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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR

Disciplina: Direito Processual Civil III

Professor: Marcelo Ponte

1. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (Art. 1.022, CPC/15)

1.1. Objeto:

Os embargos de declaração são uma espécie recursal de fundamentação vinculada e são


dirigidos ao próprio órgão prolator da decisão, a quem compete o seu julgamento.

1.2. Cabimento: Cabem embargos de declaração quando a sentença ou acórdão estiverem


maculados por obscuridade, contradição, omissão e erro material, como disposto no art.
1.022, III, CPC/15,. Obscuridade deve ser entendida como a falta de clareza da decisão, ou seja,
a parte tem dúvidas acerca da real posição do magistrado, em virtude de uma manifestação
confusa. Contradição consiste na anulação recíproca, sob o aspecto lógico, dos enunciados da
fundamentação e do dispositivo. Ex: O juiz afirma que as provas demonstram relação de
parentesco e rejeita o pedido de alimentos. Omissão ocorrerá quando o juiz deixar de analisar
uma questão ou ponto da causa que lhe foi submetido, inclusive quanto à comprovação dos
fatos alegados pelas partes e os fundamentos admitidos e os inadmitidos. Erro material pode
ser conceituado como um equívoco ou inexatidão relacionado a aspectos objetivos da decisão.
Ex: Erros de digitação, trocar o nome das partes por outro estranho ao processo, cálculos
errados. Omissão ou o erro material existente no pronunciamento jurisdicional. Não tem a
mínima relevância ter sido a decisão proferida por juiz de primeiro grau ou tribunal superior,
monocrática ou colegiada, em processo de conhecimento ou de execução; nem importa que a
decisão seja terminativa, final ou interlocutória.

1.3. Tempestividade:

Serão tempestivos os embargos de declaração opostos no prazo de 5 (cinco) dias, vide art.
1.023, CPC/15). O juiz, na hipótese de acolhimento dos embargos de declaração que implique
na modificação da decisão embargada, intimará o embargado para manifestar-se no prazo de
5 dias, como consta no art. 1.023, § 2º, CPC/15. Ressalta-se que o art. 1.023, § 1º, CPC/15 faz
alusão à aplicação do art. 229 do mesmo diploma legal. Desta forma, quando os litisconsortes
de uma ação possuir procuradores distintos terão seus prazos contados em dobro para
qualquer das suas ações independente de requerimento .
RECURSO INTERPOSTO ANTES DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Que ocorre se uma parte já
havia interposto o recurso principal, quando a outra lançou mão dos embargos de declaração?
Segundo Humberto Theodoro Jr2 , duas são as situações a considerar: (a) o objeto dos
embargos não interfere no do recurso principal, de maneira que o julgamento daqueles nada
alterou quanto à matéria impugnada no último; (b) o objeto dos embargos incide sobre
questões enfocadas no recurso principal. No primeiro caso, não haverá necessidade de ser
renovado ou ratificado o recurso anteriormente interposto; no segundo, todavia, a reiteração
se faz necessária, porque, uma vez julgados e acolhidos os embargos, a decisão recorrida já
não será a mesma que o recurso principal antes atacara. O problema que suscitou divergências
no passado, no regime do CPC/2015 é objeto de regulação clara e precisa: não pode o recurso
interposto antes dos embargos de declaração ser tratado como intempestivo e sujeito à
obrigatória reiteração após resolução dos aclaratórios. Mesmo que haja modificação da
decisão originária, ter-se-á de abrir, obrigatoriamente, prazo de quinze dias para que o
recorrente possa alterar suas razões, compatibilizando-as com o teor do último julgado.

1.4. Regularidade formal:

Os embargos de declaração, consoante o art. 1.023, CPC/15), serão opostos em petição


dirigida ao juízo prolator da decisão a qual se deseja impugnar com indicação do erro material,
omissão, obscuridade ou contradição.

1.5. Preparo:

Os embargos de declaração dispensam o preparo, como consta na parte final do art. 1.023.

1.6. Processamento:

O caput do art. 1.024 dispõe que “o juiz julgará os embargos em 5 dias”. Nos Tribunais, o
relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo voto. Não
havendo julgamento nessa decisão, será o recurso incluído em pauta automaticamente.

1.7. Efeitos:

Em regra, os embargos de declaração possuem efeito interruptivo, ou seja, interrompem o


prazo para a interposição de recurso por qualquer uma das partes, como dispõe o art. 1.026,
CPC/15. Por outro lado, o §1° do art. 1.026, CPC/15 autoriza, em caráter excepcional, a
suspensão da eficácia da referida decisão em duas hipóteses: a) quando demonstrada a
probabilidade de provimento dos embargos ou, b) quando relevante a fundamentação dos
embargos, houver risco de dano grave ou de difícil reparação, que naturalmente não possa
aguardar o julgamento do recurso. Deve-se ressaltar ainda que quando os embargos de
declaração forem protelatórios, o juiz ou tribunal, em decisão fundamentada, condenará o
embargante a pagar ao embargado multa não excedente a 2% sobre o valor atualizado da
causa, vide art. 1.026, § 2º, CPC/15, Opostos reiterados embargos de declaração com intenção
protelatória à multa será elevada a até 10% sobre o valor atualizado da causa e a interposição
de qualquer recurso restará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção do
beneficiário de gratuidade da justiça e da Fazenda Pública, que a recolherão ao final, vide art.
1.026, § 3º, CPC/15,. Ademais, não serão admitidos novos embargos de declaração se os dois
anteriores tiverem sido protelatórios, como dispõe o art. 1.026, § 4º, CPC/15.
Prequestionamento para RE e RESP: Serão considerados parte do acórdão os elementos que o
embargante pleiteou ainda que o recurso tenha sido inadmitido, nos termos do art. 1.025,
CPC/15, vejamos: “Art. 1025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o
embargante pleiteou, para fins de prequestionamento, ainda que os embargos de declaração
sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão,
contradição ou obscuridade”.

OBS: Os objetivos dos embargos de declaração são o esclarecimento (obscuridade ou


contradição) ou a integração (omissão), além da correção de erro material presente na
decisão. Em regra, seu efeito é interruptivo, mas poderá vir a ter o efeito suspensivo, caso se
enquadre em uma das hipóteses do §1° do art.1.026, CPC/15. Há, ainda, efeitos especiais, tais
como a infringência (reforma) do julgado (que impõe o contraditório prévio) e o
prequestionamento para a interposição de RE e REsp.

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