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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DO SERTÃO


CENTRAL – FECLESC

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

DISCIPLINA: História Medieval


Prof.: Assis Daniel Gomes

FRANCISCO TEÓFILO CORREIA LIMA

Fichamento
LE GOFF, Jacques. A Europa feudal, séculos XI-XII. In: LE GOFF, Jacques. As raízes
medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. p. 9-383.

ITAPIÚNA-CE
2021
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 76-78.

Nessa sessão o autor fala um pouco da evolução do sistema agrário na Europa


medieval, a substituição do boi pelo cavalo, e diz que a agricultura do cereal está cada
vez mais afirmada, e que a Europa será um mundo do pão. Já sobre as bebidas da época
que se destacavam estava o vinho e a cerveja, que tinham uma distinção tão grande que
segundo Le Goff os franciscanos do século XIII falavam da divisão dos conventos de
vinho e dos de cerveja. Já nas técnicas de plantio é citado a troca do arado arcaico pela
charrua e a substituição da madeira pelo ferro como material usado para produzi-la, a
mudança no sistema de rotação do tempo que deixavam a terra repousar para fazer um
novo plantio, assim colhendo duas vezes no ano em vez de uma, Le Goff cita Marc
Bompaire, e fala de uma passagem onde Marc fala sobre algo que ele chamou de “Uma
ajuda do Céu”, que foi uma época entre o ano de 900 e o ano de 1300 onde a Europa
teve um clima muito favorável para o plantio, com alta de dois graus na temperatura.

LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:


Vozes, 2007. p. 78-79.

O encelulamento foi algo muito importante para reestruturação da sociedade da


época em vários âmbitos, e teve vários termos que foram relacionados pelos
historiadores como o encastelamento por conta do livro e Pierre Tourbert, o Latium
medieval: o incastellamento, mas foi Roberto Fossier que propôs o uso do termo
encelulamento. Como dito por Le Goff nesse trecho as células mais importantes desse
sistema além do castelo eram, o senhorio, a aldeia e a paróquia.

LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:


Vozes, 2007. p. 79-80.

Aldeia e cemitério é uma sessão do capitulo IX do livro que fala sobre a criação
dos cemitérios integrados as aldeias, praticamente os cemitérios que conhecemos hoje,
antigamente era comum cemitérios praticamente pagãos pelas estradas, mas o
cristiamos muda completamente essa visão, reforçando a ideia de um lugar parar
sepultar os mortos e ter essa preservação dos ancestrais mais próxima, dentro das
aldeias. No século XI o papado cria o dia de comemoração dos mortos na data de 02 de
novembro por conta da influência da ordem monástica de Cluny.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 80-81.
Junto do cemitério a igreja se uma das células essenciais dessas aldeias e
cidades, a paróquia só será estabilizada no século XIII segundo Le Goff, e enfrentara
diversos problemas de território nas aldeias do século XI. Na aldeia a igreja vai
desempenhar o papel de paróquia para os aldeões reunindo grupos de paroquianos sob a
autoridade de um padre o que configura algo que é chamado de cura, além disso o padre
poderá dar aos fieis o direito de receber sacramentos e também a capacidade do padre
de perceber rendimentos.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 81-82.
Uma camada superior a nobreza fala sobre indivíduos que se preocupam em
manifestar sua posição nas camadas da sociedade, sua riqueza, fazer distribuição de
benefícios aos grupos religiosos, abadias, aos santos segundo Le Goff é a principal
manifestação desses nobres, e assim eles adquiriam diversos privilégios judiciários e
políticos. Além disso se repete mais de uma vez que a nobreza está presente no sangue,
então por mais que posteriormente os reis pudessem conceder a nobreza aos não nobres
ainda sim existia um certo preconceito por aqueles nobres que não eram de “sangue
nobre”, e os moralistas gostam de opor a nobreza inata a nobreza adquirida.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 82-85.
Abaixo dos nobres estavam os cavaleiros, figuras símbolo da época medieval,
carregando escudos com brasões e espadas, montados em um cavalo com suas
armaduras e praticando atos benevolentes, mas nem sempre agiram dessa forma, a igreja
lutou bastante contra a violência que era praticada no começo do desenvolvimento dessa
tradição de cavaleiros. Os torneios eram praticamente abominados pela igreja, e
consequentemente eles foram sendo moldados pela mesma, que os transformou de arma
de guerra, para protetores dos indefesos e carrascos dos infiéis. Posteriormente uma
tradição e uma mitologia foi se formando a cerca dessa figura, criando um misticismo e
uma ideologia que guiava os cavaleiros, contos como os de Arthur, o cavaleiro errante,
os nove valentes eram praticamente exemplos a serem seguidos e alertas para não se
desviarem de seus caminhos. Além disso a cortesia dos cavaleiros para com as damas
também virou costume, e eles também aprendiam boas maneiras nos conventos. Nesse
capitulo o autor também cita a introdução na mesa para se alimentar, costume que foi
criado pelos europeus.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 85-90.
Durante o período gregoriano a forma como o matrimonio funcionava foi
completamente modificada, ficando praticamente igual ao que temos na atualidade. O
casamento consanguíneo foi completamente abominado pela igreja, e a monogamia era
agora o certo na visão da igreja, e a penas os aristocratas mantém a poligamia. O
adultério passa a ser severamente castigado e o casamento perde a característica de
contrato civil e passa a ser algo mais religioso, ganhando a característica de ser algo
mais sobre sentimentos e os casamentos arranjados perdem força, no século XII o
matrimonio vira um sacramento que apenas os padres podem administrar, mas até o
século XVI os casamentos ainda serão celebrados do lado de fora, só a partir dessa data
eles passarão a ocorrer no interior delas. Já o amor cortês a mulher era tratada como a
senhora enquanto o homem a jurava fidelidade e prestava homenagens, o autor ainda
fala de uma possível influencia das poesias amorosas árabes, e que os trovadores
tiveram parcela de contribuição na criação dessas histórias de amor cortês, como Tristão
e Isolda que era praticamente visto como heresia pela igreja mas mesmo assim ainda é
dito que essa é praticamente a verdadeira forma de demonstração de amor, embora a
família de Heloísa discordasse disso, a história Abelardo e Heloísa é uma história real
sobre um casal que termina na castração do homem como forma de vingança da família
da moça, e essa história pode ser testemunhada segundo o autor em uma série de cartas
dos amantes. O beijo na boca na antiguidade era dado entre homens e era uma forma de
paz, de homenagem, mas que posteriormente se torna também uma forma de se
demonstrar amor.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 90.
O militantismo começa a aparecer na Europa, as cruzadas surgem na ordem
monástica e a principal e mais conhecida até hoje seja a ordem dos templários, e uma
das principais regras sobre a qual os clérigos não deveriam derramar sangue é anulada, a
caçada aos infiéis e pagãos para se converterem ao cristianismo é o objetivo desse novo
pensamento que pode ser chamado de militantismo.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 90-91.
O papa Gregório VII foi o grande responsável pela separação dos clérigos e dos
leigos, ele quem incentivou a separação da figura do papa e do imperador, e impedir a
intervenção dos leigos nos assuntos da igreja o que era completamente o aposto da visão
cristã ortodoxa de Bizâncio, governada pelo que era conhecido como cesaropapismo, a
separação laica no século XIX se tornaria a laicidade.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 92-93.
A luta da igreja contra a figura do diabo ficou muito aflorada por volta dos
séculos XI-XII, as danças eram vistas como coisas diabólicas, o teatro estava banido
desde a alta idade média, e quaisquer expressões por menor extravagante que fossem era
caracterizadas por possessões demoníacas ou algo semelhante, além disso a figura do
cavaleiro era usada como a figura da virtude e a dos vícios a de um guerreiro pagão
desordenado. A igreja usava de vários recursos que até hoje servem para colocar as
pessoas na linha, algo como o castigo eterno, o purgatório, o exorcismo as orações,
eram o que o autor chama de arsenal da igreja e Dante Alighieri dá um empurrãozinho
no medo das pessoas com a Divina Comédia.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 93-95.
Essa Europa tocada pelo diabo será alvo da igreja que era combater diversas
práticas e costume que julgam do diabo, de origem romana ou bárbaro que depois ela irá
fazer um amalgama e chamara tudo de paganismo. A partir do século XI a igreja
começa a perseguir os hereges, mas a mistura de diversas culturas pagãs e cristãs
começam a se misturar assim como seus fantasmas, o que torna o uso do purgatório
necessário para separar os fantasmas bons dos ruins, no fim das constas diversas lendas
pagãs acabaram se misturando com o cristianismo, como santos que caçam dragões e
afins.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 95-97.
As moedas são um importante recurso para as civilizações embora Carlos
Magno tenha falhado na criação de uma moeda única e unificada posterior mente no
século X no ano de 900 na Germânia começou a cunhagem das moedas e
posteriormente na por toda aquele território europeu. Outra importante difusão de
recurso ou instrumento foi a das cartas, que tinha um valor jurídico, como de territórios,
pessoas rendas e etc., Na época os principais responsáveis pelas cartas eram os clérigos,
mas logo ela passou a ser algo mais difundido, e após isso se tornou um instrumento
prático e secularizado assim como as moedas.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 97-100.
As peregrinações tinham essa visão do homem como um viajante ou peregrino,
mas também andava lado a lado com o comércio pois havia sido criada posterior a ele,
mas acabaram um fazendo parte do outro de certa forma. A peregrinação tinha como
objetivo a salvação por meio de uma provação de esforço físico. Mas logo as
peregrinações se tornaram praticamente penitencias tanto para homens livres quando
para expatriados ou exilados, estudante e todos os tipos de pessoas que procuravam
algum tipo de expiação. Os gauleses redigiram um itinerário sobre suas peregrinações e
em 384 a Egrégia publicou um diário de viagens a lugares santos, como Jerusalém que
até hoje é alvo dessas peregrinações dos fieis mas que desde sempre foi um lugar cheio
de conflitos, já em Roma existia outro lugar de peregrinação, onde estava os corpos de
Paulo e Pedro, teve também uma peregrinação para Santiago de Compostela, Na
Normandia foi imposto a peregrinação até o Monte São Miguel onde os franceses
resistiram a diversos ataques ingleses durante a guerra dos cem anos. Outras dezenas de
lugares se tornaram alvos dessas peregrinações, e até hoje é algo bem comum praticado
por religiosos.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 103-111.
O rei feudal é a imagem de Deus, e isso só irá desaparecer no século XIX, o rei
medieval tem três funções segundo o texto, a primeira é a religiosa, a segunda é a
militar e a terceira é algo mais complexo, mas que se resume praticamente a
prosperidade do reino, a beleza dele, a distribuição de esmola, as caridades, a economia
e óbvio, a construção de igrejas.
Agora serão citadas algumas características do reinado de alguns lugares da
Europa, começando pela Inglaterra que foi a primeira grande monarquia da Europa. A
Inglaterra foi conquistada pelo duque da Normandia Guilherme em 1066, o que
reforçou bastante o país, e foi exatamente por conta dos normandos que a Inglaterra foi
o que conhecemos. Após a morte de Henrique I seu neto Henrique II assumiu seu posto,
este que foi pai de Ricardo Coração de Leão deu uma má fama a corte inglesa que
diziam ser cheia de conflitos.
Na França a monarquia se estabilizou bem cedo, os reis franceses garantiam a
obediência dos senhores terra e o apoio dos conselheiros do clero e da nobreza, então
ouve a sagração do rei pelo óleo sagrado que uma pomba trouxe dos céus, então a flor-
de-lis foi adotada como símbolo e então o manto azul do rei foi por conta do manto de
Maria.
Os normandos tiveram um reinado inesperado, entre os três, além de ter sido um
reinado cheio de tragédias e conflitos, o que é chamado de passagem efêmera pelo
autor, Knut o Grande conquistou a Inglaterra parcialmente no século XI e foi morto em
1035. Sicília foi conquistada em 1072, e seu último rei normando foi Guilherme II que
morreu em 1189, então sua tia ficou com o trono e se casou com o filho de Frederico
Barba Roxa, que morre Henrique VI que deixa seu filho Frederico II posteriormente no
lugar, e este fará com que seu império monárquico feudal seja o mais bem estruturado
da época.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 112-119.
O crescimento do culto mariano trouxe praticamente uma quarta figura para a
trindade dos cristãos, sendo a Virgem Maria a figura apresentada nesse culto, ela se
torna uma figura importante na relação entre o homem e cristo, tendo um papel de
advogada dos homens, e diferente de outros santos ela é generalista segundo Le Goff,
pois ela protege os criminosos e pecaminosos até mesmo do próprio julgamento de
cristo pelo que o texto deixa a entender. E é a partir do século XII que a oração da ave
maria toma um papel tão importante quanto o pai nosso, e a atribuição de figuras santas
também teve grande importância na aceitação da virgem em suas expiações. Por conta
disso ouve o que o autor chama de feminização da piedade e a figura de cristo se torna a
que os católicos usam até hoje, como o cristo sofredor, o crucificado, e ao mesmo tempo
surgem aquelas imagens do mesmo pregado na cruz. Também a partir do século XII a
visão do homem a alta idade média é completamente aniquilada diante de Deus nas
palavras do autor, e Jó o humilhado era seu melhor símbolo, humilhar-se perante Deus
assim como Jó foi algo que mudou bastante a visão do homem daquela época, mas a
homossexualidade é condenada fortemente por ser considerada um pecado contra a
natureza.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 120-132.
A heresia surge praticamente junto do cristianismo, nela estão classificadas as
pessoas que não aceitam a divindade de cristo nem sua natureza humana, existe ainda a
heresia erudita e a popular, mas por volta do ano 1000 ouve uma onda gigantesca de
hereges. Além disso a rejeição a devoção do crucifixo era algo comum entre os leigos e
a Ordem de Cluny dava cada vez mais importâncias as orações e era quem organizava
as cruzadas. Mas o ápice da repressão contra hereges foi o papa Inocêncio III, que
assimilou a heresia como um crime de lesa-majestade, que acarretava na execução por
meio de tortura, e óbvio que na confiscação dos bens do herege. Posteriormente a
inquisição foi um novo método judiciário que consistia em torturar o acusado por meio
de tortura, algo que era dirigido aos escravos na alta idade média.
Além dos hereges a igreja também perseguiu os judeus, que até o século X não
eram muito populosas e eram praticamente uma população de mercadores. Carlos
Magno não perseguiu judeus, nem seus sucessores segundo o autor. A nova forma de
cristo pela paixão tornou mais hostil a visão dos cristãos contra os judeus, por conta da
visão sofredora de cristo, então diversas histórias foram inventadas sobre judeus terem
feito rituais com o sangue de um jovem cristão e torturado outro, apenas esses boatos já
foram o suficiente para causar a morte de 19 judeus por enforcamento, teriam morrido
outros noventa caso o irmão do rei Ricardo de Cornualha não tivesse interferido. No
século XIV eles foram ainda mais perseguidos, sendo acusados de espalhar a lepra,
contaminando os poços com os corpos dos leprosos mortos, e posteriormente também
foram culpados de disseminar a peste negra e a ideia de contagio era muito aceita na
Europa cristã e foi justamente essa sociedade da idade média que começou a formar o
antissemitismo europeu.
O terceiro grupo perseguido pelos cristãos foi o dos homossexuais, sendo
inclusos aqui os muçulmanos e até os templários tendo Jacques de Molay queimado na
fogueira por essa acusação no século XIV. A sodomia foi entregue a Inquisição
anteriormente no século XIII, como um dos desvios que queimariam na fogueira muitos
inocentes, assim como sempre foi, e na Itália em Florença eles teriam um pouco mais de
paz posteriormente pois ressurgiria pessoas sensatas que iriam aumentar a tolerância aos
homossexuais.
A lepra foi uma doença comum na Europa medieval, mas também caracterizou
um quarto grupo de perseguidos pelos cristãos, os próprios leprosos. Embora
acontecesse uma certa contradição entre os cristãos por conta da figura de jesus beijado
o leproso, o fato dessa sociedade medieval ter a visão do corpo como o reflexo da alma
via a lepra como a marca do pecado por assim dizer. Logo todos esses pestilentos foram
vistos como ameaça aos cristãos e sua “pureza”. O diabo entrou na Europa junto do
cristianismo, mas só se tornou essa figura principal no século XI, a cristandade
unificada concedeu ao diabo as suas armas e a heresia como seu instrumento, já a igreja
usaria a inquisição para o combater.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 132-135.
No final do século XII as instituições feudais sustentavam a posse dos conjuntos
da cristandade em várias formatações. Essas periferias continuaram a sustentar suas
próprias características, mas, adicionaram tais características ao seu rito e conjunto
cristão. Um fenômeno a ser considerado e usado como exemplo foi o da Irlanda, que
por mais que tenha passado por extenso processo de conversão, manteve forte sua
cultura dentro do rito cristão. O caso da Bretanha é semelhante e diferente, ao mesmo
tempo. Em seu de ocupação por bretões, no século IV, ela passa a adquirir, na idade
média, ela passa a sustentar um processo de independia considerável, que vai de reino a
ducado a ducado, na era carolíngia e capetíngia. Os duques adotaram políticas de
relações complexas. Todos esses fenômenos, unidos de ocorridos políticos, possibilitam
o caminhar para uma real independência, ao mesmo tempo que fortalece sua marinha e
suas relações náuticas. Na península ibérica, os conflitos e fenômenos que tangem a
Espanha e seu processo de reconquista faz com que haja uma reunião de culturas,
tornando aquele espaço como um dos principais polos intelectuais da Europa. Na Sicília
e Itália do sul, os processos de sucessão da monarquia reforçam a dominância cristã, ao
mesmo tempo que consolida um importante polo pluricultural,
Na Europa Central e do Norte, temo a consolidação da Hungria, com reino
cristão, seguida pela croácia, O Rei Bela II manteve boas relações com os Bizantinos,
ao mesmo tempo que firmava uma estabilização fronteiriça ao leste e boas relações com
a cristandade latina por meio de um casamento com uma das filhas de Luís VII. Tal
estabilização pode ser observada na Polonia e na boemia, onde acordos, concessões e
firmações juntos ao imperador os dá características de principado. Na Polonia os
processos de unificação, estabilização e movimentação dos processos que envolvem o
cristianismo da época deram aquele espaço uma consolidação considerável, mas, em
posterior momento ocorreu uma fragmentação profunda, devido o repartimento do
território, em testamento do monarca, em favor de seus filhos. No Norte, mais
precisamente na Escandinávia e Islândia, firmavam-se as estruturas cristãs. A Islândia
contribui profundamente para a literatura cristã medieval, com suas Sagas. Ainda no
Norte, durante a idade média, a região encontra-se marcada por grande instabilidade
política. Haverá uma clara dificuldade na distinção dos territórios e a existência de
conflitos e de conquistas serão evidentes, protagonizados de forma considerável pelos
Dinamarqueses. Com a metrópole religiosa sendo estabelecida em Lund, o território
escandinavo passa a ter sobre ele a forte influência do arcebispado Nidaros na Noruega
e Uppsala na Suécia também ganham características de captais religiosas, em posterior a
Lund. Esses fenômenos acentuam as instabilidades políticas. A transformação da arte
militar da época faz com que a nobreza se torne a real classe dominante e o cristianismo
e a conversão a ele oferece a formação e acesso a uma cultura superior, mantendo assim
as dinâmicas de poder e influência.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. 1. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007. p. 135-141.
Um dos temas mais estudos da Europa medieval é com toda certeza as cruzadas,
termo criado no final do século XV, mas que já existia algo semelhante no século XII
chamado de cruzado e cruzar-se, as cruzadas foram operações militares que foram feitas
por parte dos cristãos para tomar o local do Santo Sepulcro dos muçulmanos. Desde
cedo Jerusalém foi alvo das peregrinações dos cristãos, mas duas mudanças na ideologia
usada pelos cruzados ocorreram. A primeira foi a transformação da visão dos cristãos
sobre a guerra, Santo Agostinha chama isso de guerra justa, e da aos cristãos a ideia de
que estava tudo bem se a guerra fosse usada para se defender, para proteger as pessoas,
mas não como forma de violência e que deviam respeitar a vida dos seres desarmados
como crianças, mulheres, mercadores e monges. E para eles essa visão de guerra justa
fez com que eles achassem a guerra contra os muçulmanos, pagãos e assimilados uma
guerra legitima, mas que ainda não era uma guerra santa. A visão dos cristãos sobre a
terra santa de Jerusalém inflamou o coração dos cruzados e os fez marchar com a cruz
de fazenda sobre o peito, massacrando os muçulmanos e conquistando Jerusalém no ano
de 1099. Em 114 os muçulmanos tomaram Edessa e então uma segunda cruzada
pregada por São Bernardo e empreendida pelo imperador Conrado III e pelo rei da
França Luíz VII, mas fracassou. Em 1187 o grande sultão curdo Saladino com um
exercito enorme destruiu o exercito do rei de Jerusalém e tomou a cidade e todo reino
exceto Tiro. Frederico Barba Roxa então empreende uma terceira cruzada, mas afogasse
em um rio da Anatólia, pelo rei da Inglaterra Ricardo Coração de Leão e pelo rei Filipe
Augusto da França, mas fracassaram e Jerusalém nunca mais foi conquistada pelos
cristãos.

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