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Tendo em vista que se alega que Isso, por si só, já demonstra o nica, acompanhada de apurado es-
o condomínio de vários shopping ânimo, o espírito, a alma, a mente, a tudo sobre o potencial de compras
centers não foi constituído legalmen- índole, a intenção, a vontade, repita- das áreas de influência que servem,
te, não tendo personalidade jurídica se, voltada para o condomínio. visando dar ao consumidor seguran-
própria, nem mesmo podendo ser Com efeito, condomínio, na lin- ça, conforto e o máximo de estímulo
considerado um condomínio especi- guagem do Direito Civil, embora sig- ...” Confira-se as declarações gerais,
al do próprio segmento, porque a nifique direito simultaneamente tido constate-se as regras para a utiliza-
Escritura Declaratória de Normas por várias pessoas sobre o mesmo ção das unidades, anote-se como se
Gerais Regedoras do Funcionamen- objeto, o Direito Moderno, contudo, usa as áreas de circulação e uso ge-
to e Utilização desses condomínios no que é inerente aos princípios e ral, verifique-se as normas de aluguel,
supostamente não prevê a formação regras aplicáveis aos shoppings, da fiscalização do aluguel apurado
do condomínio, deparamo-nos, por ampliou esse conceito, sem dele fu- com base no faturamento bruto, dos
vezes, com problemas de existência gir, designando como de uso comum encargos decorrentes da locação,
e representatividade junto a bancos, ou condomínio as diversas depen- das garantias, da marca e logotipo do
atos notariais, assinaturas de contra- dências de um prédio, como áreas, shopping, das dívidas dos lojistas,
tos, etc. corredores, elevadores, lojas, lugares dos relatórios referentes às opera-
Tais problemas, contudo, a nos- de uso comum, razão pela qual po- ções comerciais, do rateio das des-
so ver, têm sido levantados de forma dem ser utilizadas por todos os usu- pesas entre todos, da taxa de admi-
prematura, sem a consideração de ários e lojistas, que inclusive devem nistração devida à administradora, do
respeito à Administração (semelhan- regulamento interno, da associação
que se cuida de instituto novo, espe-
te ao síndico), manutenção, conser- dos lojistas, da rescisão e multas,
cífico do ramo de atividade, ou seja,
vação, encargos, etc. enfim, a tudo tutelando os interesses
não se considera que estamos dian-
comuns, no fomento das vendas.
te de condomínio típico do segmento A Escritura Declaratória que De se lembrar, nesse passo, que
de Shopping Center, condomínio es- constitui essa pluralidade de direitos há vinculação obrigatória de todos os
pecial e com regras próprias, portan- e interesses, em comum, reveste-se lojistas, sempre visando congregá-los
to, mas que não deixa de ser tam- da forma de condomínio, seja em com o objetivo principal de promover
bém considerado condomínio, para suas definições, todas elas constan- e divulgar o shopping e suas ativida-
os fins e efeitos de direito. tes da referida escritura, seja na ma- des; há fundo de promoção, visando
Do exame da Escritura Declara- neira de operação, seja mesmo re- cobrir as despesas de publicidade,
tória desses condomínios constata- gendo minuciosamente a vida do propaganda e as mais diversas pro-
mos, ao primeiro súbito de vista, que empreendimento como um todo, do moções; há normas visando unifor-
foram estabelecidas as normas ge- “tipo condomínio”. mizar e simplificar o funcionamento,
rais que disciplinarão as locações, o É ler essa Escritura Declaratória em todas as suas facetas, e a admi-
uso de unidades e o funcionamento e verificar de plano que tudo, nos nistração do shopping, face às inú-
geral do shopping center, ou seja, mínimos detalhes, estão regrados e meras e indubitáveis vantagens de-
regras para todos aqueles que, em normatizados. Veja-se as definições, correntes desse procedimento; exis-
comum, participarem do empreendi- confira-se o seu objeto, onde vem te perfeita integração das locações,
mento shopping. E à essa Escritura dito, com todas as letras, que “a fina- da utilização de espaços do shopping
Declaratória desses condomínios, os lidade primordial de um Centro de e de áreas de uso comum; ocorre
lojistas aderem expressamente no Compras e Eventos é congregar no regra de que todas as deliberações
momento da formalização de cada mesmo local o maior número de ati- aplicam-se a lojistas, locatários, e
contrato de locação, juntando a sua vidades empresariais, distribuindo os eventuais sublocatários e ocupantes
vontade à expressão e ao conceito diferentes ramos de comércio e ser- legítimos desses locais, prepostos e
condominial. viços, segundo uma planificação téc- empregados dos lojistas e seus res-
pectivos herdeiros ou sucessores, tos são entendidos e interpretados ninguém. O ato é legítimo.
quando for o caso; observa-se o ne- pelo que neles se contém e não pelo A realidade jurídica atual não
gócio global, com as disposições pró- nome ou rótulo que a eles tenham permite que se leve o mundo das for-
prias e pertinentes e os ramos de sido submetidos. O que vale é o con- mas ao extremo, já que mesmo que
negócios envolvidos; obedece-se a teúdo, a essência. E, ambos, no caso, não observado o procedimento de
plano elaborado sobre minuciosos são de condomínio especial. praxe, se o fim objetivado pela lei foi
estudos, objetivando o sucesso har- Tem-se falado que, na verdade, alcançado, ainda que por via sinuo-
monioso de todo o empreendimen- estamos diante de condomínio sa ou inortodoxa, é válido o ato, no
to, normas gerais para acabamen- atípico. Mas, ao reverso, sustenta- caso, a Convenção do Condomínio e
to, instalação, decoração, utilização, mos nós, cuida-se de condomínio tí- a Administração, máxime quando
obras; critérios básicos e determina- pico da atividade e do segmento de estamos falando não do condomínio
dos pela Escritura de Declaração, shopping centers, condomínio espe- convencional, mas, sim, daquele es-
elemento instituidor do condomínio cial, portanto. pecial.
especial, à qual aderem os lojistas;
todas as áreas, dependências e ins- Mas, de qualquer forma, diante Essa a primeira conclusão.
talações, de uso comum, qualquer de tudo o que já se falou, irrelevante Temos, também, uma outra.
que seja a sua natureza, destinadas é o dissenso no que tange ao “nomen
juris” do instituto. Basta saber que é Essa segunda conclusão vem
em geral aos lojistas, seus dependen- apoiada no fato de que as mesmas
tes, funcionários, prepostos, agentes, um condomínio especial, em sua
substância. dúvidas e indagações ocorreram
clientes, bem como ao público em quando se estabeleceu outro “condo-
geral, estarão sempre sujeitas ao E se assim não fosse, o condo- mínio especial” (art. 63, § 3º, da lei nº
controle, disciplina e administração mínio não seria passível de inscrição 4.591/64).
da administradora; igualmente propa- no CNPJ/MF, como ocorre reiterada-
ganda ou publicidade de quaisquer mente, onde se exige Convenção Conforme nos narra CAIO MÁ-
espécies, a não ser com a autoriza- Condominial (Escritura Declaratória) RIO DA SILVA PEREIRA, em sua
ção escrita da administração; dos lo- e Síndico (Administração formada, obra “Condomínio e Incorporações”,
jistas será exigido, nas datas fixadas Administrador), tudo entendido como Forense, 6ª edição, pgs. 341 e sgs.,
pela administração e nas condições demonstrado, satisfatório e suficien- ”Instituto novo de direito, como ficou
estipuladas ou estabelecidas, e na te para a Secretaria da Receita Fe- esclarecido acima (ns.30 a 34, su-
proporção de sua participação, res- deral, que reconhece nele, não só pra), tem de ser tratado como tal. O
peitada a metragem de cada unida- instituição para os fins tributários, condomínio especial em edifício co-
de, encargos, tributos, seguros, des- mas, igualmente, para a legislação letivo tem, portanto, as suas caracte-
pesas que direta ou indiretamente civil. rísticas próprias. Não pode ser trata-
incidam ou venham a incidir sobre a do com um conceito antigo. Se é um
Em suma, escolhendo-se uma direito novo, se tem suas linhas es-
ocupação ou locação no shopping, os forma para a prática de um ato ou
serviços comuns, as unidades e as truturais próprias, assim há que ser
contrato, em princípio, a lei não ex- entendido. Entendido e aplicado.
atividades nelas desempenhadas, clui quaisquer outras para a prática
conforme estabelecido na Escritura do referido ato, desde que seja E pelo fato de não se atentar
Declaratória. alcançada a finalidade. No caso, a para esta caracterização própria é
Assim, tal Escritura Declaratória, Escritura Declaratória seguramente que providências legais têm sido
nesse condomínio especial, é, sem pode ser entendida e interpretada distorcidas, mal interpretadas e
dúvida, a Convenção do Condomínio, como Convenção do Condomínio e descumpridas.
sua linha mestra que deve ser segui- a Administração, o Administrador, Referimo-nos, em particular, ao
da, seu ato instituidor ao qual ade- como Síndico, às quais aderem os poder aquisitivo do condomínio. A fa-
rem todos os lojistas no momento da lojistas no momento da formalização culdade de adquirir direitos.”
formalização de cada contrato de lo- dos contratos de locação, trazendo, (...)
cação, aperfeiçoando, assim, de con- assim, o elemento formador do con-
E, continua, “a nosso ver, o pro-
seguinte, a figura do condomínio es- domínio especial. blema tem sido colocado, partindo do
pecial. Nem se fale em nulidades, pos- pressuposto de que o condomínio
E é irrelevante que assim tenha to que nesse tema predomina o prin- especial está subordinado aos mes-
sido chamada (Escritura Declara- cípio da finalidade e do prejuízo. Na mos princípios dominantes em ma-
tória) porque, é princípio basilar em hipótese em discussão a finalidade téria de condomínio tradicional. Esta
nosso Direito, que os atos e contra- foi alcançada e não houve prejuízo a é uma noção que há de ser
liminarmente afastada. xará dominar por idéias preconcebi- quando a lei for omissa, o juiz decidi-
Trata-se de um instituto novo das para interpretar somente à luz de rá o caso de acordo com a analogia,
(ns. 30 a 34, supra), sujeito a uma conceitos vetustos. O grande traba- os costumes e os princípios gerais de
disciplina própria, e que obedece aos lho do aplicador é construir pelo en- direito (art. 4º da Lei de Introdução
ditames da legislação específica tendimento e pela boa compreensão ao Código Civil) e que na aplicação
como de sua preceituação doutriná- da lei. da lei, o juiz atenderá aos fins sociais
ria peculiar. E se esta se desgarra de con- a que ela se dirige e às exigências
ceitos tradicionais, para exprimir no- do bem comum (art. 5º da Lei de In-
É certo que o condomínio não é trodução do Código Civil).
pessoa jurídica (ns. 37, 40, 90, su- ções vigentes no tempo atual e para
pra). Os direitos e os deveres são dar solução a problemas que a vida Sob esta ótica, depois de exa-
reconhecidos e impostos aos social contemporânea suscita, não minados todos os aspectos, é que
condôminos ut singuli. Assim se vê pode ser explicada senão à luz dos concluímos a nossa análise da ma-
nos arts. 3º (condomínio de todos), novos conceitos. téria, no sentido de que (a) o
9º (os proprietários, promitentes com- O Juiz é o grande construtor do SHOPPING é um CONDOMÍNIO tí-
pradores, cessionários ou promiten- direito. Foi a elaboração pretoriana pico do segmento de Shopping
tes cessionários dos direitos pertinen- que vivificou o direito romano em mil Centers, onde são estabelecidas as
tes à aquisição de unidades autôno- anos de vida da sociedade romana e normas gerais que disciplinarão as
mas), 12 (cada condômino), 19 (cada construiu uma sistemática que sobre- locações, o uso de unidades e o fun-
condômino), 24 (assembléia de vive dois milênios depois. E, se os cionamento geral do shopping center,
condôminos), 52 (imissão de cada romanos não recuaram frente à ne- com regras para todos aqueles que,
contratante na posse de sua unida- cessidade de construir, deram-nos o em comum, participarem do empre-
de). Todas as vezes que a lei faz re- exemplo, para que edifiquemos tam- endimento. É dotado de Convenção
ferência a direitos e deveres, atribui bém.” do Condomínio (Escritura Declara-
uns e outros aos condôminos indivi- tória) e Administração (Síndico), aos
(...) quais aderem e estão subordinados
dualmente. Nunca alude ao condo-
mínio como sujeito passivo ou ativo E nem se diga que o legislador todos os lojistas, no ato da
de uns ou de outros. de 1964 inovou em nosso direito. Ao formalização de cada contrato de lo-
revés, já encontrou abertos caminhos cação; (b) por se tratar de um institu-
Este é, pois, um dado certo e exemplares. O espólio, posto que não to novo, sujeito a uma disciplina pró-
positivo. Em face da doutrina legal tenha personalidade jurídica, é repre- pria, não pode pura e simplesmente
brasileira, amparada por boa sorte de sentado pelo inventariante, compare- ser desconsiderado ou ignorado por
autoridades, o condomínio não é uma ce em escritura de alienação e ad- bancos, tabelionatos, etc., já que, ain-
pessoa jurídica. quire direitos. A massa falida, igual- da que se queira negar a sua perso-
Acontece que, sem lhe conce- mente, é representada, e lhe é reco- nificação, deve ser tratado como se
der a personificação, o legislador em nhecida a faculdade de cumprir con- fosse dotado de personalidade, para
certas circunstâncias trata-o como se tratos bilaterais de que resulta even- certas circunstâncias, pois assim
fosse dotado de personalidade. Na tualmente a aquisição de direitos. E ocorre sempre com estes entes (con-
construção por administração, embo- tudo se passa sem que jamais se domínio, massa falida, espólio, Câ-
ra seja esta de responsabilidade dos exigisse, num ou noutro caso, o re- mara Municipal, etc.), seja ainda por
proprietários ou adquirentes (art. 58), conhecimento de personalidade jurí- analogia com o condomínio tradicio-
as faturas e os recibos são emitidos dica à herança ou à massa falida.” nal, seja diante dos princípios gerais
“em nome do condomínio” (art. 58, E – completamos nós – vemos de direito (art. 4º da Lei de Introdu-
nº I), como em “conta aberta em também em outros casos onde a ção ao Código Civil), seja mais dian-
nome do condomínio” serão deposi- Câmara Municipal, por exemplo, en- te dos fins sociais a que ela se dirige
tadas as contribuições dos quanto instituição, não tem persona- e às exigências do bem comum (art.
condôminos. lidade jurídica, ostentando todavia 5º da Lei de Introdução ao Código
Ao aludir, então, à adjudicação personalidade judiciária, de forma Civil).
em nome do condomínio, a lei abdi- que pode estar em Juízo para a de- (*) O autor é Advogado em São
ca de sua personificação. fesa de interesses próprios ou prer- Paulo.
Ora, ao intérprete cabe entender rogativas funcionais, inclusive quan- (**) O autor é Advogado em São
e aplicar a lei, tal como é e vem to aos contratos por ela celebrados. Paulo e ex-Presidente da Associação
redigida. O hermeneuta não se dei- Vale lembrar, por outro lado, que dos Advogados de São Paulo – AASP.
Conflitos fazem parte da vida em nial, um dos assuntos mais importan- mentos e infiltrações em apartamen-
sociedade, a forma de encontrar uma tes que fazem parte da vida de qual- tos, ruídos, e demais assuntos refe-
solução é que varia conforme o caso. quer condomínio são as relações tra- rentes ao condomínio. Essas causas
Em nossa cultura as pessoas levam balhistas. Através da Câmara Arbitral são julgadas por um profissional es-
para o judiciário, onde o maior entra- podem ser resolvidas em uma audi- pecialista na área, visando sempre a
ve é a morosidade. E, como bem ência discussões que demorariam conciliação das partes, a fim de res-
enfatizou Rui Barbosa, se a justiça anos na Justiça do Trabalho. guardar a união e o bem-estar dos
tardou ela falhou, e justiça lenta é uma A Câmara Arbitral, através de moradores envolvidos, decorrente da
negação de justiça. Além de desgas- seus árbitros, está apta a solucionar própria natureza jurídica da arbitra-
tar ainda mais o relacionamento en- questões envolvendo o condomínio gem.
tre as partes, pois a conduta das par- e seus funcionários, sendo que com Nada mais desagradável para
tes será de ganha-perde, onde cada a realização do procedimento de ar- um síndico do que ser apontado como
um pagará para ver quem está com bitragem o empregado poderá fazer o responsável por uma obra, um pro-
a razão. tranqüilamente o levantamento do duto ou serviço que foi adquirido ou
O que poucos sabem é que há seu FGTS. contratado pelo condomínio e não fi-
outras formas de solucionar os con- Outro problema que atrapalha o cou como o esperado.
flitos, como a arbitragem, a media- dia-dia de qualquer síndico é aquele Para minimizar esse sofrimento,
ção e a conciliação, que são instru- referente aos inadimplentes. Todo o condomínio pode valer-se da arbi-
mentos para resolver os conflitos fora condomínio sofre com a situação do tragem para resolver as lides que
da esfera do Judiciário, de uma for- não pagamento dos valores envolvem contratos que não foram
ma rápida, amigável, sigilosa, cons- condominiais e também com a falta devidamente cumpridos, para que a
titucional e informal. de uma forma eficaz de realizar a causa seja analisada por um especi-
Caracterizada pela informali- cobrança desses valores. alista no assunto, que se baseará na
dade, a arbitragem oferece decisões Com a arbitragem é diferente. ética, na imparcialidade e nos princí-
ágeis, técnicas e sigilosas, o árbitro Conforme tem se verificado na práti- pios e garantias que a lei brasileira
primeiramente tenta levar as partes ca, através da utilização deste méto- confere ao consumidor para proferir
a um acordo, por meio da tentativa do o problema é drasticamente dimi- sua decisão.
de conciliação, somente depois de nuído, quando não extinto, na maio- A opção de utilizar a arbitragem
esgotada todas as tentativas é que ria dos condomínios que já se utili- nas questões condominiais só trará
ele emite sua decisão, chamada de zam deste sistema, uma vez que os benefícios, e com certeza consegui-
sentença arbitral, que tem a mesma acordos firmados pelas partes na remos alcançar o maior objetivo des-
força de uma sentença judicial, mas Câmara Arbitral ou os julgamentos tes métodos que é o que chamamos
com um diferencial importante defi- proferidos pelo árbitro têm força de de GANHA-GANHA.
nitivo. Não cabe recurso, tornando- coisa julgada, ou seja, deles não cabe
se novamente mais rápido e evitan- (*) A autora é Bacharel em Di-
recurso, facilitando e muito o recebi-
do a infinidade dos diversos recursos reito, Diretora da Câmara de Arbitra-
mento dessas dívidas, com um cus-
judiciais e das filas de distribuição das gem, Mediação e Conciliação Brasi-
to baixo, com o mínimo de incômodo
diversas instâncias. leira, Vice-Presidente da Arbitragio –
às partes, e preservando a relação e
Câmara de Mediação e Arbitragem
Diferente do judiciário, na arbi- convívio social entre os condôminos.
em Relações Negociais, Membro do
tragem as partes escolhem os árbi- Pode também ser levados ao INAMA, Participante da Comissão de
tros que irão decidir o conflito, ou pela juízo arbitral os problemas que sur- Arbitragem da OAB-SP em 2006.
confiança que depositam neles ou por gem entre vizinhos, problemas estes Palestrante e Docente. Especialista
sua especialidade na matéria, conse- que sempre desgastam tanto o sín- em Direito Imobiliário pela FMU e em
guindo assim uma sentença mais jus- dico quanto as partes envolvidas. Mediação e Arbitragem pela FGV. E-
ta e mais eficaz. Pode ser matéria de procedi- mail: tatianascholai@camaradearbi
No tocante ao direito condomi- mento arbitral problemas de vaza- tragem.com.br
Os vários tipos de declaração (de no § 1º do artigo 37 (inserido no ca- Está sendo lavrada, no escritó-
manifestação do consentimento) pítulo II do Título II que trata dos as- rio de uma imobiliária ou de um ad-
O consentimento pode ser sentos praticados no Registro Civil vogado, uma escritura definitiva de
das Pessoas Naturais): compra e venda de imóvel cujo valor
– Escrito não ultrapassa trinta salários míni-
Art. 37. As partes, ou seus pro-
– Verbal curadores, bem como as testemu- mos.
– Expresso nhas, assinarão os assentos... Uma das partes é analfabeta,
– Tácito § 1º. Se os declarantes, ou as nem sequer sabendo ler e desenhar
testemunhas não puderem, por qual- sua assinatura.
– Simbólico
quer circunstância, assinar, far-se-á O responsável pelo escritório
O consentimento por escrito declaração no assento, assinando a diz: “Não há problema. Qualquer das
Não será necessário discorrer rogo outra pessoa e tomando-se a pessoas aqui presentes poderá assi-
sobre o consentimento escrito. O impressão dactiloscópica da que não nar a rogo da parte analfabeta. Além
nome já diz tudo. assinar, à margem do assento. disso, o teor da escritura será lido em
O consentimento escrito se dá, Note-se a conjunção “e” (assi- voz alta, para conhecimento dela.”
geralmente, pela assinatura. Diz um nando a rogo outra pessoa e toman- Essa assinatura a rogo não tem
provérbio popular: “assinou, dançou”. do-se a impressão dactiloscópica) o menor valor.
Veremos, adiante, que há outras indicando obrigatoriedade e não Ocorre que poderiam todos es-
formas de manifestar o consentimen- facultatividade. tar de acordo, mancomunados, no
to escrito. Portanto, em nosso entender, a sentido de enganar o analfabeto. Não
A assinatura a rogo assinatura do analfabeto deve ser seria impossível que tudo aquilo que
Como consente o analfabeto, efetuada por meio de dois substitu- foi escrito no documento particular
que sequer sabe assinar seu nome? tos, obrigatoriamente, a saber: a as- estivesse em total desacordo com a
sinatura a rogo e a impressão digital. realidade dos fatos.
A primeira maneira que nos sur-
ge à mente é a impressão digital do Conquanto e LRP traga esse Qual seria a maneira de asse-
dedo polegar. dispositivo no bojo das normas so- gurar a lisura desse negócio?
bre a escrituração dos assentos no Resposta: fazendo com que um
Não é um modo aceitável se pra-
Registro Civil das Pessoas Naturais, notário, portador de fé pública, par-
ticado isoladamente. De fato, como
é nossa opinião que ele vale para ticipe da operação.
reconhecer a firma, nesse caso? Se-
ria necessário que o Oficial incumbi- qualquer consentimento de analfa-
Isso pode ser feito de duas ma-
do do reconhecimento tivesse, à sua beto ou de pessoa impedida de as-
neiras:
disposição, um microscópio para a sinar.
Lavrando a escritura definitiva
indispensável conferência. A pessoa que assina a rogo de-
em tabelionato. A assinatura a rogo,
Recomenda-se, no caso, a as- verá atuar também como testemunha
efetuada por qualquer pessoa pre-
sinatura a rogo, expressão que de- do ato e deverá ser qualificada com-
sente ao ato, teria a chancela do no-
riva do verbo .“rogar”, significando pletamente.
tário.
“suplicar”. Observe-se, ainda, que o assi-
Ou outorgando o analfabeto
Então, o analfabeto roga, supli- nante a rogo deverá fazê-lo com sua
uma procuração pública, a pessoa
ca que outra pessoa assine em seu própria e habitual assinatura, isto
de sua inteira confiança, para que
lugar. é, não deverá desenhar, em cursivo,
assine em seu lugar. Nesse caso, a
o nome do analfabeto. assinatura do analfabeto (ou impedi-
A LRP - Lei dos Registros Pú-
blicos, nº 6.015 de 1973 (consultar o Atente-se, agora, para uma pe- do de assinar) seria efetuada a rogo,
Portal da Legislação do DLI) dispõe, quena mas elucidativa história: nessa procuração pública.
A assinatura a rogo como Portanto, não havendo lei que Entendemos que não. Se não
mandato especifique a forma, esta é livre, po- deixar dúvidas, se for declarado em
Juridicamente, a assinatura a dendo ser até verbal. termos explícitos e concludentes, o
rogo pode ser entendida como uma Tome-se, como exemplo, o con- consentimento expresso pode ser
procuração que o analfabeto (ou o trato de locação. Não há, na Lei de verbal.
contratante que não pode assinar) Locações, nº 8.245/91 (consultar o O consentimento tácito
outorga a pessoa de confiança, Portal da Legislação do Diário das Que é tácito? Novamente, va-
para que assine por ele. Leis Imobiliário), qualquer exigência mos nos valer do Aurélio:
À luz do que foi dito acima, essa quanto à forma do contrato.
– Que não se exprime por pala-
procuração deverá ser pública, vale Vale, pois, o contrato verbal, vras; subentendido, implícito:
dizer, lavrada por tabelião de notas. que se provará pelos recibos de pa-
gamento de aluguel. Estes são obri- – Que, por não ser expresso, de
Quando o tabelião ou escreven- algum modo se deduz.
te admite, na escritura pública, uma gatórios, para que não se configure
assinatura a rogo, está lavrando si- crime de sonegação fiscal. Por exemplo: sabe-se que na
multaneamente outra escritura pú- Outros contratos nos quais se doação é indispensável a aceitação
blica – a de mandato. permite a forma livre: o de comodato, do donatário, que é aquele que re-
o de mandato (procuração) etc. cebe a doação.
Já no instrumento particular ha-
verá a necessidade de um só ato Código Civil, artigo 656: O man- Essa aceitação pode ser expres-
público, que será a procuração públi- dato pode ser expresso ou tácito, sa ou tácita.
ca com poderes para assinar. verbal ou escrito. Agora, imagine-se que um pai
Observe-se que o analfabeto Forma expressa queira doar ao seu filho uma casa em
não é um incapaz. Porém, deverá más condições, necessitando refor-
Que quer dizer “expresso”? mas.
manifestar sua vontade de maneira
satisfatória, de acordo com a lei (no Vamos recorrer aos dicionários. O filho não diz que sim nem que
caso, a Lei dos Registros Públicos). Primeiramente o Aurélio, que nos pro- não. Mas, começa a reformar a casa.
porciona três significados e um exem-
Aqueles que quiserem aprofundar plo: O que é que se deduz? Que ele
seus conhecimentos sobre a assi- aceitou a doação. Foi uma aceitação
natura de analfabeto, ou de pessoa 1. Que fica exarado, consigna- tácita, pois, embora não tenha sido
do; manifesto; manifestada expressamente, dedu-
impedida de assinar, encontrarão no
DLI várias lições do sapientíssimo 2. Que não admite réplicas; ter- ziu-se por atos do donatário.
DR. ANTONIO ALBERGARIA, no seu minante, categórico, decisivo; A manifestação simbólica
Boletim Cartorário. Podemos indicar 3. Que se expõe em termos ex- É aquela manifestada por sím-
os verbetes “Impressão Digital”, no nº plícitos e é concludente; bolos, como a mímica.
20 de 2002, verbete “Datiloscopia” no
O exemplo: “Ali estava a vonta- Assim, desde os tempos da
nº 14 de 2001, verbete “Assinatura”
de expressa do morto.” Roma antiga, o dedo polegar voltado
no nº 21 de 2000, verbete “A rogo”
Agora, consultemos o Vocabu- para cima significa sim, O.K. Inver-
no nº 2 de 2000, verbete “Assinatura
lário Jurídico de DE PLÁCIDO E SIL- samente, se voltado para baixo, o
a Rogo em Atos Notariais” no nº 16
VA: manifestante da vontade optou pela
de 1999.
negativa.
O consentimento verbal Derivado do latim expressus, de
exprimire (enunciar claramente, de- O silêncio como manifestação da
Em princípio, a forma dos con- clarar formalmente), na terminologia vontade
tratos, no direito brasileiro, é livre, a jurídica, quer significar o que vem Pergunta: vale o provérbio
menos que a lei imponha forma de- declarado, exposto formalmente, de “quem cala consente”?
terminada. modo a não deixar a menor dúvida.
A resposta será: “depende do
Código Civil, artigo 166 - É nulo Indaga-se, agora, se um con- tipo de silêncio”.
o ato jurídico quando sentimento pode ser, ao mesmo tem-
Efetivamente, como ressalta
(...) po, verbal e expresso. SÍLVIO DE SALVO VENOSA (Teoria
IV – não revestir a forma pres- Ou seja: o consentimento ex- Geral dos Contratos) tal dito popular
crita em lei. presso é só por escrito? não é jurídico.
(*) O autor é Advogado, Professor de Direito Imobiliário. Autor dos livros: Direito Imobiliário, Uma Abordagem
Didática, edição particular; Títulos de Crédito, Editora Plêiade; Contratos Mercantis, Editora Graph Press; Despesas
Ordinárias e Extraordinárias de Condomínio, Editora Juarez de Oliveira. Autor do curso a distância, por correspondên-
cia, sobre locação de imóveis, da empresa Diário das Leis. E-mail: jorgetarcha@jorgetarcha.com.br
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo Ele foi persistente, entretanto, preferindo manter a
de Instrumento nº 7.116.582-3, da Comarca de São Paulo penhora do exercício do usufruto, como era seu direito e
- SP (33ª Vara Cível - Proc. nº 827.378/98), sendo agra- diligenciou, então, até descobrir que a executada voltara
vante Virgínia Gomes Mendes e agravada Marsa Indús- a alugar a terceiros o imóvel, sendo obtida cópia do res-
tria e Comércio de Plásticos Ltda. pectivo contrato (fls. 120/123).
Acordam, em Décima Terceira Câmara, Seção de Deferiu, pois, o MM. Juiz a intimação desse novo lo-
Direito Privado do Tribunal de Justiça, por votação unâni- catário para que depositasse nos autos a integralidade
me, negar provimento ao recurso. dos aluguéis e é contra isso que basicamente se volta a
agravante, alegando que essas rendas têm caráter ali-
Inconformada com a r. decisão copiada às fls. 127,
mentar e que quando muito deveria a constrição se resu-
vem a agravante pedir seja ela reformada, afirmando, em
mir a 30% delas.
resumo, que deveria ser anulada a penhora que recaiu
sobre o usufruto de imóvel da qual é detentora e que a A decisão, porém, estava perfeitamente correta, ajus-
constrição deveria ser reduzida a um percentual dos alu- tando-se às regras do artigo 671 do Código de Processo
guéis percebidos. Civil. Não há que se falar agora, notadamente diante do
histórico do comportamento processual da devedora, que
Recurso processado regularmente.
se trataria de verba de natureza alimentar ou que deveria
É o Relatório. ser reduzida a constrição. A penhora é do exercício inte-
A pretensão da agravante é evidentemente inconsis- gral do usufruto do imóvel e o conteúdo econômico desse
tente. exercício é evidentemente a totalidade das rendas por ele
produzidas, não cabendo à executada a reserva para si
Pelos elementos de informação existentes nos au-
de parcela alguma. Como a penhora deve ser uma garan-
tos, incluindo os termos do v. acórdão de fls. 110, que
deu provimento a agravo anteriormente interposto, veri- tia efetiva, permitindo a satisfação integral do crédito e
fica-se que há muito tempo houve regular penhora do como a executada não tinha melhor garantia a oferecer,
exercício do direito de usufruto de um imóvel do qual a não houve a menor violação à regra do artigo 620 do Có-
executada ora agravante é detentora e em tentativas digo de Processo Civil.
anteriores da percepção pelo exeqüente dos respecti- Isto posto, negaram provimento ao agravo.
vos aluguéis ocorreram entraves, terminando por frus-
Presidiu o julgamento o Desembargador Luiz Sabbato
trar o conteúdo da penhora, visto que a devedora afir-
e dele participaram os Desembargadores Heraldo de Oli-
mou naquelas oportunidades ora ter sido o imóvel ocu-
veira e Irineu Jorge Fava.
pado gratuitamente por seus empregados, ora ter pas-
sado a ocupá-lo pessoalmente, não havendo produção São Paulo, 31 de janeiro de 2007
de frutos e rendimentos. Ulisses do Valle Ramos, Relator
Agravante: Luíza Yoshiro Azato Goya 2. Ainda que o fiador seja parte ilegítima para argüir
a nulidade da fiança sem outorga uxória, no caso, não há
Advogado: Silzomar Furtado de Mendonça Júnior e como modificar o julgado embargado tendo em vista a
outro interposição do recurso especial também por seu cônju-
Agravado: Celso Antonio Salmazo e outro ge.
EMENTA 3. Embargos rejeitados.” (fl. 197)
Agravo regimental. Embargos de declaração. Re- A agravante renova as mesmas razões de
curso especial. Locação. Fiança sem outorga uxória. inconformismo já expostas nos embargos de declaração,
Nulidade. Decisão mantida por seus próprios funda- segundo as quais o recurso especial dos agravados se-
mentos. quer poderia ultrapassar o juízo de admissibilidade, dado
1. Não há como abrigar agravo regimental que não que não preencheu os seus requisitos e, tampouco, po-
logra desconstituir os fundamentos da decisão ata- deria ser provido, por falta de amparo legal.
cada. É o relatório.
2. Ainda que o fiador seja parte ilegítima para ar- VOTO
güir a nulidade da fiança sem outorga uxória, no caso, O Senhor Ministro Paulo Gallotti (Relator): Sem ra-
não há como modificar o julgado agravado tendo em zão a agravante.
vista a interposição do recurso especial também por
A decisão recorrida deve ser mantida pelo que nela
seu cônjuge.
se contém, tendo em conta que a recorrente não logrou
3. Agravo regimental a que se nega provimento. desconstituir quaisquer dos fundamentos então adotados,
ACÓRDÃO que ora submeto ao Colegiado para serem confirmados:
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam “Como cediço, o recurso de que se cuida tem o seu
os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Jus- alcance precisamente definido no artigo 535 do Código
tiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas de Processo Civil, vale dizer, eliminar da decisão qual-
a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo quer obscuridade ou contradição ou suprir omissão sobre
regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. ponto acerca do qual se impunha pronunciamento.
A Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura e os In casu, as razões da embargante não lograram com-
Srs. Ministros Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado provar a existência de quaisquer dos referidos vícios, por-
do TRF 1ª Região) e Hamilton Carvalhido votaram com o quanto o julgado embargado, ao adentrar no mérito, teve
Sr. Ministro Relator. por preenchidos os requisitos de admissibilidade do ape-
lo especial.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Nilson Na-
ves. Nesse sentido:
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza ‘Processual Civil. Embargos de declaração.
de Assis Moura. Inexistência de irregularidades no Acórdão.
Brasília (DF), 06 de setembro de 2007 1. Os Embargos de Declaração somente são cabí-
veis quando ‘houver, na sentença ou no acórdão, obscuri-
Ministro Paulo Gallotti, Relator
dade, dúvida ou contradição’ ou ‘for omitido ponto sobre o
RELATÓRIO qual devia pronunciar-se o Juiz ou Tribunal’ (incisos I e II,
O Senhor Ministro Paulo Gallotti: Trata-se de agravo do art. 535, do CPC).
regimental desafiando decisão assim ementada:
2. Inocorrência de irregularidades no acórdão quan-
“Processo Civil. Embargos de declaração. Recurso do a matéria que serviu de base à interposição do recurso
especial. Negativa de prestação jurisdicional. Inexistência. foi devidamente apreciada no aresto atacado, com funda-
Fiança sem outorga uxória. Nulidade. mentos claros e nítidos, enfrentando as questões suscita-
das ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância pelo cônjuge que prestou a fiança. Ilegitimidade. Decreta-
com os ditames da legislação e jurisprudência consolida- ção de ofício pelo magistrado. Impossibilidade. Recurso
da. O não acatamento das argumentações deduzidas no especial conhecido e improvido.
recurso não implica em cerceamento de defesa, posto que
1. É pacífica a jurisprudência do Superior Tribunal de
ao julgador cumpre apreciar o tema de acordo com o que
Justiça no sentido de que é nula a fiança prestada sem a
reputar atinente à lide.
necessária outorga uxória, não havendo considerá-la par-
3. Não está obrigado o Magistrado a julgar a questão cialmente eficaz para constranger a meação do cônjuge
posta a seu exame de acordo com o pleiteado pelas par- varão.
tes, mas, sim, com o seu livre convencimento (art. 131,
2. É inadmissível recurso especial pela alínea ‘a’ do
do CPC), utilizando-se dos fatos, provas, jurisprudência,
permissivo constitucional, quando os dispositivos
aspectos pertinentes ao tema e da legislação que enten-
infraconstitucionais tidos por violados não foram debati-
der aplicável ao caso concreto.
dos no acórdão recorrido, malgrado tenham sido opostos
4. Descabe, nas vias estreitas de embargos embargos declaratórios, restando ausente seu necessá-
declaratórios, que a matéria seja reexaminada, no intuito rio prequestionamento. Tal exigência tem como desiderato
de ser revista ou reconsiderada a decisão proferida. Não principal impedir a condução ao Superior Tribunal de Jus-
preenchimento dos requisitos necessários e essenciais à tiça de questões federais não examinadas no tribunal de
sua apreciação. origem. Aplicação das Súmulas nºs 282/STF e 211/STJ.
5. Preliminares indicadas que foram, implicitamente, 3. Nos termos do art. 239 do Código Civil de 1.916
apreciadas pela decisão embargada, visto que, ao se jul- (atual art. 1.650 do Novo Código Civil), a nulidade da fian-
gar o mérito, obviamente tem-se como ultrapassado o juízo ça só pode ser demandada pelo cônjuge que não a subs-
de admissibilidade. Dissídio jurisprudencial devidamente creveu, ou por seus respectivos herdeiros.
comprovado e matéria jurídica relativa aos dispositivos
4. Afasta-se a legitimidade do cônjuge autor da fian-
legais indicados como violados perfeitamente debatida no
ça para alegar sua nulidade, pois a ela deu causa. Tal
decisório a quo.
posicionamento busca preservar o princípio consagrado
6. Embargos rejeitados.’ na lei substantiva civil segundo a qual não poder invocar a
Por último, ainda que o fiador seja parte ilegítima para nulidade do ato aquele que o praticou, valendo-se da pró-
argüir a nulidade da fiança sem outorga uxória, no caso, não pria ilicitude para desfazer o negócio.
há como modificar o julgado embargado tendo em vista a 5. A nulidade da fiança também não pode ser declara-
interposição do recurso especial também por seu cônjuge. da ex officio, à falta de base legal, por não se tratar de
A propósito: nulidade absoluta, à qual a lei comine tal sanção, indepen-
dentemente da provocação do cônjuge ou herdeiros, legiti-
A - ‘Agravo regimental em recurso especial. Loca-
mados a argüi-la. Ao contrário, trata-se de nulidade relati-
ção. Falsificação da assinatura da cônjuge mulher. Fian-
va, válida e eficaz entre o cônjuge que a concedeu, o afian-
ça prestada sem a outorga uxória. Nulidade.
çado e o credor da obrigação, sobrevindo sua invalidade
1. É firme o entendimento desta Corte Superior de quando, e se, legitimamente suscitada, por quem de direi-
Justiça em que a fiança prestada por marido sem a outor- to, vier a ser reconhecida judicialmente, quando, então, em
ga uxória invalida o ato por inteiro, não se podendo limitar sua totalidade será desconstituído tal contrato acessório.
o efeito da invalidação apenas à meação da mulher.
6. Recurso especial conhecido e improvido.’
2. Inexiste óbice à argüição de nulidade da fiança,
(REsp nº 772.419/SP, Relator o Ministro Arnaldo
em se cuidando de recurso especial interposto também
Esteves Lima, DJU de 24/4/2006)
pela cônjuge mulher, que possui legitimidade para deman-
dar a anulação dos atos do marido. Ante o exposto, rejeito os embargos declaratórios.”
(fls. 198/200)
3. Agravo regimental improvido.’
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
B - ‘Processual Civil. Locação. Fiança. Prequestio-
namento. Inexistência. Súmulas nºs 282/STF e 211/STJ. É como voto.
Ausência da outorga uxória. Nulidade relativa. Argüição Brasília, 06 de setembro de 2007
CPC. Admissibilidade alínea “A”. Prequestionamento. mara Cível - Rel. Beatriz Pinheiro Caires - Data do Julga-
Embargos. Súmula 211/STJ. Dissídio não caracterizado. mento: 11/03/2004).
Art. 255 do RISTJ.
Também não procede a alegação do apelante no
I - Nos termos do art. 585, IV, do CPC, constitui título sentido de que após o decurso do prazo inicial pactuado a
executivo extrajudicial o contrato de locação escrito e de- relação locatícia passou a ser regida por contrato verbal,
vidamente assinado pelos contratantes. Não há exigên- haja vista que não teria sido elaborado novo instrumento
cia legal de que o instrumento seja, também, a exemplo contratual, conforme prevê a cláusula 21ª.
da hipótese do inciso II desse artigo, subscrito por duas
Aplica-se ao caso em voga a regra prevista pelo art.
testemunhas.
46, § 1º da Lei 8.245/91, que prevê a prorrogação da loca-
(...) ção em vigor, regida por instrumento inscrito, por prazo
(STJ - REsp 401265 / CE - Quinta Turma - Rel. Min. indeterminado.
Feliz Fischer - Data do Julgamento: 13/03/2002).
Com efeito, tendo o apelante permanecido no imóvel
EMENTA: Execução - Contrato de locação - Assina- por prazo superior a 30 (trinta) dias ao termo final do con-
tura de uma testemunha - Irrelevância - Art. 585, IV, CPC trato e não havendo qualquer oposição do locador, resta-
- Título executivo extrajudicial. ram mantidas as disposições da avença original pactua-
O crédito decorrente de aluguel, comprovado por da entre os litigantes, não havendo, portanto, que se falar
contrato escrito é título executivo, de acordo com o art. em contrato verbal.
585, IV, do CPC, não exigindo a lei que o contrato de loca- Por fim, no que diz respeito à limitação da responsa-
ção esteja assinado por duas testemunhas. Portanto, a
bilidade do apelante aos débitos apurados até a 27/12/
ausência de assinatura é irrelevante à questão, por ser
2003 entendo que não existe prova nos autos que seja
inaplicável à espécie a norma do inciso II, ante o princípio
capaz de comprovar que a restituição do imóvel à apela-
da especialidade.
da se deu naquela data.
(TAMG - Apelação Cível n.º 2.0000.00.310866-7/000
Não observou o embargante/apelante a regra pre-
- Terceira Câmara Cível - Rel. Duarte de Paula - Data do
vista pelo art. 333, I do Código de Processo Civil, pois não
Julgamento: 30/08/2000).
apresentou em juízo os elementos de convicção aptos a
EMENTA: Apelação - Execução - Indeferimento da dar sustentação ao direito alegado.
inicial - Contrato de locação - Título executivo extrajudicial
Assim, entendo que a sentença que reconheceu a
- Ausência de testemunhas - Irrelevância.
responsabilidade integral do apelante pelos débitos relati-
O crédito decorrente de aluguel de imóvel constitui vos ao contrato de locação que celebrou com a apelada
título executivo extrajudicial, desde que acompanhado de deve ser mantida em todos os seus termos.
prova escrita que, neste caso, é o próprio contrato de lo-
Em face do exposto, nego provimento ao recurso.
cação. O título executivo, em casos tais, é o crédito exis-
tente, sendo que o contrato locatício tem como função Custas pelo apelante, restando suspensa a
provar a existência de negócio jurídico entre as partes. exigibilidade da condenação por litigar sob o pálio da as-
Para estes fins, não é necessário que o contrato locatício sistência judiciária.
tenha sido subscrito por duas testemunhas. Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os
(TAMG - Apelação Cível n.º 429.933-4 - Sexta Câ- Desembargador(es): Elpídio Donizetti e Fabio Maia Viani.
Locação. Fiança. Prorrogação. Cláusula de garantia posição contratual sobre a forma de prorrogação da loca-
até a efetiva entrega das chaves. ção se esta se opera por força de lei”.
1. Se os embargos declaratórios são opostos com Opostos embargos de declaração, estes foram rejei-
o nítido propósito de agitar questão constitucional ou tados com aplicação de multa de 1% sobre o valor da
federal, e não possuem caráter protelatório, inviável causa.
impor a multa a que se refere o parágrafo único do Alega violação aos arts. 114, 818, 819, 835, 837, 838,
art. 538 do Código de Processo Civil, incidindo a II, todos do Código Civil e 40, II e 47, da Lei nº 8.245/91,
Súmula nº 98 desta Corte. eis que a fiança foi prestada por prazo certo e que se
2. A Terceira Seção desta Corte consolidou o en- extingue ao termo do contrato originário, não se prorro-
tendimento de que os fiadores continuam responsá- gando com a locação.
veis pelos débitos locatícios posteriores à prorroga- Sustenta que o entendimento do acórdão recorrido é
ção legal do contrato, se anuíram expressamente a diametralmente oposto ao do Superior Tribunal de Justi-
essa possibilidade e não se exoneraram nas formas ça.
dos artigos 1.500 do Código Civil de 1916 ou 835 do
Diploma Civil atual, a depender da época que firma- Manifesta que não se pode conferir interpretação
ram a avença, q.v., verbi gratia, ERESP nº 566.633/CE. extensiva à fiança e a incidência da súmula 214/STJ.
3. Recurso especial a que se dá parcial provimen- Aduz que os embargos declaratórios nada tinham de
to. protelatórios, mas sim visavam o requisito recursal do
prequestionamento, o que afasta a multa imposta.
ACÓRDÃO
Contra-razões às fls. 178/179, em que pugna o re-
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são corrido pela manutenção do julgado.
partes as acima indicadas, acordam os Senhores Minis-
tros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por Admitido o recurso especial na origem, ascenderam
unanimidade, dar parcial provimento ao recurso, nos ter- os autos a este Tribunal.
mos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Paulo É o relatório.
Gallotti e Maria Thereza de Assis Moura votaram com o VOTO
Sr. Ministro Relator.
O Exmo. Sr. Ministro Carlos Fernando Mathias (Juiz
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Nilson Convocado do TRF 1ª Região) (Relator): De início, pas-
Naves e Hamilton Carvalhido. sa-se a examinar a questão da multa imposta ao recor-
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza rente em virtude da oposição de embargos de declara-
de Assis Moura. ção.
Brasília (DF), 18 de setembro de 2007 A multa prevista no parágrafo único do art. 538 do
Ministro Carlos Fernando Mathias Código de Processo Civil deve ser afastada nos casos
em que os embargos declaratórios não possuem caráter
(Juiz Convocado do TRF 1ª Região), Relator protelatório, porque opostos com o nítido propósito de pro-
RELATÓRIO vocar o prequestionamento.
O Exmo. Sr. Ministro Carlos Fernando Mathias (Juiz Esse é o conteúdo do Enunciado nº 98 de nossa
Convocado do TRF 1ª Região) (Relator): Trata-se de re- Súmula, in verbis: “Embargos de declaração manifesta-
curso especial interposto por Edgardo Armando Bonfante, dos com notório propósito de prequestionamento não tem
com fundamento nas alíneas a e c do permissivo consti- caráter protelatório.”
tucional, ofertado contra acórdão prolatado pelo Tribunal Nesse sentido caminha a jurisprudência desta Cor-
de Justiça do Estado de São Paulo, assim ementado (fls. te, merecendo destaque os seguintes julgados:
55/56):
“Agravo de instrumento - Agravo regimental - Deci-
“Locação de imóveis. Cobrança. Embargos à execu- são monocrática de membro de Tribunal - Recurso espe-
ção. Contrato de locação prorrogado por prazo cial - Inadmissão. I - A decisão monocrática, ainda que
indeterminado. Responsabilidade do fiador até a efetiva proferida por membro de Tribunal, não se enquadra no
entrega das chaves. permissivo constitucional do Recurso Especial. II - A deci-
A responsabilidade do fiador até a efetiva entrega das são desafiada não foi proferida em última instância nem
chaves é regra contida na Lei do Inquilinato, que não pode foi prolatada por Tribunal. III - Agravo Regimental
sofrer interferência do que dispõe a respeito da fiança, no improvido” (AgRgAg nº 177.954/RN, Relator Ministro
plano genérico, o Código Civil. Irrelevante qualquer dis- Waldemar Zveiter, DJ 08.3.2000).
“Processual civil. Multa. INSS. Interposição de recur- sultantes de prorrogação do contrato de locação sem a
so cabível. Caráter protelatório. Inexistência. - É descabi- anuência daquele, sendo irrelevante a existência de cláu-
da a aplicação da multa por interposição de recurso, con- sula estendendo a obrigação fidejussória até a entrega
siderado como de caráter protelatório, na hipótese em que das chaves. Precedentes. Agravo regimental a que se nega
a legislação processual assegura ao INSS a faculdade de provimento.”
manifestar recurso de agravo regimental, com vistas ao Entretanto, ao melhor apreciar a matéria e legislação
esgotamento das vias recursais ordinárias, para fins de correlata, convenci-me de forma contrária.
posterior utilização dos recursos extraordinário e especi-
al. - Recurso especial conhecido.” (REsp. nº 438.898/RJ, A fiança é a promessa, feita por uma ou mais pesso-
Relator Ministro Vicente Leal, DJ 04.11.02) as, de satisfazer a obrigação de um devedor, se este não
a cumprir, assegurando ao credor o seu efetivo cumpri-
Assim, a oposição de embargos de declaração com mento.
o fito de prequestionamento não configura abuso por par-
te da recorrente, a justificar a multa imposta. Esse tipo de garantia tem como características a
acessoriedade, a unilateralidade, a gratuidade e a
Quanto aos efeitos da fiança, o tema foi resolvido subsidiariedade.
pela Terceira Seção, no EREsp nº 566.633, relator Minis-
tro Paulo Medina, em que ficou acordado que continuam Ante suas características, e nos termos do Código
os fiadores responsáveis pelos débitos locatícios posteri- Civil, tanto o revogado (art. 1.483) quanto o novo (art. 819),
ores à prorrogação legal do contrato. A prorrogação da o contrato de fiança não admite interpretação extensiva.
fiança somente ocorre se os fiadores anuíram expressa- Nestes termos, pode-se extrair que a fiança: a) é um
mente a essa possibilidade e não se exoneraram nas for- contrato celebrado entre credor e fiador; b) é uma obriga-
mas dos arts. 1.500 do Código Civil de 1916 ou 835 do ção acessória à principal; c) pode ser estipulado em con-
Diploma Civil atual, a depender da época que firmaram a trato diverso do garantido, como também inserido em uma
avença. de suas cláusulas, mas sem perder a sua acessoriedade;
No julgamento do AgRg no REsp nº 713.033, publi- d) não comporta interpretação extensiva, logo o fiador só
cado no DJ de 27/8/2007, o voto proferido no EREsp nº responderá pelo que estiver expresso no instrumento de
566.633 é transcrito nos seguintes termos, q.v. verbi gratia: fiança, e, e) extingue-se pela expiração do prazo determi-
nado para sua vigência; ou, sendo por prazo
“Imprescindível frisar que esta Corte Superior possui indeterminado, quando assim convier ao fiador (art. 1.500
inúmeros precedentes, no sentido de que o contrato de do CC revogado e 835 do novo CC); ou quando da extinção
fiança deve ser interpretado restritivamente, pelo que é do contrato principal.
inadmissível a responsabilização do fiador por obrigações
locativas resultantes de aditamentos do contrato de loca- Ao transportar este instituto para a Lei de Locação,
ção sem a anuência daquele, sendo irrelevante a existên- imprescindível que os artigos do referido Diploma Legal
cia de cláusula estendendo a obrigação fidejussória até a se adaptem aos princípios norteadores da fiança.
entrega das chaves. Ainda que o artigo 39 da Lei n.º 8.245/91 determine
Nesse sentido: EREsp 302.209/MG, Min. Gilson Dipp, que “Salvo disposição contratual em contrário, qualquer
DJ 18/11/2002; REsp 697470/SP, Min. Felix Fischer, DJ das garantias da locação se estende até a efetiva devolu-
26.09.2005; AgRg no Ag 633522/PR, Min. Paulo Gallotti, ção do imóvel”, tal regramento deve se compatibilizar com
DJ 29.08.2005; AgRg no Ag 422884/SP, Min. Arnaldo o instituto da fiança, se esta for a garantia prestada.
Esteves Lima, DJ 29.08.2005; EDcl no AgRg no Ag Assim, a cada contrato de fiança firmado, diferentes
560438/SC, Min. Laurita Vaz, DJ 23.05.2005; AgRg no conseqüências serão produzidas aos encargos do fiador.
REsp 682862/RS, Min. Nilson Naves, DJ 05.09.2005; AgRg Dessa forma, há que se fazer algumas considera-
no REsp 568968/SC, Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ ções:
17.10.2005; AgRg no Ag 510498/SP, Min. Hamilton
Carvalhido, DJ 29.08.2005; REsp 682430, Min. Hélio 1º) se os fiadores concordaram em garantir a loca-
Quaglia Barbosa, DJ 05.10.2005 e AgRg no REsp 502836/ ção, tão-somente, até o termo final do contrato locativo
SP, DJ 14.03.2005, de minha relatoria, assim ementado: (prazo certo), não responderão pelos débitos advindos da
“Processual Civil e Civil. Locação. Fiança. Interpre- sua prorrogação para prazo indeterminado;
tação restritiva. Prorrogação do contrato de locação. Fal- 2º) se os fiadores concordaram em garantir a loca-
ta de anuência do fiador. Responsabilidade. Inexistência. ção até o termo final do contrato locativo (prazo certo) e
Súmula 214/STJ. O contrato de fiança deve ser interpre- expressamente anuíram em estender a fiança até a en-
tado restritivamente, pelo que é inadmissível a trega do imóvel nos casos de prorrogação do contrato
responsabilização do fiador por obrigações locativas re- locativo para prazo indeterminado, responderão pelos
da República, que assegura o direito de propriedade, po- gador Revisor, dá-se provimento ao recurso.
rém dentro dos princípios e limites fixados em lei ordiná- Declaração de Voto Divergente do Des. Percival No-
ria” (TJSP - Ap. Cível n. 246.344-2 - Itanhaém - 12ª Câ- gueira.
mara Civil - Rel. Scarance Fernandes - j. 25.04.95).
Ouso divergir do douto Relator, que entendeu por dar
“Cominatória. Animal (cão de raça ‘pit bull’). Perma- provimento à apelação, para julgar improcedente a ação.
nência em condomínio. Uso nocivo da propriedade. Ação
julgada parcialmente procedente. Inadmissibilidade. Cir- Isto porque, a meu ver, não merecia provimento a
cunstâncias ponderáveis ante a impossibilidade de convi- pretensão recursal, pelas razões deduzidas na própria r.
vência com condôminos e funcionários permanentes ou sentença, a saber:
temporários do Edifício, ordenando-se a retirada do cão A convenção condominial afronta os dispositivos
em ordem à preservação da incolumidade física daque- constitucionais que asseguram o direito de propriedade e
les. Imposição de cautelas que, malgrado aceitáveis, não de resguardo da vida privada. Tendo a prova demonstra-
afastam a ocorrência de risco e eventual dano, ainda que do que o animal não causa prejuízo à segurança, sosse-
mínimo, à segurança de pessoas que circulam nas partes go ou saúde dos demais moradores, a aludida proibição é
comuns do edifício, inclusive visitantes e prestadores de abusiva, por caracterizar indevida interferência na vida
serviços ao condomínio. Perdas e danos improvados. privada de cada família lá residente, conforme preceden-
Recurso parcialmente provido” (TJSP - Ap. Cível n. te jurisprudencial colacionado na sentença (TJSP, A.C.
137.433-4/5 - São Paulo - 4ª Câmara de Direito Privado - 282.082-1, C. 2ª Câmara de Direito Privado, rel. Des.
Rel. Munhoz Soares - j. 22.05.03). Roberto Bedran, j. em 9.5.97, v.u.).
Logo, demonstrado que o comportamento da autora Ressaltando o limitado caráter prático da questão,
está contrário ao disposto na convenção condominial e à ante a mudança da autora (fls. 173), entendo, pelos moti-
vontade da maioria dos condôminos, a improcedência da vos já acima explicitados, com o máximo respeito ao en-
ação era de rigor. tendimento do douto Relator e, ainda, ao do ilustre patrono
da apelante-ré, que não deveria ser acolhida a pretensão
Com o resultado, invertem-se os ônus da sucum- recursal.
bência. Portanto, pelo exposto, pelo meu voto, se nega pro-
3. Nestes termos, vencido o Eminente Desembar- vimento ao apelo.
Todavia, embora deficiente a prestação dos serviços da no contrato de compra e venda de imóvel.
de corretagem, tal conduta ilícita não repercutiu em preju- Em face do exposto, voto no sentido de dar-se parci-
ízo ao autor no que diz respeito à necessidade de conce- al provimento ao recurso, reduzindo o valor da indeniza-
der abatimento proporcional no preço do imóvel, porque ção para o montante de R$ 1.000,00 (um mil reais), com
tal conseqüência decorreu de imposição legal e não de correção monetária desde a data da realização do negó-
culpa do réu, já que não poderia, sob pena de cio (28/01/05), pelo IGP-M e juros de mora de 12% ao
locupletamento ilícito, receber o recorrido por área de que ano a contar da citação.
não dispõe. Sem incidência de sucumbência, em face do provi-
Assim, devida apenas a restituição da comissão de mento parcial do recurso e da interpretação conferida pe-
corretagem, mas não a devolução parcial do preço do las Turmas Recursais ao disposto no art. 55, da Lei nº
imóvel correspondente à área faltante naquela consigna- 9.099/95.
ção dos serviços notariais, não a delegação, na forma do 94, que assim expressam:
art. 236 da Constituição Federal e da Lei n. 8.935/94, que “Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exer-
regulamenta aquele artigo. (fls. 202/208) cidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.
Contra-razões às fls. 214/216 e fls. 237/237. § 1º. Lei regulará as atividades, disciplinará a res-
Parecer da Subprocuradoria–Geral da República ponsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de
pugnando pelo improvimento do recurso. (fl. 242) registro e seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus
Os autos foram a mim atribuídos em 3.7.2006 em atos pelo Poder Judiciário.”
face da aposentadoria do saudoso Ministro Franciulli Netto. “Art. 12. Aos oficiais de registro de imóveis, de títulos
É, no essencial, o relatório. e documentos e civis das pessoas jurídicas, civis das pes-
soas naturais e de interdições e tutelas compete a prática
1. Direito líquido e certo existe quanto à delegação do de atos relacionados na legislação pertinente aos regis-
serviço notarial (registro de imóveis) pelo Poder Público, o tros públicos, de que são incumbidos, independentemen-
que é diferente de suposto direito à manutenção desse te de prévia distribuição, mas sujeitos os oficiais de regis-
serviço sobre cada imóvel da circunscrição onde atua. tro de imóveis e civis das pessoas naturais às normas
2. Se a circunscrição é desmembrada, inclusive por que definem a circunscrição geográfica. (...)
iniciativa da população envolvida, não há falar em “Art. 47. O notário e o oficial de registro legalmente
sobreposição dos interesses privados do oficial do regis- nomeados até 5 de outubro de 1988, detêm a delegação
tro aos interesses da coletividade. constitucional de que trata o art. 2º.”
3. Os oficiais de registro de imóveis e civis das pessoas Por último, e de crucial observação, o recorrente tenta
naturais estão sujeitos às normas que definem a circunscri- fazer sobrelevar seu interesse privado em detrimento do
ção geográfica (art. 12, Lei n. 8.935/94). Normas locais. interesse de toda a coletividade local no que diz respeito
4. Desmembrando-se a área onde situados os imóveis, à desmembração das circunscrições, máxime quando, em
acompanham-na as respectivas circunscrições imobiliárias. nenhum momento, o ato coator falou em perda da dele-
Recurso ordinário conhecido e improvido. gação própria do impetrante.
pode passar a existir depois que o Vou agora meter minha “colher de um imóvel, não estava e nem está,
usufruto for constituído, ou seja, o nesse assunto”, afirmando: O notá- em face do vigente Código Civil, im-
legislador se referiu ao usufrutuário rio Wilson Bueno Alves está certo. pedido, por ato oneroso, de vender a
e não ao proprietário pleno (conferir Errou a subscritora da nota de devo- um dos adquirentes a NUA PROPRI-
ADEMAR FIORANELLI – Jornal do lução, ou então SÓ ELA ESTÁ CER- EDADE, e a outro o USUFRUTO. Tal
Notário, Janeiro-Fevereiro/2003). TA e não só o tabelião Wilson, junta- ocorrendo, é que o usufruto sobre um
Dele não divergem o ilustre Doutor e mente com outros ESTARÃO ERRA- imóvel só pode, pelo usufrutuário, ser
Professor, Narciso Orlandi Neto e o DOS. vendido ou doado ao nu proprietário.
admirável registrador de imóveis, a) – Afirmar, como afirmou a Não chegamos ainda a cercear o di-
Ulysses da Silva em “O Código Civil subscritora da nota de devolução, que reito de propriedade sobre um imó-
e o Registro de Imóveis – ed. Sérgio o USUFRUTO não comporta regis- vel – e o usufruto é parte integrante
Fabris – 2003”. tro, é ignorar totalmente o que está do mesmo. Recolhido o imposto de-
Depois de existente, se o usu- expresso no artigo 1.391 do C. Civil. vido, entendo, como também enten-
fruto pudesse ser alienado a tercei- Comporta sim. dem outros com mais autoridade do
ros, estaria ele descaracterizado na que eu, ser perfeitamente lícita, váli-
b) – O que a ilustre subscritora da e regular a venda da nua proprie-
sua principal essência, fazendo-se do da nota de devolução afirma sobre o
usufruto um novo usufruto de forma dade para uma pessoa e do usufruto
assunto enfocado: no passado, ilus- para outra pessoa. Isso afirmo por-
sucessiva, eternizando esse direito tres registradores imobiliários, de cul-
real, que deve ser extinto com a mor- que isso permite o Código Civil vigen-
tura comprovada, como Elvino Silva te, de forma mais objetiva e clara do
te do usufrutuário (art. 1410, I do Filho, Maria Helena Leonel Gandolfo
Código Civil). que o anterior. Tão segura é essa afir-
e Jether Sottano apreciaram o assun- mativa que recentemente comprei
A redação utilizada pelo legisla- to e deram publicidade no BOLETIM um apartamento aqui em São Paulo,
dor de 2002, através do art. 1393, não IRIB, ORGÃO DE CLASSE DOS RE- estipulando o USUFRUTO em meu
permite nenhuma modificação funda- GISTRADORES IMOBILIÁRIOS – nome e a NUA PROPRIEDADE em
mental que permita modificar a dou- Novembro/1979, nº 30, página 3, nome de uma filha minha, e a escri-
trina e a jurisprudência firmadas ao quando respondem a uma pergunta tura está REGISTRADA corretamen-
longo da existência desse direito real, formulada nestes termos: Podem ser te no 5º Registro Imobiliário, cujo ti-
desde 1916 pelo art. 717, até hoje, efetuados os registros, quando o pro- tular Dr. Sérgio Jacomino, ilustre e
através do art. 1393 do novo Código prietário, vende, no mesmo ato (gri- capacitado registrador imobiliário, o
Civil. fei) a uma pessoa, a nua proprieda- qual não teve dúvida alguma em pra-
Efetivamente, desnecessária a de, e a outra, o usufruto? A tal per- ticar os dois atos registrários: o usu-
expressão de 1916 “só se pode trans- gunta, a resposta foi clara e segura, fruto em meu nome e a nua proprie-
ferir por alienação ao proprietário da como soe acontecer aos que sabem dade em nome de minha filha. O Dr.
coisa”, porque se a outro que não o e ESTUDAM. Ipsis litteris: “Nada há Sérgio Jacomino, além de estudioso
proprietário fosse permitida a sua que impeça tais registros. Embora o e capacitado registrador imobiliário,
transferência, estaria criada a sua art. 717 (do anterior Código Civil) de- é também IDEALISTA, qualidade que
sucessividade. termine que o usufruto só se pode louvo e admiro, criando ele o
transferir por alienação ao proprietá- EDUCARTÓRIO, cuja finalidade é
Entretanto, o que não pôde rio da coisa, o entendimento doutri-
prevêr o ilustre e culto jurista de 2002, estimular o cartorário a ESTUDAR.
nário é o de que essa proibição refe- Espero que as reuniões do EDUCAR-
é que a redundância de Clóvis, tinha re-se ao usufrutuário. Portanto, assim
uma razão de ser; não contava ele TÓRIO não sejam meramente soci-
como o proprietário pode vender a ais, e sim, sobretudo, de esclareci-
com o despreparo de alguns que propriedade, reservando para si o
mesmo lendo, não conseguem enten- mentos sobre a importância dos ser-
usufruto, PODE TAMBÉM (destaquei viços cartorários que não podem e
der o que está escrito, e assim vão e grifei) VENDER A NUA PROPRIE-
teimando, relutando e aplicando de- nem devem ser comprometidos por
DADE PARA UMA PESSOA E O exigências do jaez da que ora apre-
sastrosamente. USUFRUTO PARA OUTRA”. A partir ciamos. O oficial registrador exerce
Clóvis não subestimou os leito- desse momento é que em obediên- uma função privativa, ou seja, só ele
res de 1916, mas o outro, superesti- cia ao disposto no artigo citado, o pode praticar o ato registral envolven-
mou os de 2002. USUFRUTO só pode ser vendido ao do um imóvel situado na sua circuns-
Osasco, 30 de outubro de 2007. proprietário da coisa. crição. Esse privilégio obriga-o a ser
Wilson” Quem tem a propriedade plena sábio, estudioso e responsável, abs-
tendo-se de fazer afirmativas ridículas na matrícula do imóvel: um do cia, criticando a falha de quem a subs-
como a que anotamos na exigência adquirente da nua propriedade e outro creveu, e isso o faço inspirado em
motivadora desta exposição: “Impos- da aquisição do usufruto. SANTO AGOSTINHO: PREFIRO OS
sível a venda de usufruto. Título não Esta exposição efetivamente é QUE ME CRITICAM quando me cor-
comporta registro”, quando na verda- de crítica a uma exigência imotivada, rigem, aos que me elogiam quando
de o título motivador desta exposição mas ela é feita com um único propó- me corrompem...; completo, ou me
COMPORTA E EXIGE dois registros sito: Destacar sua total improcedên- mantém em erro.
nistério Público, para contestar a exi- O Trabalho foi apresentado pe- fendendo o ato por ele lavrado, ten-
gência do registrador. Confesso de- rante a mesa composta pelo eminen- do em vista que apresenta conheci-
solado, nada consegui, nem mesmo te Des. Ricardo Dip e pelos Registra- mentos jurídicos suficientes para tan-
o apoio de algum notário do que pro- dores Sérgio Jacomino, Francisco to, bem como pode vir a ser respon-
pus. Antes tarde do que nunca. Um Rezende e Ricardo Coelho, não dei- sabilizado no caso de o título não
dos notários, entre os capazes, estu- xando, portanto, de ser debatido al- atender aos princípios registrais, até
diosos e lúcidos, pensa como eu, o guns pontos da apresentação, a qual, para justificar o trabalho elaborado
que muito me honra e envaidece. na forma de resumo, segue em ane- com a sua convicção.
Dele recebi a mensagem que a se- xo, pois o mérito está sendo revisa- Espera-se que a apresentação
guir transcrevo. do. dos conteúdos, com remissões a dou-
“Prezado Amigo e sempre No- Aliás, peço licença e autorização trinas e aos entendimentos que al-
tário Dr. Antonio Albergaria, para citar alguns trechos do artigo em guns Tribunais têm utilizado para re-
saudoso da nossa fraterna amizade, Atenciosamente, com um forte reza, tenha contribuído para o escla-
a qual, mesmo que não tenhamos abraço e muita saúde! recimento do assunto.
mantido contado ultimamente, conti- J. P. Lamana Paiva” Foi importante este estudo para
nua forte. bem poder informar o cidadão que
A conclusão de sua tese que a
De outro lado, informo que con- tem de se socorrer no Poder Judi-
seguir é transcrita é um primor de
tinuo, semanalmente, lendo o Diário ciário para a resolução de conflitos
honra e valor dos serviços notariais,
das Leis, Boletim do Direito Imobiliá- de idéias diversas originárias da
merecendo, pois aqui ser transcrita.
rio, tão bem conduzido pelo eminen- qualificação documental feita pelo
“CONCLUSÃO Registrador, não acatadas pela par-
te jurista.
O Procedimento de Dúvida no te interessada no ato registral – in-
No DLI, do 1° Decêndio Setem-
Registro de Imóveis serve para resol- clusive o Tabelião de Notas - e, por
bro /2007- Ano XXVII, n°25, págs. 25,
ver as dissidências entre o suscitante isso, submetidas ao Poder Equilí-
“Notários X Registradores”, consta,
- que é sempre o Registrador, poden- brio.”
como sempre, comentário sugerin-
do ser o substituto nas suas ausên- O título deste comentário, tem
do para que os notários participem
cias e impedimentos - e o apresen- estes sentidos: 1. Minha coerência
do Processo de Dúvida. Confesso
tante de um título que pretende e persistência do meu entendimen-
que fiquei muito feliz ao ler o con-
acessar o Álbum Imobiliário. to sobre o assunto ora exposto; 2.
teúdo, o que coincide com a minha
Foi verificado que este Procedi- Minha alegria em saber que o Dr.
monografia defendida na PUCMI-
mento pode ser suscitado por outros Lamana Paiva também adota igual
NAS, por ocasião do Curso de Pós-
serviços registrais e notariais, mas entendimento. Não quero dar a esta
Graduação stricto sensu. Cabe ain-
exposição os característicos do
da ressaltar que a apresentei tam- nunca pelo Tabelião de Notas.
“canto do cisne”; 3. Quero sim
bém no XXXIV Encontro dos Ofici- O Tabelião de Notas, por sua ferretoar os notários para que lutem
ais de Registro de Imóveis do Bra- vez, como digno representante do e aumentem a força da gota d’água,
sil- IRIB, realizado em 24 a 28 de se- Estado na sua Comarca e autor do até hoje gotejando sobre pedra dura,
tembro de 2007, em Florianópolis, título notarial, após colher e sanear a mais por apatia dos notários, embo-
tendo em vista o espaço criado pelo vontade das partes, poderá vir a in- ra a lei os coloca ao nível dos regis-
IRIB, para apresentação de teses e tegrar o Procedimento da Dúvida, tradores (Art. 3º da Lei Federal
estudos registrais. como ASSISTENTE SIMPLES, de- 8.935).
Transação no Direito Civil e As con- processo teria seu curso previsto na Repito como um pregador teimo-
dições no Direito Civil. lei, vista ao M.P., sentença e recur- so e insolente: SOU E SEREI – en-
Esse jurista é o Dr. Carlos so, este sim privativo do Ministério quanto puder escrever –, contra no-
Alberto Dabus Maluf. Pois bem, aqui Público, ou de advogado constituído tários incompetentes, embora sejam
está o motivo desta exposição no pelo interessado. O que pretendo iguais perante a lei, tais como os com-
BOLETIM CARTORÁRIO. Um reno- com o sugerido? Dar consciência e petentes. De memória, cito RUI, pa-
mado, respeitável e autorizado advo- responsabilidade, tanto ao notário em rodiando-o: Porque os cartorários in-
gado, assessorando uma transação redigir o título como ao oficial em competentes não são tratados desi-
imobiliária, envolvendo a alienação de examiná-lo para a prática do ato gualmente, na proporção que se
uma garagem de propriedade de um registrário. A inteligência ou a igno- desigualam?
cliente seu, teve a respectiva escri- rância; a dedicação ou a desatenção; Sobre o assunto, esta exposi-
tura dificuldade de ingresso na
a responsabilidade ou a irresponsabi- ção, registro, tem os característicos
serventia predial, e só nela ingressou
lidade de um ou de outro, antecipa- do “canto do cliente”:
pela força da autoridade do Conse-
damente ficariam evidentes e muitas
lho Superior da Magistratura, onde o Há uma observação do notário
dúvidas deixariam de existir e muitos
assunto foi questionado, e o brilhan- Wilson Bueno Alves, que a tenho por
erros ficariam restritos na esfera
te advogado NELSON KOJRANSKI precisa e válida: Se a exigência do
correcional, tudo em benefício dos
demonstrou ao alto colegiado o erro registrador objetivar aspecto formal
usuários dos serviços cartorários, e
de entendimento do registrador, que do título, quem está comprometido é
um entendimento mais leal e hones-
embora tenha logrado acolhida pelo o notário que o elaborou. Tal ocorren-
to existiria entre notários e registra-
Juiz Corregedor do Cartório, era im- do, o registrador não poderia formu-
dores, já que ambos igualam-se no
procedente por contrariar o direito do lar exigência, mas sim reclamação
exercício de suas atividades: São pro-
proprietário do imóvel. O artigo – ali- contra o notário que elaborou o títu-
fissionais do direito.
ás não só brilhante como também lo, para que o seu Corregedor apre-
O caso patrocinado pelo Dr. Nel-
didático, a justificar sua qualidade de ciasse sua falha, prevalecendo o nú-
son Kojranski tem particularidades
professor, está na íntegra reproduzi- mero do protocolo até a solução da
do às páginas 4 e 5 do n° 30 – 3° que comprometem o oficial registra-
reclamação, a impedir o protocolo de
decêndio – Outubro/2007 do DIÁRIO dor que recusou o registro do título,
novo título. O fato é – e isso afirmo
DAS LEIS IMOBILIÁRIO, cuja leitura a comprovar o que constantemente
de forma repetitiva –, pois afirmei
atenta recomendo a todos os profis- afirmamos aqui: AUTORITARISMO
quando o IRIB outorgou-me a “ME-
sionais do direito. Esta exposição tem INCONSCIENTE DE ALGUNS RE-
DALHA JULIO CHAGAS”: Temos no-
também um outro motivo, que sub- GISTRADORES IMOBILIÁRIOS,
tários incompetentes e registrado-
meto à apreciação do Dr. Carlos como o daquele que ignorando a di-
res também incompetentes, só que
Alberto Dabus Maluf, ao Dr. Nelson ferença solar que há entre “preço” e
a incompetência dos últimos são
Kojranski e a todos os que interessa- “dívida”, suscitou dúvida, quando um
agravadas pela prepotência.
rem-se pela sugestão: As exigências tutor, com dinheiro seu, pagou o pre-
deveriam ser formalizadas pelo ofici- ço de um imóvel que comprou para P.S.: Tomei conhecimento de
al, pessoalmente ao NOTÁRIO que tutelado. Movimentou-se o aparelha- que o Dr. Elvino Silva faleceu. Minha
redigiu o título, e só após a sua ma- mento do Poder Judiciário da saudade, pois, quando vivo, sempre
nifestação no processo (ambos não comarca, para a escritura ser regis- me apoiou em assuntos que expus
são profissionais do direito?) é que o trada. como ora exponho este.
Resposta: A ação de despejo por falta de pagamento poderá ser proposta a partir do primeiro inadimplemento do
locatário. Normalmente se espera até um mês, antes da proposição da ação de despejo por falta de pagamento, tendo
em vista o possível descontrole do locatário, bem como é bom avisar o locatário para pagar em tal dia sob pena do
ajuizamento da ação de despejo por falta de pagamento cumulada com cobrança. As ações devem ser propostas logo
para evitar o acúmulo de aluguéis vencidos, prejudicando o locador, bem como o locatário que depois não poderá pagar
em virtude do montante alto. A ação de despejo por falta de pagamento cumulada com cobrança poderá ser proposta
contra o locatário e os fiadores.
Resposta: Nos termos da Lei da Impenhorabilidade de bem de família (Lei. 8.009/90), o único imóvel do executado
não poderá ser penhorado, salvo as exceções do art. 3.º da mesma lei, quais sejam: I) em razão dos créditos de
trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias; II) pelo titular do crédito decorrente
do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em
função do respectivo contrato; III) pelo credor de pensão alimentícia; IV) para cobrança de impostos, predial ou territorial,
taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; V) para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido
como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; VI) por ter sido adquirido com produto de crime ou para execu-
ção de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens; VII) por obrigação decorren-
te de fiança concedida em contrato de locação. (Redação dada pela Lei nº 8.245, de 18.10.1991, D.O.U. de 21.10.1991)
Resposta: Nos termos do art. 40 da Lei 8.245/91, o locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da moda-
lidade de garantia, sob pena de despejo, quando da insolvência do fiador declarado judicialmente; na alienação de seu
imóvel, etc. Não existe previsão na Lei de Registros Públicos para o registro ou averbação de contrato de locação
relacionado à fiança locatícia, ou de cláusula em que o fiador deu em garantia determinado imóvel. A fiança, sendo uma
obrigação pessoal do fiador, elenca-se no direito obrigacional e não como garantia real, porque não é requisito da fiança
a existência de propriedade imobiliária, não se vinculando ao seu patrimônio, pois o imóvel apenas prova que o fiador
é idôneo, sendo o mesmo penhorado, caso não seja vendido ou doado antes de qualquer execução por aluguéis
inadimplidos, não surtindo efeitos a menção no contrato de locação do imóvel do fiador.
Resposta: Como no caso o abandono ocorreu após a propositura da Ação de Despejo, e houve até prova de que
o imóvel se encontra abandonado pelo locatário, tanto por provas testemunhais como pelo próprio oficial de justiça, nos
termos do art. 66 da Lei 8.245/91 deveria ocorrer a imissão na posse do imóvel. O caminho mais fácil será o da citação
do locatário para purgar a mora, já que se trata de depejo por falta de pagamento. O objeto desta ação é pagar purgando
a mora, caso contrário ocorrerá o despejo. Doutrina: Diz Francisco Carlos Rocha de Barros (Desembargador do 2.º
TACSP) em seu livro “Comentários à Lei do Inquilinato” - Editora Saraiva - 1995 - Pág.: 422: “...A segunda hipótese dar-
se-á se o abandono ocorrer após o ajuizamento, mas antes da citação do réu. Reconhecido pelo juiz o abandono,
mandará imitir o locador na posse do imóvel. Dir-se-á, então, que o processo será julgado extinto, sem julgamento do
mérito, porque o autor carecia de interesse processual (CPC, art. 267, VI). Não é tão simples. Nada impede que o
autor, imitido na posse, peça o prosseguimento da ação. Esta foi ajuizada com base em algum fundamento, e ele pode
ter interesse no julgamento da pretensão deduzida contra o réu. Pode insistir, portanto, na citação do réu para integrar
a relação processual e contestar, querendo o pedido. Nessa hipótese, o feito prosseguirá até o julgamento do mérito,
ainda que o imóvel já tenha sido desocupado. No julgamento do mérito o réu poderá ser condenado no pedido, além de
responsabilizado por custas e honorários. Só não se decretará o despejo porque o locador já foi imitido na posse. Anote-
se que, sem a citação do réu, portanto não completada a relação processual, não se forma o vínculo entre autor-juiz-réu.
Não se instaura, antes da citação, a situação de litígio que deve ser resolvida pelo juiz através da prestação jurisdicional.
Se não se efetivar a citação, será extinto o processo sem julgamento do mérito e não se poderá impor ao réu qualquer
condenação, sequer em verbas sucumbenciais. A ação só produz efeitos em relação ao réu após a sua citação (CPC,
art. 263, segunda parte). Enquanto não citado, não se concebe prolação de sentença que possa atingir o réu. Apresen-
ta-se idêntica solução para a hipótese de abandono antes da propositura da ação. Ajuizada a ação de despejo, consta-
ta-se já ter sido abandonado o imóvel. Verificado e reconhecido o abandono, o juiz decretará a imissão. O autor, se
quiser, poderá insistir no prosseguimento da demanda, requerendo a citação do réu. Vale aqui o que ficou dito para o
caso de abandono após a propositura, mas antes da citação.” Outra solução, caso contrário: Se for difícil localizar o
locatário, o mesmo deverá ser citado por edital.
34 DIÁRIO DAS LEIS IMOBILIÁRIO (DLI) 3º DECÊNDIO MARÇO/2008 – Nº 9
NOTÍCIAS
NOTÍCIAS
CONDOMÍNIO: COMISSÃO DE REPRESENTANTES
RESPONSABILIDADE
Interessante decisão prolatada pela 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça – STJ, em que
figurou como relator o Eminente Ministro Adir Passarinho Junior, enfrentou questão relacionada à
responsabilidade da Comissão de Representantes perante à Incorporadora/Construtora da obra em
construção.
Ao analisar dito contexto, aquela corte entendeu que o condomínio posteriormente instituído
seria o sucessor natural daquela comentada comissão.
Tal enfrentamento por certo revela aspectos interessantes, posto que, iniciados na fase embrio-
nária desta relação condominial. Confira o teor do aludido julgamento, a saber:
A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não conheceu de um recurso especial no
qual o Condomínio Edifício La Boheme House Apartments, de São Paulo, afirma não ser parte
legítima para responder à ação indenizatória movida por condômino que teve as chaves de seu
imóvel retidas pela comissão de representantes, criada para supervisionar o andamento das obras
e servir de intermediária entre os condôminos, o construtor e o incorporador. A Turma entendeu que,
após o término da construção, o condomínio formado sucede a comissão anterior e responde por
seus atos.
O proprietário do imóvel, além de não receber da comissão de representantes as chaves da
unidade que adquiriu, teve seu nome lançado como inadimplente em comunicados que circularam
posteriormente no condomínio. A sentença de primeiro grau condenou o réu a pagar R$ 5 mil relativos
a danos morais mais os valores equivalentes à locação do imóvel no período de outubro de 1991 a
julho de 1992. Em grau de apelação, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo manteve a decisão.
No STJ, o relator do processo, ministro Aldir Passarinho Junior, afirmou que, se o condomínio
não pudesse ser responsabilizado pelas ações da comissão de representantes, seria praticamente
impossível a algum condômino ressarcir-se de prejuízos causados pela comissão, pois teria de
acionar seus membros individualmente, já que ela desaparece ao término da obra.
Apesar de alegar não ser parte legítima para responder à ação, o condomínio foi responsável
pelo fato que ensejou o dano moral – a divulgação do nome do autor como inadimplente. Por si só,
o episódio seria suficiente para colocá-lo no pólo passivo do litígio.
Contra o argumento do réu, há ainda o texto da Lei n. 4.591/1964, que confere ao condomínio o
direito de reter a unidade cujo titular estiver inadimplente. Como o período em que a dívida foi
constituída coincide com o tempo de existência da comissão de representantes, infere-se que o
condomínio é o seu sucessor de direito. A Turma, ao não conhecer do recurso, foi unânime no
posicionamento de que o condomínio tem de arcar com os danos causados pela comissão que o
antecedeu.
Portanto, conforme visto, ao nascer formalmente o condomínio, ele já pode ter herdado respon-
sabilidades que surgiram preteritamente à sua existência, vez que, a comissão de representantes
seria a ante-sala deste condomínio.
(*) O autor é advogado, consultor, empresário e incorporador do setor imobiliário do Estado do
Paraná - tavarnaro.com.br
3º DECÊNDIO MARÇO/2008 – Nº 9 DIÁRIO DAS LEIS IMOBILIÁRIO (DLI) 35
ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIA
TR POUPANÇA FGV - % IBGE - % FIPE - %
MESES
% % I G P- M IGP/D I IPC-D I IPA-D I INCC -DI INPC IPC-A IPC
Mar./2006 0,2073 0,7083 (-) 0,23 (-) 0,45 0,22 (-) 0,82 0,20 0,27 0,43 0,14
Abr. 0,0855 0,5859 (-) 0,42 0,02 0,34 (-) 0,15 0,36 0,12 0,21 0,01
Mai. 0,1888 0,6897 0,38 0,38 (-) 0,19 0,46 1,32 0,13 0,10 (-) 0,22
Jun. 0,1937 0,6947 0,75 0,67 (-) 0,40 1,06 0,90 (-) 0,07 (-) 0,21 (-) 0,31
Jul. 0,1751 0,6760 0,18 0,17 0,06 0,17 0,47 0,11 0,19 0,21
Ago. 0,2436 0,7448 0,37 0,41 0,16 0,53 0,24 (-) 0,02 0,05 0,12
Set. 0,1521 0,6529 0,29 0,24 0,19 0,28 0,11 0,16 0,21 0,25
Out. 0,1875 0,6884 0,47 0,81 0,14 1,16 0,21 0,43 0,33 0,39
Nov. 0,1282 0,6288 0,75 0,57 0,24 0,75 0,23 0,42 0,31 0,42
Dez. 0,1522 0,6530 0,32 0,26 0,63 0,11 0,36 0,62 0,48 1,04
Ano 2006 2,12% 8,33% 3,83% 3,79% 2,05% 4,29% 5,04% 2,81% 3,14% 2,55%
Jan./2007 0,2189 0,7200 0,50 0,43 0,69 0,32 0,45 0,49 0,44 0,66
Fev. 0,0721 0,5725 0,27 0,23 0,34 0,19 0,21 0,42 0,44 0,33
Mar. 0,1876 0,6885 0,34 0,22 0,48 0,11 0,27 0,44 0,37 0,11
Abr. 0,1272 0,6278 0,04 0,14 0,31 0,02 0,45 0,26 0,25 0,33
Mai. 0,1689 0,6697 0,04 0,16 0,25 (-) 0,04 1,15 0,26 0,28 0,36
Jun. 0,0954 0,5959 0,26 0,26 0,42 0,09 0,92 0,31 0,28 0,55
Jul. 0,1469 0,6476 0,28 0,37 0,28 0,42 0,31 0,32 0,24 0,27
Ago. 0,1466 0,6473 0,98 1,39 0,42 1,96 0,26 0,59 0,47 0,07
Set. 0,0352 0,5354 1,29 1,17 0,23 1,64 0,51 0,25 0,18 0,24
Out. 0,1142 0,6148 1,05 0,75 0,13 1,02 0,51 0,30 0,30 0,08
Nov. 0,0590 0,5593 0,69 1,05 0,27 1,45 0,36 0,43 0,38 0,47
Dez. 0,0640 0,5643 1,76 1,47 0,70 1,90 0,59 0,97 0,74 0,82
Ano 2007 1,45% 7,70% 7,75% 7,89% 4,60% 9,44% 6,15% 5,16% 4,46% 4,38%
Jan./2008 0,1010 0,6015 1,09 0,99 0,97 1,08 0,38 0,69 0,54 0,52
Fev. 0,0243 0,5244 0,53 0,38 0,004 0,52 0,40 0,48 0,49 0,19
Mar. 0,0409 0,5411
OBS .: Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado.
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