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São Paulo
2011
RENATA DE LIMA VELLOSO
Orientador:
Prof. Dr. José Salomão Schwartzman
São Paulo
2011
V441a Velloso, Renata de Lima.
Bibliografia: f. 88-98.
BANCA EXAMINADORA
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. José Salomão Schwartzman, por de forma tão generosa dividir seus
conhecimentos, ajudando no meu crescimento profissional e pessoal intensamente,
minha eterna admiração.
Ao MackPesquisa, pelo apoio financeiro sem o qual não seria possível a conclu-
são deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Décio Brunoni e à Profa Dra Maria Eloísa Famá D’Antino, que partici-
pam do Grupo de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento do Programa de Pós-
graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mac-
kenzie, por engrandecer meus conhecimentos por meio do convívio e das reuniões.
Às amigas que participam também desse grupo, sempre dispostas a ajudar: Cintia
Perez Duarte, Alessandra Aronovich Vinic e Tatiana Pontrelli Mecca.
À Profa Dra Roberta Monterazzo Cysneiros, à Profa Dra Maria Cristina Triguero Ve-
loz Teixeira e à Profa Dra Cristiane Silvestre de Paula, que participam também das
discussões do grupo, dividindo suas experiências.
À Profa Dra Ceres Alves de Araújo, que contribuiu de forma rica para que este tra-
balho se tornasse uma tese.
Ao Prof. Dr. Geraldo Fiamenghi Júnior, que colaborou muito com sugestões para
este estudo.
v
Aos meus pais, Célia e Gerson, pelo incentivo, pelo amor, pela ajuda e pela dedi-
cação durante todos esses anos, que possibilitaram a conquista de mais uma vitória
importante em minha vida.
À minha avó, que de forma especial e pessoal contribuiu para minha formação.
Ao meu avô, com muita saudade, que representou fonte de sabedoria e força.
Ao meu marido, Leonardo, por acreditar em mim: Obrigada por ficar ao meu lado
mesmo nos momentos difíceis!
vi
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
Figura 2 Gráficos de dispersão para idades versus QIe (A), idades versus so-
mas dos escores de todas as histórias (B) e QIe versus somas dos
escores de todas as histórias (C) no grupo experimental (indivíduos
com TEA) ................................................................................................. 71
Figura 3 Gráficos de dispersão para idades versus QIe (A), idades versus so-
mas dos escores de todas as histórias (B) e QIe versus somas dos
escores de todas as histórias (C) no grupo-controle ............................... 72
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
Resumo ............................................................................................................................. vi
Abstract ............................................................................................................................. vii
Lista de Tabelas ................................................................................................................ viii
Lista de Figuras ................................................................................................................. ix
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12
3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 53
5. RESULTADOS .............................................................................................................. 66
6. DISCUSSÃO ................................................................................................................. 77
7. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 87
ANEXO A
Critérios Diagnósticos do DSM-IV ..................................................................................... 99
xii
ANEXO B
Critérios Diagnósticos da CID-10 ...................................................................................... 101
ANEXO C
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ao sujeito da pesquisa) ............................ 103
ANEXO D
Carta de Informação à Instituição ....................................................................................... 104
ANEXO E
Tradução do Teste Strange Stories .................................................................................... 105
ANEXO F
Teste Avançado em Teoria da Mente Strange Stories (Happé, 1994) ............................... 107
ANEXO G
Dados das crianças do grupo experimental ........................................................................ 109
ANEXO H
Dados das crianças do grupo-controle ............................................................................... 111
13
1. INTRODUÇÃO
1979).
nos TEA: a Teoria da Mente e a Linguagem. Os sujeitos com TEA apresentam difi-
Cohen, 1995), o que envolve a Teoria da Mente. Esses sujeitos apresentam também
Mente fornece poucos dados e usa testes restritos à Teoria da Mente. Além disso,
mente e indicados para avaliação e diagnóstico de linguagem nos TEA, o que indica
TEA sejam avaliadas por meio de testes adaptados que contemplem situações natu-
ralísticas e que, assim, apresentem questões para respostas mais reais. É também
14
muito importante que essas habilidades e dificuldades sejam estudadas além das
diferenças entre as concepções teóricas sobre os TEA, uma vez que influenciarão
tervenção adequada.
realização deste estudo, que inclui a tradução e a adaptação para a Língua portu-
da Teoria da Mente, e a discussão dos achados à luz das teorias cognitivista e de-
senvolvimentista.
15
2. REVISÃO DA LITERATURA
O autismo foi descrito pela primeira vez por Leo Kanner, psiquiatra infantil, em
1943, após estudar 11 crianças com idade de dois a 11 anos, sendo oito meninos e
três meninas, com quadro caracterizado por isolamento extremo, atividades repetiti-
para assumir postura antecipatória para serem carregadas; dificuldades para usar a
barulhos com volume alto; e aspecto físico essencialmente normal. Descreveu como
com manifestações clínicas semelhantes àquelas descritas por Kanner, e que pare-
ram: pobreza de contato de olho, limitação de empatia, fala pedante e com pouca
sistência a mudanças e falhas nas habilidades motoras. Asperger nomeou este qua-
mento feitas por Asperger (1944) e encontrou similaridades com aquelas feitas por
quadro. Até a sua introdução na literatura por Lorna Wing em 1981, essa condição
nos anos 1970 e 1980, o que possibilitou uma série de estudos posteriores a esse
respeito (Szatmari, 1992; Wing, 1996; Berney, 2000; Beglinger e Smith, 2001; Wil-
social, dificuldades severas nas comunicações tanto verbais como não verbais, e
estereotipados.
17
dos à Saúde - CID-10 (OMS, 2000) também utiliza o termo Transtornos Globais do
contram no Anexo B.
TEA nem sempre é um trabalho fácil. Seria possível, segundo Perissinoto (2003),
categoria seria composta por Transtorno Autista e por Transtorno de Asperger, sen-
Autismo (TEA). Neste estudo, será utilizado o termo TEA (Transtornos do Espectro
um tipo de TGD, seja retirada dessa lista no DSM-V, uma vez que os critérios para o
lência média de TEA nos últimos 37 anos e percebeu aumento de 4,4:10.000 (entre
1966 e 1991) para 12,7:10.000 (entre 1992 e 2001). Estudos atuais estimam taxas
de prevalência mais altas: 13:10.000 para indivíduos com autismo; 2,5-3:10.000 para
Fombonne, 2005). Frente a esses dados, Fombonne (2003) discute essa prevalên-
meninas com autismo, na proporção de 4:1, e de meninos com melhor índice de de-
geral, sofre forte influência genética e ambiental, embora também compreenda cau-
na população, cada vez mais as pesquisas apontam para recursos diagnósticos que
Gould, 2003).
20
natureza do prejuízo primário nos TEA. Serão relatadas a seguir as principais teorias
tende-se, ao final deste capítulo, retomar essas teorias, levantando as duas princi-
pais vertentes teóricas que hoje são discutidas em relação ao prejuízo primário nos
Kanner relatou em 1943 que crianças autistas sofriam de uma inabilidade inata
psicanalítica.
Melanie Klein (1965) reconheceu a presença, nas crianças com autismo, de ca-
mas não distinguia os quadros autistas da esquizofrenia infantil. A autora foi a pre-
ança à rejeição materna; sua interpretação do mundo seria a imagem da sua cólera
21
embora salientasse que esse não seria o único fator causal implicado no autismo.
necessidades viria de algum lugar externo ao eu. Em seguida, viria a fase de simbi-
ose normal, na qual o bebê funciona como se ele e sua mãe fossem uma unidade
(Mahler, 1975).
das psicoses infantis com uma regressão ou fixação a uma fase inicial do desenvol-
Em 1981, Tustin propôs que o autismo seria uma reação traumática à experi-
1994, Tustin já não usava mais o termo autismo psicogênico, e ressaltava a impor-
criticando o fato de grande parte dos psicanalistas dar enfoque à descrição do fun-
profissionais para indivíduos com TEA. Barros (2011) ressalta que, apesar de ainda
haver uma forte tendência para a psicanálise ser considerada como forma antiquada
Tal discussão não será aqui aprofundada, uma vez que o intuito deste capítulo é a-
penas descrever o histórico das principais teorias que buscam, ao longo dos anos,
sas teorias, a Teoria da Mente é a que mais tem sido utilizada para investigar os as-
1999). Em item posterior deste estudo, a Teoria da Mente será mais bem descrita,
falta da tendência natural a juntar partes de informações para formar um todo com
significado, característica marcante nos TEA. Segundo essa teoria, sujeitos com TEA
não integram as informações a que são expostos, e são inaptos para fazer inferências
e identificar as relações de causa e efeito entre as ações, pois não constroem inter-
série de palavras sem sentido em vez daquelas com significado. Shah e Frith (1993)
forma, Happé (1993) relatou resultados superiores apresentados por crianças com
TEA nas escalas de Weschler que envolvem reunião e classificação de imagens por
algumas atividades pelas crianças com TEA pode ser explicado pela tendência a ver
cias quanto as habilidades dos indivíduos com TEA. A autora discutiu também o fato
de essa teoria não esclarecer a sua relação com os déficits sociais e comunicativos,
víduos com disfunção cortical pré-frontal e aqueles com TEA (Ozonoff et al., 1991).
estratégias para atingir metas está ligada ao funcionamento dos lobos cerebrais
frontais. Kelly et al. (1996) referiram que essas habilidades englobam flexibilidade de
com uma disfunção executiva, Ozonoff et al. (1991) referiram que esses sujeitos
causador do prejuízo nas diversas áreas dos TEA. Rutter (1976) enfocou a impor-
área. Este aspecto, a linguagem, será mais bem abordado em item posterior deste
estudo, uma vez que, ao lado da Teoria da Mente, se relaciona diretamente ao obje-
tivo da pesquisa.
vas atuais sobre o autismo. O autor referiu que a criança com TEA apresentaria uma
son (1989, 1990, 2004), são processos básicos que iniciam o ser humano no pen-
dade, uma vez que defende a hipótese de que os indivíduos com TEA não experi-
nar a representação do afeto vivido pelo próprio eu com o de outras pessoas. A ex-
riam o contexto em que tais esquemas de ação social surgem, quando se dá o de-
Segundo Mundy et al. (1993), crianças com TEA apresentam, desde muito ce-
lias, 2000).
dade que o indivíduo com TEA apresenta para participar da interação social e de-
Ao discutir as teorias afetivas sobre os TEA, Araújo (2011a) refere que o mútuo
engajamento com o outro é parcial ou ausente nos indivíduos com TEA, o que traz
a autora discute a possível relação do fato de muitas crianças com TEA nunca fala-
rem, com a questão de que a maior motivação para se aprender linguagem é afetar
sentadas pelos indivíduos com TEA foram atribuídas, ao longo dos anos, a prejuízos
tato afetivo. Na segunda fase, o autismo passa a ser visto, nas décadas de 1970 e
28
visão cognitivista da Teoria da Mente, alegando que indivíduos com TEA não possuem
ções interpessoais nos indivíduos com TEA, o que acarretaria as dificuldades que
son, 2002).
Bosa e Callias (2000) referiram que os estudos sobre os TEA têm sido domina-
dos pela polêmica em torno das possíveis causas afetivas, cognitivas e/ou biológicas
uma vez que o conhecimento acerca dessas diferenças pode ter implicações para a
por prejuízos de tipo tanto afetivo quanto cognitivo. As diferenças entre as teorias
distintas sobre a mente humana, e não há, ainda, uma visão unidimensional da etio-
Araújo (1997) ressaltou que, ao se adotar uma teoria cognitiva ou uma teoria
Uta Frith (1996) e Simon Baron-Cohen (1985) assinalaram os déficits nas habi-
não consegue atribuir estados mentais aos outros, e é incapaz de interpretar o com-
partir do que elas achavam que outra pessoa pensava a respeito de alguma coisa,
da outra pessoa. Essa tarefa de falsa crença abarca um protagonista chamado Maxi,
que guarda um chocolate em determinado lugar, e sua mãe, enquanto ele está fora,
troca o chocolate de lugar. Indaga-se à criança onde Maxi, quando voltar, procurará
que ela está representando o que o protagonista está pensando (estado mental) e a
Se, ao contrário, a criança indica o lugar onde a mãe guardou o chocolate, conclui-
crença. Essa criança, portanto, não compreenderia os estados mentais como predi-
aplicação da tarefa de falsa crença indicaram que a maior parte das crianças de
quatro anos apresenta bom desempenho nessas provas, enquanto a maior parte
das crianças com três anos de idade falha nessas tarefas. Moses e Flavell (1990)
hipotetizaram que as dificuldades apresentadas pelas crianças aos três anos decor-
usar o contexto social para compreender o que outras pessoas pensam e acreditam.
Nessa prova, uma boneca (Sally) coloca o seu brinquedo numa caixa. Enquanto Sal-
ly sai da sala, outra boneca (Ann) tira o brinquedo da caixa em que Sally o colocou e
põe em outra caixa. Questiona-se à criança em qual das caixas Sally vai procurar o
brinquedo quando retornar à sala. As crianças com autismo, ao contrário das crian-
maioria que Sally procuraria o brinquedo na caixa em que Ann o havia colocado, in-
dicando dificuldades em perceber que Sally não tinha nenhuma informação a respei-
A partir desse estudo, observações com a aplicação dessa tarefa foram repli-
intencionais como estados mentais com conteúdo como, por exemplo, desejar algo
teoria da mente. Os dois primeiros permitem que a criança construa imagens sobre
da ação e o objeto referente dessa ação (representação diádica), sem haver a com-
sobre o estado perceptual do agente, as quais são, então, associadas ao seu próprio
Teoria da Mente ao final da infância, o que não significa que apresentarão compe-
De acordo com a referência acima, Araújo (2011b) afirma que, conforme os in-
divíduos com TEA se desenvolvem, podem adquirir a Teoria da Mente, podem com-
preender crenças sobre crenças, mas mantêm sempre uma defasagem em relação a
crianças da mesma idade com desenvolvimento típico. A autora refere que os indiví-
tam bom desempenho nos testes de Teoria da Mente, embora continuem apresen-
da Teoria da Mente nos indivíduos com TEA. Happé (1993a) realizou pesquisas re-
levantes na área, em que relata déficits de Teoria da Mente e de linguagem nos TEA
ensão de aspectos não literais da linguagem, uma vez que os indivíduos com TEA
relevância, os indivíduos com TEA poderiam ter dificuldades específicas com o uso
comunicativo e social nos TEA e nos indivíduos com desenvolvimento típico, dando
sa pensar, tem estrutura para lidar também com conceitos abstratos. Para tanto, os
para inferências.
35
Ponnet et al. (2008) realizaram pesquisa em que foram gravados jovens com
TEA e sem TEA em duas situações de interação com dois estranhos. Uma das situ-
do estudo pôde-se observar que a situação estruturada foi importante para o melhor
espelho para a compreensão das ações dos outros, assim como das intenções, dis-
social, mas talvez não seja pré-requisito para uma resposta emocional empática.
dessa aquisição para a adequada compreensão cognitiva social, uma vez que ofere-
ce estrutura sobre as experiências sociais como, por exemplo, uma festa de aniver-
sário. Foi observado que os indivíduos com TEA apresentaram dificuldade nas tare-
seguida, examinaram no computador uma cena que continha objetos que eram rele-
imediata e tardia, pôde-se observar diferença significativa nos resultados, sendo que
Como parte dos indivíduos com TEA (com bom funcionamento) consegue criar
ria da Mente, alguns estudos e instrumentos com medidas mais sofisticadas foram
sure – Experimental Version), um questionário que deve ser respondido pelos pais
Outro teste que pode ser citado como exemplo é o ATOMIC (Animated Theory
teste computadorizado que contém gravuras com questões que avaliam Teoria da
com o domínio “percepção social”, em que são utilizadas algumas provas de Teoria
Nesse contexto, este estudo tem como um de seus fins contribuir para a tradu-
Mente e linguagem nos indivíduos com TEA, mesmo os indivíduos com bom rendi-
Baron-Cohen et al. (1985) já haviam mostrado que 80% dos sujeitos autistas
falharam em atribuir falsa crença para os personagens. Em contraste, 80% dos su-
jeitos com deficiência intelectual e sujeitos normais com quatro anos conseguiram
lado, o fato de apenas 20% dos sujeitos autistas apresentarem bom desempenho
numa tarefa de falsa crença de primeira ordem dava suporte para a Teoria da Men-
te, por outro lado, esses mesmos 20% com bons resultados nessa prova fundamen-
38
taram críticas sobre o poder de abrangência dessa Teoria da Mente (Ozonoff et al.,
1991; Bowler, 1992). Esses autores observaram que o sucesso no teste de Teoria da
Mente era muito maior em grupos de sujeitos autistas com QI verbal normal, que a-
ordem.
sucesso desses sujeitos pode ser considerado como prova de que eles apresentam
Teoria da Mente, ou pode significar uma evidência de que conseguem criar estraté-
gias que não fazem parte do conceito de Teoria da Mente para responder correta-
mente a essas provas. Isso explicaria por que eles mantêm o prejuízo social, apesar
Foi nesse contexto que Happé (1993b, 1994) criou o teste avançado em Teoria
da Mente Strange Stories, no qual são apresentadas aos sujeitos autistas vinhetas
ou histórias sobre situações do dia a dia, nas quais as pessoas dizem coisas que
elas não querem dizer literalmente. O intuito era apresentar histórias que represen-
Mente até então propostas, ou seja, adequar as tarefas envolvendo Teoria da Mente
simples contos ou eventos que levam a diferentes motivações que permitem mentir
em situações do dia a dia que não são literalmente verdades. Apenas uma interpre-
tação da situação pode ser feita por sujeitos normais e não autistas com deficiência
ve, com outras provas de Teoria da Mente (Jolliffe e Baron-Cohen, 1999; Brent et al.,
39
liação fonoaudiológica de linguagem, uma vez que aborda piadas, mentiras, ironias
com desenvolvimento típico, com cinco a 12 anos de idade, com o objetivo de nor-
matizar o teste tanto para uso na clínica quanto para pesquisas. Os autores defen-
deram que os testes utilizados para avaliação de Teoria da Mente acessam normal-
mente habilidades de falsa crença que crianças típicas com quatro a cinco anos rea-
resposta, sendo que o desempenho mais baixo foi observado nas crianças mais no-
vas, melhorando de forma crescente nas demais idades. No entanto, alguns concei-
tos se mostraram difíceis para as crianças mais novas, como persuasão (O’Hare et
al., 2009).
por esses autores foram utilizados nesta pesquisa, razão pela qual estão detalhados
2.4 LINGUAGEM
infantil, seja como elemento desencadeador ou como aspecto afetado pelas mes-
déficits cognitivos e interação social. Lorna Wing (1988) introduziu o termo espectro
tica.
co não falar durante o primeiro ano de vida, sua interação com os outros é essencial
volvimento cognitivo e social da infância. Por esse motivo, torna-se importante con-
41
jetos.
texto. O uso dessas sentenças envolve regras tradicionalmente abordadas nas teo-
rias sintática (relação mantida entre os sinais), semântica (relações entre os sinais e
sidera que a criança cria primeiramente sua própria linguagem e, depois, adquire a
língua materna conforme ocorre a interação com o seu grupo social. A linguagem
mundo por meio da própria linguagem e, dessa forma, construindo sua noção de
al., 2000).
ganizado de forma regular e previsível, possibilitando, com isso, uma lista de regras
que descrevem a regularidade do sistema. Existem diferentes níveis nos quais o sis-
tema pode ser dito organizado, cada um lidando com uma unidade de análise distin-
42
ta. São eles: fonologia, gramática, semântica e a própria prática (Bishop e Mogford,
2002).
nérico que envolve diferentes tipos de habilidades, tais como segmentar e manipular
cemente.
na compreensão de seu próprio estado mental, assim como o dos outros, lembrando
que apresentam dificuldade nas interações sociais que envolvem atribuir estados
sentação (Povinelli e Preuss, 1995). Essas crianças apresentam, assim, grande difi-
culdade em construir um discurso durante um diálogo, uma vez que não conseguem
padrões que podem estar alterados nesses sujeitos (Adamson et al., 2001).
drome de Asperger, e observou que crianças com essa síndrome apresentam bom
ressaltando alguns aspectos notados pelos pais dessas crianças e pelos profissio-
víduo com TEA ao contexto em que a comunicação acontece, desrespeito para com
ção. Essas pessoas apresentam inabilidade em antecipar o que o ouvinte quer ouvir,
se (Perissinoto, 2003).
preensão da linguagem, uma vez que o contexto está na situação presente e ativa o
histórico do ouvinte que acompanha a situação (Milosky, 1996). Neste sentido, a lin-
cinco minutos de diálogo num programa de televisão familiar em horário nobre. Para
Pollio et al. (1990), todavia, a linguagem figurada não é um caso especial de input
linguístico, mas deve ser vista como parte do contínuo processo criativo na interação
vras podem ser usadas de modo sintaticamente inédito, mas os seus significados
serão claros.
significado preferido para cada palavra numa frase é acessado primeiro, e a repre-
vo da palavra é encontrado.
outros.
Tyler, 1980; Crain e Steedman, 1985) propõem que as decisões sobre sintaxe de
do contexto.
46
ções possíveis para uma unidade mais central que tem acesso ao conhecimento
quentes, o sentido consistente com o primeiro constituinte está sendo gerado, com
outros sendo inibidos. Assim, o módulo de input ainda não tem acesso amplo à in-
contexto na resolução da lista de possíveis sentidos antes de o item léxico real ser
ou cada palavra num enunciado não é ativada em qualquer situação. Alguns aspec-
tos do contexto são mais salientes do que outros, e alguns aspectos do contexto e
ouvintes podem usar quaisquer fontes de informação que lhes estejam disponíveis,
47
porque uma ou outra fonte muitas vezes não está disponível, é incompleta, distorci-
No entanto, Milosky (1996) refere que uma informação saliente não é necessa-
ção e estado afetivo do ouvinte. A compreensão é máxima quando o que está mais
direcionados para alcançar o maior efeito cognitivo possível com o menor esforço de
processamento possível. Para alcançar isso, o indivíduo deve focalizar sua atenção
cas. Assim, para Scheuer (1997), a Teoria da Mente tem consequências na constru-
ção da linguagem.
Mente, mas não verificaram o processo inverso, o que lhes levou a concluir que a
mundo físico e social por parte da criança com autismo (Perissinoto, 2003).
quadros em que o distúrbio autístico não envolve grandes prejuízos em algumas das
ta típica estaria em algum ponto determinado por graves prejuízos em ambos os ei-
xos, e uma criança com Síndrome de Asperger estaria em algum ponto determinado
Nesse sentido, a ação de avaliar permeia todo o fazer clínico, e a síntese das
zam para se referir a estados mentais poderia, a princípio, revelar dados importantes
da Teoria da Mente são influenciados pela linguagem e de que forma essa influência é
de idade que foram avaliadas três vezes durante um período de sete meses para
(The Test of Early Language Development). A Teoria da Mente foi avaliada com ta-
receptivo. Além disso, indivíduos com autismo precisam de um nível mais elevado
de habilidade verbal do que crianças com desenvolvimento típico para que possam
crianças com três anos de idade compreendem a falsa crença, mas, devido à com-
correlacionam, porque ambas são dependentes de algum outro fator, um fator sub-
jacente que pode desenvolvê-las. Segundo Zelazo e Jacques (1996), esse fator é
regras embutidas mais complexas que são, então, exploradas nas tarefas de Teoria
da Mente e de linguagem. De acordo com Dunn (1988) e Nelson (1996), esse fator é
sociais e culturais.
52
referir a estados mentais. Tais estados não são observáveis, embora seus efeitos
não observáveis são trazidos à atenção da criança quando são referidos aos termos
verem uma compreensão desses estados. Moore et al. (1990) analisaram o papel da
das crianças com verbos que expressam diferentes níveis de certeza, como “achar”
Mente.
cipal com outra sentença embutida nela. São orações que complementam o objeto e
permitem o relato de falsas crenças toda a construção que pode ser verdadeira
e Jenkins, 1999).
Souza (2006) apontou que a maioria dos estudos que investigaram a relação
tarefa de falsa crença como se fosse a única medida da Teoria da Mente. A autora
velmente por essa razão que o número de estudos transculturais sobre o desenvol-
vimento de uma Teoria da Mente ainda é pequeno. Além de custos mais elevados
preocupação com fatores culturais que possam afetar os resultados. Apesar das difi-
crianças brasileiras, por sua vez, também podem trazer importantes contribuições.
3. OBJETIVOS
e desenvolvimentista.
55
4. CASUÍSTICA E MÉTODO
4.1 CASUÍSTICA
ficiência intelectual que pudesse interferir nos resultados. Para tanto, as crianças
(Wechsler, 2002). Para este estudo, foram utilizados os subtestes “vocabulário” (es-
cala verbal) e “cubos” (escala de execução), como forma reduzida do teste WISC III.
pesquisas. Sattler (1992) publicou uma tabela de conversão de QIs estimados para
(não representando o valor exato de QI geral), e, por esse motivo, foi usado neste
estudo seguindo, também, a tabela de Sattler (1992) para a conversão dos dados.
1976, afirmaram, em pesquisa realizada com grupos de TEA com QI abaixo e acima
de 70, que diferenças significativas foram notadas entre os grupos, sendo importante
Teoria da Mente Strange Stories utilizam também o QI 70 como ponto de corte para
psiquiátricas.
4.1.2 Grupo-controle
4.2 MÉTODO
riores deste estudo, foi devidamente traduzido para a Língua portuguesa, seguindo
tes: um deles conhecia a temática da escala, e o outro não a conhecia. Não foram
radas, e discrepâncias nas traduções foram resolvidas com consultas aos mesmos
glês).
terceiro profissional que compôs a versão final, trabalhando com as duas traduções
Língua inglesa, com domínio linguístico e cultural desse idioma e também da Língua
Por fim, na quarta e última fase, foi realizada a revisão da tradução e da retro-
tradução por um comitê composto por seis especialistas bilíngues. Todos receberam
59
tro dos dados. Cada membro desse comitê fez uma avaliação inicial independente.
Com essa avaliação, foi possível realizar o cálculo da taxa de concordância, impor-
cia com o conceito original. A taxa percentual de concordância foi calculada multipli-
pelo número total de juízes (ou seja, seis). A taxa de concordância calculada foi de
100%.
membros do comitê para discussão de sugestões. O objetivo dessa reunião foi conso-
lidar todas as versões do instrumento e indicar quais características deveriam ser con-
sideradas na versão final. Após todas as sugestões feitas pelos juízes e depois de ter
rimental e conceitual, foi elaborada a versão utilizada neste estudo (Anexo E).
histórias sem essas atribuições, utilizadas apenas para avaliar a compreensão audi-
tiva. As histórias devem ser lidas pelo avaliador e, ao mesmo tempo, ilustradas por
uma figura que é apresentada para os sujeitos testados. Estudos posteriores propu-
publicado recentemente por O’Hare et al. (2009), em estudo que buscou dados nor-
mativos a partir da aplicação do teste a 140 crianças típicas, que foram extraídas
das 24 histórias originalmente publicadas por Happé (1994). Cada uma dessas his-
foram realizadas duas questões para verificar a interpretação de estado mental rea-
lizada pelas crianças. Com exceção das histórias que abordam Mal-entendido e Du-
plo Blefe, as questões são sempre: “É verdade o que (personagem) disse?”. Em se-
Conforme descrito nos diferentes estudos que serviram de base para esta pes-
quisa (Jolliffe e Baron-Cohen, 1999; Kaland et al., 2005; 2008), durante a leitura de
cada história pelo avaliador, um cartão plastificado com a história impressa em fonte
ção da procura de sujeitos para o grupo experimental da pesquisa. Tanto essa divul-
vestigações não foram utilizados neste estudo, já que extrapolam os seus objetivos.
Por outro lado, os dados de identificação dos sujeitos foram retirados do protocolo
da com os pais e/ou responsáveis pelo indivíduo que é avaliado. Essa anamnese
(escores <15), com TGD (escores >15 e <22), e com autismo (escores >22). Esse
tismo. Esses itens estão agrupados em cinco áreas: sensorial, relacionamentos, uso
ou como forma de entrevista com mães ou cuidadores. Exige pouco tempo para a-
plicação e pode ser respondido com respostas do tipo sim ou não (Krug et al.,
1980). Este instrumento foi validado no Brasil por Marteleto e Pedromônico (2005).
Desse modo, 28 crianças com idade entre seis e 12 anos foram selecionadas
perimental.
lação geral, em um centro social localizado na cidade de São Paulo. Esse centro
social tem como objetivo promover atividades e projetos sociais para crianças no
grupo-controle
por O’Hare et al. (2009). As crianças foram testadas individualmente em sala silen-
algumas perguntas. Eu vou ler para você as histórias. Eu quero que você escute
estado mental. As histórias foram aplicadas sempre na mesma ordem, a saber: (1)
Mentira, (2) Mentira Branca, (3) Mal-entendido, (4) Sarcasmo, (5) Persuasão, (6)
Emoções Invertidas, (7) Fingimento, (8) Piada, (9) Figura de Linguagem, (10) Duplo
As histórias foram lidas em voz alta para as crianças. Durante a leitura de cada
com a história impressa. Não foi, porém, permitido que a criança lesse a história em
gem) disse?”, puderam ser feitas no máximo duas leituras de cada história, mediante
pedido da criança para sua repetição, ou se ela respondesse “eu não sei” para essa
questão. As crianças receberam encorajamento positivo, mas não foi dado retorno
numa segunda ocasião, ela foi lida desde o início. A resposta foi registrada, mas os
dados de maior importância para análise mais detalhada foram as respostas dadas à
segunda questão, que avalia a habilidade de “mentalizar”. Dessa forma, após a res-
posta à primeira questão, a pesquisadora fez a segunda questão: “Por que (o perso-
nagem) disse isso?”. Para essa segunda questão, a história foi relida para a criança,
Todas as respostas das crianças foram gravadas em áudio para posterior re-
pectos como a aparência física, a ação dos objetos, eventos físicos ou resultados),
utilizando as palavras gostar, querer, feliz, bravo, medo, achar, pensar, brincar, gos-
tar, fingir, mentira, enganar alguém, esperando algo), essa resposta foi caracterizada
pontuação 2.
História 1 (Mentira):
“João odeia ir ao dentista porque, toda vez que ele vai ao dentista, ele precisa
fazer uma obturação, e isso dói muito. Mas, João sabe que quando ele tem dor
de dente, sua mãe sempre o leva ao dentista. Neste momento, João está com
muita dor de dente, mas quando sua mãe nota que ele parece doente e per-
gunta a ele: “Você está com dor de dente, João?”, João diz: “Não, mamãe”.
Respostas:
- Exemplo de resposta incorreta (pontuação 0): “Ele não tinha dor de dente”.
- Exemplo de resposta com referência a estado físico (pontuação 0): “Ele tinha
dor de dente”.
66
- Exemplo de resposta com referência a estado mental total (pontuação 2): “Ele
5. RESULTADOS
Para a análise estatística dos dados deste estudo (Anexos G e H), foi adotado
Para melhor compreensão dos resultados que são descritos a seguir, os princi-
na Tabela 1.
grupos nas duas variáveis foi realizada com a estatística ANOVA (Análise de Vari-
A seguir foi realizada comparação entre os grupos com relação aos escores
médios registrados para cada uma das 12 histórias e com relação aos escores mé-
dios totais equivalentes à soma dos escores de todas as histórias para cada grupo.
Valor(es) de p (em azul) Valores próximos do limite de aceitação (p = 0,05) que tendem a
ser significativos (até cinco pontos percentuais acima do valor
de alfa adotado).
Variáveis
Estatísticas
Idade QIe
Grupos
TEA Controle TEA Controle
Média 8,89 8,79 99,0 100,7
Mediana 9 9 89,5 100
Desvio-padrão 2,15 1,89 23,2 4,32
Min 6 6 71 91
Max 12 12 141 109
N 28 56 28 56
IC 0,8 0,5 8,6 1,13
Valores de p 0,816 0,589
69
experimental e controle registrados para cada uma das histórias e para a soma dos
soma dos escores médios de todas as histórias foi de 4,04 pontos para o grupo ex-
médios entre os grupos estiveram menos ou mais distantes. Observa-se nessa figu-
70
SS7 (Fingimento)
SS6 (Emoções Invertidas)
SS12 (Esquecimento)
SS5 (Persuasão)
SS4 (Sarcasmo)
SS10 (Duplo Blefe)
SS11 (Aparência / Realidade
SS8 (Piada)
SS2 (Mentira Branca)
SS1 (Mentira)
SS9 (Figura de Linguagem)
SS3 (Mal-entendido)
Foi aplicada, então, a Correlação de Pearson para medir o grau de relação en-
tre idade, QIe e a soma dos escores médios de todas as histórias (SS Total) em ca-
Tabela 4. Coeficientes de Correlação de Pearson entre idades, QIe e somas dos escores de todas as
histórias no grupo experimental (indivíduos com TEA) e no grupo-controle.
Variáveis correlacionadas Grupo experimental Grupo-controle
Coeficiente Valor de p Coeficiente Valor de p
Idade versus QIe -0,40 0,037 -0,02 0,875
Idade versus soma dos escores -0,13 0,493 0,63 <0,001
QIe versus soma dos escores 0,89 <0,001 0,15 0,259
71
ente de correlação (0,89) foi encontrado entre os QIe e os escores totais de todas as
maior o QIe, maior foi o escore total no teste aplicado. Por outro lado, observou-se
quanto maior a idade, menor foi o QIe. As dispersões relativas às idades, QIe e so-
representadas na Figura 2.
cativa indicou que quanto maior a idade, maior foi o escore total no teste aplicado.
140
130
120
110
100
90
80
70
60
6 7 8 9 10 11 12 A
6,5
5,5
4,5
3,5
3
6 7 8 9 10 11 12 B
7
6,5
5,5
4,5
3,5
3
70 80 90 100 110 120 130 140 150 C
Figura 2. Gráficos de dispersão para idades versus QIe (A), idades versus somas
dos escores de todas as histórias (B) e QIe versus somas dos escores de todas as
histórias (C) no grupo experimental (indivíduos com TEA).
73
110
108
106
104
102
100
98
96
94
92
90
6 7 8 9 10 11 12 A
25
20
15
10
0
6 7 8 9 10 11 12 B
25
20
15
10
0
90 95 100 105 110 C
Figura 3. Gráficos de dispersão para idades versus QIe (A), idades versus somas
dos escores de todas as histórias (B) e QIe versus somas dos escores de todas as
histórias (C) no grupo-controle.
74
Foram comparados os escores médios registrados para cada uma das histórias
se ANOVA com Medidas Repetidas, uma vez que se trata de dados pareados em
significativa entre os escores médios registrados para cada história (Tabela 5), os
quais estão ilustrados na Figura 4. O maior escore médio (0,64) foi registrado para
escores médios registrados para cada história (Tabela 7), que se encontram ilustra-
dos na Figura 5. O maior escore médio (1,39) foi registrado para SS6 (Emoções In-
vertidas), e os menores (0,96), para SS5 (Persuasão), SS8 (Piada) e SS10 (Duplo
Blefe).
Tabela 5. Escores médios registrados para cada história no grupo experimental (indivíduos com
TEA).
Histórias
Estatísticas
SS1 SS2 SS3 SS4 SS5 SS6 SS7 SS8 SS9 SS10 SS11 SS12
Média 0,64 0,43 0,54 0,25 0,07 0,32 0,29 0,29 0,46 0,11 0,36 0,29
Mediana 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Desvio-padrão 0,56 0,57 0,51 0,44 0,26 0,48 0,46 0,46 0,51 0,31 0,49 0,46
Min 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Max 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
N 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28 28
IC 0,21 0,21 0,19 0,16 0,1 0,18 0,17 0,17 0,19 0,12 0,18 0,17
Valor de p <0,001
Figura 4. Escores médios e desvios-padrão registrados para cada história no grupo experimental.
Tabela 6. Valores de p calculados na comparação dos escores médios de cada par de histórias
registrados no grupo experimental (indivíduos com TEA).
SS1 SS2 SS3 SS4 SS5 SS6 SS7 SS8 SS9 SS10 SS11
SS2 0,246
SS3 0,477 0,449
SS4 0,001 0,202 0,073
SS5 <0,001 0,002 0,001 0,096
SS6 0,026 0,449 0,083 0,602 0,032
SS7 0,022 0,212 0,050 0,787 0,056 0,802
SS8 0,010 0,293 0,129 0,745 0,031 0,769 1,000
SS9 0,202 0,832 0,602 0,083 0,003 0,293 0,232 0,170
SS10 <0,001 0,017 0,001 0,161 0,663 0,083 0,057 0,096 0,005
SS11 0,058 0,602 0,232 0,415 0,003 0,787 0,537 0,602 0,449 0,032
SS12 0,015 0,355 0,090 0,787 0,056 0,787 1,000 1,000 0,134 0,096 0,537
76
Tabela 8. Valores de p calculados na comparação dos escores médios de cada par de histórias regis-
trados no grupo-controle.
SS1 SS2 SS3 SS4 SS5 SS6 SS7 SS8 SS9 SS10 SS11
SS2 0,078
SS3 0,014 0,532
SS4 0,014 0,532 1,000
SS5 <0,001 0,044 0,049 0,049
SS6 0,849 0,013 0,001 0,001 <0,001
SS7 0,799 0,049 0,013 0,013 <0,001 0,659
SS8 <0,001 0,004 0,017 0,017 1,000 <0,001 <0,001
SS9 0,001 0,419 0,597 0,597 0,031 0,008 0,002 0,010
SS10 <0,001 0,004 0,017 0,017 1,000 <0,001 <0,001 1,000 0,010
SS11 0,008 0,532 1,000 1,000 0,049 <0,001 <0,001 0,003 0,597 0,003
SS12 0,032 0,784 0,322 0,322 0,014 0,010 0,002 <0,001 0,228 <0,001 0,083
77
Por fim, o cálculo do índice Alfa de Cronbach para medir a consistência interna
foram excelentes, o que permite afirmar que o protocolo tem ótima consistência in-
Tabela 9. Valores de Alfa de Cronbach para determinação da consistência interna do protocolo nos
grupos experimental e controle e na amostra geral.
Grupo experimental Grupo-controle Amostra Geral
Valores de alfa -0,704 0,953 0,955
78
6. DISCUSSÃO
56 crianças com desenvolvimento típico, com idade de seis a 12 anos, todas do se-
entre as médias de idade e de QIe dos grupos experimental e controle, o que evi-
denciou que os grupos são homogêneos e garantiu análise mais precisa dos dados.
transtorno.
refere tanto aos escores médios obtidos em cada uma das 12 histórias que compu-
seram o teste quanto aos escores médios totais, equivalente à soma dos escores
grupos nos escores médios de todas as histórias e nos escores médios totais. Em
que os do grupo de crianças com TEA, com diferenças muito grandes e evidentes.
que demonstra que o grupo experimental apresentou resultados muito abaixo das
79
médias esperadas para crianças com desenvolvimento típico nas tarefas de Teoria
que se utilizou o teste Strange Stories, as quais também referem diferenças signifi-
(Happé, 1993b; 1994; Jolliffe e Baron-Cohen, 1999; Brent et al., 2004; Kaland et al.,
2005; 2008).
Verificou-se, neste estudo, que, no grupo de crianças com TEA, o maior coefi-
ciente de correlação foi estabelecido entre os QIe e os escores médios totais das
histórias, correlação essa que se mostrou positiva (0,89) e significativa (p < 0,001).
Por se tratar de uma correlação forte (> 0,75) com alta probabilidade de ocorrência,
pode-se de fato afirmar que quanto maior o QIe, maior o escore total no grupo com
TEA. Esses achados encontram respaldo no fato de crianças com TEA com melhor
responder aos testes. Correlação semelhante foi descrita também no estudo de Ka-
ria da Mente. Entretanto, quando os testes são mais complexos, envolvendo contex-
tos sociais, pode-se notar o prejuízo desses indivíduos (Happé, 1994; Kaland et al.,
2002). Por esse motivo, são necessários testes mais sofisticados envolvendo as ha-
sempenho nas tarefas (histórias) do teste aplicado, as crianças com TEA apresenta-
controle, o que indica que este instrumento pode ser utilizado na descrição de difi-
Por outro lado, observou-se correlação negativa (-0,40) significativa entre idade
e QIe nesse mesmo grupo experimental, ou seja, quanto maior a idade, menor o QI-
houve qualquer correlação entre idade e QIe. Essa correlação pode estar indicando
uma característica peculiar ao grupo com TEA selecionado para esta amostra, que
não interferiu diretamente nos resultados gerais, uma vez que não houve diferença
correlação também pode ter sido devida à distância dos extremos encontrados nos
valores de QIe nas crianças com TEA (que oscilaram entre 71 e 141), enquanto es-
ses valores estiveram mais concentrados na faixa entre 91 e 109 nas crianças-
Idade-independente
Figura 6. Representação dos valores extremos de QIe observados no grupo experimental (vermelho) e
no grupo-controle (azul), ilustrando diferença de 30 pontos no maior extremo e de 20 pontos no menor
extremo.
81
(< 0,50), o que permite inferir que apenas cerca de 16% das crianças com TEA na
faixa etária estudada apresentariam alta probabilidade de QIe mais alto em idades
menores (ou vice-versa). Caso se tratasse de uma correlação forte (> 0,75), associ-
ada à correlação positiva encontrada nessas crianças entre QIe e soma dos escores
obtidos nas 12 histórias contadas, poder-se-ia esperar melhor desempenho nas tare-
fas (histórias) nas crianças mais novas. No entanto, não houve correlação entre ida-
idade e escore total das histórias se mostrou positiva (0,63) e significativa (p = <
idade avança. Esse resultado está de acordo com o estudo realizado por O’Hare et
al. (2009), que tiveram como objetivo normatizar o teste Strange Stories, aplicando-o
autores relataram que o desempenho mais baixo foi observado nas crianças mais
novas, melhorando de forma crescente nas idades mais avançadas, tal qual obser-
vamos neste estudo. Esses achados dão suporte à possibilidade de uma futura nor-
O’Hare et al. (2009) afirmam que os testes utilizados para avaliação de Teoria
em Teoria da Mente que também seja aplicável a crianças a partir de cinco anos de
idade.
ria com maior escore médio no grupo TEA foi a que se refere à Mentira (média de
0,64 pontos), e a com menor escore médio a história 5, que se refere à Persuasão
(média de 0,07 pontos). Por sua vez, no grupo-controle a história com maior escore
médio foi a história relativa a Emoções Invertidas (média de 1,39 pontos), e os me-
nores escores médios (0,96 pontos) foram observadas nas histórias 5 (Persuasão),
típico, foi observado que as crianças mais novas apresentaram maior dificuldade
com a história que se refere à “Persuasão”, que foi também a história que apresen-
tou escore médio baixa nos dois grupos estudados nesta pesquisa. Uma possível
explicação para esses resultados seria a complexidade evolvida na história, uma vez
que a criança, além de se colocar no lugar dos personagens, precisa também inter-
pretar o significado da mentira contada por uma personagem para persuadir a outra.
Hermelin e O’Connor (1985) referem que alguns indivíduos fazem uso de meca-
nismos cognitivos para lidar com questões que normalmente são tratadas por proces-
sos afetivos, o que, em muitos momentos, faz com que esses indivíduos tenham dimi-
muitas vezes os torna “estranhos” nessas situações. Portanto, embora esses indiví-
duos possam fazer uso de suas habilidades cognitivas preservadas para responder a
muitas questões, essas estratégias não suprem todas as situações sociais que envol-
vem a complexa Teoria da Mente e a linguagem abstrata, como no caso deste estudo.
Foi medida a consistência interna do protocolo utilizado neste estudo, o que in-
sa população. A alta consistência interna encontrada indica viabilidade para que este
instrumento seja utilizado na população brasileira, uma vez que apresenta resulta-
dos consistentes nas crianças com desenvolvimento típico, também com aumento
com TEA, mesmo em indivíduos com bom rendimento capazes de criar estratégias
Foi observado durante a aplicação do teste que, embora muitos dos participan-
corretas, essas respostas eram dadas, muitas vezes, de forma idiossincrática. Apre-
Em estudo realizado por Loth et al. (2011), foi observado que indivíduos com
que pode interferir diretamente na sua compreensão desse contexto. Muito possivel-
aspectos muito relevantes para a adequada interpretação de estado mental nas histórias.
Também observamos que muitas crianças com TEA aprenderam que existe o
mente. Por exemplo, uma das crianças, por muitas vezes, ao não interpretar ade-
nhora!”. Mas, ao ser questionada sobre a história, não conseguia dar outra resposta.
respostas literais sobre as histórias, com interpretações “físicas” dos eventos sociais.
Happé (1993a; 1993b; 1994) relata em seus estudos o prejuízo de Teoria da Mente
os indivíduos com TEA apresentam grande dificuldade em interpretar algo que não é
dito literalmente.
literatura que remete à linguagem e TEA (Perissinoto, 1995; Fernandes, 1996; Sig-
contexto social é máxima, quando o que está mais saliente é também o mais rele-
vante. A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa, discutem-se, então, as possí-
atividades que envolvam contextos sociais, uma vez que podem apresentar prejuízo
mente se torna muito difícil para o indivíduo com TEA focalizar sua atenção no que
lhe parece a informação mais relevante disponível, determinada pelos seus objetivos
(Astington e Jenkins, 1999; Astington, 2001; De Villiers e De Villiers, 2003). Não foi o
objetivo deste trabalho definir qual habilidade é dependente da outra, mas se enten-
Torna-se muito difícil determinar que o teste aplicado nesta pesquisa avalie a-
penas a Teoria da Mente, uma vez que traz em seus procedimentos fatores como
tica dos possíveis significados dos elementos nas histórias, que envolvem linguagem
contexto situado pela avaliadora quando lê a história, necessário para o uso funcio-
nal da linguagem.
linguagem, uma vez que foi construído com o objetivo de avaliar a capacidade de
Mente até então propostas. Em outras palavras, o instrumento foi desenvolvido para
TEA sejam avaliadas por meio de testes adaptados que contemplem situações natu-
ralísticas e que, assim, apresentem questões para respostas mais reais. É também
muito importante que essas habilidades e dificuldades sejam estudadas além das
diferenças entre as concepções teóricas sobre os TEA, uma vez que influenciarão
ção adequada.
com TEA foram atribuídas a prejuízos primários sociais, afetivos e cognitivos. Atual-
cordo com Lampreia (2004), entende-se que, ao se discutir a linguagem sob essas
perspectivas, pode-se argumentar que não faz sentido determinar uma ou outra
perspectiva apenas, uma vez que está implícita no conceito de interação social a
crianças com TEA nunca falarem, se a motivação para aprender linguagem é afetar
Diferentes pesquisadores concordam que existe uma base inata para os TEA,
autores, como Shah e Wing (1986), afirmam que as crianças com TEA apresentam
déficit quanto à percepção de pessoas, e que esse déficit é cognitivo, mas aceitam a
87
possibilidade do prejuízo social estar na base das alterações de cognição social. Ou-
de social precoce com alteração de resposta às emoções dos outros (Rutter, 1978).
Há pesquisadores, ainda, que afirmam que não existe separação entre a linguagem
e o social, já que a linguagem é um ato social (Olley, 1985; Lord, 1985). Em pesqui-
sas mais recentes realizadas por Hobson (2004), defende-se que o engajamento
social com o outro e as relações interpessoais são processos básicos que iniciam o
As inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos ratificam que ainda há dis-
cussão em torno do prejuízo primário nos TEA; mas, cabe aqui afirmar que existe
vas às duas abordagens. A adequada avaliação do indivíduo com TEA tem como
tanto, o profissional que avalia e que realiza um planejamento terapêutico para esse
7. CONCLUSÕES
em Teoria da Mente Strange Stories e de sua aplicação a crianças com TEA e a cri-
interna.
habilidades.
para os indivíduos com TEA que favoreça questões tanto cognitivas quanto
afetivas.
sões.
89
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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100
ANEXO A
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO DSM-IV
A. Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2) e (3), com pelo menos dois de (1), um de (2) e um de (3):
(1) prejuízo qualitativo na interação social, manifestado por pelo menos dois dos seguintes aspectos:
(a) prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não verbais, tais como contato visual direto, expressão
facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social
(b) fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível de desenvolvimento
(c) falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por ex., não
mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse)
(d) falta de reciprocidade social ou emocional
(2) prejuízos qualitativos na comunicação, manifestados por pelo menos um dos seguintes aspectos:
(a) atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não acompanhado por uma tentativa de
compensar através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímica)
(b) em indivíduos com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversação
(c) uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática
(d) falta de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos apropriados ao nível de desenvolvi-
mento
(3) padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos um dos se-
guintes aspectos:
(a) preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse, anormais em intensi-
dade ou foco
(b) adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não-funcionais
(c) maneirismos motores estereotipados e repetitivos (por ex., agitar ou torcer mãos ou dedos, ou movimentos
complexos de todo o corpo)
(d) preocupação persistente com partes de objetos
B. Atrasos ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de idade: (1)
interação social, (2) linguagem para fins de comunicação social, ou (3) jogos imaginativos ou simbólicos.
C. A perturbação não é melhor explicada por Transtorno de Rett ou Transtorno Desintegrativo da Infância.
A. Desenvolvimento aparentemente normal, pelo menos durante os 2 primeiros anos após o nascimento, manifestado pela
presença de comunicação verbal e não verbal, relacionamentos sociais, jogos e comportamento adaptativo apropriados à
idade.
B. Perda clinicamente significativa de habilidades já adquiridas (antes dos 10 anos) em pelo menos duas das s eguintes
áreas:
(1) linguagem expressiva ou receptiva
(2) habilidades sociais ou comportamento adaptativo
(3) controle intestinal ou vesical
(4) jogos
(5) habilidades motoras
A. Prejuízo qualitativo na interação social, manifestado por pelo menos dois dos seguintes quesitos:
(1) prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não verbais, tais como contato visual direto, expressão fa-
cial, posturas corporais e gestos para regular a interação social
(2) fracasso para desenvolver relacionamentos apropriados ao nível de desenvolvimento com seus pares
(3) ausência de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por ex.,
deixar de mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse a outras pessoas)
(4) falta de reciprocidade social ou emocional
B. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos
um dos seguintes quesitos:
(1) insistente preocupação com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesses, anormal em intensidade
ou foco
(2) adesão aparentemente inflexível a rotinas e rituais específicos e não funcionais
(3) maneirismos motores estereotipados e repetitivos (por ex., dar pancadinhas ou torcer as mãos ou os dedos, ou m o-
vimentos complexos de todo o corpo)
(4) insistente preocupação com partes de objetos
C. A perturbação causa prejuízo clinicamente significativo nas áreas social e ocupacional ou outras áreas importantes de
funcionamento.
D. Não existe um atraso geral clinicamente significativo na linguagem (por ex., palavras isoladas são usadas aos 2 anos,
frases comunicativas são usadas aos 3 anos).
E. Não existe um atraso clinicamente significativo no desenvolvimento cognitivo ou no desenvolvimento de habilidades de
auto-ajuda apropriadas à idade, comportamento adaptativo (outro que não na interação social) e curiosidade acerca do
ambiente na infância.
F. Não são satisfeitos os critérios para um outro Transtorno Invasivo do Desenvolvimento ou Esquizofrenia.
299.80 Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (incluindo Autismo Atípico)
Categoria deve ser usada quando existe um comprometimento grave e global do desenvolvimento da interação social
recíproca ou de habilidades de comunicação verbal ou não verbal, ou na presença de estereotipias de comportamento,
interesses e atividades, sem que sejam satisfeitos os critérios para um Transtorno Global do Desenvolvimento específico,
Esquizofrenia, Transtorno da Personalidade Esquizotípica ou Transtorno da Personalidade Esquiva. Esta categoria inclui,
por exemplo, “Autismo Atípico” – apresentações que não satisfazem os critérios para Transtorno Autista em vista da idade
tardia de seu início, quadros com sintomatologia atípica, sintomatologia subliminar ou todas acima.
102
ANEXO B
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA CID-10
ANEXO C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O projeto de pesquisa proposto intitulado “AVALIAÇÃO DE LINGUAGEM E TEORIA DA MENTE NOS TRANS-
TORNOS DO ESPECTRO AUTISTA COM A APLICAÇÃO DO TESTE STRANGE STORIES TRADUZIDO E ADAPTA-
DO PARA A LÍNGUA PORTUGUESA” tem como objetivo aplicar o teste Strange Stories (Happé, 1994) num grupo de
crianças com desenvolvimento típico e num grupo de crianças com Transtorno do Espectro Autista, possibilitando desta
forma a comparação de resultados nos dois grupos, avaliando habilidades de Linguagem e de Teoria da Mente.
Serão avaliados os sujeitos que são assistidos na rotina de avaliação da Clínica de Transtornos Invasivos do De-
senvolvimento, Universidade Presbiteriana Mackenzie, vinculada ao programa de pós-graduação em Distúrbios do
Desenvolvimento.
Durante esta rotina, os sujeitos são submetidos à avaliação neuropsicológica, fonoaudiológica, exame físico e neu-
rológico. A pesquisa será realizada durante a avaliação fonoaudiológica, fazendo parte desta forma da rotina dos aten-
dimentos.
Os sujeitos serão submetidos individualmente à aplicação do teste. As instruções serão dadas oralmente, e os es-
tímulos serão apresentados oral e graficamente através de um cartão com a história que será lida, de forma escrita. As
crianças deverão apenas ouvir as histórias e responder as questões referentes a estas histórias.
Os sujeitos que participarem da pesquisa estarão livres para se retirarem do procedimento em qualquer momento
em que assim o desejarem; sem nenhuma consequência em relação ao seu atendimento. Não haverá custos financei-
ros aos familiares responsáveis durante a realização da pesquisa.
A pesquisa proposta tem fins estritamente acadêmicos (de pesquisa), resguardando assim todo o sigilo das infor-
mações pessoais colhidas.
_________________________ ____________________________
Renata de Lima Velloso José Salomão Schwartzman
Pesquisadora Responsável Professor Orientador Responsável
Pelo presente instrumento, que atende às exigências legais, o(a) senhor (a) _______________________ ________,
sujeito da pesquisa, após leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DA PESQUISA, ciente dos serviços e
procedimentos aos quais será submetido, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado, firma seu
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância em participar da pesquisa proposta.
Fica claro que o sujeito de pesquisa ou seu representante legal podem, a qualquer momento, retirar seu CONSEN-
TIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho
realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
___________________________________
Assinatura do sujeito ou representante legal
105
ANEXO D
CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO
106
ANEXO E
TRADUÇÃO DO TESTE STRANGE STORIES
João odeia ir ao dentista porque, toda vez que ele vai ao dentista, ele precisa fazer
uma obturação, e isso dói muito. Mas João sabe que, quando ele tem dor de dente,
sua mãe sempre o leva ao dentista. Neste momento, João está com muita dor de
1) Mentira dente, mas, quando sua mãe nota que ele parece doente e pergunta a ele: “Você
está com dor de dente, João?”, João diz: “Não, mamãe”.
1. É verdade o que João disse para sua mãe?
2. Por que João disse isso?
Um dia a tia Júlia veio visitar o Pedro. Pedro ama muito sua tia, mas hoje ela está
usando um chapéu novo, um chapéu novo que Pedro acha realmente muito feio.
Pedro acha que sua tia parece boba, e fica muito melhor com seu velho chapéu.
2) Mentira Branca Mas, quando a tia Julia pergunta a Pedro: “Você gostou do meu chapéu novo?”,
Pedro diz: “É muito bonito!”.
1. É verdade o que Pedro disse?
2. Por que ele disse isso?
Um assaltante que acabou de roubar uma loja está fugindo. Como ele está correndo
para casa, um policial, durante a ronda, vê sua luva cair. Ele não sabe que esse
homem é um assaltante, ele só quer avisar que ele deixou cair sua luva. Mas, quan-
3) Mal-entendido do o policial grita para o assaltante: “Ei, você, pare!”, o ladrão se vira, vê o policial e
se entrega. Ele coloca suas mãos para cima e admite que roubou a loja.
1. O policial ficou surpreso com o que o ladrão fez?
2. Por que o ladrão fez isso, se o policial só queria devolver sua luva?
Bianca e Daniel vão para um piquenique. É ideia de Daniel. Ele diz que será um dia
lindo e ensolarado para um piquenique. Mas, assim que eles desembalam a comida,
4) Sarcasmo começa a chover e logo eles ficam ensopados. Bianca está brava. Ela diz: “Sim, um
lindo dia para um piquenique!”.
1. É verdade o que Bianca disse?
2. Por que ela disse isso?
Joana queria comprar um gatinho, então foi ver a Sra. Sílvia, que tinha muitos gati-
nhos que ela não queria. No entanto, a Sra. Sílvia amava os gatinhos, e ela não faria
nada para prejudicá-los, embora ela não pudesse mantê-los sozinha. Quando Joana
a visitou, não tinha certeza se ela queria um dos gatinhos da Sra. Sílvia, pois eles
5) Convencimento eram todos machos, e ela queria uma fêmea. Mas a Sra. Sílvia disse: “Se ninguém
comprar os gatinhos, eu terei que afogá-los!”
1. É verdade o que a Sra. Sílvia falou?
2. Por que a Sra. Sílvia disse isso para Joana?
Hoje Carla quer ir ao balanço do parque, mas ela sabe que, para ir ao parque, ela
precisa passar pela casa do velho Sr. José. O Sr. José tem um cachorro feroz e
desagradável, e toda vez que Carla passa pela casa, o cachorro pula no portão e
late. Isso assusta muito a Carla, e ela odeia passar andando pela casa por causa do
6) Emoções Invertidas cachorro bravo. Mas Carla quer tanto brincar nos balanços! A mãe da Carla pergunta
a ela: “Você quer ir ao parque?”, e Carla diz: “Não”.
1. É verdade o que Carla disse?
2. Por que ela disse que não quer ir ao parque, quando ela quer ir aos balanços que
tem lá?
Ana e Bruna estão brincando em casa. Bruna pega uma banana da fruteira e leva até
sua orelha. Ela diz para Ana: “Olha! Esta banana é um telefone!”
7) Fingimento 1. É verdade o que Bruna disse?
2. Por que Bruna disse isso?
Caio e Danilo veem a Sra. Lúcia vindo do cabeleireiro um dia. Ela está engraç ada
porque o cabeleireiro cortou seu cabelo muito curto. Caio diz para Danilo: “Ela deve
8) Piada ter tido uma briga com um cortador de grama!”.
1. É verdade o que Caio disse?
2. Por que ele disse isso?
107
Fernanda estava com tosse. Durante todo o almoço, ela tosse, tosse e tosse. Seu pai
9) Figura de Linguagem diz: “Coitada da Fernanda, você deve ter um sapo na sua garganta!”
1. É verdade o que papai disse à Fernanda?
2. Por que ele disse isso?
Gabriel é um grande mentiroso. O irmão de Gabriel, Tiago, sabe disso. Ele sabe que
Gabriel nunca diz a verdade! Ontem Gabriel roubou a bola de futebol de Tiago, e ele
sabe que Gabriel a escondeu em algum lugar, embora ele não consiga encontrá-la.
Ele está muito bravo. Então, ele encontra Gabriel e diz: “Onde está minha bola de
futebol? Você deve ter escondido no armário ou embaixo da sua cama, porque eu
10) Duplo Blefe
procurei em toda parte. Onde está? No armário ou embaixo da sua cama?”. Gabriel
diz a ele que a bola está embaixo da sua cama.
1. É verdade o que Gabriel disse a Tiago?
2. Onde Tiago procurará sua bola de futebol?
3. Por que Tiago procurará lá pela sua bola?
Na véspera do Natal, a mãe de Juliana a leva para uma grande loja na cidade. Elas
vão olhar no departamento de brinquedos. Lá, o Sr. Marcos, vizinho de Juliana, está
vestido de Papai Noel, dando doces para todas as crianças. Juliana acha que ela
11) Aparência / Realidade reconhece o Sr. Marcos, então ela corre até ele e pergunta: “Quem é você?” e o Sr.
Marcos responde: “Sou Papai Noel!”.
1. É verdade o que o Sr. Marcos disse?
2. Por que ele disse isso?
Paula está brincando no jardim com sua boneca. Ela deixa sua boneca no jardim,
quando sua mãe a chama para almoçar. Enquanto elas almoçam, começa a chover.
A mãe de Paula pergunta para ela: “Você deixou a sua boneca no jardim?”, e Paula
12) Esquecimento diz: “Não, eu a trouxe comigo, mamãe”.
1. É verdade o que Paula disse?
2. Por que Paula disse isso?
108
ANEXO F
TESTE AVANÇADO EM TEORIA DA MENTE STRANGE
STORIES (HAPPÉ, 1994)
1) Lie
John hates going to the dentist because every time he goes to the dentist he needs a filling, and that hurts a lot. But
John knows that when he has toothache, his mother always takes him to the dentist. Now John has bad to othache at the
moment, but when his mother notices he is looking ill and asks him “Do you have toothache, John?”. John says “No,
Mummy”.
1. Is it true what John says to his mother?
2. Why does John say this?
2) White Lie
One day Aunt Jane came to visit Peter. Now Peter loves his aunt very much, but today she is wearing a new hat; a new
hat which Peter thinks is very ugly indeed. Peter thinks his aunt looks silly in it, and much nicer in her old hat. But when
Aunt Jane asks Peter, “How do you like my new hat?” Peter says, “Oh, it`s very nice”.
1. Was it true what Peter said?
2. Why did he say it?
3) Misunderstanding
A burglar who has just robbed a shop is making his getaway. As he is running home, a policeman on his beat sees him
drop his glove. He doesn`t know the man is a burglar, he just wants to tell him he dropped his glove. But when the pol i-
ceman shouts out to the burglar, “Hey you, stop!”, the burglar turns round, sees the policeman and gives himself up. He
puts his hands up and admits that he did the break-in at the local shop.
1. Was the policeman surprised by what the burglar did?
2. Why did the burglar do this, when the policeman just wanted to give him back his glove?
4) Sarcasm
Sarah and Tom are going on a picnic. It is Tom`s idea, he says it is going to be a lovely sunny day for a picnic. But just
as they are unpacking the food, it starts to rain and soon they are both soaked to the skin. Sarah is cross. She says “Oh
yes, a lovely day for a picnic alright!”
1. Is it true what Sarah says?
2. Why does she say this?
5) Persuasion
Jill wanted to buy a kitten, so she went to see Mrs. Smith who had lots of kittens she didn`t want. Now Mrs. Smith loved
the kittens and she wouldn`t do anything to harm them, though she couldn`t keep them all herself. When Jill visited she
wasn`t sure she wanted one of Mrs. Smith`s kittens, since they were all males and she had wanted a female. But Mrs.
Smith said, “If no one buys the kittens, I`ll just have to drown them!”
1. Was it true what Mrs. Smith said?
2. Why did Mrs. Smith say this to Jill?
6) Contrary Emotions
Today, Katy wants to go on the swings in the playground. But to get to the playground she knows she has to pass old
Mr. Jones house. Mr. Jones has a nasty fierce dog and every time Katy walks past the house, the dog jumps up at the
gate and barks. It scares Katy awfully and she hates walking past to the house because of the nasty dog. But Katy does
so want to play on the swings. Katy`s mother asks her “Do you want to go out to the playground?” Katy says “No”.
1. Is it true what Katy says?
2. Why does she say she doesn`t want to go to the playground, when she so wants to go on the swings that are there?
109
7) Pretend
Katie and Emma are playing in the house. Emma picks up a banana from the fruit bowl and holds it up to her ear. She
says to Katie “Look! This banana is a telephone!”
1. Is it true what Emma says?
2. Why does Emma say this?
8) Joke
Daniel and Ian see Mrs. Thompson coming out of the hairdressers one day. She looks a bit funny because the hairdresser
has cut her hair much too short. Daniel says to Ian, “She must have been in a fight with a lawnmower!”.
1. Is it true what Daniel says?
2. Why does he say this?
9) Figure of Speech
Emma has a cough. All through lunch she coughs and coughs and coughs. Father says “Poor Emma, you must have a
frog in your throat!”
1. Is it true what Father says to Emma?
2. Why does he say that?
12) Forget
Yvonne is playing in the garden with her doll. She leaves her doll in the garden when her mother calls her in for lunch.
While they are having lunch, it starts to rain. Yvonne`s mother asks Yvonne “Did you leave your doll in the garden?”
Yvonne says “No, I brought her in with me, Mummy”.
1. Is it true what Yvonne says?
2. Why does Yvonne say this?
110
ANEXO G
DADOS DAS CRIANÇAS DO GRUPO EXPERIMENTAL
Sujeito Idade QIe SS1 SS2 SS3 SS4 SS5 SS6 SS7 SS8 SS9 SS10 SS11 SS12 Total
1 6 123 1 0 1 0 0 1 0 0 1 0 1 1 6
2 6 126 0 1 1 0 0 0 1 0 0 1 1 0 5
3 6 105 1 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 4
4 6 112 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1 4
5 6 94 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 3
6 7 126 1 1 0 1 0 0 1 0 0 0 1 0 5
7 7 123 0 1 0 0 0 1 0 1 1 0 0 1 5
8 7 126 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 4
9 7 83 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 3
10 7 83 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 3
11 8 76 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 1 3
12 8 83 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 3
13 9 83 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 3
14 9 141 2 0 0 1 0 0 0 1 1 0 1 1 7
15 9 102 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 0 0 4
16 9 141 1 2 1 0 0 1 1 1 0 0 0 0 7
17 9 77 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 3
18 10 83 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 3
19 10 77 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 3
20 11 77 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 4
21 11 126 1 0 0 1 0 1 0 1 1 0 0 0 5
22 11 126 0 1 1 0 0 0 1 0 1 0 1 1 6
23 11 85 1 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 3
24 11 77 1 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3
25 12 74 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 1 4
26 12 71 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 3
27 12 97 1 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 4
28 12 74 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 3
111
ANEXO H
DADOS DAS CRIANÇAS DO GRUPO-CONTROLE
Sujeito Idade QIe SS1 SS2 SS3 SS4 SS5 SS6 SS7 SS8 SS9 SS10 SS11 SS12 Total
1 6 100 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 3
2 6 97 0 1 1 1 0 1 1 0 0 0 1 1 7
3 6 106 1 2 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 12
4 6 97 1 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 4
5 6 100 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
6 6 103 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 3
7 7 103 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 2
8 7 97 0 1 1 1 0 1 1 0 0 0 1 1 7
9 7 103 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 23
10 7 94 1 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 4
11 7 106 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
12 7 97 2 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 2 15
13 7 106 0 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 12
14 7 106 1 1 1 1 0 2 1 0 0 0 1 1 9
15 7 106 1 2 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 12
16 7 94 1 1 1 1 2 1 1 1 2 1 1 1 14
17 7 94 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
18 7 100 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 3
19 7 106 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
20 8 106 1 1 1 1 0 2 1 0 0 0 1 1 9
21 8 100 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
22 8 97 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 23
23 8 94 1 0 0 0 1 1 2 1 1 1 1 1 10
24 8 100 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 13
25 8 103 2 1 2 2 2 1 1 1 2 1 1 1 17
26 8 106 0 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
27 9 100 1 1 1 1 0 2 1 0 0 0 1 1 9
28 9 97 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 22
29 9 100 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 24
30 9 100 2 0 0 0 1 1 2 1 1 1 1 1 11
31 9 106 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 13
32 9 103 2 1 2 2 2 1 1 1 2 1 1 1 17
33 9 103 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 13
34 9 100 1 1 1 1 1 2 1 0 0 0 1 1 10
35 9 97 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 11
36 10 100 1 2 2 2 0 2 2 1 1 1 2 2 18
37 10 103 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 24
38 10 106 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 24
112
Sujeito Idade QIe SS1 SS2 SS3 SS4 SS5 SS6 SS7 SS8 SS9 SS10 SS11 SS12 Total
39 10 100 2 0 0 0 1 1 2 1 1 1 1 1 11
40 10 97 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 13
41 10 106 2 1 2 2 2 2 1 1 2 1 1 1 18
42 10 94 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 13
43 10 94 1 1 1 1 1 2 1 0 0 0 1 1 10
44 10 106 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 11
45 11 100 2 2 2 2 1 2 2 1 2 1 2 2 21
46 11 103 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 24
47 11 106 2 2 1 1 2 2 2 2 1 2 1 1 19
48 11 91 2 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 15
49 11 94 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
50 11 109 2 1 2 2 1 2 2 1 2 1 2 2 20
51 12 103 2 2 2 2 1 2 2 1 2 1 2 2 21
52 12 103 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 24
53 12 100 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 24
54 12 100 2 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 15
55 12 97 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 24
56 12 100 2 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 15