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As Perseguições
O primeiro grande desafio da Igreja foram as perseguições. A
princípio o governo romano considerava a Igreja Cristã como uma
das seitas do judaísmo, e como tal, uma religio licita.
Posteriormente, com o crescimento do Cristianismo, passou a ver
a igreja como distinta do judaísmo. À medida que crescia, o
Cristianismo passou a sofrer cada vez mais oposição por parte da
sociedade pagã e do próprio Estado. A primeira grande
perseguição movida pelo Império deu-se sob Nero. A partir daí,
outras perseguições ocorreram, mas elas nem foram de cunho
universal, nem de duração contínua. Muitas vezes dependia do
governo provincial. Após Nero, Domiciano (90-95) moveu curta,
mas feroz perseguição aos cristãos. Já no segundo século, o
imperador Trajano estabeleceu a política que norteou as
perseguições ao cristianismo: o Estado não deveria gastar seus
recursos caçando os cristãos, mas os que fossem denunciados
deveriam ser levados ao tribunal e instados a negar a Cristo e
adorar os deuses romanos. Quem não o fizesse deveria ser
condenado à morte.
As Heresias
Ao lados das perseguições externas, o Cristianismo enfrentou um
inimigo muito mais terrível, posto que interno, através de
heresias, algumas delas propostas por líderes da própria igreja.
Também ensinava Márcion que não haverá juízo final, posto que
o Deus amoroso a todos perdoará. Negava a criação, a
encarnação e a ressurreição final.
Reação da Igreja
Face a essas ameaças, internas e externas, a igreja respondeu
de várias formas. Vá vimos que os apologistas responderam às
acusações assacadas pelos filósofos e pessoas cultas ao
cristianismo. No plano interno, a igreja primeiro tratou de definir
um Cânon, ou seja, uma lista dos livros considerados inspirados.
Nesse período, havia inúmeros evangelhos, cartas, apocalipses
circulando nas mais diversas igrejas. Alguns eram lidos em certas
igrejas e não eram lidos em outras. Com o desafio de Márcion e
também da perseguição sob Diocleciano, onde uma pessoa
encontrada com livros cristãos era passível de morte, era
importante saber se o livro pelo qual o cristão estava passível de
morte era realmente inspirado. Não houve um concílio para definir
quais os livros nem quantos formariam o NT. Tal escolha se deu
por consenso, tendo alguns livros sido reconhecidos com mais
facilidade que outros.
Os Pais da Igreja
O Estado Romano e as heresias encontraram adversários
à altura no seio da Igreja Cristã, seja através de mártires
anônimos, que deram suas vidas mas não negaram a
Jesus, seja nos homens que começaram a formular as
doutrinas muitas das quais esposamos até hoje. Estes
homens são chamados de Pais da Igreja,cujos ensinos
passamos a resumir:
DEUS E O HOMEM:
Consideravam que o erro fundamental dos gnósticos era a
separação entre o verdadeiro Deus do Criador. Há um único
Deus, Criador e Redentor. Deus deu a lei e revelou igualmente o
evangelho. Esse Deus é treino, uma única essência que subsiste
em três pessoas.
A PESSOA E A OBRA DE
CRISTO:
a)IRINEU: O Logos existira desde toda a eternidade e mediante a
Encarnação, o Logos se fez o Jesus histórico, e daí por diante foi
verdadeiro Deus e verdadeiro homem. A raça humana, em Cristo,
como o segundo Adão,é novamente unificada a Deus. A morte de
Cristo como nosso substituto é mencionada, mas não ressaltada.
O elemento central da obra de Cristo teria sido sua obediência,
com o que foi cancelada a desobediência de Adão.
Os Pais Alexandrinos
A Teologia Alexandrina, ou Escola de Alexandria, foi uma forma
de teologia que apelou para a interpretação alegórica da Bíblia, e
foi formada pela combinação extravagante entre a erudição grega
e as verdades do evangelho. A Escola de Alexandria chegou até
a lançar mão de especulações gnósticas na formulação de suas
interpretações escriturísticas. Seus principais expoentes
foram Clemente de Alexandria e Orígenes.
Clemente não era um cristão tão ortodoxo quanto Irineu
ou Tertuliano, mas como os apologistas, buscava uma ponte
entre a filosofia da época e a tradição cristã. Tinha como
mananciais do conhecimento das coisas divinas tanto as
Escrituras quanto a razão humana.
DEUS E O HOMEM
Orígenes alude a Deus como o Ser incompreensível, inestimável
e impassível,que de nada necessita. Rejeita a distinção gnóstica
entre o Deus bom e o Demiurgo ou o Criador deste mundo. Deus
é uno e o mesmo no Velho e no Novo Testamento. Orígenes
ensinou a doutrina da criação eterna. Também ensinou Orígenes
que o Deus único é primariamente o Pai, que Se revela e opera
através do Logos, o qual é pessoal e co-eterno com Deus Pai,
gerado por Ele por um ato eterno. Para Orígenes o Filho é gerado
e não produto de uma emanação ou divisão do Pai. Apesar disso,
usa termos que subentendem haver subordinação do Filho ao
Pai. Na encarnação, o Logos uniu-se a uma alma humana, que
em sua preexistência se mantivera pura. As naturezas de Cristo
são conservadas distintas, mas é sustentado que o Logos, pela
Sua ressurreição e ascensão, deificou a Sua natureza humana.
DOUTRINA DA SALVAÇÃO, AS
IGREJAS E AS ÚLTIMAS COISAS.
Os Pais alexandrinos ensinavam o livre-arbítrio do homem,
capacitando-o a voltar-se para o bem e aceitar a salvação
oferecida em Jesus Cristo. Deus oferece a salvação, e o homem
tem a capacidade de aceitá-la. Apesar disso, Orígenes também
alude à fé como graça divina. Seria um passo preliminar
necessário à salvação. Mas isso representaria apenas uma
aceitação inicial da revelação divina, precisando ser ainda
elevado ao conhecimento e ao entendimento, daí prosseguindo
para a prática de boas obras, que são o que realmente importam.
Orígenes fala de dois modos de salvação, um mediante a fé
(exotérico), e outro pelo conhecimento (esotérico). Certamente
esses Pais não tinham a mesma concepção que o Apóstolo Paulo
da fé e da justificação.