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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR

Disciplina: Direito Processual Civil III

Professor: Marcelo Ponte

AGRAVO INTERNO

1. AGRAVO INTERNO (Art. 1.021 e parágrafos, CPC/15)

1.1. Conceito: O agravo interno é o recurso cabível contra as decisões unipessoais proferidas
em tribunal, sejam elas proferidas pelo relator, sejam elas proferidas por Presidente ou Vice-
Presidente do tribunal.

1.2. Objetivo: O principal objetivo do recurso em análise é possibilitar que o colegiado


reaprecie a decisão proferida monocraticamente pelo relator nas hipóteses em que ele possui
poderes para tanto.

1.3. Cabimento: O CPC prevê expressamente o agravo interno no seu art. 994, III. Conforme
art. 1.021 do CPC/15, o recurso será cabível contra qualquer decisão proferida pelo relator e
deverá ser interposta mediante petição dirigida ao relator e julgado pelo respectivo órgão
colegiado, observando as regras de processamento do regimento interno do tribunal.

1.4. Prazo: O agravo interno deverá ser interposto no prazo de 15 dias, como disposto no art.
1.003, § 5º do CPC/15. OBS: A Fazenda Pública (art. 183, CPC/15), o Ministério Público (art.
180, CPC/15) e a Defensoria Pública (art. 186, CPC/15) dispõem de prazo de dobro para o
agravo interno. Nesse sentido, segue o entendimento do STF explanado no enunciado da súmula
116 do STJ: "A Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em dobro para interpor
agravo regimento no Superior Tribunal de Justiça". Ressalte-se que, o prazo em dobro previsto
para a Fazenda Pública, para o Ministério Público e para a Defensoria Pública não se aplica
quando a lei estabelecer prazo próprio ou específico para cada um deles.

1.5. Preparo: Dispensa o recolhimento de custas processuais.

OBS: Na petição do agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos


da decisão agravada (art. 1.021, §1°, CPC/15). Trata-se de regra que concretiza o princípio da
boa-fé e do contraditório: de um lado, evita a mera repetição de peças processuais, sem
especificar as razões pelas quais a decisão não convenceu a parte recorrente; de outro, garante o
contraditório, pois permite que o recorrido possa elaborar as suas contrarrazões, no mesmo
prazo de 15 dias (art. 1.021, §2°, CPC/15).
1.6. Procedimento: Na petição de agravo interno o recorrente deverá impugnar
especificamente os fundamentos da decisão agravada (art. 1.021, §1°, CPC/15). A exigência de
impugnação específica é reforçada nos casos em que o agravo interno for interposto contra a
decisão do relator que aplica precedente (art. 932, IV e V, CPC/15). Isso porque, em tais casos,
não é suficiente ao agravante apenas reproduzir as razões de seu recurso ou da petição
apresentada. É preciso que demonstre uma distinção ou a impossibilidade de aplicação do
precedente. O agravo interno será dirigido ao relator, que poderá retratar-se; antes de retratar-se,
terá o relator de ouvir a parte agravada, que apresentará as suas contrarrazões no prazo de 15
dias, findo o qual, não havendo retratação, será incluído em pauta para julgamento pelo órgão
colegiado. OBS: Cabe sustentação oral no julgamento do agravo interno interposto contra
decisões de relator que extingam processos de competência originária de tribunal, como a ação
rescisória, o mandado de segurança e a reclamação (art. 937, §3°, CPC/15). No caso de agravo
interno contra decisão de relator proferida em julgamento de recurso (inclusive remessa
necessária), não se permite a sustentação oral. Em sendo o agravo interno declarado
manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão colegiado
condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre 1% (um por cento) e 5% (cinco
por cento) do valor corrigido da causa (art.1.021, §4°, CPC/15), condicionando a interposição
de novo recurso ao respectivo depósito (art. 1021, §5°). O beneficiário da gratuidade da justiça e
a Fazenda Pública estão, porém, dispensados desse depósito prévio (art. 1.021, §5°, parte final,
CPC/15).

1.7. Fungibilidade entre o Agravo Interno e Embargos de Declaração:

Do §3° do art. 1.024 do CPC/15 se extrai uma regra de fungibilidade entre os embargos de
declaração e o agravo interno. Caso entenda que o recurso cabível é o agravo interno, e não os
embargos de declaração, o órgão julgador conhecerá desses como se fossem agravo interno,
desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 dias,
complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1°, que,
conforme visto, exige impugnação especificada da decisão agravada pelo recorrente. A regra
concretiza os princípios da boa-fé, cooperação e contraditório, constituindo mais uma hipótese
de vedação à decisão-surpresa. OBS: A interposição de agravo interno somente é cabível contra
decisão monocrática e a sua interposição contra decisão colegiada constitui erro grosseiro e
inescusável, que inviabiliza até mesmo a aplicação do princípio da fungibilidade recursal.

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