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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

ANA CAROLINA BARONI

ESTUDO DIRIGIDO: Inventário Extrajudicial

CURITIBA
2020
ANA CAROLINA BARONI

ESTUDO DIRIGIDO: Inventário Extrajudicial

Estudo Dirigido apresentado à disciplina


de Direito das Sucessões, do 9º período
do curso de Direito da Faculdade de
Ciências Jurídicas da Universidade
Tuiuti do Paraná, como requisito parcial
para a obtenção da nota do 2º bimestre.
Professor: Eduardo de Oliveira Leite.

CURITIBA
2020
INTRODUÇÃO

O inventário como conhecemos hoje deriva do latim inventarium, e tem o


significado de encontrar, achar, fazer uma relação dos bens, direitos e
obrigações da pessoa falecida e realizar a transferência para os herdeiros, a
partir do momento em que falece a pessoa física.
Segundo LOBO, 2013, inventário é:
[...]o procedimento por meio do qual “os bens, direitos e dívidas
deixados pelo de cujus são levantados, conferidos e avaliados de modo
a que possam ser partilhados pelos sucessores. [...}

Portanto, o inventário é tratado pelo Direito Sucessório e está disciplinado


na codificação civilista e na processual civilista.
A Lei nº 11.441 de 2007 inseriu uma nova modalidade de inventário, o de
modalidade EXTRAJUDICIAL, que pode ser feito perante os notários e registros
públicos. Para esta modalidade de inventario, requer-se algumas características
que se destacam da forma judicial, que faz com que seja mais rápido e menos
oneroso para os herdeiros. Ressalta-se que não é forma obrigatória e, sim,
facultativa, diferentemente da judicial que quando os requisitos são preenchidos
a sucessão só ocorrerá pelo tramite judicial.
A participação de um advogado está prevista tanto na modalidade judicial
como na extrajudicial.

1. ABERTURA

O prazo para a abertura do inventário (judicial ou extrajudicial) está


descrito no artigo 983 do Código de Processo Civil:
A abertura do inventário deve ser requerida no prazo de 60 (sessenta) dias
contados da morte do autor da herança.
Também no Art. 611, CPC traz o mesmo regramento:
“O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois)
meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses
subsequentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento
de parte”
Diante disso, o prazo para encerramento e abertura do inventário poderá
ser prorrogado pelo juiz, de ofício ou a requerimento de ambas as partes.

2. PARTES QUE PODEM REQUERER O INVENTÁRIO

Respeitando-se o prazo legal de 60 dias o herdeiro que estiver na posse


e na administração do espólio deverá requerer a abertura do inventário, bem
como a partilha, conforme artigo 615 e seguintes do Código de Processo Civil.
Porém, também são legitimados conforme artigo 616, CPC:
• O cônjuge ou companheiro supérstite;
• Os herdeiros;
• L legatário;
• O testamenteiro;
• O cessionário do herdeiro ou do legatário;
• O credor do herdeiro, do legatário ou do falecido;
• O Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
• A Fazenda Pública, tendo interesse;
• O administrador judicial da falência do herdeiro, do legatório, do falecido
ou do cônjuge ou companheiro supérstite.

3. ABERTURA DO INVENTÁRIO, ESCOLHA DO CARTÓRIO

O inventário deverá ser aberto no último local em que o falecido possuía


domicílio, tanto o inventário extrajudicial como o judicial. Vindo o autor da
herança a falecer no exterior será aberto no último local que residiu em território
nacional.
Também preleciona o art. 1º, da Resolução nº 35/2007, do CNJ, que
qualquer cartório de notas dentro do território nacional tem competência para a
abertura de inventário extrajudicial, pois não há a aplicação das regras de
competência do Código de Processo Civil. Nesse sentido, Farias e Rosenvald
(2015, p. 448), discorrem que “não se aplicam ao inventário as regras de
competência judicial”, portanto, pode-se lavrar a escritura pública de inventário
em qualquer cartório nacional, independentemente do local onde estejam os
bens deixados pelo de cujos ou do seu local de óbito. Sendo, assim, livre a
escolha do cartório.

4. NOMEAÇÃO DE INVENTARIANTE

O processo inicia-se com o pedido de abertura do inventário comunicando


o falecimento do autor da herança, além de indicar um inventariante e juntar
documentos que comprovem o falecimento, como a certidão de óbito. Esta
nomeação deve seguir o diploma legal previsto artigo 617 do Código de
Processo Civil, sendo que o inventariante nomeado terá 5 dias para aceitar o
compromisso para desempenhar a função a que foi nomeado.

5. MULTA POR ATRASO NA ABERTURA DO INVENTÁRIO – INVENTÁRIO


NEGATIVO

A Súmula 542, do Supremo Tribunal Federal, prevê que o Estado pode


impor uma multa como sanção para o retardamento da abertura do inventário,
restando assim um ônus aos herdeiros. "Não é inconstitucional a multa instituída
pelo estado membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação
do inventário." (Súmula 542 do STF).
Não é usual a aplicação de multa, devido a muitos casos nem mesmo
existir patrimônio a inventariar. Nesses casos a doutrina tem aceitado o
inventário negativo, que é uma forma de o cônjuge e herdeiro legalizarem esta
situação, segundo BARROS, 1993
“Pode acontecer que um morto não deixe bens e que seu
cônjuge ou os seus herdeiros tenham necessidade da certeza
jurídica desse fato. O meio jurídico de positivar isso é recorrer o
interessado ao inventário negativo. Muito embora o Código não o
discipline, o inventário negativo é, às vezes, uma necessidade do
cônjuge sobrevivo ou dos herdeiros. Por isso, os juízes e a praxe o
admitem como o modo judicial de provar-se, para determinado fim, a
inexistência de bens”. (BARROS, 1993). GRIFAMOS
6. INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL

É a forma mais simples de concretizar a sucessão. Está previsto no artigo


610, § 1, do Código de Processo Civil.
São requisitos para esta modalidade de inventário:
• Não pode existir testamento;
• Todos os herdeiros precisam ser capazes;
• Existir consenso entre os herdeiros e serem representados pelo mesmo
advogado;
• Realizar a escrituração publicado do inventário no oficial registral de notas
e documentos, que deverá ser feita em forma de ata notarial, contara com
a assinatura de todos os herdeiros e do advogado ou defensor públicos e
servirá para transferência da herança para cada herdeiro.

7. INVENTÁRIO JUDICIAL

O inventário judicial pode ocorrer por três procedimentos:


• Rito do arrolamento sumário conforme o art. 659 do CPC/2015, sendo
cabível quando todos os interessados forem maiores e capazes
abrangendo bens de quaisquer valores.
• Rito de arrolamento comum, sendo cabível quando os bens do espólio
fossem de valor igual ou menor de dois mil OTN ou mil salários-
mínimos.
• Rito tradicional, tratado nos artigos 619 ao 658 do CPC/2015 nos demais
casos.

8. CUSTOS DO INVENTÁRIO – APLICADO AS DUAS MODALIDADES JUDICIAL


E EXTRAJUDICIAL

Incide sobre o montante a ser inventariado o Imposto sobre Transmissão


Causa Mortis e Doações (ITCMD), sendo a alíquota variável de estado para
estado. No estado do Paraná é de 4%.
Existem também as taxas e custas de cartório ou taxas judiciais, que
variam conforme o estado.
Pode-se aplicar a gratuidade das taxas inclusive ITCMD - tanto na forma
judicial como frente aos registros notariais, a gratuidade em inventários, partilha,
separação e divórcio adveio prevista com a lei 11.441 no início de 2007 e
ratificada com a edição do CPC em 2015 em seus arts. 98 a 102, na Seção IV,
"Da Gratuidade da Justiça", contemplando a gratuidade na concessão dos
atos notariais e registrais (art. 98, IX), o que abarca tanto a lavratura da
escritura de inventário, partilha, separação, divórcio e atas notariais em
usucapião extrajudicial perante o Cartório de Notas, bem como os atos
registrais decorrentes perante o Cartório de Registro de Imóveis, mesmo
quando não decorra de decisão judicial.
EM relação as taxas cartorárias e judiciais a gratuidade segue o CPC, porém,
em relação ao ITCM, que é um tributo estadual, o regramento quanto a isenção
e imunidade são determinadas por leis estaduais, no Paraná é tratado pela lei
18.573/2015 e regulamento pela resolução 1527/2015.
Portanto, atendendo aos requisitos previstos, alguns custos em relação
ao inventário podem serem gratuitos.

9. CONCLUSÃO

Diante de toda análise disposta, nota-se que o Inventário Extrajudicial é a


melhor opção para quem se enquadra no requisito do artigo 610, § 1, do Código
de Processo Civil.
O inventário extrajudicial possui maior vantajosidade financeira se
comparado ao inventário judicial. Também pela duração, já que é realizado de
forma mais célere.
Existindo incapazes na sucessão, não há outra alternativa senão utilizar
o Inventário Judicial, pois é necessária a abertura do inventário para a
transferência dos bens deixados pelo de cujus aos seus herdeiros, e
obrigatoriamente deverá ser usado este inventário nos casos em que o falecido
houver deixado testamento ou houver interessado incapaz.
Em casos específicos pode ser requerida a gratuidade de todos os custos
referentes ao inventário, sendo a presença de um advogado indispensável para
a realização de qualquer modalidade de inventário.
REFERÊNCIAS

BARROS, Hamilton de Moraes e. Comentários ao Código de Processo Civil: lei


n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1993, v. 9.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 15 jun.
2020.

_____. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>.
Acesso em: 25 mai. 2020.

FARIAS, Cristiano Chaves de. ROSENVALD, Nelson. Sucessões. São Paulo,


Atlas, 2015.

FAZENDA, Secretaria de Estado da. RESOLUÇÃO SEFA N. 1.527/2015.


Disponível em:
http://www.fazenda.pr.gov.br/arquivos/File/ITCMD/Resolucao_SEFA_1527_201
5_ITCMD.pdf Acesso em: 15 jun. 2020.

LÔBO, Paulo. Direito Civil: Sucessões. Editora Saraiva. São Paulo, 2013;

STF. Súmulas 501 a 600. Disponível em: <


http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSumula&pa
gina=sumula_501_600>. Acesso em: 15 jun. 2020.

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