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CBI of Miami 2
Síndrome De Asperger
Deborah Kerches
• Síndrome de Asperger
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e/ou repetitivos, pensamentos mais rígidos, práticas e rituais incomuns,
interesses restritos e estereotipados. Geralmente apresentam hiperfoco em
determinado assunto, problemas de coordenação motora e não apresentam
atrasos significativos na aquisição da fala ou déficits intelectuais ou nas
habilidades de autocuidado.
A aquisição da fala costuma se dar dentro dos marcos evolutivos do
DNPM, porém, com particularidades como repertório extenso, vocabulário
rebuscado e mais formal; uma fala mais estruturada gramaticalmente, com
alteração na prosódia, timbre e altura de voz; com falhas na compreensão e
com interpretações bastante literais, sem figuras de linguagem e/ou gírias.
Embora não apresentem atrasos significativos na aquisição da fala, a
comunicação social fica comprometida em algum grau. Costumam
apresentar dificuldades em iniciar e manter uma conversa, em compreender
metáforas, piadas, mímicas faciais, linguagem corporal e em abstrair de
maneira geral. Há dificuldades em captar e compreender pistas e sutilezas
sociais; em fazer “leituras simbólicas” pois são literais, parecem não ter “filtro”
ao falar com as pessoas e a fala é muito mais para demanda própria do que
para compartilhar, o que pode lhes dar um aspecto rude ou insensível.
Ainda sobre a comunicação, costumam ficar horas falando sobre um
determinado assunto sem perceber pistas que a conversa não está
agradando.
Sabemos que o contato visual tem função importante na reciprocidade
social, porém, apesar de as pessoas com Síndrome de Asperger comumente
não apresentarem dificuldades em fazer contato visual, costumam não
compreender as pistas sociais que esta habilidade fornece. Não costumam
ficar tímidos na presença de outras pessoas, embora possam se isolar.
Pessoas com Asperger comunicam-se socialmente de forma
espontânea, mas comumente precisam “aprender” e “decorar” as regras
sociais para se adequarem.
As pessoas com Síndrome de Asperger, em geral, possuem
inteligência média ou acima da média, alto poder de memorização e
velocidade de raciocínio, habilidades visuais bem desenvolvidas, mas com
extrema pobreza de senso comum e de julgamento. Costumam se interessar
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bastante por áreas específicas, podendo apresentaraltas habilidades.
Não costumam apresentar grandes dificuldades pedagógicas, embora
alguns possam se destacar em algumas matérias enquanto apresentam
dificuldades em outras que não são do interesse.
O desenvolvimento motor costuma ser típico, mas com alguns
prejuízos psicomotores que lhes dá aspecto “desajeitado”, “estabanado”.
Alterações sensoriais relacionadas a visão, audição, olfato, tato, paladar,
propriocepção e/ou sistema vestibular podem estar presentes.
Embora os sintomas sejam considerados mais leves, há dificuldade em
fazer amigos, se adaptar a novas rotinas e de se sentir pertencendo a um
grupo social. A inabilidade social, a maneira desajeitada e/ou excêntrica de
abordar as pessoas, faz com que estabelecer vínculos saudáveis com os
pares possa ser bastante difícil o que acarreta em grandes desafios e
frustrações.
Pessoas com Síndrome de Asperger são mais inocentes, costumam
não ter malícia e apresentam dificuldades em interpretar sutilezas sociais,
podendo ser enganados e expostos a situações de maior vulnerabilidade e
bullying.
Especialmente na adolescência e na fase adulta, estes desafios e
frustrações podem contribuir para comorbidades (condições associadas),
sendo as mais frequentes os Transtornos Ansiosos; Transtorno de Humor,
em particular, a depressão; Transtorno Obsessivo Compulsivo e o Transtorno
de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
A prevalência de depressão nas pessoas que estão no espectro do
autismo nível 1 pode chegar a 33%. Não é fácil tentar se adequar socialmente
e não ser aceito como é.
Médicos, terapeutas, educadores, familiares e pessoas do convívio
devem ser encorajados a observar qualquer mudança comportamental como
maior isolamento, higiene pessoal precária, começar a usar roupas que
cubram braços e pernas em qualquer situação (o que pode alertar para
automutilação ou autoflagelação), deixar de ter prazer em atividades antes
prazerosas, se esquivar da ida à escola, queda de rendimento escolar,
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alterações de apetite como inapetência ou compulsão alimentar, distúrbios
de sono, entre outros.
Tentativas de suicídio e suicídio (autoextermínio) neste grupo são mais
frequentes do que em adolescentes e jovens com desenvolvimento típico.
O diagnóstico costuma ser um pouco mais tardio na Síndrome de Asperger
(atualmente TEA nível 1 no seu espectro mais funcional) porque os sintomas,
principalmente na primeira infância, podem passar despercebidos,
especialmente por não apresentarem atrasos significativos na fala ou
intelectuais.
As crianças podem explorar brinquedos adequadamente desde o início,
embora possam já apresentar interesses específicos e restritos. Algumas
crianças com Síndrome de Asperger por volta de 18 meses a 3 anos podem
começar a identificar e ter fascínio por números e letras, desenvolvendo a
leitura precocemente, o que chamamos de hiperlexia, sem necessariamente
compreender o que estão lendo. Este quadro pode ser interpretado de
maneira equivocada pelos pais, não chamando a atenção para algum
prejuízo, o que pode acarretar em atrasos no diagnóstico.
A grande maioria das pessoas com Asperger terá uma vida funcional,
ingressará no mercado de trabalho, constituirá família, mas há necessidade
de intervenção especializada o mais precoce possível, principalmente no
sentido de trabalhar habilidades sociais.
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aquelas que estariam muito próximas ao limiar entre pessoas com
desenvolvimento típico e pessoas com autismo.
O atraso na comunicação social é mais sutil nas pessoas com Asperger
do que nas demais que estão no espectro do autismo nível 1. Não há grandes
prejuízos no contato visual, respondem na maior parte das vezes quando
chamados, se comunicam verbalmente e socialmente espontaneamente,
porém, muitas vezes, de maneira inadequada e até mesmo excêntrica.
Não há atraso intelectual e o quoeficiente intelectual costuma ser
médio, em torno de 100, embora possam apresentar QI superior e altas
habilidades.
Não costumam apresentar dificuldades pedagógicas, nem de
autocuidado, são bastante funcionais e adquirem independência sem
grandes desafios.
O diagnóstico costuma ser mais tardio do que nas outras pessoas que
se enquadram no espectro do autismo nível 1 por não apresentar atrasos
significativos na fala ou em outros marcos do desenvolvimento motor.
As demais pessoas que se encontram no Transtorno do Espectro
Autista nível 1 apresentam maiores prejuízos em relação à reciprocidade e
comunicação social, no contato visual, podem apresentar algum atraso na
aquisição da fala (menos significativo do que as que se encontram no
espectro moderado ou grave, mas o suficiente para trazer prejuízos), fazem
mais ecolalias e estereotipias, tendem a responder menos quando chamadas
na maior parte das vezes, imitam menos, exploram menos os brinquedos de
maneira adequada, apresentam maiores dificuldades para aprender jogo
simbólico e novas habilidades. As alterações sensoriais costumam ser mais
evidentes, assim como prejuízos motores.
O quoeficiente intelectual é variável, podendo ter um quoeficiente
intelectual médio ou até limítrofe (QI 70), mas não apresentam deficiência
intelectual.
Dificuldades pedagógicas são frequentemente encontradas, o que não
costuma ocorrer nas pessoas com Síndrome de Asperger.
Pessoas no espectro do autismo nível 1 que não se enquadram na
Síndrome de Asperger, terão um bom funcionamento se receberem apoio
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especializado e direcionado às suas necessidades e potencialidades.
Por terem maior compreensão do todo, as pessoas com Síndrome de
Asperger, quer sejam crianças, adolescentes ou adultos, costumam se
angustiar mais coma percepção dos outros sobre si mesmo.
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provavelmente estão neste espectro mais funcional.
O diagnóstico de dupla excepcionalidade quando relacionado à
Síndrome de Asperger é ainda mais difícil porque os prejuízos
relacionados às características e sintomatologia do espectro do autismo
podem mascarar talentos ou altas habilidades. Da mesma forma, altas
habilidades ou capacidades superiores podem mascarar os prejuízos do
espectro do autismo.
Com relação à dupla excepcionalidade quando a deficiência é o
autismo de alto funcionamento, ainda assim pode haver prejuízos escolares
uma vez que assuntos que não são do seu interesse, podem não despertar
sua motivação para aprendê-los.
Pessoas com autismo e altas habilidades podem ter um alto nível de
linguagem gramatical porém com prejuízos na pragmática, no uso da
linguagem no contexto social. A fala geralmente apresenta alteração na
prosódia com alguma entonação atípica. Há dificuldades com metáforas e
ironia, em processar as figuras de linguagem, mesmo fazendo uso da sua
alta cognição.
Identificar dupla excepcionalidade, especialmente quando
associado ao espectro do autismo, deve ser encorajado no sentido de
se fazer intervenções especializadas e dirigidas a ambas as condições
para que a pessoa possa se desenvolver em toda a sua potencialidade,
visando uma vida produtiva e feliz.
• Síndrome de Savant
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intelectual, podendo haver inclusive, deficiência intelectual associada.
Esses talentos estão quase sempre associados a uma capacidade
extraordinária de memória (podem, por exemplo, ler um livro inteiro e decorar
cada palavra lida), porém nem sempre com boa compreensão.
Há pessoas com Síndrome de Savant que aprendem inúmeros idiomas
(há casos descritos de pessoas que aprenderam até 15 idiomas), outras que
podem ser capaz de executar peças musicais em um instrumento ou com a
voz sem conhecimento prévio, entre outros.
Embora rara, é descrita na literatura médica desde 1789 e está
intimamente ligada ao espectro do autismo. O primeiro registro foi feito pelo
psiquiatra americano Benjamin Rush, quando descreveu o caso de Thomas
Fuller, que demonstrava uma grande habilidade de fazer cálculos e mesmo
assim apresentava dificuldades com outros conceitos matemáticos.
As habilidades extraordinárias normalmente associadas à Síndrome de
Savant estão concentradas no hemisfério cerebral direito que está
relacionado com aspectos de criatividade e pensamento simbólico (artes,
cálculos, hipermnésia e música), em contrapartida, o hemisfério cerebral
esquerdo mostra-se afetado, gerando os déficits de linguagem verbal e na
comunicação social.
No caso de uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista e
Síndrome de Savant, a genialidade em áreas específicas pode se acentuar
uma vez que, se o talento é um hiperfoco, a pessoa irá passar horas se
especializando nesta habilidade.
As causas parecem estar relacionadas a um distúrbio do
neurodesenvolvimento como o Transtorno do Espectro Autista ou algum dano
em particular no hemisfério cerebral esquerdo.
O diagnóstico é clínico e é importante além da avaliação médica
especializada, a avaliação neuropsicológica.
As intervenções, em geral, são no sentido de valorizar as áreas de
talento, utilizando as facilidades para minimizar prejuízos em outras áreas e
em relação às condições associadas.
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