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FACULDADE ADVENTISTA DA BAHIA

SEMINÁRIO ADVENTISTA LATINO-AMERICANO DE TEOLOGIA

MATHEUS STUERT DA COSTA

O “LOGOS” E A DIVINDADE DE JESUS

CACHOEIRA
2022
MATHEUS STUERT DA COSTA

O “LOGOS” E A DIVINDADE DE JESUS

Artigo Científico, submetido como parte dos


requisitos necessários para a disciplina de
Cristologia, do curso Bacharelado em Teologia
na Faculdade Adventista Da Bahia-FADBA,
sob orientação do Prof. Dr. Agenilton Correa.

CACHOEIRA
2022
O “LOGOS” E A DIVINDADE DE JESUS 1

Matheus Stuert da Costa2

RESUMO
Este trabalho faz uma breve abordagem sobre o evangelho de João e como este está
ligado com a divindade de Jesus. O objetivo é descrever os pressupostos joaninos ao
escrever o seu evangelho, avaliar sua confiabilidade e identificar como ele via Jesus,
analisando principalmente a passagem de João 1:1. A metodologia empregada é a de
levantamento de dados bibliográficos e o método gramático-histórico para trabalhar
com o texto bíblico. Por fim, no que diz respeito a divindade de Jesus, percebeu-se
que João escreve seu evangelho com o pressuposto de Jesus era divino.
Palavras-chave: João. Jesus. Divindade. Evangelho.

ABSTRACT
This work makes a brief approach to the gospel of John and how it is connected with
the divinity of Jesus. The objective is to describe the Johannine assumptions when
writing his gospel, assess its reliability and identify how he saw Jesus, mainly analyzing
the passage of John 1:1. The methodology used is the collection of bibliographic data
and the grammatical-historical method to work with the biblical text. Finally, with regard
to the divinity of Jesus, it was noticed that John writes his gospel with the assumption
that Jesus was divine.
Keywords: John. Jesus. Divinity. Gospel.

1 INTRODUÇÃO

A questão levantada sobre o tema é: João acreditava que Jesus era divino? A
justificativa é que se João foi uma testemunha ocular de Jesus e seu evangelho é
autêntico, ele se torna uma clara evidência da divindade de Jesus. Assim, o propósito
dessa obra é analisar os pressupostos de João ao escrever o seu evangelho, sua
autenticidade e relevância para afirmar a divindade de Jesus, analisando

1
Artigo apresentado à disciplina de Cristologia para obtenção de nota parcial pela Faculdade
Adventista da Bahia, sob a orientação do Prof. Dr. Agenilton Corrêa.
Agenilton.correa@adventista.edu.br.

2Bacharelando em Teologia pelo Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia da Faculdade


Adventista da Bahia (SALT-FADBA). stuertmatheus@gmail.com.
principalmente João 1:1. Para isso, se faz uso da metodologia bibliográfica e do
método histórico gramatical com o intuito de responder à questão levantada.

2 O EVANGELHO DE JOÃO

João foi realmente alguém que existiu na história e Orígenes afirma que ele é
suficientemente confirmado por duas testemunhas: Irineu e Clemente de Alexandria.
(História Eclesiástica 23:1). O mesmo Irineu testificou que João quem escreveu o
evangelho e seu testemunho se torna precioso já que Eusébio mostra que ele era
discípulo de Policarpo que era discípulo de João. No século XX, boa parte dos
estudiosos acreditavam que João era muito recente e helenístico, mas a tradição da
igreja data o evangelho do final do primeiro século, sendo atestado por Irineu em sua
obra “Contra Heresias” (3.1.1) e também amplamente confirmado pelo já citado
Eusébio.

Essas evidências patrísticas também mostram que o propósito de João ao


escrever o seu evangelho é combater uma heresia do primeiro século chamada de
gnosticismo. Esse ensinamento apregoa que Jesus não era divino e cresceu bastante
na comunidade de Éfeso, local onde João ministrava. Sendo assim, o apóstolo
certamente tomou essa problemática como motivação para escrever seu evangelho e
teólogos como Craig L. Blomberg em sua “Introdução aos Evangelhos” identifica o
tema da divindade como um dos eixos centrais do evangelho. (2019, p. 262). Com
isso, fica evidente que a escrita joanina busca confrontar o gnosticismo e para isso ele
devia possuir uma permissa oposta a essa doutrina herética.

2.1 A DIVINDADE DE JESUS EM JOÃO 1:1

Em seu primeiro capítulo do evangelho João descreve Jesus como o “Verbo” e


esse entendimento de Cristo como sendo o “Verbo”, norteia todo o seu evangelho.
Segundo Barclay, a palavra para um judeu era “algo que tinha uma existência ativa e
independente e que de fato fazia as coisas”. (2017, p. 34). Ao analisar a escrita original
grega, vê-se que a palavra utilizada para isso é “Logos” e essa expressão não possui
somente o significado de verbo ou palavra, mas também quer dizer “razão”. Com isso,
Barclay explica que a palavra tem haver com o atributo criador de Deus e razão tem
que ver com sua sabedoria eterna e ambas as funções João estava atribuindo a Cristo.
Ademais, o Logos existe antes do princípio, ou seja, Ele é eterno. A palavra
grega utilizada para “no princípio” em João 1:1 é “Arche” e se refere ou início da
criação de Gênesis 1. Sendo assim, João estava afirmando que Jesus já existia antes
da criação do mundo demostrando sua eternidade e somente Deus é eterno. John
Macarthur é quem salienta essa argumentação e acrescenta: “Jesus Cristo já existia
antes do Céu e a Terra serem criados, assim, ele não é um ser criado, mas existiu
desde toda eternidade.” (2012, p. 3145). A argumentação também se dirige de forma
gramatical, o tempo empregado por João para escrever esse texto também merece
atenção, ele usa o imperfeito do verbo “eimi” reforçando ainda mais uma ação
contínua, o que confirma a preexistência do Verbo indicando que Ele sempre existiu
e nunca houve momento em que passou a existir. É por isso que na obra “Nisto
Cremos”, Jesus é chamado de “agente ativo da criação divina” (2018, p. 90).

Diante disso, Jesus é o agente criador de todas as coisas e ele não só estava
com Deus como era Deus conforme João 1:1, isso mostra não apenas a eternidade
de Cristo, mas também a relação trinitariana do próprio Deus, já que, o Logos estava
com Deus, porém não só isso, o Logos também é divino já que é criador, preexistente
e possui sabedoria eterna, como já confirmado anteriormente. Essa expressão só
pode fazer sentido se Deus for trindade. Sendo assim, João dá em seu evangelho
grandes contribuições para a divindade de Jesus e sua cristologia é baseada nos
testemunhos que o mesmo viu de Cristo, portanto é uma das armas mais fortes para
a fé cristã.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a pesquisa realizada, percebe-se que João tem em mente a divindade de


Jesus quando escreve seu evangelho. Fica nítido que para ele, Jesus era a razão que
sustenta o universo, eterno e criador e com isso, Jesus é totalmente divino e sua
cristologia é influenciada apenas pelo próprio Cristo, já que era uma testemunha
ocular, e não foi afetada pelas heresias e disseminações de seu tempo. Assim, o
evangelho de João é confiável, autoral e sustenta a ideia de que Jesus é o Filho de
Deus.
REFERÊNCIAS

CESARÉIA, Eusébio de. História Eclesiástica. 1. ed. São Paulo: Novo Século, 2002.

LIÃO, Irineu de. Contra Heresias. 1. ed. São Paulo: Pauls Editora, 1995.

BLOMBERG, Craig L. Introdução aos Evangelhos: uma pesquisa sobre Jesus e os


4 evangelhos. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2009.

BLOMBERG, Craig L. A Confiabilidade Histórica dos Evangelhos. São Paulo: Vida


Nova, 2019.

MACARTHUR, John. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Porta


Voz, 2012.

BARCLAY, William. The Gospel of John. 1. ed. Louisville: Westminster John Knox
Press, 2017.

CARSON, Donald Arthur. MOO, Douglas J. MORRIS, Leon. Introdução ao Novo


Testamento. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 1997.

CARSON, Donald Arthur. et al. Comentário Bíblico: vida nova. 1. ed. São Paulo: Vida
Nova, 2009.

ASSOCIAÇÃO MINISTERIAL DA ASSOCIAÇÃO GERAL DOS ADVENTISTAS DO


SÉTIMO DIA (org). Nisto Cremos: as 28 crenças fundamentais da igreja adventista
do sétimo dia. Tradução Hélio L. Grellmann. 8. ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
2018. Cap. 6, p. 86-97.

LOUW, Johannes. NIDA, Eugenes. Léxico Grego do Novo Testamento. 1. ed. São
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COMENTÁRIO Bíblico Adventista: a Bíblia sagrada com o comentário exegético. 1.


ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2014. (Logos, 5).

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