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Ciência política
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Alberto S. Santana
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Emanuel Santana
Grasiele Aparecida Lourenço
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Paulo Heraldo Costa do Valle
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica
Reinaldo Barros Cicone
Editorial
Adilson Braga Fontes
André Augusto de Andrade Ramos
Cristiane Lisandra Danna
Diogo Ribeiro Garcia
Emanuel Santana
Erick Silva Griep
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
ISBN 978-85-522-0249-3
CDD 320.01
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Fundamentos da Ciência
Política
Convite ao estudo
Dois temas costurarão a trama da Unidade 1: a formação do
Estado moderno e os fundamentos teóricos que visam o seu
entendimento.
Entretanto, por que dizer que isso é importante para nós? Porque
o que distingue a ciência, por exemplo, da filosofia, mas também das
Assim, Weber (1968) está dizendo que a política está voltada para
a ação pública no interior do que denominamos Estado moderno e
Pesquise mais
Sartori (1981) tece algumas críticas com relação à essa concepção de
política weberiana de que a política estaria apenas situada no âmbito
do Estado. E ela vem principalmente do autor achar essa concepção
demasiada exclusivista, e desconsiderando a dimensão horizontal da
política que acabou por ocorrer com a democratização ou a massificação
da atividade política (tanto entre a base, quanto também entre a elite).
Para ele, os processos políticos se relacionariam não apenas com
o Estado, mas também com algo muito mais amplo que nomeia de
sistema político e que é composto por diferentes subsistemas.
Assimile
“De modo geral, a verificação das afirmativas pode ser feita de quatro
maneiras: pelo experimento, pelo controle estatístico, o controle
comparado ou o controle histórico” (SARTORI, 1981, p. 191).
Assimile
“Por Polis se entende uma cidade autônoma e soberana, cujo quadro
institucional é caracterizado por uma ou várias magistraturas, por um
conselho e por uma assembleia de cidadãos (politai)” (BONINI, 2004,
p. 949).
Além disso, foi Sólon quem acabou com a escravidão por dívidas
(mantendo a escravidão por espólio de guerra). Lembrando que os
cidadãos atenienses se ocupavam apenas das atividades intelectuais,
artísticas e políticas, restando aos escravos as atividades manuais e
a manutenção da polis e da vida doméstica. Assim, eram excluídos
da cidadania os próprios escravos, os ex-escravos, as mulheres e os
estrangeiros.
2. Por volta do ano 510 a. C., após anos de lutas civis, Clístenes
mantém aqueles enunciados codificados por Drácon e Sólon, com
um acréscimo importante: a instituição do ostracismo. Essa medida
fez aumentar os poderes da Assembleia popular, visto que ela poderia
desterrar politicamente por 10 anos aqueles que estivessem em
descordo com as regras coletivas (BONINI, 2004).
3. Na época de Péricles, iniciada em 460 a. C., podemos
destacar as complexas relações entre aquele que representava uma
espécie de chefe do governo e a Assembleia popular; um breve
retorno à oligarquia em Atenas no período da guerra do Peloponeso;
seguida da restauração do regime democrático (BONINI, 2004).
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Assista à palestra da filósofa Olgária Matos, indicada no link a seguir,
que entre algumas reflexões, destaca a questão do tempo na
contemporaneidade e o tempo dos gregos.
Exemplificando
Ainda que tenhamos nos debruçado sobre a positividade do tempo
circular para os gregos, há um mito grego clássico, trabalhado pelo
filósofo Albert Camus, que destaca uma possibilidade de condenação
infinitiva a uma execução repetitiva ante a um tempo circular: de Sísifo ter
de rolar uma pedra até o cume de uma montanha e quando lá chegava,
a pedra rolava cume abaixo e a tarefa era reiniciada.
Assimile
Reflita
Sartori (1981), ao definir o homem não político, afirma que ele é carente
(necessitado, sem nada) ou idiota, nos termos de hoje.
Pense a respeito dessa correlação. Será que ela faz sentido para os
diversos empregos do adjetivo idiota no nosso cotidiano?
Pesquise mais
De acordo com Châtelet, Duhamel e Pisier (2009, p. 17-18), Platão tem
uma
Avançando na prática
O histórico e geograficamente localizado
Descrição da situação-problema
Nossa Constituição, que conta com aproximadamente 30 anos,
foi elaborada e aprovada em 1988 por uma Assembleia Nacional
Constituinte, formada por deputados federais e senadores eleitos
em 1986, não para exercer apenas essa finalidade constituinte,
mas também para exercer as funções típicas de um congressista.
Imagine só que a partir disso você ficará sabendo que ao longo da
história do Brasil, desde antes de sua independência de Portugal,
foram postas em prática seis Constituições (1824; 1891; 1934;
1937; 1946; 1967).
A partir dessa informação e levado pelo senso crítico da realidade
que nos cerca, você poderá começar a se indagar: por que foram
elaboradas tantas Constituições? O conjunto de leis de um país
pode mudar tanto? Será que existem explicações históricas e/ou
teóricas que podem ajudar a nossa compreensão sobre tal fato?
Depois de despertada essa faísca de curiosidade, convidamos
você a refletir sobre a natureza da organização política e social e
como as leis dependem muito mais do contexto histórico do que
podemos supor.
“Eu sou o Estado” é uma frase atribuída ao rei Luís XIV, também
chamado de Rei-Sol, que metaforicamente diz sobre aquele que
impõe ordem e regularidade e propicia a vida de tudo e de todos.
Seu bisneto e sucessor, Luís XV, teria dito em um pronunciamento
em 3 de março de 1766 a seguinte frase: “É exclusivamente na minha
pessoa que reside o poder soberano, cujo caráter próprio é o espírito
de conselho, de justiça e de razão”.
Caso isso tivesse sido dito por algum candidato à presidência do
Brasil no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral, um momento em
que as rádios e as TVs reproduzem as campanhas eleitorais, como
você teria reagido? Será que encararia com normalidade que uma
única pessoa se sinta capacitada a concentrar toda a autoridade e
soberania de um agrupamento político como uma nação? Como
será que ocorreu a consolidação de um poder tão grande nas mãos
de uma só pessoa? Como era antes disso?
No decorrer de nosso texto, nos depararemos com algumas
situações históricas e subsídios teóricos que nos farão refletir um
pouco mais sobre essas questões, especialmente porque tratamos da
passagem da estrutura política feudal que, entre outras coisas, poderia
ser caracterizada pela fragmentação de suas relações políticas, para
uma estrutura de viés centralizador como o Absolutismo, no qual o rei
passa a encarnar um tipo de poder potencialmente ilimitado.
A centralização do poder à luz da constituição dos Estados
nacionais foi objeto de estudo de Maquiavel, assim, nos apropriaremos
de suas reflexões, dentro do que nomeamos de realismo político,
com vistas a fundamentar ainda mais nosso questionamento sobre a
legitimidade da concentração exacerbada do poder.
1. Qualidade de eurocêntrico.
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Alguns filmes foram produzidos sobre a Idade Média, dentre eles
destacamos a comédia italiana de 1966 O Incrível Exército de
Brancaleone, dirigido por Mario Monicelli, que, de forma caricata, aborda
sob o ponto de vista dos maltrapilhos as relações vassálicas do período.
Entoado pelo grito de guerra “Branca, Branca, Branca, Leon, Leon, Leon”,
João André Brito Garboggini escreve uma dissertação de mestrado que
propõe por meio de uma análise fílmica trabalhar um contexto histórico.
Assimile
Assimile
Você se lembra que na segunda seção tratamos da ausência de
verticalidades acentuadas na democracia ateniense? É com Maquiavel
que do ponto de vista teórico ela se explicita, pois ele é o primeiro a
compreender a natureza do que virá a ser chamado de Estado nacional
moderno, vertical por essência, e principalmente sobre a importância
do príncipe.
Pesquise mais
Para saber mais sobre a constituição das cidades a partir do mercado e
o aparecimento da burguesia, leia o texto de António Miguel de Souza.
Exemplificando
Para Locke, a Sociedade Civil tem um papel importante de fiscalização
do poder do soberano. Ela pode fazer uso desse poder para limitar o
poder do soberano ou até mesmo retirá-lo de suas funções.
Reflita
O Estado, como protetor e defensor dos direitos naturais dos homens,
ainda é comum nos dias atuais. No Brasil, o artigo 5º da Constituição
Federal garante o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade. Reflita sobre esse artigo de nossa constituição e pontue
quais são os instrumentos utilizados pelo Estado brasileiro para garantir
os direitos naturais.
Pesquise mais
Há diversos filmes que contam a história da Independência dos Estados
Unidos. Destacamos dois: O Último dos Moicanos (1992) e O Patriota
(2000). O primeiro se passa ainda no período das guerras entre índios,
colonos e europeus. O segundo mostra a Guerra de Independência dos
Estados Unidos pela visão de um pai de sete filhos.
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Karl Marx escreveu uma importante obra sobre os desdobramentos
da Revolução Francesa, na qual analisa o posicionamento das diversas
classes no interior da Convenção nacional. Para saber mais, leia O
Dezoito de Brumário de Louis Bonaparte. Disponível em: <http://
www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=2432>. Acesso em: 9 maio 2017.
Pesquise mais
Para saber mais sobre a influência da religião protestante nos valores
do trabalho e na formação da sociedade norte-americana, leia A ética
protestante e o espírito do capitalismo.
Avançando na prática
O Brasil e a regulação do livre mercado
Descrição da situação-problema
Márcio é um analista de sistema que resolveu mudar de carreira.
Ele começou a fazer cursos para fabricação de cerveja artesanal e
com o dinheiro recebido da saída da empresa na qual trabalhava,
resolveu investir em uma pequena fábrica de cerveja artesanal.
Logo que começou a elaborar o projeto, Márcio viu que
seria preciso cumprir com um conjunto de requisitos: desde a
contratação de um químico responsável até a fiscalização em
torno do produto que será produzido e vendido.
Márcio considerou o setor de bebidas um setor bastante
regulado, mesmo para alguém que quer produzir em pequena
escala e de forma artesanal, levantando algumas questões: quais
Resolução da situação-problema
Como vimos nesta seção, o Estado de tipo liberal caracteriza-se
pelo estímulo à individualidade e à livre concorrência, enquanto o
Estado de tipo marxista tem por fundamento a gestão dos meios
de produção e a socialização dos bens sociais.
No entanto, os tipos liberal e marxista de Estado não aparecem
em sua visão pura, ou, como é possível dizer, a realização desses
tipos na realidade requer a extrapolação do conceito puro.
No caso de Márcio, o Estado de tipo liberal permite a produção
de cerveja artesanal por qualquer pessoa, desde que ela cumpra
com alguns requisitos mínimos que visam garantir a qualidade
do produto. O Estado, nesse caso, não é produtor ou gestor dos
meios de produção, mas um ente que garante a livre concorrência
e a qualidade dos produtos e serviços entregues a população, o
que também é fundamental no Estado de tipo liberal.
A não regulação do mercado pode levar a problemas
econômicos sérios, como os vistos em 2008, na crise financeira
das hipotecas norte-americanas, que abalaram as estruturas do
mercado financeiro no mundo.
Dessa forma, mesmo em um Estado de tipo liberal, que
fomenta a competição, são estabelecidas normas e orientações
para que essa livre concorrência possa se dar de forma a não lesar
o próprio mercado, ou seja, o Estado de tipo liberal, a partir de
uma pequena regulação, garante que o mercado se desenvolva
de maneira saudável, permitindo aos produtores terem melhores
produtos e disputarem o mercado livremente.
Fonte: MILL, John Stuart. Sobre a Liberdade. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
1991.
A citação acima fala do conceito de:
a) Iberismo.
b) Marxismo.
c) Liberalismo.
d) Americanismo.
e) Revolução Passiva.
Convite ao estudo
Deixar-se governar é algo inerente ao princípio de
organização política dos povos. Desde os tempos das antigas
civilizações, cuja cultura deu base à formação dos valores que
regem o mundo ocidental, pode-se encontrar uma divisão
clara entre aqueles que mandam e exercem o poder - os
governantes - e aqueles que seguem as leis criadas pelos que
governam - os governados. Se hoje falamos em cidadãos
e representantes, já houve um tempo (como aquele em que
tratamos na primeira unidade) em que se falava em soberanos
e súditos. Essa mudança, operada ao longo dos séculos nas
formas de dominação, poder e autoridade, foi observada por
muitos autores e, atualmente, é possível estudá-las não só no
seu aspecto histórico, mas também no teórico: por que nos
deixamos governar? Quais são as características daqueles que
exercem o poder? Como evoluímos de formas tradicionais
de dominação para formas mais modernas, compatíveis com
o que chamamos de cidadania? As formas e os sistemas
políticos, sob os quais vivemos hoje, guardam relações com o
passado? A partir do contexto apresentado, refletiremos, nesta
unidade, sobre as formas de dominação, poder e autoridade,
a contribuição da crítica marxista para reflexão do problema,
bem como as formas de governo, a divisão dos poderes e os
sistemas políticos atuais.
Seção 3.1
Formas de dominação, poder e autoridade
Diálogo aberto
2.
Coisa realmente surpreendente (e no entanto tão comum
que se deve mais gemer por ela que surpreender-se)
é ver milhões e milhões de homens miseravelmente
subjugados e, de cabeça baixa; submissos a um julgo
deplorável; não que a ele sejam obrigados por força
maior, mas porque são fascinados e, por assim dizer,
enfeitiçados apenas pelo nome de um que não deveriam
temer, pois ele é só (...). (LA BOÉTIE, 1999, p. 74)
Reflita
Como vimos, Karl Marx não queria apenas que suas ideias fossem
entendidas como um conjunto de expressões e conceitos para
interpretar e refletir sobre o mundo. Marx esperava que a compreensão do
funcionamento do Capitalismo impulsionasse a luta dos trabalhadores.
Assim, suas ideias deveriam mover revoluções que colocassem fim à
exploração do trabalho pelos donos dos meios de produção.
Assimile
Denominamos “marxista” a corrente de intelectuais e políticos que desde
finais do século XIX aderiram às ideias revolucionárias de Karl Marx.
Para esses pensadores e/ou homens de ação, não basta apenas criar
modelos teóricos para pensar o mundo; as ideias devem, por outro lado,
estar relacionadas à realidade concreta no sentido de transformá-la. Seria
impossível listar aqui todos os autores ligados a essa corrente, pois são
muitos. Em todo caso, vale assimilar que quando falamos em Marxismo,
estamos falando do pensamento e da prática política que tem por
objetivo a busca da emancipação econômica e política da humanidade.
Uma vez que já sabemos, pela leitura das seções anteriores, como
se configuram o poder e a autoridade no sistema capitalista e já
estamos capacitados a fazer uma reflexão crítica do presente, é hora
de voltarmos um pouco para aspectos menos teóricos e mais formais
da realidade política.
Gaspar, personagem curioso pela história, resolveu descansar um
pouco das leituras na frente da TV. Ao ver o noticiário que falava sobre
as eleições na França, Gaspar ouviu o jornalista dizer que aquele país
era semipresidencialista. Pensou: mas o que é isso? A França não é uma
República, como o Brasil? O Brasil já foi Monarquia, afinal D. Pedro II
foi imperador. Monarquia, República, Semipresidencialismo? O Brasil,
como os EUA, não é um país presidencialista? E, para piorar, a notícia
seguinte era sobre a Inglaterra: um país monárquico e parlamentarista.
Logo pensou: qual é a diferença entre o presidencialismo e o
parlamentarismo?
Logo depois, o noticiário falou que o presidente do Brasil havia
indicado um novo ministro para o Poder Judiciário e que haveria
novas eleições para a presidência da Câmara dos Deputados que,
com o Senado, compõe o Poder Legislativo. República, Monarquia,
Parlamentarismo, Presidencialismo, Semipresidencialismo, Poder
Legislativo, Executivo, Judiciário. É muita coisa para entender sobre
as formas, os sistemas e a divisão dos poderes. É a isso que se dedica
esta seção. Vamos, enfim, conhecer esses conceitos!
Assimile
Há uma diferença entre “poder de estado” e “poder de governo”. O chefe
de Estado é um representante geral da nação, cuja relação com o poder
Exemplificando
Em geral, as monarquias constitucionais optaram historicamente pelo
sistema de governo parlamentarista e, as Repúblicas, pelo sistema
Reflita
Pelo resultado dos processos de independência política em inícios do
século XIX, todos os países do continente americano, ao se desligarem
do domínio das velhas monarquias europeias, seguiram o exemplo dos
Estados Unidos e optaram por formar repúblicas presidencialistas para
viver o novo contexto pós-colonial. Apenas um país americano não
escolheu a República presidencial como sistema e forma de governo
após sua independência: o Brasil. Diferentemente de seus vizinhos
latinos, a opção brasileira foi pela Monarquia parlamentarista. Será que as
elites brasileiras preferiram a tradição à modernidade?
Pesquise mais
A mais antiga forma de governo é a monárquica. Por sua longevidade,
ela já se expressou de muitas formas e modos ao longo da história e seu
significado pode ser aprofundado, tal como você pode pesquisar mais
no link a seguir. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/
documentos-e-pesquisa/estudos-e-notas-tecnicas/areas-da-conle/
tema6/estudo-sistemas-de-governo-br-fr-e-eua>. Acesso em: 3 ago. 2017.
Avançando na prática
Entre o velho e o novo
Descrição da situação-problema
Lendo um capítulo de um livro de história da América, Gaspar
notou que todos os países que se tornaram independentes entre
fins do século XVIII e início do século XIX, tornaram-se repúblicas
presidencialistas, exceto o Brasil.
Diferentemente de todas as outras nações do Norte, do Centro e
do Sul do continente americano, apenas o Brasil escolheu ser uma
Monarquia. Gaspar ficou intrigado.
Por que o Brasil teria feito uma escolha tão diferente de seus
vizinhos? E mais: o que significava, de fato, o Brasil ser uma Monarquia
e não uma República?
Sistemas eleitorais e
partidários
Convite ao estudo
Unindo um olhar sobre o desenvolvimento histórico a
uma abordagem conceitual, convidamos você a trilhar um
percurso que se inicia pelo entendimento dos partidos políticos.
São instituições que se relacionam com o poder e com a
representação, sendo que para formalizá-la, é necessário ter um
conjunto de normas legalmente reconhecidas, estruturando
nossas escolhas, o que chamamos de sistemas eleitorais. A
competição e a relação entre os partidos não ficam de fora
da exigência dessa normatização, eis que temos os sistemas
partidários.
Assimile
“Partidos políticos revolucionários” são partidos políticos cujo programa
ideológico prevê não somente a participação em eleições e a
concorrência com outros partidos, pois pretendem ser instrumentos
de transformação do mundo, rompendo com as estruturas políticas e
econômicas vigentes no sentido de organizar uma nova ordem social.
Reflita
No senso comum, os partidos políticos são, por vezes, compreendidos
como organizações que pouco se relacionam com o interesse da
Exemplificando
Na história recente do Brasil, um partido político formado entre fins da
década de 1970 e inícios dos anos 1980 é emblemático para a discussão
dos partidos políticos que visam a busca da transformação social por
meio de seu programa.
Trata-se do Partido dos Trabalhadores (PT). Embora nos últimos anos
esse partido tenha participado ativamente da política institucional, tendo
elegido dois presidentes, promovido reformas sociais importantes e,
contraditoriamente, se envolvido em graves casos de corrupção, não se
pode deixar de considerar que ele foi formado de modo muito diferente
dos demais partidos políticos brasileiros.
O PT nasceu a partir da onda grevista da classe metalúrgica na região
do ABC paulista e por meio do novo sindicalismo da década de 1970
(sindicato de professores, bancários, metalúrgicos etc.) com amplo
apoio das pastorais católicas, bem como da intelectualidade universitária,
formando uma ampla base social em todo país.
Assim, é um dos poucos partidos brasileiros - se não o único - com os
fundamentos fincados na sociedade civil organizada e não apenas na
elite política tradicional.
Pode-se afirmar, a partir dos termos teóricos, que o PT foi e é ainda
um partido de quadros e massa com um programa e objetivo bastante
distinto dos seus concorrentes.
Assim, mesmo que sua relação com o poder tenha se revelado ambígua,
dado que fez composições com partidos aparentemente antagônicos
ao seu programa original, ele ainda é considerado por muitos um partido
da esquerda política.
Resolução da situação-problema
Ao longo da história política do Brasil, podemos encontrar
pouquíssimos partidos políticos cujos programas ideológicos
eram voltados ao tema da revolução social. Pode-se falar no
Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 1922, ou o Partido
Comunista do Brasil (PCdoB), fundado em 1961, mas nenhum
deles logrou êxito, seja na composição de suas bases sociais, seja
do ponto de vista eleitoral. Ao longo da história brasileira, temos
assistido muito mais ao nascimento e à permanência de partidos
políticos cujas bases sociais e os programas ideológicos não visam
a revolução social, mas sim apenas o jogo político tradicional que
visa a disputa pelos cargos e pelo controle das instituições estatais.
Pode-se argumentar, entretanto, que alguns partidos políticos
brasileiros anunciam reformas e transformações sociais mais
robustas, mas quando as realizam, buscam fazer isso de forma um
tanto quanto conservadora, compactuando suas decisões com os
líderes e os grupos capitalistas.
Entre os mais de trinta partidos que conformam a realidade
Sistemas eleitorais
Os tipos de sistemas eleitorais existentes podem ser sintetizados
em: I) sistema majoritário simples e sistema majoritário absoluto e II)
sistema proporcional e suas variações. Assim,
Exemplificando
O sistema majoritário absoluto ou de dois turnos é mais utilizado nas
eleições presidenciais. São muitos os países que atualmente fazem uso
desse sistema, como Áustria, Benin, Brasil, Chile, França, Moçambique,
Uruguai etc.
Partido ou Votos Já
Rodada 1 Rodada 2 Rodada 3 Cadeiras
coligação obtidos eleitos
Tabela 4.4 | Ranking dos candidatados da coligação PFD - PDV - PYU nas eleições
legislativas de Politópolis
Candidato Partido Votos individuais Colocação
Avelar PFD 23.875 →1º
Antônio João PDV 2.809 →2º
Maria Quitéria PYU 1.487 →3º
João Pina PFD 214 4º
José Ayres PFD 124 5º
João Romão PYU 87 6º
Dona Carmem PYU 69 7º
Elton Cesário PYU 52 8º
Legendas Coligação 35 -
28.752
As eleições distritais
Há outra modalidade que pode ser utilizada para eleições
legislativas que não são proporcionais, mas sim majoritárias. Trata-se
do voto distrital.
Nesse sistema, cada estado e/ou município é dividido em distritos
eleitorais e os candidatos mais votados (por isso é uma modalidade
majoritária) em cada distrito são eleitos para as cadeiras em disputa.
Depreende-se daí que cai por terra o voto de legenda, bem como
o efeito que candidatos mais votados possam “puxar” candidatos
com menos votos no partido ou na coligação. Os defensores dessa
modalidade de eleição dizem ser essa a característica mais positiva
do sistema.
Os críticos desse sistema dizem que ele tende a aprofundar as
relações de ordem privada e as trocas clientelistas, bem como favorecer
candidatos cuja posição econômica ou política em uma determinada
região já é de destaque, impedindo, assim, o aparecimento de novas
lideranças, tornando o processo menos democrático.
Uma variação dessa modalidade é o voto distrital misto, em que
o eleitor vota duas vezes: uma em um candidato do seu distrito e
outra para a legenda partidária de sua preferência. Uma vez realizadas
as eleições, metade das cadeiras em disputa é destinada aos eleitos
pela maioria e outra metade é distribuída pelo critério proporcional
Avançando na prática
Eleições proporcionais em Antares
Descrição da situação-problema
Toni mora em Antares, cidade onde há 80 mil habitantes e 62
mil eleitores.
Ele votaria pela primeira vez para eleger os vereadores da
cidade e ficou sabendo que haviam 15 vagas disponíveis na câmara
municipal.
Ao procurar saber qual era o critério para a escolha dos
vereadores da cidade, um amigo lhe disse que não eram
simplesmente os mais votados que entravam, mas sim que os
votos eram distribuídos em proporção, considerando o número
de votos em cada partido.
Toni queria saber mais, mas seu amigo Marcelo, apesar de saber
que a distribuição dos votos era proporcional, não sabia ao certo
como os votos eram distribuídos.
Resolução da situação-problema
Na legislação eleitoral brasileira, os representantes legislativos,
tal como os vereadores de Antares, são eleitos pelo sistema
proporcional de lista aberta, isto é, os eleitores podem votar tanto
nominalmente nos candidatos, quanto nas legendas.
Para a compreensão da distribuição de cadeiras em Antares,
Toni deverá, primeiramente, saber quantos votos válidos foram
computados na eleição, ou seja, quantos eleitores compareceram
à eleição e quantos desses votaram em algum candidato, pois
os votos válidos são o resultado do comparecimento eleitoral
subtraídos os votos nulos e brancos. Em Antares, foram computados
naquela eleição 48 mil votos válidos.
Depois de obter esse número, Toni deverá proceder o cálculo
do quociente eleitoral. O quociente eleitoral é o resultado do
comparecimento eleitoral dividido pelo número de cadeiras em
disputa. No caso de Antares, 15 cadeiras estavam em disputa. Assim,
3.
a) Comparativo eleitoral.
b) Quociente eleitoral.
c) Divisor eleitoral.
d) Múltiplo eleitoral.
e) Percentual eleitoral.