minutos, porém pode variar de acordo com
o tamanho e as especificações da placa. Caso o percloreto de ferro esteja quente, o processo se
agiliza. É importante destacar que a corrosão não ocorre nas trilhas visto que a tinta da impressora
ou do marcador permanente protege esta área cobreada do contato com a solução.
73
Figura 3.35 -
Placa no
percloreto de
ferro
Passo 4: Após a corrosão da placa, deve-se retirá-la da solução e limpá-la novamente com
detergente e palha de aço, e por fim secá-la com papel toalha.
Passo 5: Tire a tinta fotossensível (se houver) da placa com o auxílio de uma palha de aço.
Figura 3.36 -
Placa após
passar a palha
de aço
O procedimento utilizando persulfato de amônia é um processo limpo, uma vez que envolve
uma solução transparente. Apesar deste ponto positivo, uma vez que o químico é diluído em água,
a sua vida útil torna-se bastante pequena. Outro destaque ao processo envolvendo o persulfato de
amônia é que esta solução consegue agredir as trilhas desenhadas com canetas permanentes (de
74
No que tange o procedimento utilizando o persulfato de sódio, este surgiu como uma
alternativa para o anterior, uma vez que essa solução não agride trilhas feitas com canetas
permanentes, mantendo a característica de um processo limpo. Entretanto, existem dois pontos
negativos envolvendo a vida útil e o custo de implementação, sendo este processo mais caro e com
menor longevidade que o processo utilizando persulfato de amônia.
o Processo de fresagem
O processo de fresagem é um processo de usinagem realizado através de uma fresadora, o
qual pode ser empregado após a finalização do desenho da placa em ambiente virtual, feita pelo
usuário através dos softwares utilizados para projetos de PCBs. Para tal, o processo consiste na
remoção de material a partir do movimento rotativo contínuo de uma ferramenta de corte,
denominada fresa. Por ser dotado de grande precisão e capacidade de usinar diversos tipos de
materiais, o fresamento se diferencia dos demais processos de usinagem, e com seu manuseamento
é possível aumentar a resolução do desenho na placa, reduzir o tempo de produção, e ter a
capacidade da realização de uma grande variedade de trabalhos. Além disso, o uso de produtos
químicos na criação de PCBs é substituído.
Figura 3.37 -
Representação
esquemática de
uma fresadora
• PROCESSOS DE FURAÇÃO
Também é possível utilizar furadeiras elétricas, como por exemplo a furadeira de bancada
(Figura 4.41), mini furadeiras (Figura 4.42) e as furadeiras de impacto (Figura 4.43). Para a utilização
das furadeiras elétricas são necessárias brocas finas, pois os componentes possuem os terminais
finos, mas deve-se tomar cuidado pois as brocas finas e a própria placa são muito delicadas e podem
quebrar. O tamanho das brocas variam entre: 0.3mm, 0.4mm, 0.5mm, 0.6mm, 0.7mm, 0.8mm,
0.9mm, 1.0mm, 1.1mm e 1.2mm, e recomenda-se que o diâmetro do furo seja 0.2mm maior que o
diâmetro dos terminais do componente que serão soldados posteriormente.
Figura 3.43 -
Figura 3.42 - Furadeira de
Mini furadeira impacto
76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEAL, João Felipe; RIBAS, Matheus Taborda. FRESADORA CNC MICROCONTROLADA PARA
CONFECÇÃO DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO. 2015. Disponível em:
http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/8895/1/CT_COMET_2015_1_5.pdf.
MEHL, Ewaldo Luiz de Mattos. CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PLACAS DE CIRCUITO
IMPRESSO. Disponível em:
http://www.eletrica.ufpr.br/mehl/te232/textos/PCI_Conceitos_fundamentais.pdf.
PEREIRA, Rodrigo. Corrosão de Placas de Circuito Impresso: persulfato de amônia vs. percloreto de
ferro. Persulfato de Amônia Vs. Percloreto de Ferro. 2020. Disponível em:
https://www.embarcados.com.br/corrosao-de-placas-de-circuito-impresso/.
PETRY, Clóvis Antônio. Como Fazer Placas de Circuito Impresso. Disponível em:
https://www.professorpetry.com.br/Bases_Dados/Paginas/Como_Fazer_PCI.html.
PETRY, Clóvis Antônio. Elaboração de Placas de Circuito Impresso. 2013. Disponível em:
https://professorpetry.com.br/Ensino/Repositorio/Docencia_CEFET/Projeto_Integrador_I_Engenh
aria/2013_2/Apresentacao_Aula_05.pdf.
(SENAI), Serviço de Nacional de Aprendizagem Industrial. Técnicas para instalação e montagem de
circuitos eletrônicos. São Paulo: Sesi Senai Editora, 2017. 108 p.
Serigraphy for PCB. 2017. Disponível em: https://www.rs-online.com/designspark/serigraphy-for-
pcb.
SILÍCIO, Vida de. Placas Fenolite. 2020. Disponível em:
https://www.vidadesilicio.com.br/acessorios-e-ferramentas/circuito-impresso/placas-fenolite.
TEC-CI. Produza suas placas de circuito impresso. 2020. Disponível em: https://tec-
ci.com.br/placas-circuito-impresso/?gclid=Cj0KCQjw2PP1BRCiARIsAEqv-
pSwiWKZ5YWXZOWo6cqCF70ICj8mSda8julxsm731FwxLrhSoZJdWKsaAlhSEALw_wcB.
TUTORIAL: Circuito impresso fácil e perfeito pelo método fotográfico. Direção de Rogério Leite.
Brasil: 2018. (26 min.), son., color. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=IA9PxkIUJZQ.
WEISSENBERG, Ricardo; NOVAES, Luiza; BONELLI, João de Sá. Fabricação de Circuitos Eletrônicos
para Design de Interação com utilização de Fresadora CNC. 2017. Disponível em: http://www.puc-
rio.br/pibic/relatorio_resumo2017/relatorios_pdf/ctch/ART/DAD-Ricardo_Weissenberg.pdf.
CAPÍTULO 4
SOLDAGEM
79
Existem várias maneira de fabricar uma PCB, com os mais variados tipos de componentes, e
aqui abordaremos dois processos, o SMT (Surface Mounted Technology ou tecnologia de montagem
em superfície) e o THT (Through-Hole Technology ou tecnologia de montagem por furo passante).
O método THT é usado há mais de seis décadas e possui diversas limitações, como na
redução das dimensões dos componentes, algo que vem se tornando de vital importância na
indústria, onde os componentes são reduzidos e é aumentado o seu poder de processamento.
A principal diferença entre esses processos está em como serão conectados os componentes
na PCB. No método THT o terminal é soldado em todo o seu perímetro, ou seja, na espessura da
placa. Por sua vez, no SMT, o componente é conectado apenas na parte inferior do terminal,
facilitando assim a confecção de placas de circuito impresso de dupla face, não é necessário furar a
placa para passar o terminal. Os componentes utilizados nesse caso são SMD (Surface Mounted
Device ou dispositivo de montagem em superfície).
Na soldagem, por mais que a atividade seja simples e não tenha um grau elevado de
periculosidade, é importante a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para
assegurar proteção.
Luvas: servem para proteger as mãos dos eventuais respingos de solda, quando ela se
encontra quente, ou até de um eventual toque na ponta do ferro de solda.
80
Jaleco: de forma análoga as luvas, o jaleco serve para proteger o corpo das possíveis
gotículas de solda que podem cair, e de algum toque errôneo do ferro de solda no corpo.
Figura 4.2 -
Jaleco de manga
comprida
Respirador de poeira: a sua utilização tem a serventia de filtrar os gases tóxicos emitidos
pelos metais encontrados na solda.
Figura 4.3 -
Respirador de
poeira
Máscara: um EPI equivalente ao respirador de poeira, porém menos eficiente, sua função é
filtrar o ar, para que deste modo, não haja inalação dos gases tóxicos produzidos pela solda.
Figura 4.4 -
Máscara de
proteção
Óculos de proteção: seguindo a mesma linha dos demais EPIs, o óculos de proteção tem
como objetivo proteger os olhos contra respingos inesperados de solda.
81
Figura 4.5 -
Óculos de
proteção
Além da utilização dos EPIs, para garantir uma maior segurança, alguns hábitos também são
indicados:
➢ Ao usar o ferro de solda, mantenha o fio afastado das áreas de tráfego intenso;
➢ Evite posicionar seu rosto diretamente na fumaça da solda, mesmo com a utilização de EPIs;
➢ Após o processo de soldagem, sempre lave as mãos;
➢ Evite levar as mãos ao rosto durante o processo de soldagem;
➢ De preferência, solde em locais arejados.
O ferro de solda é uma ferramenta de mão usada para soldar e dessoldar componentes, fios,
conectores eletrônicos, entre outros. Ele tem uma ponta no qual esquenta a altas
temperaturas para derreter a solda, de modo que ela possa ficar em estado líquido para a união de
duas partes.
Utiliza-se um método de loop fechado para controlar a temperatura máxima da ponta. Sua
ponteira possui um sensor de temperatura ferromagnético para auxiliar no controle da
temperatura. Entre os modelos de ferros de solda manuais podemos citar:
➢ Tipo pistola: ele tem um grande poder de aquecimento para ser usado em placas de circuito
impresso, não deve ser usado em alguns componentes mais sensíveis.
➢ Tipo machadinha: ideal apenas para ser usado em soldas mais específicas como em chassis
de aparelhos antigos à válvula, soldagem de malhas e blindagem, entre outros.
➢ Tipo pinça: para trabalho em SMD, evitando o contato com componentes adjacentes
sensíveis às altas temperaturas.
82
Figura 4.6 - Ferro Figura 4.7 - Ferro Figura 4.8 - Ferro Figura 4.9 - Ferro
de solda tipo de solda tipo de solda tipo de solda tipo
lápis pistola machadinha pinça
Seu grande diferencial é o suporte “ESD Safe” onde o ferro de solda é ajustado e testado à
temperatura ambiente a 23 graus centígrados. No uso para as várias condições de temperatura,
haveria algumas pequenas diferenças no valor exato.
Esta unidade é uma estação de solda, porém com uma potência de 150W, alcançando
temperaturas de 50°C a 550°C. Esta unidade possui um recurso stand-by para que haja a
prolongação da vida das ponteiras, onde com 20 minutos de inatividade a temperatura é reduzida
para 150°C, a partir de 60 minutos de inatividade a estação será desligada.
Possui o suporte “ESD Safe” e sua tensão de entrada possui a opção chaveável de 120V ou
220V.
• TIPOS DE SOLDA
A solda mais utilizada em eletrônica constitui-se de uma mistura entre estanho (Sn) e
chumbo (Pb), seus pontos de fusão são respectivamente 232°C e 327°C. A utilização destes dois
elementos se deve pois não são ferrosos, logo, não enferrujam, por consequência são mais
confiáveis. A solda possui diversas proporções entre estanho e chumbo. Abaixo uma tabela com as
características das soldas mais utilizadas no ramo:
Fonte:
GONTIJO, 1993
A fusão em geral não ocorre totalmente de uma vez, isto é, a solda começa a derreter em
uma temperatura X, porém, o processo se completa a uma temperatura X+10. Nesse meio tempo,
a solda encontra-se no estado plástico, demonstrando que o material não foi derretido por
completo.
temperatura elevada, é recomendado utilizar a solda do carretel laranja, pois sua temperatura de
fusão é mais baixa.
• PROCESSO DE SOLDAGEM
o Preparação da superfície e utilização da pasta de solda
Figura 4.13 -
Pasta para
solda
A pasta de solda é aplicada nas pads (ilhas de soldagem) da PCB que recebem os
componentes eletrônicos que serão soldados. Para aplicá-la, utilize pouca pasta, e passe no local
com uma haste flexível com algodão nas pontas, ou com um pincel.
Em soldas antigas, oxidadas ou com impurezas, a pasta pode ajudar em suas restaurações,
permitindo maior resistência mecânica e conectividade elétrica. Também é excelente para
retrabalho, que é mais complicado que uma soldagem inicial. A pasta permanece aplicada no local
até ser limpa com um produto adequado, e por isso você pode continuar aquecendo-a com o ferro
de solda e modelando a soldagem até ficar perfeita.
A pasta de solda não tem propriedades condutivas, e assim não interfere no funcionamento
do circuito. Para fazer a limpeza do excesso de pasta na placa, pode ser usado um lenço umedecido
com álcool isopropílico e uma escova antiestática.
o O processo de soldagem
Existem vários processos de soldagem utilizados na indústria eletroeletrônica, mas aqui
iremos focar na soldagem manual de componentes THT, a mais comumente utilizada, e a que vocês
terão mais contato.
Figura 4.15 -
Soldagem
manual
É interessante utilizar um grampo (suporte terceira mão) para fixar a PCB da forma mais
adequada para a soldagem.
Figura 4.16 -
Suporte
terceira mão
com lupa
86
Há dois métodos para soldar os componentes THT, que diferem ao cortar os pedaços
excedentes do terminal antes ou depois da soldagem.
Já ao cortar o excedente do terminal depois da soldagem, você terá uma fixação mais fácil
dos componentes já inseridos em suas posições no circuito. Entretanto é preciso cuidado ao cortar
os terminais ao final. Use um alicate de boa qualidade, para não exercer nenhuma tração sobre a
solda já terminada.
Qualquer que seja o método adotado para a solda, as extremidades dos terminais devem
sobressair 1 ou 2 mm, no máximo, da solda ou de qualquer outro suporte. Uma dica é estanhar a
ponta do ferro de solda e os terminais dos componentes antes de soldar de fato.
Figura 4.17 -
Processo de
soldagem de
componentes
THT. Fonte:
E-voo.com
Para efetuar a soldagem, encoste a ponta do ferro de solda nas duas partes em contato, para
aquecê-las por condução. Depois aproxime o fio de solda (estanho provavelmente), que entra em
contato físico com as partes já aquecidas, fundindo-se e espalhando-se, de modo a cobrir o terminal
e a ilha na placa, mas com seu contorno ainda visível. Não demore muito para efetuar a soldagem.
Uma solda normal deve durar de 5 a 8 segundos, não mais que isso. Uma soldagem demorada pode
danificar o componente por excesso de calor e pode provocar o deslocamento das trilhas na PCB.
Figura 4.18 -
Soldagem de
componente
THT
Figura 4.19 -
Esponja
vegetal para
ferro de solda
/ Esponja
metálica para
ferro de solda
Claro, existe uma maneira mais apropriada para realizar a retirada de solda da PCB, que é
utilizando um sugador de solda. O sugador é formado por um tubo de metal ou plástico, com um
êmbolo impulsionado através de uma mola que suga o ar e demais materiais próximos ao seu bico,
como a solda derretida.
Figura 4.20 -
Sugador de
solda e seu
funcionamento.
Fonte: IFSC
88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERRO de Solda: Guia Rápido sobre Ferro de Solda. Guia Rápido sobre Ferro de Solda. Disponível
em: http://blog.novaeletronica.com.br/guia-rapido-sobre-ferro-de-solda/.
LIMA, Ricardo Barbosa de. Estudo da aplicação do processo Pin-in-Paste na montagem de placas
de circuito impresso usando pasta de solda lead-free (SAC). 2011. 115 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos, Departamento de Engenharia de
Sistemas Eletrônicos, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/15sJLtyYDaYUiIb6h3g5lE8k6M6fbelfe/view?usp=sharing.
LIMA, Thiago. Montagem de PCIs com componentes SMDs. 2020. Disponível em:
https://www.embarcados.com.br/montagem-pci-smd/.
PASTA de Solda - O que é e Como utilizar? Eletrônica Fácil. Brasil: -, 2019. (17 min.), son., color.
SOUZA, Fábio. Dicas para configurar seu laboratório de eletrônica: parte 1. Parte 1. 2019.
Disponível em: https://www.embarcados.com.br/configurar-seu-laboratorio-de-eletronica-p1/.
ETAPAS DE
ACABAMENTO
90
• PRESERVAÇÃO DA PLACA
Como visto anteriormente, a soldagem é um importante processo na confecção de uma
placa. Contudo, após essa etapa, a preservação da placa é de suma importância para o projeto,
visando preservar a integridade do projeto e não deixar o processo de corrosão iniciar. Desse modo,
existem alguns artifícios no qual você pode aplicar para preservar a placa, que estão listados na
sequência:
o Envernizamento
Como em muitos casos as placas ficam em ambientes hostis e nocivos a elas, é iniciado o
processo de corrosão antes do esperado. A aplicação do verniz promove o isolamento elétrico,
impede que os componentes com alto poder de oxidação entrem em contato direto com o ar e por
isso serve como película de proteção da peça. A aplicação do verniz é feita após a soldagem. Aplica-
se uma camada fina em toda a placa. O custo não é caro, comparado principalmente ao valor da
placa e os benefícios que esse processo traz. Algumas montadoras possuem equipamentos de
aplicação automática, garantindo repetibilidade e qualidade na aplicação de verniz. Esse processo
também pode ser realizado manualmente com pincel ou spray de fácil aplicação.
o Aplicação de breu
O breu é um resíduo não iônico, não condutor, o qual tem sua origem orgânica. Um material
que tem como função a preservação da placa, dificultando o processo de corrosão do projeto. O
breu é dissolvido em álcool (100 g de breu para 500 ml de álcool), a aplicação dessa mistura é feita
após a soldagem. Entretanto, pode ser aplicado antes do processo de soldagem, facilitando a
aderência da solda com o cobre (tomando muito cuidado para o álcool secar bem antes de iniciar o
processo de soldagem).
o Nanoclean
Um material antioxidante que tem intuito a preservação da placa. Sua aplicação dá proteção
de 3 a 5 anos no projeto. Esse material não interfere no funcionamento de micro chaves e terminais.
Percebe-se o Nanoclean apenas quando entra em contato com a água.
o Encapsulamento
É possível proteger a peça completamente, por meio de um fluido de preenchimento, que
pode ser feito através de resinas como o poliuretano, ou epóxi e silicone. A proteção aqui é bem
mais sólida, pois há uma camada bem grossa de substância separando a placa do ambiente externo.
o Macro moldagem
Se você precisa de uma caixa sob medida para proteger a placa de circuito impresso, como
exemplo para esse processo, em vez de construir uma casca e depois encaixar as duas partes, tanto
a cobertura quanto o suporte da placa são criados e moldados em conjunto, de acordo com a forma
do circuito. É ideal para peças bem delicadas, pois possui maior precisão e menor pressão sobre os
componentes.
91
Em suma, existem diversificados métodos para a preservação da placa, métodos nos quais
variam em virtude da disponibilidade de material e como será realizado. Desse modo, com a
aplicação desses recursos, impede-se o processo de corrosão, facilitando a preservação da placa e
assim, finalizando projetos para o ambiente acadêmico e industrial.
Além das etapas de finalização e de preservação das placas, faz-se necessário pensar em
alguma estrutura para armazenar a PCB, com o intuito de evitar desgastes da placa, e assim
aumentar a vida útil do dispositivo. Também é importante pensar no armazenamento como uma
opção de entregar e apresentar o projeto com uma aparência mais profissional. Para isso, o Gesse
utiliza de cases, confeccionadas em impressoras 3D para armazenar as PCBs, entregando os projetos
com uma estrutura de qualidade e com dimensões especificadas referentes ao tamanho de cada
placa produzida.
Figura 5.1 -
Ambiente
do Autodesk
Inventor
• DOCUMENTAÇÃO
Ao finalizar um projeto, é importante produzir um registro de todas as fases realizadas, de
como cada item foi elaborado, quais decisões foram tomadas, como e por quê. Desse modo, a
documentação em projetos é uma forma de proteger e informar a equipe com relação a todo o
desenvolvimento do trabalho. Além disso, a importância da documentação em projetos é para que
haja alinhamento entre a comunicação da equipe do que está sendo feito, não deixando brechas
para dúvidas ou interpretações diferentes, e que assim todos os envolvidos possam ter o mesmo
92
entendimento. À vista disso, para uma equipe ou grupo onde exista grande rotatividade entre os
membros, é relevante manter um registro fiel do decorrer das atividades para que, na inserção de
um novo membro, esta pessoa possa se inteirar de todos os acontecimentos e assim contribuir com
maior eficácia nas atividades.
• MANUAL DO USUÁRIO
Os manuais do usuário são guias escritos nos quais podem ser disponibilizados impressos ou
digitalmente, fornecendo orientações sobre como fazer algo ou utilizar algum produto. Ademais, os
manuais do usuário também acompanham computadores e outros dispositivos eletrônicos, tal qual
televisões e telefones, além de equipamentos domésticos. Desse modo, esse recurso tem o intuito
de instruir os usuários quanto às funções do produto e ao mesmo tempo em que os ensina a utilizá-
las de modo eficiente. Nesse sentido, citaremos algumas partes importantes na criação do manual
do usuário. Separamos essa etapa em 3 partes.
Finalizando com a parte 3, etapa no qual destacamos como projetar um manual legível.
Antes de tudo, é fundamental a escolha de fontes nos quais facilitam a leitura do usuário. Após a
escolha das fontes, é preciso pensar no layout das páginas, escolhendo assim, a diagramação correta
em relação ao produto exposto. Necessita-se ressaltar a encadernação do manual caso tenha mais
de 4 páginas. E por fim, crie um modelo para o manual, utilizando softwares para criar "estilos", pré-
definindo fontes e tamanhos para cabeçalhos, rodapés, títulos e corpo de texto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse livro você acompanhou um processo de produção de uma placa de circuito impresso (PCB),
começando com uma breve introdução sobre sistemas embarcados, que por sua vez é uma aglu nação de
so ware e hardware arquitetada para executar um processo específico. Em seguida, foram apresentados
alguns so wares u lizados, sendo que, neste capítulo foi dado maior ênfase no so ware Proteus.
Após ter sido realizado o projeto no so ware, é seguido para a etapa da produção da PCB,
destacando os diferentes métodos de transferência e corrosão do circuito. Terminado a confecção da
placa, transita-se para o processo de soldagem, onde é salientado o preparo necessário que a PCB
demanda antes de soldar os componentes. E por fim, é visto as etapas de acabamento, no qual, são
ressaltados os métodos necessários para a preservação do projeto.
Com os conhecimentos que você adquiriu na leitura deste livro, está apto a confeccionar sua
própria placa de circuito impresso. Atentando ao domínio dos processos de desenvolvimento do layout
em um so ware, corrosão, soldagem e acabamento.
Engenharia Elétrica
A cada dia que passa a humanidade avança um
pouco em sua contínua evolução, e a engenharia se
faz presente como uma peça importante neste
processo. O desenvolvimento tecnológico tem
avançado muito nas últimas décadas, contribuindo
para a o fenômeno da globalização e democratização
da tecnologia, pois hoje em dia já podemos verificar a
automatização até mesmo em simples tarefas
cotidianas, utilizando equipamentos e sensores
baratos, eficientes, e cada vez menores.
Projetos com sistemas embarcados consistem no
planejamento, desenvolvimento, confecção e
instalação de dispositivos eletrônicos. Amplamente
utilizados, esses projetos são fundamentais para o
progresso tecnológico, visto que, majoritariamente,
todos os dispositivos eletrônicos existentes hoje em
dia são frutos disso.
Este livro é dedicado para os alunos do curso de
Bacharelado em Engenharia Elétrica da Udesc, mas
pode auxiliar estudantes de muitas outras áreas. Seu
objetivo é introduzir os estudantes a projetos com
sistemas embarcados, e instigá-los a produzir seus
próprios projetos. Previamente, é introduzido o leitor
aos conceitos básicos de sistemas embarcados,
equipamentos e componentes eletrônicos,
plataformas de prototipagem e linguagens de
programação. Em seguida, o livro abordas todas as
etapas para a elaboração de um projeto, sendo essas: